Histórico da Comunidade de Niterói - RJ

Quem morava em Niterói,
fora da cidade do Rio de Janeiro,
Buscava Culto, buscava sacramento
Na igreja “no Centro”.

Foi então que, de jeito desafiador
Foram pedir ao Pastor
Que atendesse, em Niterói,
Crianças, de famílias luteranas.


O Pastor desanimado
Por tantas outras empreitadas
Prometeu vir uma primeira vez,
Mas outra só viria, se fossem mais de 10
.

Susto comunitário:
Tanto das pessoas que pediram
Tanto do pastor que viera:
Mais de 50 crianças só pra início dos trabalhos...


A Paróquia em Niterói começou assim mesmo: algumas famílias se reuniram e pediram que houvesse atendimento catequético às suas crianças: Culto Infantil, Ensino Confirmatório. Assim começaram encontros em casas de família. Em janeiro de 1954, há uma notícia no Boletim da Comunidade Evangélica do Rio de Janeiro: na celebração de Advento de 1953, mais de 200 pessoas se reuniram, sendo cerca de 100 crianças. O Pastor Graeter fizera a meditação, hinos foram entoados e um conjunto de flautas tocou peças de Haendel: foi uma festa de Advento na casa da família Willner.

Dali em diante, a Paróquia começa a se estruturar. Em abril de 1954 aconteceu uma Assembléia Geral Extraordinária, no Rio, 50 pessoas votaram pela compra de um imóvel, no Morro Santa Tereza em Niterói, com 49 assinaturas a favor e uma abstenção. A maioria das reuniões era na casa da família Hoeft.

Os Cultos estavam sendo realizados na Igreja Presbiteriana. As reuniões, Estudos Bíblicos, Culto Infantil, Ensino Confirmatório começaram a ser realizados na propriedade adquirida. A propriedade era uma casa antiga, de 1902, que podia abrigar tanto lugar para reuniões como lugar para “Casa Pastoral”. O grupo de Niterói participava ainda das comemorações no Rio. Naquele ano de 1954, por exemplo, Ruth Janzen, de Niterói, organizara um concerto no Dia da Reforma. Notícias sobre a travessia do Rio para Niterói com a barca, e com a condução feita com “trolley-bus” até Icaraí, eram partilhadas para que mais pessoas se sentissem convidadas a vir celebrar com a Comunidade que se organizava.


A organização de grupo de Juventude Evangélica e da OASE foram conseqüências naturais. Já em 1955 há notícias sobre o grupo de Jovens que tinha suas atividades em muitas “tardes familiares”, contando sempre com muita música e com iniciativas de atividades que extrapolavam os “muros” da comunidade. Também neste ano, a OASE se responsabilizaria pela organização do “Bazar de Natal”.


O grupo que era para ser de poucas crianças trouxera alegria ao mostrar que poderia ser o início de uma comunidade. O grupo de jovens, que começara com 6 pessoas, no ano de 1956 reunira 20 pessoas, obrigando a uma divisão por idade, já que havia acentuadas diferenças. Havia programações em português e em alemão, algo inovador e bastante diferente para a Comunidade Luterana.


Uma iniciativa de “coral de trombones” extrapolara o número de instrumentos disponíveis, o que obrigava a busca por recursos para a aquisição de mais trombones. O primeiro Culto de Confirmação teve a presença deste Coral de Trombones, e ali foram confirmados Walter Muller e Brita Stiemert, pelo Pastor Roemisch, em 25 de maio de 1958.


Em 1960, há o início das obras do Salão Comunitário, ao lado da casa pastoral. O projeto dá conta de um salão de 150m², contando com instalações sanitárias de 50m². A comunidade inteira se mobiliza para isso. Ainda assim, a participação do grupo de jovens sempre foi além do esperado: em 1961, Margot Buchheister e Elisabeth Koebig participam do “1° Encontro Nacional de Universitários Evangélicos de Confissão Luterana” em Porto Alegre. E também em 1961, houve um “Acampamento de Trabalho” realizado em Niterói, pela JE: ali o grupo trabalhou na reforma da casa de uma senhora idosa, sem recursos, num final de semana.


Inauguração do “Salão Comunitário em Niterói”.


