Organização eclesial - Comunidade

Palavra da IECLB - O que dizem os manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB

1. Fundamentação:

O que diz a Constituição da IECLB sobre Comunidade:
A Comunidade, que vive e anuncia o Evangelho, é a menor unidade orgânica e a base de trabalho da IECLB.

A Comunidade congrega os membros da Igreja em torno de um centro comum de culto, pregação e celebração dos sacramentos.

Na Comunidade concretiza-se a missão da Igreja no anúncio da Palavra, na exortação ao arrependimento, na mensagem do perdão e no chamado à prática do amor, da justiça, da solidariedade e do serviço ao próximo e à sociedade.
Constituição da IECLB, art. 8º e 9º
Texto completo da Constituição

 

O que diz o Guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre Comunidade:
A igreja não pode ser feita por nós. Através do Espírito Santo Deus nos chama, por sua palavra e por seus sacramentos, e nos faz membros de seu povo.
Como membros deste povo, nos reunimos em comunidade e organizamos o nosso convívio: Estabelecemos normas e ordens e criamos as condições indispensáveis para uma atuação missionária conjunta. As formas de organização podem mudar e também diferir, mas sempre devem estar a serviço de Cristo e de sua missão.

(...) A comunidade realiza sua tarefa de participar do serviço de Cristo sob responsabilidade própria, orientada pela direção da Igreja.

A comunidade congrega seus membros em torno de um centro comum de culto, pregação e celebração dos sacramentos. Anima e promove a participação dos membros na concretização de seus objetivos: testemunhar o evangelho dentro e fora das fronteiras da comunidade; zelar para que o testemunho seja dado segundo a confissão luterana; dedicar-se à assistência espiritual e à ação diaconal; promover o ensino e a formação evangélica luterana das pessoas batizadas; engajá-las, conforme seus dons, nos desafios da vida comunitária e social, com vistas à promoção do bem comum.
Comunidade, sínodo e Igreja geral podem criar e manter serviços, órgãos e instituições educacionais e diaconais para cumprir sua tarefa.

(...) A comunidade é, pois, alvo e instrumento da missão de Deus. A fim de conscientizar e capacitá-la para essa tarefa, Deus lhe concede ministérios, cargos e funções.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
Texto completo do Guia

 

O que diz o Regimento Interno da IECLB sobre Comunidade:
A Comunidade, como organização religiosa é a base de trabalho da IECLB. (art. 2º)

Como parte da universal, una, santa e apostólica Igreja cristã na terra, a Comunidade congrega os membros da Igreja de Jesus Cristo, através da participação fraterna nesse corpo universal, em comunhão com as demais Comunidades filiadas à IECLB, através do reconhecimento de que seu fundamento de fé é o Evangelho de Jesus Cristo, na forma das Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos e, como expressão de fé, os credos da Igreja Antiga, a Confissão de Augsburgo (Confessio Augustana) inalterada, e o Catecismo Menor de Martim Lutero. (art. 3º)

Na Comunidade concretiza-se a missão da Igreja no anúncio da Palavra, na exortação ao arrependimento, na mensagem do perdão e no chamado à prática do amor, da justiça, da solidariedade e do serviço ao próximo e à sociedade. A Comunidade congrega os membros da Igreja em torno de um centro comum de culto, onde a Palavra de Deus é anunciada puramente e os sacramentos são administrados retamente. (art. 5º)
Regimento Interno da IECLB
Texto completo do Regimento


O que diz o PAMI sobre Comunidade:
Comunhão - A vivência do Corpo de Cristo
Sempre que nos referimos a Deus como Triuno – Pai, Filho e Espírito Santo – aludimos ao fato de que Deus é, antes de tudo, comunhão viva e relação dinâmica movida pelo infinito amor divino. As pessoas da Trindade, além de compartilharem a mesma substância, existem umas para as outras, vivem uma interdependência caracterizada pelo mútuo dar e receber. A comunhão divina, porém, não é fechada, não se basta a si mesma, mas transborda com o desejo de incluir tudo e todos nesta comunhão amorosa. A missão divina que daí nasce tem dimensões cósmicas, incluindo a edificação da igreja, a redenção da humanidade caída, a renovação de toda a criação e a instalação definitiva do reino de Deus.

A igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus, portanto, tem a comunhão na sua essência, no seu DNA. O ícone da vida da comunidade cristã primitiva revela a comunhão e a convivência como características marcantes da igreja. Ao se expandir por todo o mundo conhecido da época, as comunidades neo-testamentárias conservaram a qualidade de sua comunhão como principal fator missionário. Elas se organizavam como “igrejas que se reúnem nas casas”, propiciando a membros e visitantes uma atmosfera de proximidade e acolhida, independente de sua origem racial, cultural ou social. Por serem inclusivas, oferecerem igualdade de direitos, valorizarem a pessoa e seus dons, as comunidades cristãs tornaram-se espaço de desenvolvimento pessoal e espiritual para pessoas de todas as camadas e posições sociais. As comunidades “caseiras” do Novo Testamento devem a estas características sua eficácia e sua atratividade missionária, possibilitando não somente a sobrevivência em tempos de dura perseguição, mas também o crescimento num ambiente de forte concorrência religiosa.

Lutero, ao projetar sua visão de vida comunitária, inspirou-se nos relatos do Novo Testamento sobre a comunhão cristã arrolados acima. Para ele, o aposto “comunhão dos santos” no Credo Apostólico explica e interpreta exatamente o que é a igreja: comunhão solidária que renasce e se renova em cada celebração da Santa Ceia, o sacramento da comunhão. Lutero compreende esta comunhão como comunicação e partilha, primeiro, da graça e das dádivas divinas, depois, de tudo que somos e temos, incluídos bens materiais, tempo, dons e capacidades. Comunhão, portanto, não é um ideal espiritualizado de uma convivência sem conflitos. É vivência concreta do sacerdócio cristão onde mutuamente nos tornamos servos uns dos outros, especialmente dos mais necessitados. A entrega sacerdotal de Cristo, assumindo totalmente nossa forma em sua encarnação e cruz, portanto, deve realizar-se também entre os membros de seu Corpo. Assim, a vivência do sacerdócio torna-se a estrutura interna de uma igreja caracterizada pela comunhão.

Além de expor sua profunda compreensão acerca da natureza da comunhão cristã, Lutero também esboçou um projeto para realizá-la na prática. Ele desejava reunir aquelas pessoas que “querem ser cristãs com seriedade e que confessam o evangelho com mãos e boca” (Missa alemã e ordem do culto, 1526). Estas deveriam “reunir-se entre si, em alguma casa, para orar, ler, batizar, receber o sacramento e fazer outras obras cristãs”. Lutero considerava esta a forma mais adequada para promover a comunhão cristã no sentido do evangelho. Aqui, seria possível promover o crescimento espiritual e incentivar a vivência do sacerdócio cristão na comunidade e na sociedade. Seu projeto permanece vivo até hoje nas igrejas luteranas, inspirando e desafiando para uma vida comunitária que seja marcada pela comunhão.

Hoje, a edificação de comunidades missionárias em nosso meio passa pela conscientização de que a clareza da proclamação do evangelho deve encontrar correspondência na qualidade da comunhão comunitária.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB - texto-base
Texto-base completo
 

 

A comunhão é a essência da igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus. É comunhão solidária que renasce e se renova em cada celebração da Ceia. A comunhão é vivência concreta do sacerdócio cristão onde mutuamente nos tornamos servos uns dos outros, especialmente dos mais necessitados.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – Linhas Mestras
Texto completo das Linhas Mestras

 

O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre Comunidade:
A igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus tem a comunhão em sua essência. A edificação de comunidades missionárias em nosso meio passa pela conscientização de que o evangelho proclamado vai refletir a comunhão comunitária. O jeito de ser da comunidade (acolher, integrar, incluir, valorizar, cuidar) tem um grande impacto missionário.
A comunidade voltada para o objetivo de vivenciar a comunhão está disposta a refletir sobre como se estabelece a interação entre as pessoas, como são tomadas as decisões, como é oportunizada a participação dos membros.
Plano de Educação Cristã Contínua - PECC
Texto completo do PECC

 

Fazer missão pela vivência em comunidade (cf. Mt 5.13-16). Ao mesmo tempo, fazer missão pelo “sair de casa”, ultrapassando fronteiras e barreiras (cf. Mt 28.18-20). Ao falar nos dois tipos de missão, Mateus usa sempre o plural. Deixa claro assim que a missão não é tarefa de apenas alguns especialistas, mas incumbência de toda comunidade.

Fazemos parte da comunidade desde o Batismo. Por meio dele, Cristo nos incorpora na grande família de Deus (Ef 2.19), no Corpo de Cristo (1 Co 12.12-13). Nele temos acesso direto a Deus. Não precisamos de outro mediador (1 Tm 2.5). Pois somos povo santo, sacerdócio real, para proclamarmos os grandes feitos de Deus (1 Pe 2.9).

