Essa ordem está sendo dada a fim de que amemos uns aos outros com um amor que vem de um coração puro, de nossa consciência limpa e de uma fé verdadeira. Alguns abandonaram essas coisas e se perderam em discussões inúteis. 1 Timóteo 1.5-6.
Escrever um texto em um tempo tão diferente como em que vivemos, vem a ser um grande desafio. Temos assistido e lido inúmeros posicionamentos, mensagens de motivação, discursos de ódio e descrença, interpretações diversas. Leituras de um tempo, até então, nunca vivido. Tudo está diferente.
Como pessoa cristã, o ato de escrever deve transmitir o amor de Deus e a sua justiça. Deve falar para o que as pessoas possuem de mais importante: suas vidas. Vidas que devem ser pautadas pela coletividade, não por uma postura individualista que, consequentemente, destrói a vida comunitária.
Palavras precisam ser bem usadas, bem pensadas. Ações devem ser motivadas pelo amor fraternal, não pelo ódio. Medidas necessitam ser justas.
Desafios não são novidades na história das comunidades cristãs. Elas enfrentaram, desde o seu início, um mundo adverso. O testemunho das primeiras comunidades, de como elas venceram os seus desafios, deve servir como exemplo e motivação. Na carta de 1 Timóteo 1.5-6 o apóstolo desafia os seus interlocutores à fidelidade, aos conselhos de Jesus Cristo. Insiste para que nossas atitudes sejam verdadeiras, de um coração puro e de consciência limpas. Ações que dizem não à hipocrisia. No entanto, algumas pessoas se desviam dos ensinamentos verdadeiros e adentram em discussões tolas e ensinamentos que não levam a lugar nenhum.
O tempo em que vivemos é por demais desafiador. Passamos por uma inquietude de espiritualidade muito grande. Nossa fé no Deus criador parece que está sendo posta à prova. A fala de Almir Suruí, liderança indígena Paiter Suruí, nos chama a atenção e contribui nesta reflexão. Ele diz: “Nós vamos dialogar com o desafio”.
A nossa postura tem muito a ver com o que nos compromete para o futuro. Não se trata do futuro desta ou daquela pessoa, mas o futuro de todos e todas nós. As polarizações das ideias, esse mal que tem invadido nossas famílias e comunidades nos últimos períodos tem prejudicado o avanço do diálogo e de uma caminhada conjunta. Estamos nos perdendo em discussões inúteis e deixando de ver a pessoa que, ao nosso lado, precisa de ajuda concreta.
Está chegando o tempo de Advento. O que esperamos de novo? Queremos construir este novo com muita responsabilidade, sem rancor...? Vamos continuar com as nossas discussões inúteis, muitas vezes fundamentadas em postagens nas redes sociais, ou aceitar a admoestação que Paulo fez na carta a Timóteo e nos guiar pelo coração puro e a consciência limpa?
O novo não será trazido de forma mágica. Ele vem do engajamento de Deus com o seu povo e do povo com o seu Deus. Somente assim teremos a certeza de que haverá transformação.
Oração: Ó Deus de bondade, obrigado por poder viver na casa comum. Este tempo tem sido desafiador. Procuramos construir espaços mais humanos onde a partilha de conhecimentos e condições de vida vem dos teus princípios. Para isso precisamos da tua orientação e admoestação. Ajuda-nos a abrir mão daquilo que não promove o teu Reino. Dá-nos a oportunidade de fazermos uma avaliação daquilo que vai em nosso coração. Em Jesus Cristo temos a esperança da ressurreição. Que o Advento possa renovar de forma especial a nossa esperança na humanidade e também em Ti. Amém.
P. Jorge Rucks Hirt
Paróquia de Rolante/RS – IECLB