1. Fundamentação:
O que diz a Confissão de Augsburgo sobre Ministério:
Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamado regular, ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou administrar os sacramentos na igreja.
(...)
Das ordenações eclesiásticas estabelecidas por homens se ensina observar aquelas que possam ser observadas sem pecado e contribuam para a paz e a boa ordem na igreja, como, por exemplo, certos dias santos, festas e coisas semelhantes. Esclarecemos, porém, que não se devem onerar as consciências com essa coisas, como se fossem necessárias para a salvação. Ensina-se, ademais, que todas as ordenanças e tradições feitas pelo homem com o propósito de por elas reconciliar-se a Deus e merecer graça são contrárias ao evangelho e à doutrina da fé em Cristo. Razão por que votos monásticos e outras tradições concernentes a distinção de alimentos, dias, etc. pelas quais se pensa merecer graça e satisfazer por pecados, são inúteis e contrários ao evangelho.
(...)
Os nossos ensinam que, de acordo com o evangelho, o poder das chaves ou dos bispos é o poder e ordem de Deus de pregar o evangelho, remitir e reter pecados e administrar e distribuir os sacramentos. Pois Cristo enviou os apóstolos com esta ordem Jo 20: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.”148
Esse poder das chaves ou dos bispos é praticado e exercido apenas através do ensino e pregação da palavra de Deus e pela administração dos sacramentos a muitos ou a indivíduos, dependendo da vocação que se tiver. Pois com isso se conferem não bens corporais, senão coisas e bens eternos, a saber, justiça eterna, o Espírito Santo e a vida eterna. Não se podem obter esses bens senão pelo ministério da pregação e pela administração dos santos sacramentos. Porque São Paulo diz: “O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.”149 Visto, pois, que o poder da igreja ou dos bispos confere bens eternos e é praticado e exercido apenas pelo ofício da pregação, de modo nenhum embaraça o governo e autoridade temporal.
Confissão de Augsburgo – 1530
Texto completo da Confissão
O que diz o Guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre Ministério:
O que são os ministérios?
Na Igreja, a rigor, há um só ministério: o de testemunhar o evangelho de Cristo, confiado à comunidade. Todos os outros ministérios específicos, criados pela comunidade ou Igreja, devem estar a serviço daquele
Quem realiza a obra de Cristo no mundo?
Todos nós, como membros da Igreja de Cristo, somos sacerdócio real, representantes de Deus, encarregados por ele mesmo, para proclamar e viver a boa-nova da salvação em Cristo, no ambiente em que vivemos.
Com que participamos da obra de Cristo?
Os membros da comunidade têm muitos dons, nem sempre conhecidos e despertados. Todos eles devem ser utilizados na busca do alvo da comunidade: ser instrumento da missão de Deus no mundo.
Na IECLB temos quatro ministérios específicos: o pastoral, o catequético, o diaconal e o missionário. São desdobramentos do único ministério de testemunhar o evangelho. São oriundos dele e para ele estão voltados. Entre si dividem funções e atribuições específicas, compartilhando do mesmo objetivo último, denominado „Ministério Eclesiástico“. Os quatro ministérios específicos agem de maneira compartilhada, tanto entre si quanto com as pessoas colaboradoras e líderes, atuando com elas em equipe.
Eles motivam os membros da comunidade a lerem a Bíblia, a fim de conscientizá-los de sua vocação e capacitá-los para o serviço de testemunhar o evangelho em família, no lugar de trabalho e estudo, na comunidade e sociedade em geral. Estão, portanto, a serviço do “sacerdócio universal de todos os crentes”. Esse serviço motivador e instrumentalizador denominamos “ministério compartilhado“.
Qual a função do ministério pastoral?
O pastor e a pastora, credenciados pela Igreja, são chamados pelo conselho paroquial ou outro órgão diretivo, para exercer, segundo o ministério compartilhado, a pregação pública do evangelho, a administração dos sacramentos e o aconselhamento pastoral. Dedicam atenção especial à formação e ao acompanhamento de pessoas colaboradoras leigas. Juntamente com os demais ministérios específicos, são corresponsáveis pela administração da comunidade.
Qual a função do ministério catequético?
O e a catequista, credenciados pela Igreja, são chamados pelo conselho paroquial, por outro órgão diretivo da Igreja ou pela escola, para exercer, segundo o ministério compartilhado, a educação cristã, em todas as faixas etárias e nos múltiplos contextos educacionais. Dedicam atenção especial à formação e ao acompanhamento de pessoas colaboradoras leigas.
