Quantos somos e onde estamos?

01/07/2009

A formiga estava concentrada no serviço quando foi interrompida pelo barulho estridente de uma cigarra. A formiga, que só pensava em trabalhar, perguntou-se quantas cigarras poderiam ainda haver para atormentar a vida dos outros com aquele zunido estridente. Nisso, a cigarra a olhou, como quem lê pensamentos, e perguntou ‘Quantas irmãs e irmãos você tem aí nesse seu ninho?’ ‘Depende’, respondeu ela. ‘Temos contribuintes e não contribuintes, titulares e dependentes...’ Sem ter absolutamente nada o que fazer e querendo distrair a formiga, a cigarra continuou com o seu questionário. ‘Entendo, mas que tipo de cálculo vocês fazem quando querem aumentar o ninho?’ ‘Bom, a gente vai na intuição, pois tem uma noção aproximada da quantidade. No fim, acaba sempre dando certo’. Nisso, o grilo, querendo ajudar a formiga, entrou na conversa ‘Lá em casa é assim: tem o pai, a mãe, o mano, a prima, o segundo primo já morreu e tem os meus dez filhos, além da minha grila do coração. Fora isso, tem...’ e relacionou mais uma penca de parentes nos cinco minutos seguintes. A formiga ouviu interessada, pois a lotação do ninho estava indo para o limite. Então, chegou o gato e disse ‘Tem 3.243 formigas nesse ninho. Fiquei contando esses dias. Não tinha nada para fazer. Só não sei quantas vezes contei a mesma formiga...’

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Você sabe quantos irmãos e irmãs de confissão luterana moram na sua cidade, na sua linha, na sua vila, no seu bairro ou na sua rua? Essa informação é importante, pois pertencemos a uma família de fé que é chamada a viver em comunhão para dar testemunho do Evangelho, participar do trabalho evangelizador, da assistência espiritual e da ação diaconal, para cuidar da pregação pura da Palavra de Deus e para investir na formação evangélica. Saber quantos somos e onde estamos, irá influenciar as ações, os planejamentos, a elaboração de projetos e os investimentos que iremos fazer!
No Brasil, somos, segundo o último censo do IBGE (2000), 1.062.691 luteranos. Esse total, que foi calculado a partir de uma pesquisa-amostra, inclui os luteranos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e de pequenas Igrejas luteranas livres. Quase 83% dos luteranos e luteranas moram no Sul do País, 12% no Sudeste, 2,4% no Centro-Oeste, 2,3% no Norte e 0,5% no Nordeste. Os luteranos representam 0,7% num Brasil com 74% de católicos apostólicos romanos, 10,2% de evangélicos pentecostais, 4,7% de outros evangélicos, 1,8% com outra religiosidade, 1,4% de espíritas, 0,2% de não declarados e 6,9% de sem religião. No mundo, os luteranos são 87,5 milhões: 60% deles estão na Europa, 13% nas Américas, 17% na África e 10% na Ásia.
   Como IECLB, somos 717.127 pessoas batizadas de acordo com a última estatística. Já fomos mais. Em 1959, dez anos após a união dos antigos Sínodos em forma de Federação Sinodal, éramos 107.917 famílias e 554.683 membros. Em 1968, ano da reestruturação, que criou as Regiões e os Distritos Eclesiásticos, somávamos 643.917 ‘almas’. Dez anos mais tarde, em 1978, a estatística projetava um total de 769.767 membros. Antes que se façam especulações precipitadas, é preciso esclarecer que o índice de projeção (27,7%) era calculado sobre o total do dado informado pelas Paróquias que, naquela época, já enfrentavam processos migratórios. Essa projeção era técnica e baseada em índices oficiais do Governo.
 

 

Membros por Sínodo
1997 2008
Amazônia 7248 8097 12%
Brasil Central 2149 3160 47%
Centro-Campanha-Sul 52020 56948 9%
Centro-Sul Catarinense 42040 51529 23%
Espírito Santo a Belém 61431 59592 -3%
Mato Grosso 7401 8531 15%
Nordeste Gaúcho 57953 60200 4%
Noroeste Riograndense 43659 45013 3%
Norte Catarinense 72036 64265 -11%
Paranapanema 14236 16923 19%
Planalto Rio-grandense 45072 49824 11%
Rio dos Sinos 53471 52525 -2%
Rio Paraná 31737 32264 2%
Sudeste 24482 20643 -16%
Sul-Rio-Grandense 34769 31758 -9%
Uruguai 35957 32754 -9%
Vale do Itajaí 80059 86869 9%
Vale do Taquari 37393 36232 -3%
Total IECLB 703113 717127 2%