Como Corpo de Cristo, família de Deus, povo da propriedade de Deus, a comunidade vive na “doutrina dos apóstolos (Sagradas Escrituras), na comunhão, no partir do pão e nas orações”( At 2.42).
Toda a vivência da comunidade emana do culto e nele desemboca. Nesse sentido, todos os grupos e frentes de trabalho convergem na comunidade reunida em culto. No culto, a comunidade deixa servir-se por Deus; ao mesmo tempo celebra sinais da antecipação do Reino de Deus. Assim a comunidade é fortificada para prestar culto a Deus, com toda a sua vida, no mundo em que vive (Rm 12.1).

Este culto a Deus no mundo em que se vive também é chamado de “ministério” (serviço). Paulo fala em “ministério da reconciliação” (2 Co 5.18). Este serviço não é confiado apenas a alguns especialistas, mas sim a toda a comunidade. Observe-se novamente o plural “nos deu o ministério”.
Posicionamento sobre o Ministério Compartilhado - 1994
Texto completo do Documento

O que vale para o indivíduo cristão, de uma ou de outra forma, também vale para a comunidade. Ela é, como corpo coletivo, seguidora de Jesus, e, a maneira de cada um dos seus membros, não pode eximir-se da aprendizagem própria daqueles. Os aspectos do discipulado, frisados acima, se transplantam necessariamente para o nível da coletividade. Não só o indivíduo cristão, também a comunidade como um todo está sujeita ao contínuo processo da instrução, educação, maturação e é enviada ao mundo para desincumbir-se da sua missão. O fato de a comunidade ser composta de discípulos, ou seja, o fato de os discípulos formarem comunidade é significativo tanto para a concepção de comunidade como também para a concepção do discipulado.
a) Ninguém na comunidade, nem ela mesma em sua qualidade supra-individual, pode arrogar a si a função de mestre. “Um só é vosso mestre, e vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). Esta afirmação exclui uma hierarquia entre os discípulos bem como o magistério infalível de qualquer autoridade humana na Igreja. Muito pelo contrário, onde todos são discípulos, ali só pode haver aprendizagem conjunta de todos.

b) Não obstante, há discípulos de diversos graus de adiantamento ou com diversas especialidades dentro da mesma comunidade. Isto, sem dúvida, fundamenta autoridades na Igreja, autoridade esta que provém da qualificação para o exercício de determinadas funções. Ainda que todos sejam discípulos, os membros da comunidade são diferentes entre si. No entanto, estas diferenças não justificam nem permitem o domínio de uns sobre os outros. A própria natureza complexa da aprendizagem cristã se opõe a isto. Pois, para citar apenas um exemplo, o perito em teologia pode ser um leigo na experiência colhida pela fé no campo da política. Autoridade na Igreja se limita a certas áreas de competência e jamais pode reivindicar o monopólio nos assuntos da fé.

c) Exatamente esta diferença entre os discípulos assegura o dinamismo da vida eclesial. Pois onde existem diversos níveis de formação, onde existe variedade no crescimento, na experiência, nos carismas, etc. pode ocorrer ajuda mútua e complementação de um pelo outro, sendo preservado ao mesmo tempo e em princípio a igualdade de todos diante de seu senhor. Evidentemente existem membros mais fracos e outros mais fortes. Todavia, estes termos são relativos e deveriam ser antes um desafio ao amor da comunidade do que autorização para a constituição de classes ou a discriminação. Na realidade, todos participam do mesmo processo de aprendizagem ainda que em estágios, lugares e sob condições diferentes.

