Funeral cristão

As pessoas cristãs creem que nada as pode separar do seu Senhor, Jesus Cristo, nem mesmo a morte. Elas sabem também que a morte é a mais profunda inquietação da sua fé. Por isso, necessitam de um ritual que as ajude a se despedir da pessoa falecida e a entregá-la nas mãos de Deus, a cuidar amorosamente da família enlutada e a articular sua fé diante da perda. Este ritual é o funeral cristão. Usamos, neste livro o termo funeral cristão, em vez de “culto ou rito de sepultamento”. O termo “funeral” possui um sentido mais amplo, independentemente de a forma de destinação da pessoa falecida for por cremação ou inumação (enterro ou sepultamento). Entendemos que “sepultamento” é um termo reducente; relaciona-se mais ao ato de colocar a pessoa falecida numa sepultura, jazigo ou túmulo. Também poderíamos usar o termo “exéquias” em vez de ritual fúnebre, ou ainda a designação “culto de encomendação” que significa entrega da pessoa falecida a Deus, assim como dos familiares ao amor de Deus. Mas optamos por “funeral cristão”, compreendendo-o como a celebração litúrgica de uma comunidade que se despede de uma pessoa falecida.

A morte desempenha papel constitutivo na vida dos seres humanos. Em todos os tempos, influenciou a vida das pessoas, às vezes com mais, outras com menos destaque e protagonismo, mas sempre determinando a vida do ser humano e a cultura. Hoje não é diferente. O século XXI se diferencia por tratar, como nunca, a morte como algo distanciado, um tabu, tendo a ilusão, inclusive, de poder superá-la. A morte tem sido cada vez mais reprimida da vivência cotidiana e, paradoxalmente, tematizada ao extremo em locais que garantam distância, como, por exemplo, nos meios de comunicação em geral. Se há algo que se especula e explora na mídia, este algo está relacionado à morte e ao morrer. Nosso dia a dia é atravessado por mensagens de representações da morte. Ela é transformada em espetáculo. Vemos e escutamos referências constantes à morte, seja de massas ou de indivíduos. Nos video games ela se torna, inclusive, objeto de diversão. Entretanto, esta maneira de lidar com a morte não é real. Ela se torna representação simbólica, externa ao nosso eu. Ignora-se, desta forma, uma dimensão da realidade existencial humana.

Para a Igreja cristã, lidar com funeral significa confrontar-se com a real condição humana, com a finitude, com a dor que a morte provoca nas pessoas, com as perguntas existenciais que se levantam a respeito do sentido da vida. Ao mesmo tempo, significa anunciar a esperança cristã diante da morte. Ao encomendar as pessoas falecidas a Deus, a comunidade cristã assume a tarefa de amparar e consolar os vivos. Esse é, sem dúvida, um dos momentos mais importante para a Igreja demonstrar o amor de Deus às pessoas, cuidando delas em seu sofrimento.

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A ingratidão é um vento rude que seca os poços da bondade.
Martim Lutero
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