Qual a tarefa do ministério diaconal?
A diácona, o diácono ou a diaconisa, credenciados pela Igreja, são chamados pelo conselho paroquial, por outro órgão diretivo da Igreja ou instituição diaconal, para exercer, segundo o ministério compartilhado, o testemunho prático da fé cristã, promovendo o bem-estar integral de pessoas e do meio ambiente. Empenham-se na prevenção e cura do sofrimento humano, trabalhando pela eliminação das causas dos males. Dedicam atenção especial à formação e ao acompanhamento de pessoas colaboradoras leigas.
Qual a tarefa do ministério missionário?
O missionário e a missionária, credenciados pela Igreja, são chamados pelo conselho paroquial, ou outro órgão diretivo da Igreja, para exercer, segundo o ministério compartilhado, o serviço evangelístico, especialmente além de suas fronteiras. Empenham-se na formação e edificação de comunidade. Nesse sentido, atuam em estreita ligação com a paróquia mais próxima e o respectivo sínodo e sob sua coordenação. Dedicam atenção especial à formação e ao acompanhamento de pessoas colaboradoras leigas.
Qual a tarefa de pessoas colaboradoras leigas?
A amplitude da missão de Cristo requer que a comunidade chame pessoas leigas para participarem, segundo o ministério compartilhado, na realização de cultos e ofícios, na instrução cristã, assistência, orientação de grupos, visitação, música, administração e em outros campos de ação, conforme necessidade e possibilidade.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
Texto completo do Guia
O que diz o Regimento Interno da IECLB sobre Ministério:
A Comunidade realiza a missão da Igreja sob a orientação teológica de um ministro habilitado pela IECLB, eleito pelo Conselho Paroquial, o qual atua de forma compartilhada com os demais ministros, presbíteros e membros, com base no sacerdócio geral de todos os crentes. A designação de ministro ... é reservada aos bacharéis em teologia, ordenados e habilitados para o exercício do ministério eclesiástico.
Regimento Interno da IECLB, art. 7º
Texto completo do Regimento
O que diz o documento Ministério Compartilhado:
Mateus descreve a missão de Jesus como uma missão dinâmica, ao dizer que Jesus “percorria toda a Galiléia”. Resume o seu ministério no tripé do ensinar, pregar e curar (Mt 4.23; Mt 9.35).
Do serviço de Jesus, Mateus deriva a missão de sua Igreja. Ela consiste no ser sal e luz do mundo.
Fazer missão pela vivência em comunidade (cf. Mt 5.13-16). Ao mesmo tempo, fazer missão pelo “sair de casa”, ultrapassando fronteiras e barreiras (cf. Mt 28.18-20). Ao falar nos dois tipos de missão, Mateus usa sempre o plural. Deixa claro assim que a missão não é tarefa de apenas alguns especialistas, mas incumbência de toda comunidade.
Fazemos parte da comunidade desde o Batismo. Por meio dele, Cristo nos incorpora na grande família de Deus (Ef 2.19), no Corpo de Cristo (1 Co 12.12-13). Nele temos acesso direto a Deus. Não precisamos de outro mediador (1 Tm 2.5). Pois somos povo santo, sacerdócio real, para proclamarmos os grandes feitos de Deus (1 Pe 2.9).
Como Corpo de Cristo, família de Deus, povo da propriedade de Deus, a comunidade vive na “doutrina dos apóstolos (Sagradas Escrituras), na comunhão, no partir do pão e nas orações”( At 2.42).
Toda a vivência da comunidade emana do culto e nele desemboca. Nesse sentido, todos os grupos e frentes de trabalho convergem na comunidade reunida em culto. No culto, a comunidade deixa servir-se por Deus; ao mesmo tempo celebra sinais da antecipação do Reino de Deus. Assim a comunidade é fortificada para prestar culto a Deus, com toda a sua vida, no mundo em que vive (Rm 12.1).
Este culto a Deus no mundo em que se vive também é chamado de “ministério” (serviço). Paulo fala em “ministério da reconciliação” (2 Co 5.18). Este serviço não é confiado apenas a alguns especialistas, mas sim a toda a comunidade. Observe-se novamente o plural “nos deu o ministério”.
Com o intuito de ajudar, para a comunidade melhor reconhecer, abraçar e executar seu ministério (serviço), Deus convoca pessoas com tarefas específicas (apóstolos, profetas, evangelistas...), “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço..”(Ef 4.11-12). Tais pessoas, portanto, ocupam “ministérios específicos”. Na IECLB, atualmente, temos três ministérios específicos : o catequética-educativo, o diaconal e o pastoral.
