PALAVRA DO PASTOR
Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?
(Lucas 24.32)
Há coisas na vida que fazem o coração arder positivamente, mas também negativamente. Positivamente ele arde quando nos enamoramos. Quando alcançamos um objetivo. Quando recebemos a notícia da cura de uma doença. Quando acontece uma reconciliação após anos de conflito. Já negativamente ele arde quando uma relação se desfaz. Quando nossos planos e projetos não se concretizam. Quando perdemos um ente querido. Quando a gente vive a incerteza do amanhã. Quando nos confrontamos com uma pandemia, como o Covid-19. A vida, infelizmente, nos reserva tanto o arder positivo quanto negativo no coração.
Isso nos é muito bem descrito pelos dois discípulos a caminho de Emaús. Inicialmente o coração arde de dor. Ele está dilacerado com a crucificação e morte do mestre deles, Jesus Cristo. O coração arde tanto de dor que eles se colocam a caminho. Muitas vezes em meio a dor, principalmente a do coração, também afirmamos: Preciso espairecer um pouco, preciso dar uma volta para que esta dor não me sufoque.
E é neste caminhar que algo inusitado acontece. Apesar do coração e dos olhos estarem ofuscados pela dor, há alguém que se põe ao lado e começa a ouvir o que sufoca, o que faz o coração arder e quase infartar. Este alguém, que os dois discípulos não reconhecem, e que nós também temos grande dificuldade em reconhecer em meio as dores da vida, é o Ressuscitado. Ele, ao ouvi-los, ao lhes possibilitar o desabafo, faz com que o olhar não fique mais preso a cruz que crucificou e matou, mas se volte a Palavra que lembra a promessa de Deus que a morte não tem a última palavra.
É através do Ressuscitado que Deus se coloca ao nosso lado quando o coração arde em dor. É ele quem diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei” (Mt 11.28). É ele que nos toca com a sua Palavra que nos lembra que a morte não tem a última palavra. É ele que parte conosco o pão, o seu corpo e o seu sangue, para que o nosso coração volte a arder de alegria e esperança!
Como está o seu coração? Ele arde em alegria e esperança ou está prestes a enfartar diante da pandemia, da ansiedade, do medo, da aflição, da angústia ou perda de um ente querido?
O meu convite é: Caminhe um pouco dentro da sua casa ou no quintal ou no corredor e desabafe as suas dores ao Ressuscitado. Caminhar e desabafar alivia a dor. Nos faz confiar nossas vidas nas mãos de Deus. Nos faz confiar na sua Palavra. Nos faz convidar Jesus para adentrar o nosso interior, para que a dor que sufoca seja transformada num ardor de alegria e esperança pela vida. Num ardor que nos faz testemunhas do seu amor, da sua paz e da sua salvação. Amém.
Pr. Ernani