Deus se revela forte, entre nós, em um compasso de espera! A ciência busca soluções para não se submeter nem se curvar à pandemia. O grande objetivo é preservar o maior número possível de vidas.
O vírus faz a sua história natural no Brasil com desenvoltura e expressivo número de vítimas. Nossas atitudes e comportamentos podem ajudar a escrever uma história diferente. Nisso se manifesta a dimensão pública da fé das nossas Comunidades Luteranas de São Paulo.
Antigo e Novo Testamentos (a teologia do apóstolo Paulo), demonstram ser possível enfrentar e superar com presteza, forças invisíveis.
Um caminho percorrido pela humanidade, em todas as épocas, inclusive na história testemunhada por mulheres e homens de fé, nos ensina que rendição e soluções apressadas não são respostas adequadas a um poder cego e virulento.
A formação de nossas Comunidades da União Paroquial de São Paulo, bem como a sua existência representam muito mais do que “concessões” e contingências. Trata-se de uma história de fé, comunhão e superação.
Mesmo vivendo nesses grandes centros urbanos, somos livres para reagir a todo tipo de manipulação, afetação, medo, conspiração, dúvida, precipitação, ignorância, cinismo, desânimo, desolação...
Somos livres também para recomendar prudência. Não precisamos forjar valentia ou provar algo a alguém.
Os que nos antecederam na fé, fizeram uma descoberta a duras penas: em certos momentos, Deus se revela forte, entre nós, em um compasso de espera. Nesse hiato, no entanto, manifesta-se um poder genuíno que promove a Comunidade de Fé, diferente do poder anônimo ditado pelas leis aparentemente “naturais”.
Diante do imprevisto das forças ameaçadoras, das coisas sobre as quais não temos domínio, além dos limites e erros – apesar de tudo, não nos sentimos simplesmente expostos ao imponderável. Na prática da fé e da convivência cultivada, em todos esses anos, em nossas Comunidades, exercitamos nossa confiança em Deus, no seu poder supremo e justo. Ele se importa, se envolve e se compromete com os seres humanos e seu destino.
Deus faz questão de nos visitar! E estar sempre do nosso lado e entre nós, não importa onde estivermos.
Sentimos falta das nossas celebrações dominicais. Nossa fé cristã luterana, no entanto, recomenda prudência e responsabilidade. Apesar das restrições impostas pela pandemia, continuamos espiritualmente unidos.
Vamos aguardar um pouco mais antes de retomarmos nossos cultos. Pequenos encontros para comunhão e apoio mútuo podem ser retomados e organizados com todo cuidado. Pastoras e pastores, sempre que necessário, estarão à disposição.
Nos meses que ainda teremos pela frente, cada Comunidade encontrará - do seu jeito, na medida certa - as modalidades para momentos de comunhão, meditação e oração. Essas pequenas iniciativas não são novas. Obedecem à recomendação de Jesus: “Porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali com eles.” (Mateus 18,20)
A dimensão pública da fé, nossa responsabilidade como cidadãs e cidadãos ajudará a proteger e preservar vidas durante a pandemia.
A prudência das nossas Comunidades, no seu devido tempo, será percebida, admirada e respeitada por todos.
Hermann Wille
Em nome do Colégio Pastoral da UPSP
São Paulo, setembro de 2020