Paróquia Cantareira - São Paulo

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Nó do Afeto!

29/09/2011

“Em uma reunião de pais, numa Escola, a Diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.

Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar a entender as crianças.

Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou a explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana.

Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando ele voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.

Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho a que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.

E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.

Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.”

Estimados/as leitores/as, muitos se maravilham com esta história, mas ela me dá um nó na garganta como pai. Nó é algo que aperta, que sufoca, que causa angústia. Prefiro chamar a história acima de “Nó da dor” e explico a razão. Que vida é essa que não nos permite mais brincar, conversar e conviver com nossos filhos! Que mundo é esse que não nos permite mais a comunhão com Deus e o próximo!

Histórias como essas tocam, pois muitos vivem esse dilema. Histórias como essas são contadas para nos conformarmos com uma sociedade cada vez mais individualista, consumista e materialista. Sociedade que prima pela produção e não pela comunhão. Sociedade que nos sufoca o tempo e nos deixa com um nó na garganta.

Porém, pergunto: Somos felizes com tal situação? Eu pessoalmente não. Eu desejo sim ter um tempo para abraçar o meu filho. Desejo ver a expressão do seu rosto: a alegria, as realizações, a angústia, o medo... Desejo ouvi-lo e lhe dizer: “- Filho, estou aqui. Conte com o meu carinho”.

Não me contento com nós, pois creio no Deus da comunhão. Creio no Deus que se tornou humano em Jesus Cristo. No Deus que valorizou o abraçar, afagar, perdoar e reconciliar. No Cristo que sentava e tinha tempo para partilhar a refeição, para ouvir as angústias e para ensinar a mensagem do Reino. Deus diz em Jesus: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei” (Mt 11.28).

Cristo veio e nos convida a colocar em primeiro lugar o Reino de Deus (cf Mt 6.33). E colocar o Reino de Deus em primeiro lugar não significa criar “nós de dor”, mas tempo para a comunhão com ele, com nossos filhos, com a esposa, com nossos irmãos de fé.

Ó Deus, ajuda-nos a repensar a nossa vida. Ajuda-nos a desfazer o nó da falta do tempo. Ajuda-nos a ver que o verdadeiro afeto não se revela no nó, mas na tua ressurreição. Pois é a tua ressurreição que faz ressurgir em nossas vidas o meio de comunicação mais precioso: O tempo da comunhão. Amém.


Autor(a): Ernani Röpke
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Cantareira (Tremembé - São Paulo-SP)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 9188

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