   Em 1983, a estatística anual deixou de ser feita. Carente de dados precisos, a Direção da Igreja, no ano de 1987, em conjunto com as lideranças regionais, distritais e locais, realizou o maior movimento de visitação já feito em sua história. O objetivo era fazer a contagem de todas as pessoas de confissão luterana residentes no País, a renovação de cadastros e fichários locais e a atualização dos dados dos membros. Na época, imaginava-se que os evangélicos de confissão luterana passavam de um milhão. Esse era, inclusive, o número informado. O resultado do censo teve o mérito de puxar a IECLB mais para uma dura realidade. Embora nas Comunidades do interior o índice de pessoas cadastradas tenha atingido picos de 96%, nas localidades maiores chegou perto dos 50%. Isto resultou na soma de 564.574 pessoas cadastradas, com nome completo, endereço, família, origem étnica, profissão, dados sobre migração, localização da moradia, entre outras informações.
   O censo de 1987 levantou características importantes sobre os membros da IECLB. Por exemplo, a IECLB tinha um índice maior de membros acima de 65 anos do que a média brasileira apontada pelo IBGE. Na região Sul, onde se concentrava o maior número de membros, o índice do IBGE correspondia a 6,7% da população. A média geral da IECLB chegava a 8,3%. Crianças e pré-adolescentes, ou seja, a faixa entre 0 a 12 anos, correspondiam a 23%. Em termos de migração, 68% sempre foram membros na mesma Paróquia e 14,3 % migraram de área rural para rural, 7,60% de área rural para urbana, 8,5% de área urbana para urbana e o restante de área urbana para rural. Na área da escolaridade, 84,14% das pessoas cadastradas tinham formação entre o primeiro e o último ano do Ensino Fundamental, 9,97% entre o 1º e o 3º ano do Ensino Médio e 5,82% tinham o terceiro grau completo ou incompleto.
   Dez anos se passaram para que um novo movimento nacional de estatística fosse iniciado. Em 1997, voltou-se a fazer a estatística anual junto a todas as Paróquias. Em 2000, com o lançamento do Plano de Ação Missionária, projetou-se um crescimento de 5%. Como as Comunidades estão pouco a pouco melhorando os seus serviços de cadastro, o número de membros da IECLB, desde então, vem se ajustando e chegando mais e mais perto de um número real que, hoje, representa 717.127.
   O que significa, nos dias de hoje, ser uma Igreja com 717.127 irmãos e irmãs na fé, evangélicos de confissão luterana, num País com mais de 180 milhões de habilitantes? Significa reunir-se em Comunidade, para formar Paróquias, Sínodos e uma Igreja nacional chamada, como afirma o texto-base do PAMI, ‘a lançar a semente do Verbo e a colocar os sinais do reino de Deus nas pequenas brechas das estruturas de nossa sociedade’ (do Caderno-base do PAMI, no portal da IECLB www.luteranos.com.br há subsídios para serem acessados).
   Como Jornal Evangélico Luterano, estamos dando a nossa pequena contribuição nessa tarefa ao dar espaço, nesses últimos anos, para que alguns desses 717.127 se apresentem. Também estamos dando espaço para o Plano de Ação Missionária da IECLB ser amplamente divulgado.
    Historicamente, foi no Sul que se concentrou o maior número de membros da IECLB e, de certa forma, isto se mantém até hoje. Ao mesmo tempo, os dados apontam para um aumento da presença da IECLB nas demais regiões. Quando calculado o crescimento com base no ano de 1997 e no ano de 2008, verifica-se que os Sínodos que tiveram maior crescimento foram: Brasil Central, Centro-Sul Catarinense, Paranapanema e Planalto Rio-grandense, como pode ser verificado na tabela.
   Quando comparamos o total de 1997 com o de 2008, podemos constatar um crescimento da IECLB na ordem de 2%, mas, como já informamos nesta matéria, os número oscilaram demasiadamente entre 1997 e 2008 para fazer afirmações seguras.
Para 2010 em diante, o Conselho da Igreja aprovou medidas para obter dados cada vez mais precisos. Todas as Comunidades, e não só as Paróquias, serão solicitadas a fazer o levantamento dos dados.

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Ah, quando às formigas, afinal, a lotação do ninho estava no limite, até hoje os animais estão tentando fazer a contagem. Todos eles se uniram na tarefa, menos o gato, que preferiu a posição de observador. A última idéia, e que está sendo aplicada, é a de dar uma semente para cada formiga lá dentro do ninho. Ao sair, cada uma tem a tarefa de enterrá-la onde achar melhor. Quem sai com semente é contado.

Ó Deus, meu libertador, tu tens sido a minha ajuda. Não me deixes, não me abandones.
Salmo 27.9
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