Igrejas tematizam estado laico

30/08/2015

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O estado laico mobilizou os 200 participantes da oitava edição do Mutirão Ecumênico. O VIII Sulão aconteceu no final de semana de 28 a 30 de agosto, no Centro de Eventos da Central Única dos Trabalhadores-CUT, na Ponta das Canas, em Florianópolis.

O tema “missão da igreja no estado laico”, teve como lema bíblico a oração de Cristo “venha a nós o teu reino” (Mateus 6.10). Representantes do clero e leigos de diversas igrejas cristãs, bem como representantes da comunidade judaica e de religiões de matriz africana estiveram no evento.

O debate foi baseado num painel orientado pela secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-Conic, a pastora luterana Romi Marcia Bencke. Participaram o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, bispo Leonardo Ulrich Steiner, o ex-senador pelo Rio Grande do Sul, Pedro Simon (PMDB), e o professor e ex-reitor da Faculdades EST, Dr. Oneide Bobsin.

A pastora Romi apresentou a perspectiva do Conic. Segundo ela, “a separação entre religião e estado é saudável para as próprias religiões”. Para Romi, o estado laico deve garantir espaço de debate seguro, “porque o movimento ecumênico é um espaço de fronteiras”.

Dom Leonardo Steiner deu uma aula sobre o tema. O bispo lamentou a confusão entre estado e governo, que é apenas parte. A missão da igreja é anunciar o reino de Deus como anúncio e denúncia, onde todos são filhos e filhas do pai, não importando a opção que fizeram na vida e onde se encontram: na igreja, na rua ou na cadeia, ponderou.

Em sua visão, a missão das igrejas no estado laico é garantir que haja liberdade de culto para todos e ajudar para que determinados valores não sejam deixados de lado. Para isso, “as nossas igrejas precisam de uma incidência mais vigorosa”, concluiu.

Para Bobsin, a temática do estado laico está no cotidiano das pessoas. Na teologia luterana, igreja e estado são distintos, mas não separados. Ambos são instrumentos de Deus, segundo Lutero.

A ideia da laicidade do estado teve sua origem nos primeiros mártires cristãos, afirma Bobsin. Para eles, toda autoridade vem de Deus ainda que não cristã, mas negavam adoração ao imperador romano. Morreram por afirmar que César não é Deus. Bobsin ponderou que a falta de escatologia destrói a esperança e gera corrupção. 

O ex-senador Pedro Simon participou integralmente do evento com a sua esposa. “É maravilhoso estar aqui. Confesso que aprendi muito com vocês”, disse. “Essa bandeira que vocês levantam é de extrema importância”, continuou. “Continuem firmes! Os políticos lá em Brasília precisam do contraponto de vocês”, incentivou.

Na tarde de sábado foram debatidas ações na perspectiva do estado laico. Nove oficinas trabalharam perspectivas temáticas de ação, desde diversidade ecumênica e inter-religiosa a meio ambiente; de minorias a bandeiras contra a redução da maioridade penal e pela reforma política. Em noite cultural, um grupo apresentou cultura açoriana e da ilha, num belíssimo boi de mamão. A exibição foi seguida de uma confraternização.

No último dia, uma reflexão bíblica sobre estado laico e missão da igreja foi coordenada pelo professor Bobsin. Com base em 1 Samuel 8 e em passagens das cartas de Paulo, foi debatido um princípio bíblico para o estado laico. 

O encontro foi finalizado com celebração e envio. O símbolo do Sulão, uma lamparina acesa, foi entregue ao grupo de São Paulo, que assumiu a realização do IX Encontro Ecumênico Sulão em 2017.

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