Povo no caminho

A tradição judaico-cristã reconhece que Deus se revela na história. Deus ouve o clamor de pessoas massacradas e humilhadas em sua dignidade e a partir delas constitui um povo – o povo hebreu. Deus se põe a caminho com este povo e, por meio dele, manifesta a sua vontade e os seus propósitos para com a humanidade.

O povo de Deus sempre é animado a rememorar os acontecimentos históricos em que Deus se manifestou. Rememorar significa contar e recontar o modo pelo qual homens, mulheres, jovens e crianças experimentaram a sua fé em Deus nos mais diversos contextos e nas mais diversas épocas. O ponto de partida é o processo de libertação dos escravos hebreus no Egito. A celebração da Páscoa judaica tem como centro a partilha desta memória. Uma geração transmite para geração seguinte os feitos salvíficos de Deus.

A revelação de Deus em Jesus Cristo mostra que Deus se encarna na história humana. A sua encarnação acontece em um contexto (Médio Oriente) e em um tempo determinado. O eixo central do testemunho cristão gira em torno da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Os cristãos e as cristãs, quando celebram a Santa Ceia, rememoram estes eventos salvíficos. Em sua última ceia Jesus pediu aos seus discípulos que comessem o pão e bebessem o vinho em sua memória.

Os seguidores e as seguidoras de Jesus Cristo receberam o apelido de “os do caminho”. Filiam-se à tradição caminhante do povo hebreu. Tem consciência de que, em seu espaço e em seu tempo presente, não tem “cidade permanente, mas buscam a que há de vir.”(Hebreus 13.14)

A tradição cristã estabeleceu-se no Brasil. O povo de Deus, identificado com a fé cristã na perspectiva da confissão luterana, caminha em terras brasileiras desde o início do século XIX. Ele se entende como parte desta história secular. A história deste povo retrata o testemunho de milhares de homens, mulheres, jovens e crianças que beberam da fonte do Evangelho e experimentaram o amor de Deus em suas vidas. A vivência da comunhão teve como desdobramento a organização de comunidades e edificação de espaços celebrativos. A fé atuante no amor levou a criação de instituições diaconais. O cuidado com a educação conduziu para a construção de escolas.

O povo de Deus que caminha nas comunidades evangélicas luteranas rememora a ação graciosa de Deus. Agradecido, segue em frente, reconhecendo Jesus como o caminho, a verdade e a vida (João 14.6). Confiante, sabe que nada o pode separar do amor de Deus (Romanos 8.39). Esperançoso, aguarda a nova cidade da qual Deus é o arquiteto e edificador(Hebreus 11.10).
 

Quando Deus não está no barco, não se navega bem.
Martim Lutero
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