Uma história de dedicação

Lucena Bogner conta sobre sua atividade como sineira

Lucena Bogner - sineira - Igreja em Lajeado - RS
Sinos - Igreja - Lajeado - RS
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Lucena Bogner nasceu em 02/02/1934, filha de Arthur e Olinda (Gräbin) Bogner. É a segunda filha das três filhas e um filho do casal Bogner. Cresceu no interior, na propriedade rural da família, em São Jacó Baixa/Estrela. Freqüentou o Ensino Confirmatório na Comunidade Evangélica de Novo Paraíso/Estrela e foi confirmada aos 12 anos de idade. Aos 17 anos foi morar com a família do Pastor Hans Wendt e sua esposa Elizabeth, em Estrela, com a incumbência de auxiliar nos trabalhos da casa e cuidar das crianças. Paralelamente, assumiu, ainda, a função de sineira da Comunidade Evangélica de Estrela. Iniciava-se, assim, um longo período de dedicação e de serviço à Igreja!

Depois de sete anos junto à família Wendt, Lucena retornou para a casa paterna e materna. Havia conseguido comprar, com o resultado de seu trabalho, uma máquina de costura. Em casa, juntamente com a mãe e a irmã Nelma, Lucena passou a exercer a profissão de costureira para uma firma de Estrela. Quando essa firma veio a se instalar em Lajeado, Lucena e a irmã passaram a residir neste município e até hoje partilham a mesma moradia.

Sua atividade como sineira na Comunidade Evangélica de Lajeado teve início no findar do ano de 1976, em 28 de dezembro. Nesse dia, o sino, pelas mãos de Lucena, proclamava, com alegria, a realização de três bênçãos matrimoniais consecutivas! Em 03 de janeiro de 1977 Lucena foi contratada, oficialmente, como sineira da Comunidade, permanecendo nesta função até 30 de janeiro de 1986. Devido a dificuldades físicas oriundas de uma queda, durante um período de sete anos o sobrinho de Lucena, Cássio Ricardo Bogner, a substituiu na função de sineiro. Lucena retomou sua atividade em 01 de maio de 1993 permanecendo nela até a atualidade. Ao lado da função de sineira, Lucena assume, ainda, outras funções que se fazem necessárias por ocasião dos cultos, como a preparação do material para a realização dos dois sacramentos: Batismo e Santa Ceia.

O sino, até hoje, é tocado manualmente, mas o tempo atesta mudanças na sua utilização! Lucena conta que, inicialmente, o sino tocava ao meio-dia e às 18h e auxiliava na organização diária da vida das pessoas na proximidade. Por ocasião dos cultos, ele era tocado uma hora antes, meia hora antes, no início e no término destes. “Os cultos aconteciam, na maioria das vezes, de manhã. Quando o sino tocava pela primeira vez, ele estava avisando que era hora de saltar da cama e se arrumar para ir à igreja” – diz Lucena. Quando havia sepultamentos, Lucena subia pela estreita escadaria de madeira que conduz ao alto da torre, onde estão os dois sinos e, equilibrando-se em uma viga, amarrava uma corda no pêndulo de um dos sinos. Sentava-se, então, no peitoril de uma das janelas e, com a corda entre as mãos, puxava o pêndulo contra a parte interna do sino trinta vezes. Repetia essa seqüência por mais duas vezes. As noventa badaladas intercaladas pelas duas pausas indicavam a saída de um membro da Comunidade desta vida terrena e sua entrada na vida eterna. Com o passar do tempo, especialmente em razão do crescimento da cidade ao redor da própria Igreja de Cristo, algumas vozes pressionaram a liderança da comunidade a alterar o ritmo diário dos sinos, o que aconteceu gradativamente. Atualmente, os sinos são tocados somente por ocasião de bênçãos matrimoniais e no início e término dos cultos! “Antigamente, o sino chamava as pessoas para o culto; hoje, ele somente anuncia que o culto está começando”, reflete Lucena, com 74 anos de idade e 31 anos como sineira!

Ainda que não se possa ouvir, com a mesma freqüência, o badalar dos sinos que estão na torre da antiga igreja da Comunidade Evangélica de Lajeado, ele permanece como mensageiro da “paz, alegria e glória” (Friede, Freude und Herrlichkeit), como indica a inscrição, em língua alemã, em um dos sinos, que provém do Deus que nos reúne em culto, na comunhão com irmãos e irmãs na fé!

 

 

(Texto: Scheila dos Santos Dreher)

Cada qual deve se tornar para o outro como que um Cristo, para que sejamos Cristos um para o outro e o próprio Cristo esteja em todos, isto é, para que sejamos verdadeiros cristãos.
Martim Lutero
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