d) O referido já deixou entrever que a aprendizagem cristã necessita da comunidade. Considerando que não existe comunhão com Deus sem comunhão com os homens, considerando que o amor de Deus não pode deixar de manifestar-se no amor ao próximo, considerando ainda que fé sempre se traduz em comportamento social, não existe discipulado à parte da comunidade. Jesus Cristo cria comunhão. Embora se deva falar, com justas razões, no discipulado do indivíduo, compete respeitar que toda existência cristã se processa dentro do corpo de Cristo. Entre indivíduo e comunidade existe uma relação dialética:
- Por um lado, a comunidade existe em função do indivíduo. A comunidade deve responsabilizar-se pelo membro, promovendo nele o processo da aprendizagem da fé, carregando as suas fraquezas e acolhendo-o em sua vivência de fé. Isto significa concretamente que o membro deve encontrar na comunidade o Evangelho pregado e vivido. Experimentado na fraternidade dos irmãos a justificação pela graça, a concessão da liberdade, auxílio nas suas necessidades físicas e nos seus problemas existenciais, em suma, experimentando na comunidade a força real do Evangelho, o membro aprende o que é vida na fé e é capacitado para o exercício de sua missão. Assim a comunhão dos membros reverte em decisivo fator da aprendizagem cristã. A comunidade tem a função de equipar, treinar, motivar e de fortalecer o indivíduo. Nesta sua função ela é insubstituível.
- Por outro lado, porém, vale também o inverso: O discípulo de Jesus existe em função da comunidade. Ele é chamado a responsabilizar-se por ela, tornando-se membro contribuinte em sentido mais amplo. O testemunho do membro, nas suas experiências e os seus conhecimentos, mas também as suas dificuldades e perguntas, o seu amor, seu tempo e o seu dinheiro, de certo modo, constituem a comunidade e fornecem as condições para que ela possa existir em função do membro. Porquanto a comunhão é que perfaz a natureza da comunidade, esta tem necessidade de pessoas engajadas, prontas para o indispensável sacrifício financeiro e dispostas à colaboração. Se o discípulo não existe em função da comunidade, a comunidade não pode existir em função do discípulo.
Em resumo, discipulado se realiza na simultaneidade de dar e receber. Por isto aprendizagem cristã possui forte cunho comunitário e praticamente se extingue juntamente com a dissolução da comunhão dos membros.

e) Juntamente com os seus membros a comunidade está em contínuo processo de aprendizagem. Definindo o objetivo desta aprendizagem, cabe dizer: Ela tem por meta o autêntico culto a Deus no mundo. Isto significa que a comunidade não é um fim em si, ele antes possui função instrumental. Também a realização subjetiva e a felicidade particular do indivíduo não podem ser considerados como alvo primário do discipulado. Paradoxalmente tanto a comunidade como também o seu membro acham a sua realização e experimentam a salvação, que abrange também a felicidade, se sua existência for culto a Deus, e isto nas mais diferentes oportunidades da vida. Neste culto a Deus se resumem os demais objetivos da aprendizagem cristã, quais sejam a comunhão, o perdão, a esperança, a liberdade, etc. Os motivos são os seguintes:
- Culto a Deus, em palavra e ação, exclui o culto a outros pretensos deuses. Ele implica em cumprimento do primeiro mandamento e é demonstração de liberdade neste mundo.
- Culto a Deus, em louvor e adoração, é expressão da gratidão da comunidade, dispensada da necessidade de ela mesma ser a sua fonte de vida.
- Culto a Deus, em obediência e sacrifício, é serviço ao reino de Deus e sua justiça. Ele se manifesta em respeito à vontade divina e em defesa dos direitos que Deus tem na sua criatura.
- Culto a Deus, em resposta a seu amor, é trabalho crítico e construtivo entre os homens. É a eliminação das estruturas da injustiça, é o combate à violência e à escravidão, é a promoção da paz e do bem dos homens.
- Culto a Deus, em oração e prece, é a articulação da esperança por um novo céu e uma nova terra. Ao mesmo tempo, porém, ela é a antecipação parcial do reino dos céus, pois onde Deus se torna Senhor, o mal está sendo vencido e a salvação dos homens se aproxima.
É o culto a Deus que a comunidade deve ao mundo, e servir a seu Senhor é sua sublime missão. Uma comunidade, ensaiando o culto a Deus, será fermento na sociedade a despeito de sua própria imperfeição. Ela será um sinal, convidando a participar dos seus ensaios para assim viver salvação em plena terra. Onde homens estão em condições de render culto a Deus no sentido exposto, salvação se torna visível. Ser discípulo de Jesus, a rigor, não é outra coisa do que aprender este culto a Deus e ser o facilitador neste processo para outras pessoas.

