“É a experiência que faz o Teólogo”, disse o Pastor Dr. Oneide Bobsin, citando Lutero, para introduzir a apresentação da pesquisa intitulada “Mobilidade religiosa e adesão em Comunidades urbanas da IECLB”, base da tese de doutorado do Dr. Alessandro Bartz, orientado pelo Reitor das Faculdades EST. A palestra proferida pelo Prof. Oneide e por Alessandro integra a série de apresentações sobre o Tema do Ano, no encontro entre Presidência, Pastora e Pastores Sinodais, Secretários e Secretárias da Secretaria Geral, que acontece de 11 a 14/03/2014, em São Leopoldo/RS.
Os estudos de caso realizados junto às Comunidades do Rio de Janeiro/RJ, São Luiz/MA e Sapucaia do Sul/RS sugerem, entre outros segundo Alessandro, que “a mobilidade religiosa proporciona diferentes modalidades de agregação e pertencimento disparadas pela nova identidade religiosa. A pesquisa de campo demonstrou que as pessoas que aderiram às comunidades luteranas podem vir a fortalecer os seus vínculos comunitários, instituindo intensos níveis de participação, como podem vir a estabelecer relações superficiais. O processo de adesão é gradual, e há de se avaliar os graus de exigências aos novos membros, sua capacidade, condições e vontade de interagir com a nova comunidade de fé. É preciso entender o tempo que a pessoa precisa para adequar-se à nova igreja [meses, anos, décadas], como ponderar suas possibilidades de participação, de acordo com seu histórico religioso. Os casos em estudo não podem ser generalizados para toda a IECLB, mas contêm indicações de algumas tendências contemporâneas em suas comunidades urbanas. Num cenário da alta mobilidade religiosa, principalmente nas áreas mais urbanizadas, destaca-se um chamamento permanente à responsabilidade evangelizadora e catequética das comunidades, diante do ir e vir de membros e das novas modalidades de pertencimento em vigor. A pergunta de fundo para a instituição é como apresentar uma proposta atraente que possibilite receber e trabalhar com novos membros, pois cada vez mais os adeptos carregam consigo experiências religiosas complexas, dinâmicas e itinerários acentuados”. Entre os temas para aprofundamento Alessandro menciona a qualificação da pertença religiosa, adesão e mudança de vida, Comunidade como espaço de acolhimento. Encerrou sua fala afirmando que “na busca por Deus, através de caminhos institucionais, com percursos acentuados, e marcas trazidas na caminhada de fé, a IECLB, em suas comunidades, é desafiada a ser suporte para uma vivência de fé profunda, tornando-se uma ferramenta da missão de Deus no nosso país”.
Eloir E. Weber, Pastor na Paróquia do Salvador, da Comunidade Evangélica de Porto Alegre/RS, abriu sua apresentação expondo que dois desafios iniciais são colocados para a Comunidade que atua no urbano: conhecer as pessoas e conhecer o contexto. O foco de seu trabalho de Pós-Graduação “vínculos comunitários na atualidade” o levou a perguntar pelo sentido de alguém querer ser membro e permanecer membro de uma comunidade de fé. Para Eloir “viver em comunidade é uma necessidade humana. Assim como necessita do espaço privado, a pessoa necessita do convívio humano.” Algumas exigências da urbanidade hoje são que a mensagem precisa ser clara. Além disso, “precisamos saber quem somos e ter a coragem de dizer que não temos respostas prontas para tudo. A pessoa necessita de conceitos de fé claros como balizadores e uma espiritualidade que a auxilie na busca por caminhos e que faça sentido para a sua vida.” A Igreja na cidade que se fecha em si mesma está fadada à extinção. Ela precisa estar em constante estado de missão. Para fazer frente aos desafios, a Paróquia do Salvador tem investido em equipes de acolhida, em diversificação (por exemplo no estilo musical), em visitação, em grupos (por exemplo casais) e tem feito experiências significativas com a “bênção a gestantes”. Desafio permanece sendo a sustentabilidade financeira da Comunidade urbana.
O Pastor Carlos H. Eberle, que atua na Comunidade Evangélica de Canoas/RS, apresentou o tema “A viabilidade da IECLB na cidade através da diaconia”, apresentação esta que tem como suporte seu trabalho de conclusão de Pós-Graduação em Missão Urbana. Para Eberle “marcar presença na cidade através da diaconia em serviço ao próximo mais necessitado é fazer missão urbana e obedecer a uma das mais importantes ordens deixadas por Jesus para sua Igreja: Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Citando o Pastor Kjell Nordstokke - “A diaconia é ação, a partir da identidade cristã, num contexto de sofrimento e injustiça, com a finalidade de transformar”, Eberle falou sobre as ações empreendidas pela Paróquia nas áreas de comunicação, formação e diaconia.
Jorge Dieterich de Oliveira, Pastor na Comunidade de Matias Velho em Canoas/RS abordou o tema “O desafio de ser igreja na cidade”, com foco na importância dos pequenos grupos. A apresentação tem por base seu trabalho de conclusão de Pós-Graduação em Missão Urbana sobre a presença da Igreja nos lares. Para Jorge o desafio de ser Igreja na cidade passa por uma hermenêutica clara, por conhecer as rotas e a lógica da cidade, por entender que a estrutura da cidade determina a estrutura das pessoas, por aprender a lidar com a realidade de relacionamentos fragmentados, por aceitar que o ser urbano é carente de relações e que o lazer é uma necessidade crescente, por compreender que o tempo na cidade é acelerado e que a religião passou a ser de consumo individual, por encarar o pluralismo religioso. Para Jorge, pequenos grupos caseiros viabilizam a missão urbana por oportunizarem “espaço de manifestação do Reino de Deus (vida, aconchego, pertença e comunhão), serem instrumentos para a missão urbana (espalhar-se pelos bairros), combaterem o grande vazio imposto pela sociedade pós-moderna (desraizamento e ausência de elos de pertença), possibilitarem que os diferentes formem uma família e se sintam em casa”.
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