Os serafins diziam em voz alta uns para os outros: “Santo, santo, santo é o Senhor Todo-Poderoso; a sua presença gloriosa enche o mundo inteiro!” (Isaías 6.3)
O versículo bíblico faz parte da visão de Isaías. Ele diz que viu o Senhor (cf. Isaías 6.1). Uma visão que o faz compreender a sua pequenez (v.5) e a razão de sua existência (Vv.6-8). Eu gostaria de destacar três coisas:
Primeiro: Na presença de Deus eu reconheço quem eu sou. Isaías diz: “Ai de mim! Estou perdido! Eu sou um homem de lábios impuros” (Isaías 6.5). Isaías fica surpreso, perplexo, quando olha para si mesmo. Quando percebe que os seus lábios também são impuros. Que seus lábios nem sempre espalham amor, mas também palavras que ferem e machucam. O encontro com Deus nos faz olhar primeiramente para as nossas vidas. Nos faz perceber nossos erros e falhas.
Segundo: Quando nos colocamos como Isaías diante de Deus, reconhecendo nossa pequenez, nossa fragilidade, nossa transitoriedade, acontece algo maravilhoso: A culpa é acolhida e o perdão de Deus é concedido. Como foi dito a Isaías: “A sua iniquidade foi tirada, e o seu pecado, perdoado (Isaías 6.7).” A culpa de Isaías não é explicada aqui no texto. A culpa também não é desculpada ou minimizada. Ela é tirada, perdoada.
Na visão de Isaías o perdão acontece por meio de uma brasa incandescente levada por um serafim. Isaías experimenta isso sozinho, só ele. No novo
testamento, por intermédio de Jesus Cristo, acontece algo semelhante. A culpa também é tirada, é perdoada. Mas não é por um anjo. É o próprio Deus que vem tirar a culpa, perdoar o pecado, por intermédio do seu filho Jesus Cristo. Jesus não apenas cura uma única pessoa, mas vem para curar toda a humanidade. Por meio de seu sofrimento e morte Jesus veio tirar o pecado e a culpa que pesa em nossos corações e mentes. Jesus não quer curar apenas os lábios, mas o nosso ser como um todo.
Após a sua ressurreição e ascensão Jesus não nos deixa sozinhos na caminhada e nas encruzilhadas da vida. Ele roga ao Pai para derramar sobre nós a brasa viva do Espírito Santo. O Espírito que nos abençoa com a fé, que nos faz reconhecer o mal que fragiliza a nossa vida e a vida de pessoas a nossa volta. O Espírito que nos faz confessar com o publicano, conforme Lucas 18.13: “Ó Deus tem pena de mim, que sou pecador”. O Espírito que nos orienta a encontrar na palavra de Deus o sentido da nossa vida.
Terceiro: No encontro com Deus Isaías ouve: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós? E Isaías responde: “Eis me aqui, envia-me a mim (Isaías 6.8).” A graça que Isaías sentiu e recebeu das mãos de Deus o faz dizer: Eis me aqui, envia-me a mim”.
Nós temos ainda mais motivo para dizer: Eis me aqui, envia-me a mim. No dia 30 de maio celebramos a Trindade, o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Do começo ao fim da Bíblia o Trino Deus busca o ser humano. Mesmo quando o ser humano se distancia de Deus, Ele está ali esperançoso pela sua volta. Ele envia o seu próprio Filho para nos ajudar em nossa fragilidade, em nossa pequenez. Na cruz, na crucificação e morte de Cristo, ele tira, perdoa nos nossos pecados. Ele derrama sobre nós a chama incandescente do Espírito Santo para que possamos falar e reconhecer nossas culpas.
Quando reconhecemos nossa pequenez e nosso pecado, como Isaías, não moldamos Deus a nossa visão de mundo. Não emolduramos Deus em nossa pequenez. Quando nos colocamos humildemente aos pés do Trino Deus ele nos abraça em nossa fragilidade e faz nossos lábios balbuciar: “Eis me aqui, envia-me a mim”.
Sim. Envia-nos ó Deus com o amor do teu Filho para dizer não a tudo que violenta a vida. Envia-nos a dizer não as injustiças e as inverdades. Envia-nos para levar solidariedade e ajuda aos necessitados a nossa volta. Envia-nos com uma palavra de paz aos que estão tomados pelo ódio. Envia-nos com o teu Espírito Santo com uma palavra de consolo aos que estão enlutados. Amém.
Pr. Ernani