Comunidade, aliás, se apresenta em vários níveis. Em primeiro lugar, a comunidade é a Igreja universal, o corpo de Cristo, ao qual pertencem todos aqueles que creem em Jesus e são verdadeiramente seus discípulos. Neste sentido comunidade, é sinônimo de cristandade, Infelizmente este corpo e dilacerado, o que constitui grave culpa humana, devendo nós empreendermos esforços ecumênicos em prol da unidade deste corpo. Em segundo lugar, porém, comunidade é sinônimo daquilo que chamamos Igreja. A comunidade de Cristo sempre se concretiza em determinado organismo, seja num país, numa região, etc. Assim nós somos comunidade evangélica de confissão luterana no Brasil. O terceiro nível, em que a comunidade se apresenta, é a congregação local. As nossas paróquias e comunidades se situam neste nível. Em quarto lugar porém, também há comunidade, onde dois ou três estão reunidos em nome de Cristo. Grupos dentro da comunidade, a família cristã, qualquer forma de comunhão de pessoas é comunidade, desde que estas estejam reunidas em nome do triuno Deus. Em todos estes casos devemos falar em comunidade e em todos estes níveis a comunidade de Cristo acha a sua representação legítima.
Posicionamento Discipulado Permanente – Catecumenato Permanente – 1974
Texto completo do Posicionamento

 

2. desdobramentos práticos sobre Comunidade:

O que diz o Regimento Interno sobre desdobramentos práticos de Comunidade:
A filiação de uma Comunidade à IECLB se dá pelo reconhecimento, em seu Estatuto, da Constituição da IECLB, pela aprovação do Conselho Sinodal e pela homologação do Conselho da Igreja. Nenhuma Comunidade poderá desfiliar-se ou filiar-se a outra denominação. (art. 4º)

A assistência espiritual da Comunidade deverá estender-se também aos membros de outras Comunidades da IECLB, com permanência temporária, dentro da área de sua abrangência. (art. 5º, § 2º)

A Comunidade, em comunhão com as demais Comunidades congregadas na IECLB, buscará o convívio ecumênico com outras Comunidades e Igrejas que confessam Jesus Cristo como Senhor e Salvador. (art. 5, § 3º)

Em obediência ao Senhor da Igreja, compete à Comunidade, na sua área de abrangência:
I. planejar a presença e a ação missionária da Igreja, observado o disposto no inc. III do art. 25;
II. criar, planejar e viabilizar setores de trabalho para atender à sua responsabilidade com a assistência espiritual, a ação diaconal, a catequese e a evangelização;
III. avaliar, planejar e decidir sobre todas as atividades e tarefas que lhe cabem, viabilizando os recursos necessários para sua execução;
IV. promover os meios necessários à formação evangélico-luterana dos batizados;
V. organizar e regulamentar o modo de sua administração, em conformidade com as disposições constitucionais e regimentais da IECLB;
VI. em obediência ao disposto no inc. IV do art. 25, cumprir com suas responsabilidades financeiras para com todas as instâncias da Igreja. (art. 6º)

A Comunidade realiza a missão da Igreja sob a orientação teológica de um ministro habilitado pela IECLB, eleito pelo Conselho Paroquial, o qual atua de forma compartilhada com os demais ministros, presbíteros e membros, com base no sacerdócio geral de todos os crentes. A designação de ministro, no presente documento, é reservada aos bacharéis em teologia, ordenados e habilitados para o exercício do ministério eclesiástico. (art. 7º)

Na realização de sua missão, a Comunidade atenderá as diretrizes estabelecidas pelo respectivo Sínodo, observados o fundamento, os princípios gerais e os objetivos estabelecidos pela Constituição e demais documentos normativos da IECLB. (art. 8º)
Regimento Interno da IECLB
Texto completo do Regimento

O que diz o PAMI sobre desdobramentos práticos de Comunidade:

Quando nós somos os visitantes e chegamos a um ambiente pela primeira vez temos uma sensibilidade muito aguçada quanto à receptividade do local ou do grupo e sabemos instintivamente se somos bem-vindos, se somos acolhidos – ou não. Estas experiências podem se tornar úteis para o desenvolvimento de uma cultura de acolhida na comunidade. Podemos começar com as perguntas: que impressão causamos àquela pessoa que nos visita pela primeira vez? Que impressão causam os ambientes em que nos reunimos e recebemos pessoas? Esta reflexão crítica proporcionará à comunidade responder positivamente ao mandamento bíblico da hospitalidade, uma característica essencial da comunidade missionária. Neste sentido, a elaboração de uma teologia da hospitalidade e a consideração de suas consequências práticas na vida comunitária deveria ser uma das prioridades da IECLB nos próximos anos.

Outra forma eficaz de avaliar e fomentar a qualidade da comunhão é perguntar pelo clima comunitário. Ele é positivo, animando à participação ativa? Ele é negativo ou marcado pela indiferença, gerando passividade e distanciamento? Do clima de uma comunidade fazem parte, por exemplo, sua forma de interação com as pessoas, sua forma de tomar decisões, sua forma de oportunizar participação dos membros, em suma, as regras de convivência que regulam o relacionamento dentro da comunidade.