Aconteceu em 15 de novembro de 1961. O pastor Bohnenkamp fez a pregação, sobre Efésios 2.14, ainda no salão da Casa Pastoral. Diante do salão, houve saudações do sr.Benno Kersten, da Federação Sinodal, e do Pastor J.E.Schlupp, em nome da Comunidade de Nova Friburgo. A fita vermelha foi cortada pelo sr.Leusin.


No dia da inauguração, a sra. Soares recitou, de forma bem humorada, em versos, a história da Comunidade em Niterói. Até hoje as pessoas lembram com carinho, o cuidado da construção, o cuidado com as pessoas, e com o crescimento da Comunidade. Isso transparece neste jeito de relatar a vida da comunidade: em verso... em poesia. O poema foi traduzido, mostrando o quanto a Comunidade tinha o cuidado com as culturas diferentes, que se aproximavam da confessionalidade luterana e não deveriam titubear com uma igreja “alemã”.


O Salão da Comunidade foi sempre bastante utilizado. Projetado pelo arquiteto Paulo Quevedo, as paredes são de concreto, uma parte em madeira, e outras em vidro, em janelas que se abrem para um jardim interno, e para o pátio que há entre o salão e a Casa Pastoral.

 

O grupo de Juventude Evangélica foi se modificando. Até hoje a Comunidade conta com pessoas engajadas que estiveram naquele primeiro grupo de jovens. Depois de um tempo de menor participação, é no final da década de 70, que, mais uma vez, se forma um grupo engajado em música, teatro, reuniões, excursões. Foi este grupo que assumiu atividades na Paróquia, quando a Comunidade atravessou um período sem atendimento pastoral, por quase dois anos (de 1979 a 1981).


A Comunidade em Niterói sempre trabalhara como “braço” da Comunidade Luterana do Rio de Janeiro. Como tal, assim como foi ajudada na década de 50 e 60, empenhou-se em ajudar o trabalho social que surgiu em Ipanema na década de 70. Ainda hoje as pessoas da Paróquia Esperança se referem, com carinho, à “nossa” Creche, mesmo sendo em outro município, mesmo sendo trabalho em outra “Paróquia”.


Também houve uma participação intensa em eventos e promoções que sustentaram o início do trabalho missionário que surgiu na “Ilha do Governador” na década de 80, e que hoje caminha como “Paróquia Norte”.


Só então, na década de 80, tendo em vista os trabalhos das outras Paróquias ligadas a CELURJ, é que houve a escolha do nome “Paróquia Esperança”.

Destacou-se a partir de 1983, um novo grupo na Paróquia Esperança. O “Grupo da Ação Social” se reuniu para buscar recursos para obras caritativas, no sentido de, mais uma vez, sair dos muros da vida da igreja, ajudando a princípio e de maneira especial a “Creche de Ipanema”, mas também um número diverso de grupos e entidades em Niterói e cidades próximas. A sra. Norma Mundstock, fundadora do grupo, e membro da Paróquia Esperança, foi presidente do “Centro Social e Creche Bom Samaritano”, em Ipanema.

A CELURJ fazia um trabalho de atendimento a Teresópolis. A Paróquia Esperança assumiu esta atividade. Lá havia uma sala, cedida pela Prefeitura, para reuniões da comunidade. Mais tarde, o grupo começou a se reunir em casas. Com isso, o pequeno grupo se viu com algumas dificuldades: ora com o transporte, ora com o acesso, ora com a organização do lugar para o Culto. A partir de 2006, tem se reunido nas dependências de uma casa de repouso, que possui uma pequena capela, e que coloca à disposição para Cultos e Celebrações. O lugar é de fácil acesso, e, embora pequeno, facilita a chegada de pessoas “não-conhecidas” ao Culto luterano.


Na década de 90, a Paróquia Esperança assume o atendimento numa região de forte desenvolvimento. Iniciam-se os trabalhos na Comunidade Norte-Fluminense. Há perspectivas de atendimento a pessoas que são vinculadas a trabalhos ligados à plataforma da Petrobrás, em Macaé, que vêm de diversos lugares do Brasil. A missão aqui é muito mais entendida como acolhimento, como re-união de quem, longe de sua terra natal, pode se re-conhecer como “de confissão luterana”.