O número de ministérios específicos depende das possibilidades e necessidades da Igreja. Por isso pode ser criado um novo ministério, se a situação o exigir e possibilitar. Um exemplo disso temos na comunidade de Jerusalém que criou o ministério diaconal (At 6). Justamente nesse exemplo evidencia-se que o ministério não é outra coisa do que o desdobramento do ministério geral, do testemunhar o amor de Deus, em palavra e ação. Além disso, nota-se que o ministério diaconal, p. ex., não pode ser distinguido radicalmente do ministério da pregação. De uma ou de forma, há uma interligação. No entanto, é conveniente diferenciar entre ambos, para identificar o específico de cada um.
Caso contrário, todos fariam a mesma coisa e nenhum faria a sua tarefa específica.
A multiformidade de ministérios específicos está aí para servir melhor às necessidades diferentes no corpo e para melhor desenvolver os diferentes dons. Ministérios específicos não têm sentido em si mesmo. Todos eles têm caráter funcional e instrumental. Estão aí para servir no Corpo de Cristo. Cristo é o cabeça do corpo (Ef 5.23; Cl 1.18). Assim não pode ser que o pastor seja o “chefe” da equipe de ministros/obreiros, mas apenas um entre outros.
À medida em que todos se sujeitarem sob o senhorio de Cristo, poderá surgir cooperação fraterna (Ef 5.21).
Nenhum ministério específico está aí para fazer o serviço em lugar da comunidade. Os 4 ministérios não teriam tanto a sua tarefa primordial no fazer catequese, diaconia, missão ou serviço pastoral; mas sobretudo, na capacitação de obreiros leigos para eles atuarem nos respectivos serviços.
Os 4 ministérios, portanto, investem na formação de lideranças leigas, cada um em seu âmbito respectivo. Todos eles visam a instrumentalização da comunidade com vistas à missão de Deus no mundo. Necessitamos de uma comunidade multiatuante, através do maior número possível de grupos e pessoas colaboradoras. Para tanto é fundamental a colaboração e liderança do membro leigo.
Na prática poderão surgir, em nível local, ministros leigos, para liderarem os seguintes serviços e grupos: JE, OASE, visitação, apoio a enlutados, viúvas, música, administração, casais, ensino confirmatório, ensino religioso nas escolas, zeladoria, equipe litúrgica, etc.
Já no Batismo, Deus ordena, através da Igreja, todo cristão para testemunhar o amor de Deus em família, lugar de trabalho e sociedade. Para exercer um ministério específico de liderança, em âmbito público, com ou sem vínculo empregatício, é necessário que a pessoa seja legitimamente ordenada por Deus, através da Igreja (cf Confissão de Augsburgo XIV). Poderá ser ordenada a pessoa que for vocacionada interna e externamente e tiver recebida a devida formação e legitimação. A Igreja ordena, em nome de Deus, para serviços a nível de Igreja (cf. os 4 ministérios). A comunidade ordena, em nome de Deus e da Igreja, para serviços em nível local.
Todos esses ministérios têm seu objetivo no facilitar o surgimento de uma comunidade mais acolhedora, solidária, terapêutica, participativa, aberta, integradora, enfim, missionária. Tal comunidade está aí para o louvor e a glória de Deus, a bênção do mundo e para a sua própria alegria.
Posicionamento sobre o Ministério Compartilhado - 1994
Texto completo do Posicionamento
O que diz o Estatuto do Ministério com Ordenação sobre Ministério:
“Ensina-se também que não podemos alcançar remissão do pecado e da justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação nossos, porém, que recebemos remissão do pecado e nos tornamos justos diante de Deus pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo padeceu por nós e que, por sua causa, os pecados nos são perdoados e nos são dadas justiça e vida eterna. Pois Deus quer considerar e atribuir essa fé como justiça diante de si, conforme diz São Paulo em Romanos 3 [.21-26] e 4[.5]”.
“Para conseguirmos essa fé, instituiu Deus, o ofício da pregação, dando-nos o evangelho e os sacramentos, ...”.
“Da ordem eclesiástica se ensina que, sem chamado regular, ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou administrar os sacramentos na igreja...“ (Confissão de Augsburgo – Arts. 4º, 5º e 14).