A característica mais marcante de um clima comunitário positivo é a valorização das pessoas. Trata-se de levar as pessoas a sério e respeitá-las em seus desejos, experiências, potencialidades, necessidades, e animá-las a contribuir voluntariamente com seu tempo, seus dons e bens. Desta forma, dons e potencialidades são despertados, aceitos, qualificados e colocados a serviço da missão de Deus no mundo. Comunidade que consegue incluir e valorizar membros e não-membros, que investe num bom clima e em pequenos grupos, possui alta atratividade e eficácia missionária. As pessoas devem sentir e perceber que sua presença, sua participação e sua ajuda são valorizadas e bem-vindas.

A valorização tem consequências positivas para o clima na comunidade. Ela sempre traz consigo a confiança mútua e a comunicação franca. Esta valorização também deveria se estender à participação nas decisões que afetam a vida comunitária. Neste sentido, é útil fazer algumas perguntas chave: As pessoas sentem-se valorizadas como sujeitos da vida comunitária? Elas participam da tomada de decisão, participam do poder, são ouvidas e respeitadas? São co-responsáveis pela formulação da visão e dos objetivos da comunidade? Elas recebem todas as informações relevantes acerca da vida comunitária? Parece evidente que as respostas a estas perguntas estão vinculadas ao estilo de liderança praticado. Se o exercício da liderança for compreendido como serviço, o poder será compartilhado, o potencial de cada pessoa será valorizado, os dons comunitários serão capacitados, serviços serão delegados e novas oportunidades de participação serão continuamente criadas.

Portanto, o grande desafio que advém da pergunta pela qualidade de nossa comunhão é o de proporcionar espaços de convivência, aceitação e valorização mútuas em nossa vida comunitária – espaços onde a graça de Deus determine o relacionamento das pessoas, oportunizando a vivência do Corpo de Cristo.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – texto base
Texto completo do PAMI

 

Também tempo, dons, capacidades, participação e colaboração são importantes e deveriam ser compartilhados. Aliás este compartilhar tão pouco em uso em nossa sociedade é um dos inconfundíveis sinais de comunidade cristã. Ela vive do evangelho, dizendo que Deus compartilhou tudo conosco. Deu seu próprio Filho em favor de nós. Como nós não deveríamos compartilhar pelo menos alguma coisa com os nossos irmãos e irmãs? O amor para tanto compromete.

(...) a situação exige também que aprendamos, mais do que o estamos fazendo, a carregar as cargas uns dos outros (Gl 6.2). Somos desafiados a ajudar, dentro de nossas possibilidades. Somos desafiados a repartir. Isto vale, não por último, com relação à contribuição à comunidade. Já há muito falamos na “contribuição proporcional”, isto é, numa contribuição graduada, de acordo com as capacidades. De qualquer forma, não é justo que membros sejam desligados ou se desliguem da comunidade só porque não podem pagar a contribuição. Devemos ensaiar aí o amor fraternal, sem falsa vanglória de um lado e sem falso constrangimento de outro. É uma forma de equilibrar as cargas, ao menos em parte.
Posicionamento Povo Luterano – 1987
Texto completo do Posicionamento

 

(...) é imprescindível examinar as estruturas da Igreja quanto a sua adequação. A comunidade não pode viver sem estruturas, isto é, sem organização e distribuição de serviços. Ela será sempre uma instituição com a aparência de uma sociedade religiosa. Concomitantemente, porém, ela é mais do que isto. Ela é, a rigor, um acontecimento, impossível de ser institucionalizado, ela é comunhão e vida que não podem ser criadas por estatutos A instituição Igreja tem a função de oportunizar a comunhão dos crentes e de oferecer as estruturas externas para a vida que nela surge e cresce. Por isto importa que as estruturas cumpram realmente a referida função, correspondam à natureza da comunidade e estejam em conformidade com a missão que Jesus Cristo lhe reservou. Elas devem ser transparentes para o testemunho da comunidade e ser sujeitas à revisão, onde obstruírem discipulado permanente. Em especial hoje, numa época pobre em comunicação, necessitamos de estruturas que favoreçam a comunhão dos membros, contribuindo assim para uma melhor realização daquele culto salvífico a Deus.
Posicionamento Discipulado Permanente – Catecumenato Permanente – 1974
Texto completo do Posicionamento

Não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não o foram os nossos ancestrais e a nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: Eu estou convosco até o fim do mundo (Mateus 28.20).
Martim Lutero
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