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A criação de comunidades evangélicas no Brasil

29/07/2014

A criação de comunidades evangélicas no Brasil

Ao longo da história brasileira sempre houve a presença de pessoas que tinham vinculação com a fé evangélica. Entre os primeiros evangélico-luteranos destacam-se: Heliodor Hesse – escrivão que residiu em São Vicente-SP, filho do humanista alemão Helius Eobano Hesse, amigo de Martim Lutero que chegou ao Brasil por volta de 1554 e Hans Staden que cantou hinos de Lutero e erigiu a primeira capela evangélica enquanto estava prisioneiro dos índios em Ubatuba/SP em 1554. Lembre-se também que no Rio de Janeiro foi celebrado o primeiro culto evangélico no Brasil e foram executados os três primeiros mártires evangélicos brasileiros (calvinistas) em 1558. Em Sorocaba/SP foi criado o primeiro cemitério protestante por ocasião da implantação da primeira siderúrgica brasileira por parte da família real em 1811.
A organização comunitária deu-se apenas com o advento do Império. Havia, porém, grandes restrições. O parágrafo quinto da Constituição do Império dizia: A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Estado. Todas as demais religiões serão toleradas, em casas para tanto destinadas, sem qualquer forma exterior de templo. Isso queria dizer que não eram permitidos torre, cruz, sino, enfim, nada que lembrasse igreja.
As dificuldades também se refletiam na vida civil e familiar. Os matrimônios dos evangélicos não tinham validade. O registro civil inexistia. Os protestantes viviam em concubinato, pois o casamento para ser válido teria de acontecer diante do padre. Até os batismos chegaram a não ser reconhecidos. Os evangélicos, pessoas de segunda categoria, eram apenas tolerados. Tiveram dificuldades com o sepultamento de seus mortos e estavam impedidos de participar da vida política.
Dentro deste cenário surgiram e se desenvolveram as primeiras comunidades. Em 3 de maio de 1824 um grupo de imigrantes alemães evangélicos chegou a Nova Friburgo/RJ e um outro aportou em São Leopoldo/RS, em 25 de julho do mesmo ano. As duas comunidades tiveram a assistência de pastores contratados pelo governo brasileiro. Isso foi caso único, pois com a expansão e crescimento de novas comunidades isso não mais se repetiu.

O desenvolvimento da igreja evangélica acontece conjugado ao assentamento de novos contingentes de imigrantes. Estes foram assentados principalmente nas três províncias do sul do Brasil: Rio Grande, Santa Catarina e Paraná. Mas houve também grupos menores que foram estabelecidos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Espírito Santo. No Rio de Janeiro, a capital do império, a comunidade evangélica foi fundada em 1827. Em Santa Catarina, as primeiras comunidades surgiram em Blumenau (1850) e em Dona Francisca (Joinville) (1851).
Nos primeiros quarenta anos as comunidades evangélicas, que mais tarde viriam a formar a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, estavam bastante abandonadas. Organizavam suas comunidades sem muitas formalidades. De simples cultos domésticos evoluíram depois para comunidades, elaborando seus estatutos e elegendo as diretorias. Nas comunidades conviviam inicialmente luteranos, reformados e unidos.
Não podendo construir locais de culto com aspecto de igreja, as comunidades construíram escolas, usando-as também como capelas para os cultos. A falta de pastores fez com que as comunidades escolhessem entre os seus membros pessoas com melhor formação para exercer o magistério e o ministério pastoral. Tinham neste aspecto uma profunda vinculação ao sacerdócio geral de todas as pessoas batizadas.
Esse processo perdura até 1864 quando começa, de forma mais regular, a chegada de pastores da Alemanha. Eles são enviados pela Igreja Evangélica da Prússia, pela Sociedade Missionária de Basiléia(Suíça) e pela Sociedade Evangélica para os Alemães Protestantes na América, de Barmen(Alemanha). Até o final do século 19 há inúmeras comunidades espalhadas nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Constata-se a necessidade de uma maior articulação entre as comunidades. Esta organização regionalizada recebeu o nome de Sínodo.
(Fonte: www.luteranos.com.br)
 


Autor(a): Fonte: www.luteranos.com.br
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Cantareira (Tremembé - São Paulo-SP)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 29212

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