“O HIV quase levou a minha vida. Fui contaminada pelo meu marido, que morreu. Com a doença, eu não tinha noção de nada que acontecia ao meu redor. Não sabia da morte do meu filho de dois anos, também infectado pelo HIV, e até hoje não lembro de quando ele foi cremado. Eu tinha perdido toda a esperança de viver.” A história da nepalesa Jhupri B. K, que se repete em todas as partes do mundo, foi relatada no dia 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta contra HIV/Aids, durante meditação realizada pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) na sede da Igreja de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), em Porto Alegre. O tema, apresentado pelo teólogo Jaime José Ruthmann, foi “Os medicamentos não são suficientes”.
“Jhupri foi salva por voluntários que a levaram até a Accham, no Nepal, um centro de tratamento com antirretrovirais. O tratamento teve efeito e sua saúde melhorou significativamente”, contou Jaime. “Mas o sofrimento não parou por ai”. Mãe de cinco filhas e filhos – a segunda mais nova também infectada com o vírus – Jhupri, além da sua condição de pobreza, passou a ser discriminada devido à doença. Sem conseguir trabalhar, não conseguia alimentar seus filhos e nem a si própria. “Os médicos diziam que além dos medicamentos, eu precisava me alimentar bem, todos os dias. Mas como? Se não consigo nem alimentar meus filhos, como vou comer?”, indagou ela, com angústia. “Me sinto só, abandonada, sem ter ninguém que alivie um pouco o meu desespero.”
“A história de Jhupri continua, com um final de esperança, mas hoje é importante ressaltar um ponto: É preciso ter consciência de que além dos medicamentos, da alimentação, as pessoas que convivem com HIV/Aids necessitam atenção, conforto, um abraço”, lembrou Jaime. “E não só hoje, mas todos os dias”. Vencer o preconceito é talvez o maior desafio que as pessoas doentes têm hoje. “Além dos cuidados de saúde, da educação preventiva, da alimentação, o amor, a atenção em ouvir, o carinho e a compreensão são elementos essenciais na superação da pandemia que, ao contrário do que muitos acreditam, não diminuiu a sua força”. Leia aqui, a história completa de Jhupri.
A superação da HIV/Aids é um dos temas prioritários de apoio da FLD, que também participa - em parceria com a Secretaria de Ação Comunitária (SAC) da IECLB - do Programa de Transversalização de HIV/Aids: uma construção coletiva entre as contrapartes de Pão para o Mundo”. A FLD é uma das três organizações brasileiras que integram o programa, junto com Ser Mulher do Rio de Janeiro e Centro Nordestino de Medicina Popular de Pernambuco. O objetivo é fortalecer e articular sujeitos políticos para atuarem de forma transversal no enfrentamento da epidemia de HIV/Aids.
Ao todo participam da proposta de transversalização 12 ONGs, igrejas e movimentos sociais de 10 países da América Latina e do Caribe.