Testemunhas do amor, comunidades intercedem pela promoção da cultura da paz

19/05/2006

Homero Severo Pinto, Pastor 1º Vice-Presidente e Presidente em exercício de nossa igreja, enviou nesta sexta-feira uma carta para as comunidades de nossa igreja, sugerindo como petição comum o fortalecimento de nossa fé e esperança, a partir do amor de Deus, para que juntos possamos ser promotores da cultura da paz. 

Ainda que seja um tema de constante importância, os acontecimentos violentos da última semana em nosso país, faz com que seja necessário lembrar que, a partir de nossa vivência cristã, podemos reagir melhor diante deste momento doloroso de nosso país. Abaixo, a carta direcionada para as comunidades:

Estimadas irmãs, estimados irmãos:

Preocupados com a onda de violência que eclodiu há uma semana, mais uma vez conclamamos as comunidades da IECLB a se unirem na intercessão pela paz. Sobre os graves conflitos entre o crime organizado e as forças de segurança, várias entidades já emitiram pronunciamentos, entre elas o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), dizendo numa nota de 17 de maio: “A sociedade brasileira, atônita, acompanhou os atos de violência ocorridos do dia 13 maio de 2006 em diante, em São Paulo e noutros estados brasileiros: mais de uma centena de mortos - presidiários, policiais e civis - rebeliões e destruição nas cadeias e penitenciárias, incêndios de coletivos e ataques a instituições públicas e residências civis“. O CONIC manifesta seu renovado compromisso com a intercessão pela paz e a promoção da justiça. Na seqüência, citaremos textualmente outras partes da mensagem do CONIC. O documento, na íntegra, poderá ser encontrado no site do CONIC.

Da mesma forma, o Comitê Executivo do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido essa semana em Genebra, expressou sua solidariedade com as igrejas e o povo brasileiro, por meio de uma carta assinada pelo Secretário Geral, Rev. Dr. Samuel Kobia, e pelo Moderador, P. Dr. Walter Altmann. Nesta carta, os signatários manifestam sua preocupação com o aumento de incidências de violência em nosso país e na região. Manifestam, ainda, esperança de que através da Década para Superação da Violência, programa central nas atividades do CMI, que esse ano tem como foco a América Latina, seja possível promover e fortalecer, através de ações concretas, uma cultura de paz e de não-violência. A Carta do CMI, está publicada em nosso site e pode ser lida na íntegra.

Muitos são os componentes que alimentam a espiral da violência, em nosso país. “Na base, o ‘tráfico de drogas’, seu sujo e mortífero lucro, que arregimenta e devora pessoas, destruindo vidas, famílias, instituições e a dignidade humana. Trata-se de ‘poder paralelo’, ‘crime organizado’, com um pé dentro e outro fora dos presídios, enraizado nas diversas classes sociais, trazendo consigo outros crimes: tráfico de armas, contrabando, lavagem de dinheiro. Aliam-se a esse poder policiais e efetivos do Judiciário que, distanciados da justiça justa, do direito e da lei, reproduzem a injustiça por amor ao dinheiro e seu poder sedutor. (...)

O poder do crime organiza-se sobre a incompetência de um Estado não gerador do bem-estar social; direito à terra, trabalho, salário e alimentação dignos, educação, moradia, saúde e lazer. Estado pouco afeito a amenizar as desigualdades sociais - veja-se a vexatória distribuição de renda existente no Brasil - compromissado em pagar dívidas externas, quase eternas, à custa do sofrimento de sua população. Estado que, responsável pelo processo de educação e re-educação, produz justiça cara, ineficiente, corrompida em alguns momentos, complacente com os ricos e desprezadora dos pobres. Onde estão as condições de trabalho e as condições humanas de tratamento para os re-educandos? É intenso o ‘sentimento de impunidade’ que transparece nos processos, principalmente aqueles que envolvem pessoas de grande poder político e econômico”.

Com base nesta preocupante realidade, o CONIC “alerta as autoridades Legislativas, Executivas e Judiciárias brasileiras para o grave problema da injustiça presente no país. Segurança se faz com justiça. A violência vista nesses dias está relacionada com a injustiça, a impunidade e a corrupção. Urge combater firmemente as desigualdades e a corrupção, e oportunidades de vida digna, sadia, pacífica e produtiva se abrirão para o nosso povo. Com ações de justiça alcançamos a consciência de que ‘o crime não compensa’. Sem justiça, não há paz social ”.

O CONIC conclama ainda “toda a população: a envidar esforços e meios de pressão sobre os poderes do Estado, para que estes realizem completa e correta revisão das leis e trâmites judiciais, provendo justiça ágil, incorrupta, acessível e igual para todos; a fazer-se presente nos centros de detenção, humanizando os ambientes, como o fazem os agentes de Pastoral Carcerária, reivindicando processos re-educativos conseqüentes e eficazes, coibindo a violência policial e entre os detentos”. (...)

“Insta com os poderes estatais, principalmente o policial, a ‘não pagar mal com mal’ os seus mortos em atitudes de vingança planejada. Que as leis sejam cumpridas, principalmente pelos responsáveis por suas aplicações. Que condições de dignidade humana – trabalho, educação, higiene, alimentação, espaço de convivência e privacidade – sejam os moldes dos ambientes prisionais. Tortura e sofrimento não educam para a paz. Penas alternativas e serviços comunitários efetivamente aplicados são caminhos mais seguros de re-educação para a vida cidadã.

Solidarizamo-nos com todas as famílias que perderam seus parentes, civis, presidiários, policiais. Choramos solidários a dor da morte, do medo e da insegurança. A dor é social e dela queremos todos nos livrar, com a graça de Deus, ‘o justo juiz, que sente conosco indignação todos os dias’ (Salmo 7.11).

Não concordamos com qualquer crime ou injustiça. Culpas devem ser sanadas. Nossa oração maior suplica: ‘perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. O amor e a justiça são saneadores das ofensas. ‘É em paz que se semeia a justiça, para os que promovem a paz’ (Tiago 3.18).

A sociedade de paz é o nosso sonho, mensagem e compromisso. Esforçamo-nos para propiciar que em todo lugar ‘encontrem-se a misericórdia e a verdade, justiça e paz se beijem, da terra brote a verdade, e dos céus a justiça baixe o seu olhar’ (Salmo 85.10-11)”. Por isso, nestes próximos dias propomos que nossa intercessão comum seja :

Que Deus nos fortaleça na fé e na esperança para sermos testemunhas do Seu amor e que juntos possamos promover a cultura de paz e de não-violência

Lembramos, como sempre, que é importante que a comunidade seja informada do motivo da intercessão comum e que ela estará sendo orada em toda a Igreja. Cresçamos como Igreja nessa comunhão de oração.

Na paz de Cristo,


P. Sinodal Homero Severo Pinto

Pastor 1º Vice-Presidente e Presidente em exercício
 

COMUNICAÇÃO
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Salmo 144.2
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