No ano de 2006, foi adquirido um terreno na cidade de Rio das Ostras, para que a comunidade possa ser identificada, e, assim, receber, acolher pessoas diferentes, de lugares diferentes, de culturas diferentes. É um grande desafio, assumido por poucas pessoas, que têm a certeza de que a tarefa de viver comunidade é tarefa inspirada por Deus.

A partir de 2010, o PAMI, em incentivo do Sínodo Sudeste, está apoiando o Projeto Missionário Norte-Fluminense. Ali, o P.Francisco Rafael Soares dos Santos iniciou os trabalhos em local alugado ainda, mas com muita vontade e ... esperança!

A Comunidade em Niterói foi atendida pelos seguintes obreiros:
Diácono Manfred Kuehn: Março de 1956 a 1957
Pastor Roemisch: Fevereiro de 1958 a Fevereiro de 1959
Pastor Rüdiger Bohnenkamp: Março de 1959 a junho de 1963
Pastor Rudolf Richwin: Julho de 1963 a setembro de 1974
Pastor Dorival Ristoff: 1976 a fevereiro de 1979
P. Wendelino Heim: 1981 a fevereiro de 1986
P.Omar Kaste: junho de 1986 a janeiro de 1991
P. Haroldo Reimer e
Pa. Ivoni Richter Reimer: junho 1991 a fevereiro de 2000
P.Guilherme Th. Fredrich: agosto de 2000 a dezembro de 2004
Pa.Margarete E. Engelbrecht: a partir de março de 2005
P.Francisco Rafael Soares dos Santos: a partir de março de 2010

Muitas iniciativas de trabalhos aconteceram na Paróquia Esperança. Desde trabalhos populares, iniciando a construção de um espaço social e celebrativo no “Badú”, atendendo a pessoas fora da igreja, até o funcionamento de uma rádio via internet – Luteranos-Brasil – que marcou lugar no mundo ecumênico e em todo o Brasil. Infelizmente, estes trabalhos não mais acontecem, mas deixam a certeza de que há muito a fazer, há muito a partilhar e proclamar.

Ainda no pátio da Casa Pastoral foi construída na década de 90 um pequeno alojamento para abrigar hóspedes temporários: desde estudantes que fizeram estágio ou realizaram o Período Prático de Habilitação ao Ministério Ordenado até pessoas que participam de reuniões diversas e precisam de lugar para pernoite.

A mobilização das pessoas membros em Niterói tornou significativa a história de Ulrike Gertrud Gefa Wehmeier, que assumiu vários cargos na Paróquia Esperança, na Comunidade Evangélica Luterana do Rio de Janeiro e também sendo representante da Paróquia no então Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro e fazendo parte do Conselho Diretor da IECLB de 1986 a 1990.


Membros eleitos à presidência do presbitério da Paróquia Esperança
29.03.1990: Ulrike Gertrud Gefa Wehmeier
14.03.1993: Ulrike Gertrud Gefa Wehmeier
13.03.1994: Jürgen Will
03.03.1996: Horácio Orlandim
15.03.1998: Horácio Orlandim
12.03.2000: Ulrike Gertrud Gefa Wehmeier
10.03.2002: Ulrike Gertrud Gefa Wehmeier
14.03.2004: Maurício Grille Martini
12.03.2006: Werner Mohrstedt
21.03.2010: Ila Losekann Martin

A placa com o logotipo da IECLB, com o nome “Comunidade Evangélica Luterana”, “Paróquia Esperança” traz o desafio assumido há mais de 50 anos: tornar-se visível, ter identidade reconhecida num mundo tão cheio de expectativas frustradas e de receitas eclesiásticas prontas.

Houve desafios, houve mudanças... mas há espaço e há muito a ser partilhado. O quadro de avisos, abaixo da placa, informa das atividades que vão acontecendo, que vão fazendo parte da vida da Comunidade Luterana. A vida na Comunidade não pára. Ainda mais quando se vive de... ESPERANÇA...


A maioria das informações contidas neste relato,
estão baseadas em anotações de Ulrike Wehmeier.
 


 

É a fé que nos comunica a graça justificadora. Nada nos une a Deus, senão a fé: e nada dele nos pode separar, senão a falta de fé.
Martim Lutero
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