INQUIETUDE NA PÓS-MODERNIDADE
Lembre do seu Criador enquanto você ainda é jovem, antes que venham os dias maus e cheguem os anos em que você dirá: “Não tenho mais prazer na vida.”.
(Eclesiastes 12.1)
Fazemos parte da geração que vive a ambigüidade da beneficência e maleficência dos avanços tecnológicos, que a humanidade experimenta desde a revolução industrial inaugurada na Europa do século XVIII.
Especialmente nos países protestantes a ciência encontrou finalmente solo fértil para novos experimentos e descobertas, de forma que acelerou o processo de transformação de recursos naturais.
Não podemos negar que houve uma grande contribuição à humanidade, com as descobertas na medicina, as grandes invenções e não por último a constatação de que a terra não é plana e sim redonda, de que a terra gira em torno do sol e não o contrário.
As mudanças também se fizeram sentir na esfera filosófica e teológica, libertando o homem para se descobrir a si mesmo e o universo.
Quantos avanços! Quanta coisa boa que se produziu neste terreno livre inaugurado com a conquista da Reforma da Igreja Medieval.
Especialmente no século XX, a ciência penetra um mundo até o pouco desconhecido, desvenda o código genético através dos projetos GENOMAS. O homem, que experimentou do fruto do conhecimento do bem e do mal, é capaz de encontrar o gene que causa o câncer, por exemplo.
Diante destas descobertas e experiências com a vida, há quem afirme que já passamos da pós-modernidade, para a pós-humanidade, pois somos capazes de clonar outro ser vivo; a partir de um gene somo capazes de criar uma orelha humana num rato ou melhorar músculos de atletas para uma competição.
A ciência avançou com passos largos. Suas descobertas vão desde o desvendar de microorganismos até o macro universo, conquistando as esferas espaciais, com o advento das viagens espaciais, chegando à lua com tripulação humana, em 20 de Julho de 1969.
Entretanto, passados não muitos séculos, o homem pós-moderno tem muito ainda para aprender, por isto as inovações não param.
Desde que foi inventado o computador na década de 40 do século passado, vemos crianças ainda não alfabetizadas dominando, como mestres, essas máquinas, para o espanto de seus avós.
Uma coisa, porém nos incomoda: O homem que trouxe tanto benefício com suas invenções criou um grande mal para si mesmo, pois suas máquinas destroem, poluem e envenenam.
O homem pós-moderno vê seu mundo, seu OIKÓS (casa global) sujo e prestes a tornar-se inabitável. Provocou novas doenças e pela ganância de uns poucos, povos inteiros foram dizimados e ainda continuam sendo dizimados.
Os recursos naturais estão ficando escassos, pois a devastação das florestas e o envenenamento das águas, bem como o aquecimento global e a má qualidade do ar, nos fragiliza e nos mata, apesar de todas as máquinas inteligentes que criamos.
Ainda podemos fazer alguma coisa para oferecer a nós mesmos e aos nossos descendentes um mundo habitável para não termos que exclamar: “Não tenho mais prazer na vida”.
Que a capacidade de se indignar contra as forças que destroem, geradoras de morte, nos impulsione à luta persistente pela sobrevida humana e da boa criação de Deus.
Seja esta a filosofia de vida de todos nós.
P. Claudio S. Schefer