Celebração


ID: 2651

1 João 3.1-6 - Ver para Crer

Prédica

19/04/2009


Leitura Bíblica Básica: 1 João 3.1-6
Outras Leituras: Marcos 16.9-16
Autor: P. Elton Pothin
e-mail:
Origem: CEJ - Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville - SC
Data da pregação: 19/04/2009
Data Litúrgica: 2º Domindo da Páscoa / Quasimodogeniti

Prédica:
Prezada Comunidade aqui reunida.

Este texto de Marcos é conhecido por todos nós. A temática da incredulidade dos discípulos é colocada neste texto, que deixa claro que não foi somente Tomé que não creu, como ouvimos no início de nosso culto, mas que TODOS OS DISCÍPULOS NÃO CRERAM no relato da ressurreição contado com Maria Madalena e por outros dois discípulos que iam de caminho para o campo.

Tomé é usado como exemplo no Evangelho de João, pois é ele quem diz com clareza que NÃO BASTA VER JESUS. Ele exige mais: “se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.” (João 20.25) Tomé nos lembra nossos filhos/as pequenos, que querem “ver” tudo com as mãos – o que aponta para uma fé imatura.

Buscamos entender os motivos que levaram os discípulos a duvidar da ressurreição de Jesus – logo eles que estavam todos os dias com Jesus e ouviram dele próprio que ele haveria de morrer e ressuscitar! Talvez por terem visto a crueldade de sua tortura, crucificação e morte, ainda que à distância e em silêncio, dificulte acreditar na ressurreição - “Maria Madalena e aqueles outros dois discípulos estão sonhando! Nós vimos Jesus sendo morto daquela forma tão cruel. Impossível estar em pé, vivo, falando.”

Este texto da incredulidade dos discípulos e de Tomé não é colocado no Evangelho por acaso. É porque Deus conhece o ser humano, as pessoas – NÓS. E sabe que nosso coração reluta em CRER sem VER:

- Nosso carro novo chegou!

Qual a nossa primeira reação?

- Então vamos lá VER.

- Achei o apartamento ideal para a gente morar!

Qual a primeira reação?

- Então vamos lá VER.

Por que temos tanta dificuldade em CRER sem VER? A resposta é simples: PORQUE NÓS NÃO CONFIAMOS. E nós temos motivos de sobra para não confiar. Pensem na vida de vocês e vejam quantas vezes vocês já foram frustrados na confiança que depositaram em determinada pessoa ou instituição:

- Pode deixar, eu faço – e a pessoa não faz o que havia tratado.

- Segunda-feira com certeza seu armário irá chegar – e ele não chega.

- Eu vou junto – e, na hora, a pessoa cai fora e não vai junto.

Às vezes até por circunstâncias alheias à pessoa, mas o fato é que pessoas por vezes não cumprem o que dizem.

Ou pode acontecer ainda pior: onde uma pessoa TRAI a confiança nela depositada:

- Jamais pensei que você fosse fazer isto;

- Fui apunhalado pelas costas.

Por isso, DESCONFIAMOS. Por isso, é difícil CRER SEM VER.

E nós repetimos este mesmo padrão de comportamento em relação a Deus. Nós não conseguimos compreender que COM DEUS É DIFERENTE. Deus não trai a nossa confiança – Deus é fiel, nos diz a Bíblia (1 Coríntios 1.9; 1 Corintios 10.13; Deuteronômio 7.9). Por isso, prezada Comunidade, em Deus nós podemos confiar – e sem ver. Ele não se comporta como nós, seres humanos. Ele é constante, firme, não muda de idéia nem deixa de cumprir aquilo que prometeu. Como bem diz o salmista: “Entrega o teu caminho ao Senhor, CONFIA NELE, e o mais ele fará.” (Salmo 37.5)

E a Igreja de Jesus Cristo também sabe que seus fiéis são como os discípulos, como Tomé – têm dificuldade de crer sem ver. Por isso, a Igreja cria tantos SÍMBOLOS – são coisas, objetos que podemos VER – para nos ajudar a CRER – a cruz, o altar, a vela, flores, os paramentos, os vitrais... E o próprio Deus/Jesus nos deixou os SINAIS VISÍVEIS do Batismo (água) e da Santa Ceia (pão e fruto da videira).

Um exemplo que poderíamos usar é o da oração. Jesus nos recomenda ir ao quarto e, em silêncio, orar a Deus (Mateus 6.5-8). Isto basta.Mas muitos de nós têm necessidade de acender uma vela, fazer um pequeno altar em casa e ali orar – até eu tenho aconselhado isso por vezes. Precisa? Não, não precisa. Mas nós nos sentimos mais seguros quando acendemos uma vela para orar. Por quê? Pela nossa fraqueza de fé – porque, para muitos, é preciso um pequeno ritual para que haja maior concentração na oração – é preciso VER um símbolo. Por isso, já dizia com razão Jesus que nós somos fracos na fé: “Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele passará.” (Mateus 17.20) Ou então: “Se tiverdes fé com um grão de mostarda, direis a esta amoreira: arranca-te e transplanta-se no mar; e ela vos obedecerá.” (Lucas 17.6)

Costumo dizer que todos estes símbolos visuais são as BENGALAS que nos ajudam a caminhar pela estrada/caminho da fé. Nós precisamos disso por causa da nossa fraqueza de fé.

E, por fim, gostaria de perguntar: há algo de errado em usar estes símbolos, estas BENGALAS? Não, não há nada de errado, pois EU, ser humano pecador e fraco na fé PRECISO disso para crer. E Deus, em sua misericórdia, não vai deixar de me estender a mão, POIS O SEU AMOR É MAIOR DO QUE MINHA/NOSSA FRAQUEZA DE FÉ. Por isso, precisamos também a cada novo dia pedir, como pediram os discípulos a Jesus: “AUMENTA-NOS A FÉ” (Lucas 17.5)

Mas, apesar de nossa fraqueza de fé, apesar de sermos seres humanos pecadores, Jesus nos confia seu bem mais precioso: A Boa Notícia da Salvação. E ele quer que cada um de nós leve esta boa notícia adiante: “Ide a todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Marcos 16.15)

Esta é a nossa tarefa – esta é a nossa missão. E, quando nos sentirmos fracos, que saibamos reconhecer isto e pedir: Senhor, aumenta-nos a fé. O que não podemos jamais é deixar de ser missionário/mensageiros da Boa Notícia da Salvação.

Que Deus nos ajude.

Amém.


Autor(a): Elton Pothin
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - Martin Luther
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 2º Domingo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: João I / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 6
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 8904

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