Lavando do jeito certo

03/08/2011

Marido, ame a sua esposa, assim como Cristo amou a Igreja e deu a sua vida por ela. Ele fez isso para dedicar a Igreja a Deus, lavando-a com água e purificando-a com a sua palavra. Efésios 5.25-26

Outro dia, fiquei pensando: Por que as pessoas ainda vem ao culto? Por que ainda hoje tem gente que escuta o chamado de Deus e quer fazer parte de uma Comunidade? Não é mais fácil viver sem Deus? Essas perguntas vieram à minha cabeça tentando entender àquela mãe que faz de tudo para que sua filha adolescente faça a confirmação ou a senhora maior que reclama com sua família que estão esquecendo-se de Deus. Faz tempo que eu não sento simplesmente no banco da igreja ou sou só mais um membro da comunidade. Ser pastor me faz até suspeito ao escrever estas linhas. Mas, ainda assim me arrisco.

Tomando banho e pensando, lembrei-me de um amigo, que anos atrás, tinha o cabelo com dreadlocks no estilo rastafári. Daquele jeito que muita gente pensa ser errado ou descuidado. Ele me dizia que o cabelo representava o que ele sentia no espírito. O momento de sua vida era assim. Muita gente brincava com ele que ele tinha cabelo impermeável. Era verdade, não importava a quantidade de água que jogassem, o cabelo sempre ficava seco depois d’água ir embora. Um dia, ele contou-me um segredo, não adiantava ser só água, tinha que misturar com xampu. A mistura entrava no meio do cabelo, pegava e dissolvia a sujeira. Assim, o cabelo dele ficava muito limpo e bonito. Muito tempo depois, o espírito de meu amigo trocou e os dreadlocks sumiram.

Em meio à vida agitada, muitas vezes as pessoas param, sentam-se nos bancos das igrejas e sentem que estão no meio de uma enxurrada. Ficam molhados dos pés à cabeça. Muitas palavras bonitas são ditas, melodias enchem o ambiente. Mas, ao terminar o culto, saem mais secos do que quando entraram. Não adiantou, como dizia minha mãe: “entrou por um ouvido e saiu pelo outro”. A pessoa não se deu conta que ali tinha um momento especial, um contato especial. Talvez, os problemas da vida e do dia a dia não a deixaram saber o que realmente estava acontecendo. Não era o momento certo.

Mas, também, em meio à vida agitada, pessoas param, sentam-se nos bancos das igrejas e sentem que estão no cabeleireiro. O Evangelho vem junto com as palavras, a letra que acompanha às melodias fazem diferença, “mexem com a gente”. É o xampu divino atuando e purificando. A reunião de pessoas tem sentido. Não são mais palavras vazias, são palavras que me ajudam a entender o amor de Cristo por mim, por meus irmãos e irmãs na fé, por toda a criação. Deus usa instrumentos humanos para comunicar sua mensagem. Deus usa sua criação para que possamos sentir seu amor por nós.

Por isso, ainda hoje, as pessoas brigam para ir à igreja e ser parte de uma comunidade. Ou estou enganado?

P. José M. Kowalska Prelicz
Paróquia no Rio de Janeiro - Norte

 


Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 6628
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2Coríntios 2.14
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