Cartas e mais cartas foram trocadas entre mulheres que ajudaram a escrever a história da Reforma Protestante. A comunicação entre as personagens do momento histórico e a população permitiu que mais pessoas entendessem o movimento deflagrado no século 16. Mulheres testemunharam que Cristo era a única forma de salvação e que a compaixão, a diaconia e a solidariedade deveriam ser resposta do amor ao evangelho. Elas conquistaram um espaço e fizeram uma revolução numa sociedade patriarcal e teocrática, numa época repleta de corrupção e pobreza, assolada pela Peste Negra. Mulheres da Idade Média, no movimento religioso, mostraram um potencial transformador que alterou o curso da história.
Este foi o cenário encenado na noite de terça-feira, 24 de outubro, no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau/SC. O espetáculo envolveu mais de 100 artistas, incluindo estudantes da Escola Barão do Rio Branco, Coro Adulto Barão e Alameda Haus, coros e grupos de musicistas das paróquias Centro, Velha, Velha Central e Badenfurt (Blumenau) e Orquestra Sinfônica Jovem Barão.
“Mulheres Reformadoras” foi um projeto da Escola Barão e da Alameda Haus em comemoração aos 506 anos da Reforma Luterana. A iniciativa marca também os 70 anos do educandário e o centenário da Casa Johannastift, prédio histórico, sede da música e da arte da Escola Barão.
A noite propôs uma reflexão e um espaço de memórias, que destacou a vida de mulheres que desafiaram normas sociais, religiosas e políticas de suas épocas. A inspiração para este evento veio da própria história da Reforma Protestante, quando Martin Luther, figura central desse movimento disse: - Se, algum dia, vierem a escrever a história de tudo o que tem acontecido, espero que o nome de Katharina von Bora apareça junto ao meu. Eu oro por isso. A importância dada pelo reformador à sua esposa é o ponto de partida para explorar o papel fundamental das mulheres na Reforma.
A Reforma contribuiu fortemente para inúmeros avanços sociais da humanidade, e, nessa perspectiva, olhar além de Lutero, para as mulheres que com ele lutavam e defendiam valores, é, sem dúvida, mais uma contribuição para a nossa sociedade”, destacou a professora Suellen Junkes, coordenadora do Barão Cultural e de Artes da Alameda Haus.
Sob aplausos de mais de 600 pessoas, foram convidadas ao palco 25 mulheres que fazem a diferença na sociedade do Vale do Itajaí. Entre autoridades e lideranças, destacaram-se a vice-prefeita de Blumenau, Maria Regina de Souza Soar; a ex-pastora sinodal Mariane Beyer Ehrat, 1ª pastora sinodal eleita da IECLB; a vice-presidente do Conselho Sinodal Heidi Weingärtner Giellow; a presidente da Oase Sinodal, Siegrid Hoeft; a catequista Rosilene Schultz, coordenadora da Pastoral Escolar; a pastora da Comunidade Blumenau Centro, Márcia Helena Hülle; e a historiadora Sueli Maria Vanzuita Petry, diretora do Patrimônio Histórico-Museológico de Blumenau.
“Agradecemos a todas as pessoas que fizeram deste espetáculo um testemunho de vida. Foi uma noite histórica e um momento em que a escola possibilitou fazer um paralelo das mulheres de ontem, de hoje e do ideal para o amanhã. Mulheres que transformam o espaço onde estão. Pessoas que potencializam o cuidado, que testemunham sua fé e que encorajam outras mulheres a andarem juntas por uma sociedade que proporcione qualidade de vida e respeito ao próximo”, declarou o professor Marcos da Silva, diretor da Escola Barão.