II Fórum Sinodal de Reflexão da Mulher Luterana no Sínodo Sudeste
Nos dias 3 e 4 de outubro de 2015, foi realizado o II Fórum Sinodal de Reflexão da Mulher Luterana no Sínodo Sudeste, no Lar Luterano Belém, em Campinas/SP.
Contando com a presença de vinte e cinco mulheres, de diversas paróquias do sínodo, teve a assessoria do Programa de Gênero e Religião das Faculdades EST através da Pª. Drª. Marli Brun e da estudante de Teologia Ketlin Schuchardt.
Em torno do tema “Mulheres da Reforma, Ontem e Hoje”, no espírito da campanha “Em comunhão com as viDas das mulheres”, reuniram-se mulheres dos três Estados que compõem o Sínodo Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais.
O encontro foi aberto com a saudação de Maria Cristina Bergmann Guilherme, coordenadora sinodal do Fórum que trouxe a alegria pela realização deste evento pela segunda vez. A seguir o pastor sinodal, P. Geraldo Graf, trouxe sua saudação com as palavras de Gn 1.27 ressaltando que mulher e homem foram criados por Deus à sua imagem e semelhança.
Na sequência, Marli Brun apresentou um breve panorama da condição da mulher desde a Antiguidade, a dicotomia entre o “ser” e o “não ser”, a mulher como propriedade do marido e sua submissão ao pai, ao marido ou a dependência de um filho e do poder patriarcal.
Trouxe histórias da vida de mulheres da época da Reforma, como Marie Dentière e deteve-se em especial na pessoa de Catarina Zell, nascida Schütz (1497 a 1562). Esta mulher, também chamada de reformadora, enfrentou muitos obstáculos chegando a argumentar contra a afirmação de que as mulheres devem permanecer caladas nas comunidades (1 Co 14.34), citando Gálatas 3.28 e Joel 2.28.
Inspiradas na carta de Catarina Zell ao arcebispo, as mulheres presentes foram convidadas a confeccionar fuxicos, buscando em suas memórias textos bíblicos que desempoderam e que empoderam as mulheres.
Momento de muita riqueza na partilha de textos que marcaram profundamente a vida das mulheres. A partir dos relatos e textos apresentados buscou-se trazer os textos para a atualidade e relacioná-los com a realidade das mulheres.
À tarde Ketlin nos trouxe um exercício de exegese sobre o texto encontrado em Mt 26.6-13 no qual Jesus é ungido em Betânia. Foi muito interessante para a percepção da diferença entre uma leitura crítica de uma leitura fundamentalista da Bíblia. Foi possível ver como foi realizada a aproximação ao texto, as análises literária, redacional e do conteúdo. A síntese teológica, o escopo e atualização.
Ao trazer seu trabalho foi possível discutir aspectos interessantes do texto que passam despercebidos nas versões mais acessíveis, o que rendeu muita partilha e troca de saberes.
Para encerrar a tarde as mulheres foram convidadas a uma oficina de customização da capa de tecido para caderno com o auxílio da artesã Juliana Gadioli, de Campinas.
Na noite de sábado tivemos o momento de apresentações, tanto individuais como dos trabalhos onde a presença das mulheres se faz de forma marcante. Momento de muita riqueza com os relatos vindos de lugares como Teófilo Otoni e Belo Horizonte/MG, Petrópolis e Niterói/RJ, Vale do Paraíba, Valinhos, Rio Claro, Campinas/SP. Esta troca sempre enriquece e anima o trabalho com mulheres proporcionando sempre ideias novas umas às outras.
A primeira parte da manhã de domingo foi o apelo na direção da necessidade da construção de justiça de gênero, buscando superar todas as formas de exclusão e opressão. Seja na legislação brasileira, nas políticas públicas, nos documentos eclesiais ou nos movimentos eclesiais e sociais.
As mulheres também foram incentivadas a continuar enviando suas histórias de vida para a campanha “Em comunhão com as viDas das mulheres” ou coletando relatos de vidas de mulheres para compor o acervo rumo aos 500 anos da Reforma em 2017.
O encerramento do Fórum deu-se com a celebração final onde foi destacada a a ação solidária entre mulheres como importante recurso para que auxiliemos, umas às outras, a caminhar e se equilibrar, muitas vezes num mundo imerso nas trevas da desigualdade, da opressão, do fundamentalismo e da exclusão.
Rosane Philippsen
p/Coord do Fórum de Reflexão da Mulher Luterana no Sínodo Sudeste