1. Fundamentação:
O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre discriminação:
Assim, confessando a soberania de Deus, revelada a nós em Jesus Cristo, não reconhecemos sobre nós nenhuma outra autoridade do que a desse Deus de amor. Portanto, não podemos fazer nenhuma distinção de valor entre as pessoas, criadas todas elas à imagem de Deus, e pelas quais Jesus Cristo se doou. Afirmamos a necessidade de respeitar integralmente a diversidade cultural, étnica e religiosa.
Declaração da IECLB nos 180 anos de suas primeiras comunidades - 2004
Texto completo da Declaração
É normal que as pessoas sintam necessidade de fazer por merecer uma boa imagem — o que, porém, não passa de uma vã tentativa de reconquistar por próprias forças a imagem perdida de Deus. Quem aceita o amor de Deus, porém, está livre dessa escravidão do merecimento, de querer conquistar uma boa imagem pelo trabalho, pela inteligência, pela riqueza, pela beleza física, pela roupa que usa, ou pela própria religiosidade. Esta é a linguagem da lei do mercado: “Você precisa fazer algo para ser alguém”. “Você precisa ser poderoso e influente.” “Você precisa ter muitos bens.” “Você precisa...” Entretanto, essa concepção do ser humano está totalmente distorcida. Diante de Deus você não precisa nada disso. Ao contrário, o ser humano é amado por Deus gratuitamente. Isso é válido indistintamente para todas as pessoas. Ninguém é excluído. Vale para sãos e doentes. Vale para o feto e o enfermo terminal. Vale para as pessoas fortes e belas e, em igual medida, para as pessoas portadoras de deficiência física ou mental. Vale para os virtuosos, mas também para os criminosos. Todas as pessoas, sem exclusão, são imagem de Deus. Pela fé, aceitamos o amor de Deus, a imagem que Deus nos dá. Isso é salvação: sentido e esperança para quem aceita o amor de Deus.
Manifesto sobre a Violência no País – 2002
Texto completo do Manifesto
A partir do Batismo fazemos parte da grande família de Deus, sinal visível da esperança pascal. No sacrifício do seu Filho Deus nos acolheu incondicionalmente. Este ato de amor engloba todas as pessoas. Nada que uma pessoa é ou faz pode excluí-la deste amor. Por isso, como comunidade cristã, não podemos aceitar que pessoas sejam marginalizadas ou excluídas da convivência social e comunitária.
Posicionamento sobre Homossexualidade – 1999
Texto completo do Posicionamento
Compete à Igreja de Jesus Cristo, comprometida com o serviço à vida e engajada em ampliar os espaços da fé, da esperança e do amor, denunciar o que destrói a paz e fere os direitos de Deus. Entre as grandes ameaças da atualidade está, não por último, a obsessão racista.
(...) Do ponto de vista cristão não há como justificar racismo de qualquer tipo. Deus criou um mundo multiforme, em que cada peça tem sua característica inconfundível. Diversidade é a marca da criação. Mas é uma diversidade na mesma dignidade. Nenhum ser humano, por pertencer a outra raça, cultura ou sexo, é inferior ou menos valioso. O propósito de Deus não está na segregação de grupos e categorias humanas, e, sim, na complementação de uns pelos outros e no serviço mútuo, usando cada qual o dom que recebeu. Discriminação racial equivale a desprezo ao Deus Criador, que moldou a criação assim como a fez e que por amar a ela deu seu Filho Unigênito. Resulta daí o compromisso com a meta da parceria fraternal entre raças, povos e culturas.
É um compromisso válido para todos, independentemente de seu credo. Baseia-se, não por último, no que é óbvio: violência cria tão-somente violência. Ódio é o início do assassinato. Opressão provoca reação. Seja o radicalismo de direita, seja o de esquerda, desde que preconizador de meios violentos e de brutal dominação de uns sobre os outros, vai produzir o inferno da guerra civil e uma cultura da violência, em que todos são vítimas potenciais. Cria-se um clima generalizado de terror. O racismo é uma das forças que na história humana responde por indizível sofrimento.
Manifesto Deus não é Racista – 1992
Texto completo do Manifesto
“Dessa forma não pode haver judeu nem grego, nem escravo nem liberto, nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Assim o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos da Galácia (Gl 3.28).
Afirma que em Jesus Cristo surge uma nova comunhão, na qual as pessoas, em todas as suas diferenças, aprendem a novamente conviver como irmãs e irmãos.
A criação de Deus é multiforme. Consiste nisto sua beleza. Uniformidade é monótona, estanque. Somente a variedade permite a complementação mútua e a experiência de verdadeira comunhão. Deus quer a integração da diversidade de suas criaturas num todo orgânico e harmonioso.
Sociedade e Igreja, porém, tiveram e continuam tendo dificuldades em cumprir o mandato de Deus. Usam a variedade como pretexto para discriminação. Dizem haver pessoas com menos valor que outras e as tratam como sendo de segunda categoria. Negam-lhes a igualdade de chances e direitos. Neste ano lembramos especialmente os negros. Apesar do centenário da abolição da escravidão, pertencem aos segmentos marginalizados de nossa sociedade. Somos todos criaturas do mesmo Deus, revestidos da mesma dignidade. Como se justifica, então, o “racismo” que faz diferença de grau entre as pessoas e as julga pela mera cor de sua pele? Há culpa a confessar.
Como Igreja de Jesus Cristo temos motivos para sermos particularmente sensíveis a esta questão. Jesus Cristo restabelece a fraternidade entre os seres humanos. Não apaga a individualidade nem obriga ninguém a ser diferente do que Deus o criou. Somos negros, brancos, índios, homens e mulheres. Isto é bom. O que não se justifica é sentirmo-nos ameaçados por aquele ou aquela que é diferente. Não é correto reagir à diversidade da criação de Deus com agressão; menosprezo e marginalização. Resultam daí a escravidão, a dominação, a perseguição, portanto diferenças que Deus não quer. Sua vontade é que na variedade das criaturas seja respeitada a igualdade e que haja fraternidade e cooperação.
Das comunidades da Galácia, assim deduzimos, faziam parte pessoas de muitas raças, culturas e nacionalidades. Mas todos tinham recebido o dom do batismo, pelo qual as pessoas são declaradas filhos de Deus e integradas na comunhão dos santos. A comunidade de fé tem o privilégio e ser o exemplo de integração social e de assinalar a possibilidade de nova convivência humana a traduzir-se em novidade de relações também na sociedade.
Manifesto sobre Discriminação – 1988
Texto completo do Manifesto
2. Desdobramentos práticos de Discriminação:
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil convida suas Comunidades e instituições, suas Igrejas-irmãs e todos os segmentos da sociedade brasileira a combater as expressões racistas que há em suas próprias fileiras. Parceria fraternal entre raças, culturas e etnias também no Brasil permanece sendo um alvo a perseguir, a despeito dos inegáveis sucessos havidos no complexo processo de integração das diferenças. