Deus assume a condição humana por meio da encarnação de seu Filho Jesus na realidade sócio-cultural do Médio Oriente. Jesus transmite a sua mensagem do Reino de Deus dentro da cultura judaica e na linguagem das pessoas de seu tempo (aramaico, hebraico). A Bíblia é, por excelência, a palavra de Deus na linguagem humana.
Ao longo dos séculos a tradição cristã teve, muitas vezes, uma relação bastante tensa com as culturas. O cristianismo chega a ser acusado de ser protagonista na destruição de culturas. No entanto, a fé cristã também se adaptou a elas, assimilou as línguas dos povos e traduziu a mensagem evangélica para dentro de sua realidade.
As comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil tiveram ao longo de parte significativa de sua história uma estreita vinculação com a cultura germânica. A partir da Segunda Guerra Mundial elas passaram por um processo de abrasileiramento. Até os anos sessenta do século XX era comum o fenômeno do bilingüismo.
Na medida em que a Igreja se estruturava nacionalmente, ela estabeleceu vínculos com comunidades étnicas que professavam(professam) a fé evangélica luterana (húngaros, letos, estonianos, escandinavos, japoneses).
Por sua vez a Igreja encarou outros desafios: desenvolver um trabalho junto aos povos originários(indígenas) do Brasil e estabelecer um diálogo com a cultura afro-brasileira.
Persiste a atividade pastoral na língua alemã em algumas comunidades, havendo, inclusive, um trabalho especialmente direcionado para estrangeiros de fala alemã. Em algumas localidades tem havido uma valorização da língua pomerana para o trabalho pastoral e comunitário.
Comum a todos estes trabalhos é o princípio de tornar acessível e compreensível a mensagem evangélica na língua em que as pessoas tem uma maior familiaridade, tornando possível a vivência da sua espiritualidade. A preocupação sempre gira em torno do respeito à diversidade de culturas, à quebra de preconceitos e ao esforço de se evitar a formação de guetos.