1. Comunidade cristã confessa ter, em Jesus Cristo, seu único mediador entre Deus e as pessoas, não necessitando de outros mediadores. Todo membro é sacerdote, chamado a cultuar Deus em sua vida. Contudo, a comunidade precisa de pessoas que, publicamente, ensinem o evangelho e sejam responsáveis pela administração dos sacramentos, a fim de que a Igreja seja edificada. Para tanto, foi instituído, por Deus, o ministério eclesiástico. Este ministério anuncia a salvação que há em Cristo e o próprio Cristo age através dele (Lc 10.16; Rm 10.15-17; 2 Co 5.20).
2. A toda pessoa batizada cabe a tarefa de ser testemunha do evangelho. Na verdade, ela participa do ministério da pregação e da responsabilidade pela boa prática dos sacramentos. Mesmo assim há necessidade de a comunidade chamar pessoas que o façam publicamente, isto é, com responsabilidade especial, devendo ser formadas para tanto, examinadas e incumbidas. A comunidade não pode deixar esta tarefa à vontade própria do indivíduo ou à espontaneidade de seus membros. Ela precisa organizar e avaliar o testemunho a partir das bases confessionais da Igreja. As pessoas chamadas pela comunidade devem ter clareza sobre seu chamado por Deus, refletido sobre ele e ter testado o seu chamado em diálogo com outros.
3. A comunidade pode criar uma grande variedade de ministérios. Ela pode organizar serviços específicos de que tem necessidade para o bom desempenho de sua missão, conforme os dons dados pelo Espírito Santo, dos quais fala o apóstolo Paulo em 1 Co 12. De ministérios falamos quando uma pessoa exerce uma atividade em caráter permanente, sendo para tanto capacitada e encarregada. Distinguimos assim o serviço espontâneo do ministério. A comunidade aceitará os membros ordenados como enviados a ela por Deus. Por outro lado, a ordenação não confere mais direitos aos ministérios específicos, antes uma maior quota de responsabilidade, principalmente no que se refere ao respeito ao sacerdócio geral de todas as pessoas que creem, o reconhecimento de dons na comunidade e a criação de espaço para eles.
4. As pessoas que atuam nos serviços diversos da comunidade e as que atuam no Ministério com Ordenação compõem o Ministério Compartilhado. Do mesmo modo o Ministério com Ordenação é compartilhado. Neste caso, através do Ministério Compartilhado por quem é ordenado o maior número possível de pessoas pode participar do exercício do ministério eclesiástico. O ministério compartilhado pode, assim, desdobrar-se em muitos ministérios. Importa distinguir, porém, os níveis em que isto acontece. Há ministérios criados pela IECLB em seu todo, pelos sínodos ou mesmo pelas paróquias e comunidades, tendo assim os seus respectivos campos de atuação limitados. O ESTATUTO DO MINISTÉRIO COM ORDENAÇÃO se refere aos ministérios específicos, criados pela IECLB e que são o ministério pastoral, o catequético, o diaconal e o missionário. Estes são os ministérios com ordenação, cujo campo de ação
se estende por toda a IECLB e para além dela. Ministérios criados em outros âmbitos também necessitam de regulamentação.
5. O regulamento dos ministérios com ordenação procura fazer jus à unidade e diversidade do ministério eclesiástico. A ordenação necessariamente confere o direito à pregação pública da palavra e à administração dos sacramentos. A responsabilidade teológica dos ministérios, portanto, é a mesma. A diferença está nas áreas de atuação, que são diversas. As diferenças deverão ser respeitadas. Mas elas não devem suprimir a unidade do ministério. Por isto, os direitos e deveres no fundo são idênticos, a despeito das legítimas diferenças. O ministério é um só, com diversas ramificações.
Estatuto do Ministério com Ordenação - EMO
Texto completo do EMO
O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre Ministério:
A convicção da presença de Cristo que nos pergunta e nos faz interagir é fundamental! Trata-se de uma experiência de fé! A convicção da presença amorosa, instigadora, capacitadora e de cuidado por parte de Deus neste caminhar ao lado de irmãos e irmãs em Cristo é fonte de fortalecimento e de renovação diária da esperança e a confirmação da convicção acerca da missão confiada por Deus a nós Ministros e Ministras no contexto em que vivemos.
Mensagem para o Dia do Ministro e da Ministra – 2015
Texto completo da Mensagem
Em Cristo, Deus chama cada um de nós para uma relação de confiança e fidelidade com ele. E essa confiança será decisiva diante de momentos de dúvida, de crise, da angústia, diante dos desafios inerentes ao ministério pastoral. Será fonte de força para seguir, não desistir, enfrentar, lutar, servir a Deus.
