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Os princípios da generosidade

Igreja e dinheiro (4)

22/06/2017

Na semana passada, a meditação tratou dos tipos de contribuição que são apresentadas no texto bíblico. Para algumas pessoas, um parâmetro pré-definido facilita e dá limites para a melhor forma de contribuir. Vimos sobre o Dízimo (que era dar 10% de tudo- tudo mesmo- que as pessoas ganhavam para manter o serviço religioso e ajudar os necessitados); sobre o Túdimo (na prática, tudo é de Deus, e mesmo que devolvemos 10% em forma de oferta ou contribuição, temos o dever de usar os outros 90% para o cuidado da vida e do próximo); e por último o texto que nos debruçamos com mais afinco nesta meditação que é sobre “dar com alegria”.

Esta passagem nos dá todo um esboço dos princípios do dar e da generosidade:

1- Paulo insiste em que ninguém perdeu nunca por ter sido generoso. Em todos os textos bíblicos, o ato de ofertar sempre é um ato segundo. O ato primeiro sempre é de Deus. É Deus quem age e quer continuar agindo em favor das pessoas. As pessoas em lealdade ao amor de Deus, em Cristo, são chamadas a fazer a sua parte.

Dar é como semear. O ser humano que semeia com uma mão que regula não pode esperar mais que uma colheita escassa, mas aquele que o faz com mão generosa, em Seu momento, colherá abundantemente.

O Novo Testamento é um livro extremamente prático e uma de suas grandes características é que nunca teme o tema da recompensa. Mas as recompensas que o Novo Testamento contempla não são materiais.

Não promete riquezas desse tipo, mas sim as que pertencem ao coração e ao espírito. O que pode esperar então um homem generoso? Será rico em amor, amigos e ajuda. A generosidade produz naquele que recebe um sentimento de reciprocidade, não de troca, mas de alegria pela ajuda recebida e gratidão a Deus pela oração respondida.

2- Paulo insiste em que Deus ama o que dá alegremente. Deuteronômio 15:7-11 estabelece o dever da generosidade para com o irmão pobre, e o versículo 10 diz: “Dê-lhe generosamente, e sem relutância no coração” (NVI). A ideia de dar de forma alegre se dá quando não se tem por obrigação fazê-lo. Ser generoso deve partir de um coração grato por tudo o que é recebido de Deus e, por ser grato, dar àqueles que necessitam.

3- Paulo insiste em que Deus pode dar ao homem tanto a substância para dar como o espírito com que fazê-lo. No entanto, tampouco em Corinto a coleta precisa ser uma laboriosa obra humana. Na Macedônia ela foi “graça de Deus”, o que também pode ser em Corinto. “Deus pode fazer transbordar toda graça, também para vós, a fim de que, tendo em tudo, a toda hora, toda suficiência, transbordeis para toda boa obra.” Nossa doação jorra da doação de Deus! Mas Deus pode “fazer transbordar” sua graça. Dessa forma os coríntios se tornam pessoas que “em tudo” e “a toda hora” possuem “toda suficiência”.

Paulo acumula as expressões, a fim de caracterizar a profusão da graça de Deus. Agora também os coríntios tão ricamente agraciados podem novamente “transbordar”, sem “tristeza”, sem “constrangimento”, como um poço cheio até a borda, a saber, para “toda” boa obra. Paulo remete ao Sl 112.9: “Como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. ” Justamente uma pessoa como Paulo não consegue ver nessa palavra do AT uma “justificação por obras”. Mas pela metáfora da semeadura e colheita ele mostra como nosso comportamento – que como tal decorre da dadivosa graça de Deus – traz seu fruto. O agrado de Deus repousa permanentemente sobre aquele que é capaz de semear e dar aos pobres com tanta alegria.

O que isso significa na prática, de que a “sementeira” dos coríntios gera uma abundante “colheita” de “bênçãos” (v. 6)? “Em tudo sois enriquecidos, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. ” (v.10) Isso obviamente não é algo que pudesse ser atraente ao ser humano natural. Contudo Paulo pressupõe também em todos os demais crentes o sentido “teocêntrico” do coração, que habita em nós desde a conversão e o renascimento. Já em 2Co 1.11 e 4.15 o alvo almejado da experiência do próprio Paulo, e que também envolvia a igreja, era que Deus recebesse abundante gratidão. Isso igualmente representa o alvo supremo de toda a questão da coleta!

Finalmente, Paulo faz com que os coríntios pensem na maravilha do dom de Deus em Jesus Cristo, cujo mistério jamais se esgotará e cuja história jamais poderá ser contada totalmente, e ao fazê-lo, diz-lhes: “Vocês, que foram tratados tão generosamente por Deus, poderão não ser generosos com seus próximos?”

Ponto importante a ser reforçado: recebemos de Deus uma infinidade de bênçãos todos os dias. Somos chamados e chamadas a responder de forma grata e regular todos os meses. Assim como nossas casas, a igreja vive a necessidade de manter-se em dia com suas obrigações. Por isso a necessidade de regularidade nas contribuições.

Que a graça e o cuidado de Deus continue abundante em suas vidas. E que a gratidão seja manifesta também.

 

Adaptado de Caderno de Estudos Fé, Gratidão e Compromisso, Sínodo Nordeste Gaúcho da IECLB, 2009, p. 32;

BARCLAY, William. Título original em inglês: The Second Letter to the Corinthians. Tradução: Carlos Biagini. p. 76-79 formato digital.

BOOR, Werner de. Carta aos Coríntios. Tradução: Werner Fuchs. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2004. p. 79-81;


Autor(a): Dieison Gross Ferreira
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Campinas (SP)
Área: Sustentabilidade / Nível: Sustentabilidade - fé, gratidão e compromisso
Testamento: Novo / Livro: Coríntios II / Capitulo: 9 / Versículo Inicial: 6 / Versículo Final: 15
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 42725

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