O ambiente das grandes cidades impõe uma certa clausura às pessoas de maneira geral. Embora vivamos cercados de pessoas por todos os lados, o relacionamento com quase todas é apenas superficial. Laços e contatos mais íntimos, marcados por confiança e afinidade, geralmente são restritos. Nesse contexto a igreja possui um papel fundamental: o de promover maior entrosamento e vínculos de confiabilidade entre as pessoas. É com esse objetivo que se forma vários grupos numa comunidade, procurando aproximar pessoas por faixas etárias, por interesses, por coisas que tenham em comum. Assim surgiram o grupo de senhoras (OASE), o grupo de jovens (JE), o grupo de casais, o coral, os grupos de estudo bíblico, o grupo de mulheres e, mais recentemente, o grupo de singulares. É desse grupo que queremos falar um pouco mais nesse espaço.
É comum recorrermos à Bíblia para legitimar o casamento, através do conhecido texto da criação de Gênesis 2 (especialmente 2.18-24). Menos conhecidos e usados são textos, como o da primeira Carta do apóstolo Paulo aos Coríntios (especialmente 1Co 7.7s), que falam das vantagens de não ser casado ou casada.
Independente do que a Bíblia diga sobre o assunto, fato é que numa comunidade cristã temos pessoas casadas, solteiras, viúvas, separadas e divorciadas e para todas elas a comunidade quer proporcionar um ambiente familiar, de encontros, de comunhão, de solidariedade, de apoio mútuo, de motivação para o serviço ao próximo, de crescimento na fé, de partilha e tudo mais que se pode ser e ter numa igreja.
Como em nossa comunidade temos um número significativo de pessoas, homens e mulheres, que não são ou não estão casadas surgiu a idéia de criar um grupo de singulares. O objetivo deste grupo, diferentemente do que alguns possam imaginar, não é o de promover o casamento dos integrantes, mas de criar oportunidades para gente que não tem um marido ou uma esposa conhecer outras pessoas singulares (o nome vem do Inglês single, que significa solteiro/a) e, com elas, refletir sobre experiências e sentimentos comuns à condição de não estar num casamento.
Uma constatação interessante, feita durante o primeiro encontro do grupo de singulares da nossa Comunidade, em dezembro de 2002, foi que, dentre os participantes, são poucos os que vivem totalmente sós. Há muitos casos de mães, solteiras, divorciadas ou viúvas, que vivem com filhos e filhas; há outras pessoas que moram com amigos ou amigas há vários anos e vêem nessas pessoas sua família. Quando se fala em família, a imagem que, talvez para a maioria de nós, primeiro vem à mente é aquela de um casal com filhos. A oportunidade de encontrar com pessoas que, devido às circunstâncias ou aos rumos que foram tomados em suas vidas, assumiram um outro jeito de viver em família, pede por uma revisão do nosso conceito tradicional de família como o único modelo possível, já que existem outras experiências bonitas de organização por afinidade e afetividade bem perto de nós.
É certo que tanto casar quanto permanecer solteiro ou solteira tem vantagens e desvantagens. E a participação em atividades e encontros de grupos de pessoas afins (casais ou singulares), onde se possa falar de si a partir da própria experiência, com pessoas que já possam ter vivido ou possam vir a vivenciar situações semelhantes, pode contribuir para uma maior valorização da situação em que cada pessoa se encontra. Como comunidade cristã a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em BH quer contribuir para que todas as pessoas tenham um lugar para tais encontros e partilhas.
O grupo vem se encontrando regularmente, em média uma vez ao mês, para programas bem variados, como reuniões na igreja ou nas casas dos integrantes para bater papo ou ver algum filme, passeios a lugares de preservação histórica e ambiental, encontros em barzinhos, retiros, etc. A dinâmica do grupo visa antes de mais nada promover a aproximação e o mútuo conhecimento entre as pessoas, para que, com o tempo, se crie mais laços de confiança e pontos de apoio entre os integrantes do grupo. A inserção em atividades da comunidade tem se dado pela participação individual e na união de forças em eventos como a Festa Junina e a de Ação de Graças, planejamento e condução de algum culto de louvor e outras atividades que vão surgindo.
A característica principal do grupo de singulares talvez seja a variedade de pessoas, com histórias, origens, faixas etárias e estados civis diferentes e que mesmo assim tem algo em comum: ser singular.
Se você se encaixa neste perfil e tem vontade de nos conhecer melhor, contate-nos através da secretaria da comunidade ou dos pastores: Aqui você tem lugar!