Nós, pastores e pastoras, catequistas, diáconos e diáconas, missionários e missionárias, formamos uma comunidade de lideranças. Nós somos parte do projeto de Deus! Vocacionados e vocacionadas! Somos corpo! Nessa perspectiva, tenho compartilhado que a missão que parte só de um indivíduo não tem tanta capacidade de impactar, de influenciar, de fazer a diferença e de chamar outros para dentro da comunhão, como a que parte de uma comunidade, uma comunidade de lideranças comprometidas com o evangelho de Cristo no contexto da IECLB.
Mensagem para o Dia do Ministro e da Ministra – 2013
Texto completo da Mensagem
Esse é o desafio para o relacionamento de obreiras e obreiros entre si e desses com líderes leigos. Em conjunto são co-responsáveis pela missão de Deus, na e através da comunidade, do sínodo e da igreja como um todo. Contudo, cada qual tem sua tarefa específica, em seu respectivo âmbito, devendo prestar contas, diante de Deus e das pessoas. Isso está devidamente regulamentado nos documentos normativos da igreja.
Posicionamento sobre Unidade – 2001
Texto completo do Posicionamento
Na nova estrutura sinodal da IECLB, norteada pela visão do Ministério Compartilhado, comunidades e sínodos redescobrem a sua missão de ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16) e a grande comissão de fazer discípulos em todo o mundo (Mt 28.18-20). A partir do batismo são incorporados na grande família de Deus. São feitos filhas e filhos de Deus, irmãs e irmãos uns dos outros. São ordenados sacerdotes e sacerdotisas do sacerdócio universal de todos os crentes. Pela fé aceitam a graça imerecida e assumem a sua condição, colocando sinais de gratuidade. Com razão sublinham que a missão não é dada a alguns especialistas, mas à comunidade. Nem sempre, porém, considera-se que Deus concede ministérios específicos com o intuito de conscientizar e equipar a comunidade com vistas à sua missão. Onde não se distingue entre sacerdócio universal e ministérios nem se interrelacionam os mesmos devidamente, a exemplo de Lei e Evangelho, aí surgem deturpações: ou se sacramenta o “pastorcentrismo” e a acomodação da comunidade ou se clericaliza o laicato, o que dá margem a todo tipo de desordem e desintegração no Corpo de Cristo.
Posicionamento IECLB no Pluralismo Religioso – 2000
texto completo do Posicionamento
Deus confiou à comunidade/Igreja o ministério da reconciliação. O ministério não é confiado a alguns poucos especialistas, mas sim à comunidade/Igreja como um todo. É isso que Lutero denominou, a partir de 1 Pe 2.9, de sacerdócio geral de todos os crentes. Desde nosso batismo, somos ordenados sacerdotes e sacerdotisas. Temos a incumbência de ser um pequeno cristo para os outros, na família, na escola, no lugar de trabalho, na sociedade e na política. Isso significa reconhecer e vivenciar o batismo, abraçar e vivenciar o amor de Deus. Esta é a irrenunciável base comum do ministério com a qual a Igreja foi incumbida.
Para que a comunidade melhor pudesse reconhecer e abraçar o amor de Deus e servir a Ele, Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres. (Ef 4.11) Quantos ministérios específicos já havia na Ásia Menor, no tempo apostólico! Sua função não era outra do que ser instrumentalizadora e multiplicadora dos dons, ou seja, ajudar a comunidade a reconhecer e assumir a sua missão. Pois Deus os concedeu com vistas ao aperfeiçoamento dos santos (daquelas pessoas que pelo batismo pertencem a Cristo) para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.12). Ministérios específicos, portanto, não devem desincumbir-se em lugar da comunidade do serviço que cabe à própria comunidade como um todo, mas têm sua finalidade em motivar, equipar e acompanhar a comunidade no reconhecimento e no exercício de sua missão. Essa é sua função instrumentalizadora e multiplicadora. O número e tipo de ministérios específicos dependem da necessidade e da possibilidade de cada Igreja.
Embora Lutero tenha defendido como ministério específico somente o pastoral, devemos reler nossa tradição luterana, iluminados por exemplo por Ef 4, a partir de nossas necessidades e viabilidades. Na IECLB, temos agora reconhecidos oficialmente quatro ministérios específicos: o catequético, o diaconal, o missionário e o pastoral. Todos eles têm a mesma dignidade e responsabilidade teológica e eclesiológica. Por conseguinte, falamos em “Ministério Compartilhado”. Deus vocaciona e ordena cada qual, através da Igreja. Todos eles, repetimos, têm sua função instrumentalizadora e multiplicadora, a fim de que a comunidade melhor possa reconhecer e assumir sua missão.
