O pastor Hugo Solano Westphal e a sua esposa Simone Reichow se despedem das atividades regulares da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e deixam um grande legado. O último campo ministerial foi em Blumenau, na Paróquia da Itoupava Seca, e encerrou com um Culto de Desinstalação, no dia 21 de novembro. Daí para trás, uma série de atividades assumidas, muitos desafios encarados e muita energia dispensada em uma época aonde a IECLB estava em ampla efervescência juvenil e com muitos jovens ministros assumindo campos de trabalho Brasil a fora.
Em uma entrevista exclusiva na sede do Sínodo Vale do Itajaí, o pastor Hugo contou um pouco mais da sua história e das curiosidades de uma Igreja que estava em constante processo de transformação. Quando foi desafiado, em 1963, pelo então pastor Alfredo Creutzberg, a ingressar no Instituto Pré-teológico, nem imaginava ser teólogo. Naquela época, existiam muitas paróquias sem pastor, e por isso, muitos jovens estavam sendo desafiados a ingressar nos estudos de Teologia. Os pastores mais velhos procuravam novas vocações para o exercício do ministério.
“Muitas coisas me marcaram naquela época, mas sem dúvida, o fato de eu poder ministrar aulas durante a faculdade moldou o meu jeito de ser”. Hugo também lembrou com bastante carinho das aulas com o ex-pastor presidente da Igreja, Dr. Gottfried Brekemeier.
Já em 1972, durante quatro semestres, ainda estudante de Teologia, encarou quatro semestres em Blumenau como pastor assistente, na Paróquia Blumenau Centro. Em seguida, fora convidado a assumir a Paróquia de Ibirama. “Foi um desafio assustador. Ibirama era uma Paróquia muito grande, com várias comunidades. Muitas vezes, eu levava uma dia inteiro para poder dar dois cultos, contando deslocamento, que não era fácil. Mas foi em Ibirama que pude experimentar meu primeiro grande objetivo transformador - o trabalho com o Ensino Confirmatório e com a Juventude Evangélica”.
Alguns anos mais tarde, em 1981, ele e Simone se mudaram para Pomerode e conheceram uma outra realidade de trabalho. Hugo já tinha sido pastor distrital do Distrito de Rio do Sul, mas foi no Distrito do Médio Vale e depois no Distrito de Blumenau que aprofundou seus conhecimentos sobre os documentos normativos da Igreja. “A região do Vale do Itajaí sempre foi muito legalista, sempre cobrou muito a partir das leis. Eu me senti mais uma vez desafiado a estudar com exaustão a legislação que regeu a Igreja naquelas épocas. Praticamente devorei os estatutos”, desabafa.
Já na Paróquia Blumenau Centro, ocupando o segundo pastorado ao lado do pastor Bruno Gotwald, Hugo dedicou uma parte do seu ministério à Escola Barão do Rio Branco. No início, dividia seu tempo entre a Paróquia e a Escola. Em 1996, assumiu integralmente às atividades no educandário e esteve a frente de mais um grande desafio no seu ministério - formar um pastorado escolar. “Neste período, o que mais amei foi dar aula. Conheci muita gente, com muitas ideias. Muitos jovens que eu sabia que iriam transformar, de alguma forma, o local aonde viviam. Faria tudo de novo”.
Já na reta final, antes da aposentadoria, Hugo e Simone encararam um novo desafio. Voltar para uma Paróquia. A Itoupava Seca, em Blumenau, foi o último campo de atividade ministerial, dentro de um Brasil rico em caminhadas desafiadoras, de uma IECLB que foi moldada por esta geração, a partir da “brasileiração” da Igreja, numa época em que os jovens fizeram a diferença nas comunidades.
“O meu ministério foi muito rico. Toda a caminhada de formação foi fantástica. A base que tivemos desde o Instituto Pré-teológico foi algo muito engrandecedor. As experiências que eu e Simone juntamos em cada local foram de profunda dedicação e afinco. Só temos a agradecer a Deus por cada ano desta rica caminhada. Eu posso ter pendurado o talar, mas nunca as chuteiras. Continuo ministro da Igreja e por esta Igreja continuarei a batalhar até aonde pudermos”.
