Pata Gabriela

A PATA GABRIELA
(Autoria desconhecida - adaptada por Déa Affini)
Pata Gabriela estava caminhando pela rua, em direção à vendinha do
Coelho Chico, quando viu o cartaz. Lá estava escrito em letras bem
grandes para todos verem: SEMANA DA BOA VIZINHANÇA - Receberá
uma medalha, quem mais ajudar ao próximo.
- Interessante, murmurou Gabriela. De ajudar eu gosto, mas o problema é: quem ou
o que é esse tal de Próximo?
E lá se foi Pata Gabriela bamboleando pelo caminho a pensar na questão. Encontrou
o Coelho Chico à porta da vendinha. Parecia meio aflito, mas, antes
que dissesse qualquer coisa, Gabriela já foi perguntando:
- Coelho Chico, você conhece esse tal de Próximo? Sabe se é gente, se é
bicho, e como é que a gente pode ajudá-lo?
- Próximo? Próximo... Nunca ouvi falar, não! Será que é o nome do monstro que
apareceu no lago e anda comendo os peixes?
- Tá bom, Coelho Chico, tá bom! Então você não conhece! Mas você parece muito
aflito. O que é que está havendo?
- Ah, Gabriela, eu recebi um recado para dar um pulo até a minha casa porque um
dos meus filhos machucou o pé, mas eu não tenho ninguém para ficar tomando
conta da venda. Estou muito preocupado!
- Ora, Chico, pode ir sossegado que eu cuido de tudo pra você. Vai! Vai depressa!
E assim Coelho Chico foi pulando e Gabriela entrou na venda e começou a trabalhar.
Arrumou as mercadorias sobre o balcão, passou a vassoura no chão e, com
seu rabinho de penas, tirou o pó das prateleiras. Atendeu vários fregueses e nem
viu o tempo passar. Coelho Chico voltou mais calmo e agradeceu muito:
- Obrigado, Gabriela! Não sei o que teria acontecido se você não chegasse aqui para
me ajudar!
- Não foi nada, não. Foi um prazer ajudar. Tchau amigo!
E lá se foi Gabriela bamboleando pelo caminho e pensando sobre esse tal de Próximo.
No dia seguinte ela soube que a Gata Marivalda estava gripada.
- Coitada, pensou Gabriela, com toda aquela ninhada de gatinhos para cuidar! É
melhor eu dar uma mãozinha.
E lá se foi Gabriela bamboleando pelo caminho até à casa de Marivalda.
Encontrou a amiga de cama, os gatinhos chorando minguando e a casa
numa desordem total.
- Vamos, vamos gatinhos, nada de choradeira! Vou fazer um mingau gostoso
para vocês e podem me ajudar a cuidar da mamãe.
Assim, Gabriela alimentou os gatinhos, arrumou toda a casa, varrendo o chão e espanando
os móveis com seu rabinho de penas. Depois preparou um chá com limão e levou
para a Gata Marivalda. Afofou os travesseiros, esticou as cobertas e voltou à questão:
- Amiga, você já ouviu falar no tal de Próximo? Sabe o que ou quem é?
- Próximo! Próximo... Nunca ouvi falar, não! Só espero que não seja alguém como o
cachorro que tem mania de correr atrás de mim e de meus filhos! Por favor, procure
saber quem é e me avise para eu ficar prevenida. Muito obrigada pela ajuda, Gabriela.
Já me sinto bem melhor!
E lá se foi Gabriela bamboleando pelo caminho e pensando no tal de Próximo. De
que jeito seria? Que tipo de ajuda estaria precisando?
Dois dias depois Pata Gabriela, passando perto do pasto, viu uma coisa muito estranha:
o Cavalo Maneco encostado na cerca. Estava fuçando uma das patas. Entortava-
se todo, fuçava e lambia a pata, parecendo muito aflito.
- Puxa, Cavalo Maneco, que é isso? Tá fazendo ginástica?
- Antes fosse, Gabriela! Estou mesmo é atrapalhado, incomodado, adoidado!
Gemeu o pobre Maneco. Imagine que entrou uma pedrinha na minha
ferradura e eu não posso nem por o pé no chão!
- Deixe comigo, Maneco! Com esse bico, isso pra mim é moleza! Dá aqui a pata! Assim,
Gabriela, com todo cuidado, tirou a pedra da ferradura. Depois foi buscar água
com sal e lavou bem a ferida para não infeccionar e ainda abanou com seu rabinho
de pena para não doer!
- Puxa, Gabriela! Você chegou bem na hora. Eu já estava ficando desesperado!
Pata Gabriela deu risada e disse: - Eu levei um susto quando vi você daquele jeito.
Pensei que você estava às voltas com o tal de Próximo.
- Próximo? O que é isso? Nunca ouvi falar! É algum tipo de mosca dessas que vêm
zunir nas minhas orelhas e me dar picadas?
- Oh, isso é que eu estou querendo saber. A única coisa que eu sei é que esse tal de
Próximo está precisando de ajuda.
- Bom, então ele não deve ser mau! Se souber de alguma coisa, me avise, quem sabe
eu posso ajudá-lo também.
No sábado, Gabriela levantou-se muito cedo. Ela preparou uns bolinhos especiais
que polvilhou com açúcar e canela. Colocou-os num prato bonito, cobriu com um
guardanapo engomado e foi ligeirinha para a casa do Vovô Simão. -
Parabéns a você, nesta data querida!, cantou Gabriela, colocando o
prato sobre a mesa.
- Hum! Meus bolinhos prediletos! Que delícia! Muito obrigado, Gabriela!
Vovô Simão era um macaco bem velhinho e muito sábio. Ele tinha
viajado pelo mundo todo, trabalhando num circo e conhecia muitas coisas.
Por isso, Gabriela disse: - Vovô Simão, eu passei esta semana muito preocupada
com um problema que ninguém foi capaz de me ajudar a resolver.
- Ora, Gabriela, que problema pode afligir uma patinha boa e carinhosa como você?
disse o Vovô Simão, coçando a cabeça de Gabriela.
- É esse tal de Próximo, vovô, que ninguém sabe me dizer quem é ou o que é. Ele
está precisando de ajuda, mas como é que posso ajudá-lo, se não o conheço?!? Não
é pela medalha, não, que eu nem ligo para isso, é que quero ajudá-lo.
- Sabe, Gabriela, você esteve com ele está semana inteira, exclamou o Vovô Simão,
muito comovido.
- Eu!!!
- Sabe Gabriela. Próximo é o Coelho Chico que você ajudou na hora de aflição; é a
Gata Marivalda a quem você deu remédio e cuidou dos seus filhos que estavam
com fome. Próximo é o Cavalo Maneco a quem você socorreu... e Próximo sou
eu, que...
- O Senhor também?
- ...Eu que recebi o seu carinho e seu presente na manhã de meu aniversário, completou
Vô Simão. E tirando de uma caixinha uma linda medalha com fita vermelha,
ele falou:
- Por isso, Pata Gabriela, eu tenho o prazer de condecorá-la como a pessoa que
mais ajudou o Próximo esta semana!
Erguendo a cabeça, toda contente, Gabriela piscou para o vovô e disse: - Puxa, Vovô,
eu andei com o tal de Próximo a semana inteira, hein? E lá se foi Pata Gabriela,
toda feliz, cumprimentando alegremente todo o Próximo que passava.
Curso Redescoberta do Evangelho (CRE) - Paróquia Leste - Ferraz de Vasconcelos - 31/08/18

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A ingratidão é um vento rude que seca os poços da bondade.
Martim Lutero
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