Consequentemente, a tarefa primordial dos ministérios específicos é a de capacitar os membros das comunidades para atuarem eles próprios. Reduzir o sacerdócio geral de todos os crentes aos ministérios específicos na IECLB seria uma negação do próprio sacerdócio geral.
Igualmente importante é observar que o conceito de “Ministério Compartilhado” não se limita a ministérios específicos com vínculo empregatício em tempo integral, nem tem por objetivo ser usado apenas com o intuito de um ministério se igualar a outro em termos de direito. O Ministério Compartilhado inclui também ministérios com vínculo empregatício em tempo parcial ou mesmo ministérios voluntários sem vínculo empregatício. Quer dizer, alguém pode ser, por exemplo, professor e catequista e ter vínculos parciais de emprego para ambas as funções ou mesmo somente para a de professor. Mais importante ainda é lembrar que o Ministério Compartilhado não se limita aos quatro ministérios específicos, mas engloba o serviço de colaboradores leigos; com eles compartilha o respectivo ministério especifico.
Essa visão de Ministério Compartilhado se evidencia por razões teológicas e eclesiológicas. Mesmo assim, ainda parece ser difícil para comunidades e obreiros abraçarem a ideia. Talvez a situação econômica, que está afetando as igrejas em todo o mundo, venha a contribuir para que nos convençamos de que o tradicional modelo de ministério e comunidade é bastante questionável, também por estar tornando-se financeiramente insustentável.
Resumindo, podemos dizer que o Ministério Compartilhado parte da comunidade e para ela está voltado. Existe para que ela se torne instrumento da missão de Deus no mundo aqui e agora, a fim de que ela se torne cidade edificada sobre um monte (Mt 5.14), para que as pessoas “vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
(...) A proposta da IECLB contida em suas definições do Ministério Compartilhado é antes de tudo uma afirmativa do “sacerdócio geral de todos os crentes” (1 Pe 2.9), como forma de ser Igreja. Esta forma, embora expresse seu aspecto particular pela dimensão universal e sacerdotal, aproxima-se daquelas que aparecem em Atos dos Apóstolos como “comunidade de irmãos e irmãs”, em Efésios como “corpo de Cristo” e no Credo Apostólico como “comunhão dos santos”.
Afirma-se, com isso, que o ministério de testemunho e serviço é da comunidade e de seus membros. Todas as pessoas crentes batizadas são sacerdotes e sacerdotisas, chamadas, dignificadas, enviadas ao mundo para testemunho e serviço.
Afirma-se ainda que há diversidade de funções no exercício deste ministério. Não existe um padrão único ou uniforme de exercício do sacerdócio geral de todos os crentes.
Ministério Compartilhado subentende, ainda mais, que os ministérios específicos, que na IECLB já têm uma expressão mais abrangente em várias dimensões, visam a instrumentalização da comunidade com vistas à missão de Deus, no mundo”. Consequentemente, a tarefa primordial dos ministérios específicos é a de capacitar os membros das comunidades para atuarem eles próprios.
Reduzir o sacerdócio geral de todos os crentes aos ministérios específicos, na IECLB, seria uma negação do próprio sacerdócio geral. Contudo, é necessário que se definam seus perfis e se identifique seu específico com vistas à sua formação e ao desempenho eficiente em servir melhor às necessidades diferentes da comunidade, a desenvolver seus dons e servir no corpo de Cristo, e participar na missão de Deus no mundo. Todos esses ministérios têm seu objetivo no facilitar o surgimento de uma comunidade mais acolhedora, solidária, terapêutica, aberta, integradora, enfim, missionária.
(...) Os ministérios trabalham juntos em equipe e parceria. A equipe é coordenada, se for o caso, por alguém que tenha os dons para isto, independente do ministério que ocupa. Os ministérios em sua especificidade se inter-relacionam, sujeitando-se ao senhorio de Cristo.
(...) A partir do “sacerdócio geral de todos os crentes”, cada pessoa batizada é vocacionada, legitimamente, para o testemunho cristão na família, no lugar de trabalho/estudo e na sociedade em geral, ou seja, para exercer a cidadania cristã. Além disso, as pessoas batizadas recebem dons para servirem como colaboradores nos diferentes níveis do serviço comunitário.
Posicionamento A IECLB às Portas do novo Milênio -1999
Texto completo do Posicionamento
Somos Igreja pela graça de Deus. Vocacionados para a evangelização, a diaconia e o ensino. Igreja a serviço de Deus no mundo. E somos Igreja porque somos comunidade; povo de Deus.
