Celebração


ID: 2651

25 de outubro de 1968 - Meio século de caminhada

De comunidades dispersas a uma estrutura eclesiástica nacional

25/10/2018

IECLB 1968 – Meio século de caminhada
De comunidades dispersas a uma estrutura eclesiástica nacional

Quando duas pessoas procuram um cartório para realizarem seu casamento no civil, pressupõe-se que elas estabeleceram previamente algum tipo de aproximação, de conhecimento mútuo e de convivência. Ou seja, a vida antecedeu à lei. A lei, neste caso, procura regular as relações entre as pessoas. Procura dar estabilidade e segurança a estas relações com o fim de salvaguardar e promover a justiça e a equidade.

As leis e os regulamentos na vida eclesiástica obedecem a mesma lógica. Primeiro vem a vida de fé e depois a organização desta vida de fé sob algum dispositivo legal. A estruturação da IECLB passou por várias etapas. Começou com a organização das pessoas evangélicas luteranas em comunidades. Estas se estruturaram em sínodos em diversas regiões do Brasil. O passo final foi a unificação destes sínodos sob uma estrutura jurídica nacional.

Esta última etapa começou logo depois da II Guerra Mundial (criação da Federação Sinodal em -1949 -, depois Federação Sinodal, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – 1954 – e apenas Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – 1962 -) e culminou em 1968 com a extinção formal dos Sínodos até então existentes e a aprovação de uma nova Constituição.

Durante o Concílio Extraordinário realizado em Santo Amaro – São Paulo no dia 25 de outubro de 1968, os sinos “fé”, “esperança” e “amor”, instalados na torre da Igreja da Paz, soaram após a aprovação de uma nova Constituição. Inaugurou-se, assim, uma nova era nas relações intercomunitárias. A nova Constituição veio a ser um novo marco regulatório para a vida relacional das comunidades congregadas na IECLB com vistas a seu esforço testemunhal no território brasileiro.

É importante dizer que, apesar do fato de todas as questões legais da Federação Sinodal tivessem como foro a cidade do Rio de Janeiro (Distrito Federal até 1961), pela primeira vez se realizava um Concílio fora dos três estados do sul do Brasil. As instâncias nacionais da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil haviam sinalizado anteriormente de forma afirmativa o desejo de superar um certo complexo de minoria e de isolamento. Criara-se o Seminário de Pregadores em Araras – Petrópolis/RJ. Dera-se cobertura a iniciativas diaconais significativas em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Estabelecera-se em Brasília – a nova capital federal e se adentrara Mato Grosso e Rondônia.

Ações conjuntas por parte de comunidades e sínodos já haviam sido implementadas previamente. Cabe chamar atenção para o trabalho intenso de formação na área da Juventude Evangélica (Escolas de Líderes) e com estudantes universitários, apoio à Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), Música Sacra e Educação (Escolas Evangélicas), implementação da Academia Evangélica, criação do Serviço de Projetos e Desenvolvimento com a dinamização da área da Diaconia, impulsos na Missão, na Evangelização e na Educação Cristã, ação junto aos povos indígenas e agricultores familiares, edição de revistas, jornais e programas de rádio, fortalecimento da Faculdade de Teologia e a formação de ministros e ministras brasileiros e brasileiras, abertura ao ecumenismo brasileiro, enfim, toda uma gama de ações e iniciativas que conformaram o rosto de uma igreja nacional e contextualizada.

Todas estas ações foram incrementadas na nova estrutura criada. A elas se somaram novos desafios. Entre eles se destaca o enfrentamento de questões advindas da conjuntura sócio-econômica e política do país. A direção nacional foi levada a emitir manifestos e declarações sobre aspectos relevantes da vida nacional durante a ditadura militar, durante o processo de redemocratização e na fase que vai até os dias de hoje.

Mencione-se igualmente a aprovação no Concílio de Panambi em 1972 do documento “Nossa Fé – Nossa Vida”. Trata-se do documento mais longevo da Igreja, fruto de estudos e debates por parte de distritos. Ele apresenta um consenso em torno da auto-compreensão de igreja, ministérios e vida pastoral. O mesmo Concílio criou um programa de acompanhamento aos membros migrantes do sul do Brasil para Novas Áreas de Colonização (Mato Grosso e Rondônia) e também implementou o trabalho de Missão Suburbana em grandes cidades brasileiras (Porto Alegre, Joinville, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro) com reflexos até os dias de hoje.

Os tensionamentos e conflitos internos vieram a se sentir no interior no novo corpo eclesiástico. Resultantes de visões e ênfases teológico-pastorais distintas em torno da compreensão da missão, da formação e do papel da Igreja na sociedade, as polarizações levaram à uma constante necessidade de fortalecimento da identidade confessional.

Passados 50 anos desta fase de sua estruturação nacional, podemos colher os seus frutos. A despeito de inúmeras dificuldades internas, a IECLB alcançou autonomia na formação de ministros e ministras, criou redes de apoio e de solidariedade junto às pessoas mais vulneráveis da sociedade, imprimiu esforços para assumir a cultura brasileira, ocupou espaços significativos na área do ecumenismo em nível nacional e internacional, potencializou e otimizou dons e serviços presentes na Igreja. Em meio à pluralidade religiosa brasileira a IECLB procura manter a sua fidelidade ao Evangelho na perspectiva da confissão luterana.


Pastor Rolf Schünemann

Publicado no Jornal O Caminho
 


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