Precisamos mudar nossos hábitos, nossa cultura, que é tão predatória. Isso é compromisso de fé e de amor

19/11/2019

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O Seminário Diaconia Transformadora, Comércio Justo e Consumo Responsável, promovido pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) no dia 19 de novembro, em São Leopoldo (RS), reuniu 88 pessoas em torno do tema. Dirigido ao público da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), teve a participação de representações de oito sínodos, da Secretaria Geral/Secretaria da Ação Comunitária da IECLB; do Conselho Nacional da Juventude (Conaje); da Coordenação Nacional e Sinodal da Ordem Auxiliadora de Mulheres Evangélicas (OASE); da Legião Evangélica Luterana (Lelut); da Pastoral Popular Luterana (PPL); das instituições diaconais Abefi, Aevas e Casa Matriz de Diaconisas; da Rede Sinodal de Educação; da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo; da Faculdades EST; integrantes de grupos da Economia Solidária, vinculados à Rede de Comércio Justo e Solidário da FLD; e membras e membros da Diretoria, Coordenação e da Equipe da FLD-COMIN-CAPA. A parceria para a realização do seminário foi do Programa Gênero e Religião da Faculdades EST. Os lanches foram preparados por grupos da Rede de Comércio Justo e Solidário.

“O tema faz refletir sobre nosso papel nos dias de hoje”, afirmou o secretário de Ação Comunitária da IECLB, pastor Olmiro Ribeiro Júnior, presente no seminário. “Nossas ações trazem plenitude ou destruição da nossa casa comum? É preciso mudar nossos hábitos, mudar nossa cultura, que é tão predatória. Isso é compromisso de fé e de amor.”

A coordenadora nacional do Conaje, Martina Wrasse Scherer, resgatou o início da parceria com a FLD, em 2011, por meio da elaboração do caderno Criatitude, com o Conselho Sinodal da Juventude do Sínodo Rio dos Sinos, para subsidiar o tema do congresso nacional daquele ano, que foi Jovens pelo cuidado com a criação. “Desde lá, avançamos muito nas discussões e na formação do cuidado com a Criação, mas precisamos partir para a ação. Estamos sensibilizadas e sensibilizados, sabemos que é possível fazer diferente, e agora precisamos agir.“ Martina lembrou de um pequeno gesto do Conaje, que acabou se multiplicando na IECLB – a substituição de copos plásticos nos congressos por uma caneca – . “São centenas de jovens que estariam usando centenas de copos descartáveis por vários dias. Imagina o impacto que isso tem, em termos de sustentabilidade”.

A iniciativa do Café Orgânico, das mulheres do grupo de saúde comunitária Vida Digna, da Comunidade de Canabarro/Sínodo Vale do Taquari, foi apresentada pela pastora Cristiane Echelmeier, que participou do seminário com Liane Horst, Liris Spellmeier Ludwig e Clair Flesh, do Vida Digna. Como o nome do café já anuncia, os alimentos usam ingredientes produzidos de forma totalmente orgânica, de forma justa, digna e solidária. Orgânico por orgânico não conta. “Compramos direto da produção familiar e da Ecovale, a cooperativa acompanhada pelo CAPA Santa Cruz do Sul”, contou a pastora. O café já está na segunda edição, e é um sucesso! Entre os resultados concretos, estão o despertar para a ideia da alimentação saudável e motivar a aquisição de produtos de famílias agroecológicas da região.

De acordo com o pastor vice-sinodal do Sínodo Rio dos Sinos, Cláudio Kupka, apesar de várias iniciativas acontecerem no âmbito sínodo, é preciso ainda reafirmar o propósito de informar e envolver as comunidades e lideranças nessa forma de compreender a produção e o consumo. “Quando buscamos relações mais justas de produção e consumo e quando procuramos promover uma alimentação mais integral e orgânica, damos um importante testemunho cristão através de nossa prática”, afirmou. “Eventos da igreja podem, não só dar visibilidade a estas iniciativas, como ensaiar, através da própria organização de eventos, soluções mais sustentáveis, que poluem menos e promovem práticas saudáveis”.

Para o diretor geral da Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial (Abefi), de Novo Hamburgo, pastor Altemir Labes, o tema da Economia Solidária e a Rede de Comércio Justo e Solidário da FLD não são novidades. Desde o tempo em que era pastor sinodal, muitas vezes fez a opção de adquirir produtos da Economia Solidária, para atividades sinodais. “Esses espaços de comercialização fortalecem os grupos, o que também dá visibilidade ao tema do consumo responsável”.

A coordenadora pedagógica da Rede Sinodal de Educação (RSE), Joni Roloff Schneider, afirma que a consciência sobre como fazer as coisas começa na infância. “É lindo ver como as crianças se deixam levar por ideias, vibram com desafios”, afirmou. Economia Solidária é um dos assuntos que orientam o projeto Educação para a Solidariedade e Paz, iniciativa da FLD em parceria com a RSE. “A proposta é envolver professoras, professores, alunas e alunos e, por meio desses, familiares, em temas que tenham impacto social e promovam mudanças.”

Para Isabel Cristina Cunha, do empreendimento Cooperbom, que integra a Rede de Comércio Justo e Solidário da FLD, esta traz a perspectiva de aproximação junto a comunidades, paróquias, sínodos e grupos de trabalho da IECLB. “Temos participado de feiras, seminários, dias da Igreja, reuniões sinodais e outros eventos. São momentos de troca, aprendizados, comercialização e fortalecimento.”

“A igreja deve discutir a Economia Solidária”, disse o assessor de Comunicação do Sínodo Vale do Itajaí, Tobias Mathies. “É evangélico e é um retorno da nossa fé ao trabalho comunitário”. Para ele, o desafio é achar uma forma de a igreja implementar iniciativas e levar até as comunidades e paróquias, potencializando o que já está sendo feito. O sínodo tem trabalhado questões ambientais por meio do projeto Galo Verde e de seminários de Economia Solidária, por exemplo, mas precisa avançar. “Uma ideia é fortalecer a compra de produtos desses empreendimentos na igreja, que podem ser alimentícios, materiais de papelaria, camisetas e outros produtos que tenham o viés da sustentabilidade”.


Autor(a): Assessoria de Comunicação da Fundação Luterana de Diaconia
Âmbito: IECLB / Sinodo: Vale do Itajaí
ID: 54308
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