Somos igreja luterana e, como tal, afirmamos a nossa continuidade histórica com os princípios da Reforma do séc. XVI. Somos IECLB e, afirmamos a nossa vocação para o serviço a Deus neste lugar que se chama Brasil. Somos igreja brasileira e nos comprometemos a servir a Deus neste contexto de dor e sofrimento, angústia e fome, sincretismo e comércio religioso; contexto de desafio mas também de esperança, expectativa e futuro.
Agradecemos a Deus pela vocação para ser Igreja e assumimos os desafios desta hora, reconhecendo a necessidade que temos do próprio Evangelho, da conversão e da fraternidade. Celebramos a diversidade de dons e ministérios que enriquecem a vida desta Igreja, tornando-a mais viva e solidária. E, de forma enfática, expressamos, a necessidade que temos de cumprir com o sacerdócio universal de todos os crentes e buscar por um jeito de ser igreja que priorize o caminho mais do que a cadeira, o corpo mais do que a parte, a comunidade mais do que a estrutura, a vida mais do que a morte e a Palavra de Deus mais do que a nossa palavra.
Mensagem do Concílio da Igreja – 1994
Texto completo da Mensagem
Guia é também o Pastor em sua Paróquia, guia é o catequista, o presbítero, cada um em seu lugar e com suas atribuições específicas. É o que me fez refletir sobre o que vem a ser direção na Igreja, e seja este o assunto desta minha primeira carta. Aqui está em jogo a relação entre Paróquia e Pastor, Comunidades e direção da Igreja, entre “cúpula e base”. Podemos colocar direção na Igreja em termos de “chefia”? É a nossa tentação, assim me parece, transformar direção, em domínio e substituir autoridade por comando. Evangélico isto não é, sob hipótese alguma. Na Igreja ninguém é “Chefe” ou “Senhor”.
Pois um só é nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto a Paróquia não é chefe do Pastor, o Pastor não é chefe da Paróquia e o Pastor Presidente não é chefe da IECLB.
Posicionamento Guia Espiritual – 1986
Texto completo do Posicionamento
Lutero não deixou dúvida de que cada cristão é incumbido por Cristo a testemunhar o Evangelho em palavra e ação “mas isto somente no âmbito particular, por exemplo, na família e no lugar de trabalho”. Se qualquer cristão testemunhar o Evangelho no âmbito público, daria desordem e confusão. Para este fato já o apóstolo Paulo alertou cf. I Cor. 14,40. Desordem e confusão não edificam, mas destroem a Comunidade. As Comunidades não devem ser confundidas com pregações confusas, teologicamente incorretas e escandalizantes. Testemunhar faz parte do ser cristão; deve ser um testemunho de acordo com o que a palavra de Deus realmente diz. Não o que “nós achamos”, mas o que a palavra do Senhor afirma, isto é decisivo. A verdade evangélica é uma coisa muito séria, principalmente quando articulada publicamente. Esta preocupação também está por detrás do 14º artigo da Confissão de Augsburgo, um dos principais escritos confessionais da IECLB, que reza: “Da ordem eclesiástica ensinam que ninguém deve publicamente ensinar (pregar) na igreja ou administrar os sacramentos a menos que seja legitimamente chamado”.
Isto significa que a pessoa deve ser chamada por Cristo por meio da Igreja, para exercer o ministério da pregação pública. Este chamado implica na vocação interna e na vocação externa pela Igreja. Cristo age por meio de pessoas. Para tal ministério da pregação pública a pessoa deve ser preparada, equipada e posteriormente examinada e investida publicamente. É este o caminho para se tornar pastor da IECLB.
Posicionamento sobre Ministério – 1980
Texto completo do Posicionamento
2. Desdobramentos práticos de Ministério:
Na perspectiva do Ministério Compartilhado, a Conferência de Obreiros não é mais a reunião que centraliza o planejamento da ação missionária, na área das respectivas paróquias. A Conferência de Obreiros é oportunidade de equipar-se para o exercício de sua tarefa instrumental, de atualizar-se permanentemente na reflexão teológica e na práxis e de animar-se no apoio fraterno, na vocação e no exercício de seu ministério público. Em suma, a Conferência de Obreiros é oportunidade de capacitar-se para a ação missionária, realizada, conjuntamente, com as coordenações comunitárias e as comunidades e seus membros.
As questões de ordem pessoal de obreiros e obreiras são acompanhadas e decididas em disciplina fraterna em nível sinodal. Cabe ao pastor sinodal, conjuntamente com o conselho sinodal, assistir os obreiros em suas questões pessoais. Dificuldades de ordem pessoal são tratadas em disciplina fraterna pelo pastor sinodal e, quando implicam relações funcionais de obreiros, serão deliberadas com a diretoria sinodal. A partir da ideia orientadora do Ministério Compartilhado, estas questões serão tratadas por todos que têm competência de assistir e decidir, com o compromisso de discrição, sigilo e espírito fraterno.
(...) é preciso valorizar os colaboradores leigos, em sua especificidade. Pois além de seu dom para visitação, por exemplo, necessitam de formação teórico-prática para aperfeiçoá-lo, com vistas ao ministério da visitação. Diante da comunidade precisam ser legitimados como visitadores autorizados. Necessitam, portanto, do devido credenciamento, do chamado público. Assim como obreiros necessitam de vocação interna e externa para o exercício de seu ministério em nível nacional, também estes colaboradores leigos necessitam de tal vocação para o exercício de seu ministério em nível local.
Esse credenciamento obedece a critérios da IECLB e é por ela oficialmente reconhecido. O ato litúrgico de instalação de “colaboradores/as leigos/as” deverá acontecer em culto da comunidade. Ele obedecerá a formulários litúrgicos da IECLB, dos quais fazem parte: definição e caracterização do serviço para tempo e local definidos, palavra de envio, oração com imposição de mãos, certificado do ato de instalação.
Assim como os obreiros dos ministérios específicos necessitam de acompanhamento e formação contínua, também os colaboradores leigos precisam de formação contínua e acompanhamento por parte da liderança da comunidade e da Igreja como um todo. Tais colaboradores/as leigos/as participam efetivamente, de forma definida embora limitada, de um dos quatro ministérios específicos, reconhecidos na IECLB, sem, no entanto, substituí-lo. Poderiam ser denominados, portanto, também de “obreiros e obreiras leigas” ou de “ministros e ministras leigas”.
Posicionamento A IECLB às Portas do novo Milênio – 1999
Texto completo do posicionamento
Cabe aos/às catequistas responsabilidade especial pelo ensino religioso em escola e comunidade, bem como em outros contextos educacionais. Sua tarefa primordial não é tanto dar ensino religioso, mas investir na capacitação e no acompanhamento de professores e outros educadores. Seu trabalho é planejado em coordenação com os demais ministros e os presbíteros.
Cabe aos/às pastores/as responsabilidade especial pelos cultos e os ofícios, o aconselhamento (poimênica) e a disciplina fraternal. Pastores/as deverão ser exigidos especialmente na área teológica, enquanto nas demais deveriam buscar o assessoramento. Considerando que o/a pastor/a se defronta e coopera com muitos grupos da comunidade é necessário que ele/a seja hábil em trabalhar conflitos, unir diferenças e despertar lideranças. Importa diminuir a carga executiva do/a pastor/a para que possa investir, primordialmente, na capacitação e no acompanhamento de ministros leigos (cf. item 2.11). Seu trabalho é planejado em coordenação com os demais ministros e os presbíteros.
Cabe aos/às obreiros/as diaconais responsabilidade especial no atendimento às necessidades materiais, embora não possam ignorar as demais. Também neste caso, vale frisar que os/as titulares desse ministério, primordialmente, não são “executivos”, mas muito antes motivadores/as e multiplicadores/as. O ministério diaconal tem em vista a comunidade terapêutica. Ela tem olhos e ouvidos para o sofrimento. Ela se empenha por cura e prevenção e tenta eliminar as causas dos males. Seu trabalho é planejado em sintonia com os demais ministros e os presbíteros.
Cabe aos/às missionários/as responsabilidade especial pela ação missionária “para fora” dos limites da vida comunitário-paroquial e seus trabalhos regulares. Sua ação pode abarcar evangelização, criação de novas comunidades além das fronteiras paroquiais. Sua tarefa primordial não consiste tanto em fazer missão, mas muito antes em preparar e acompanhar ministros leigos para esta missão. Onde geograficamente for possível, também eles/as planejam o seu trabalho em sintonia com os demais ministros e os presbíteros.
Obs.: Os quatro ministérios, portanto, investem na formação de ministros leigos (lideranças leigas), cada um em seu âmbito respectivo, visando a instrumentalização da comunidade, com vistas à sua missão.
Posicionamento sobre Ministério Compartilhado – 1994
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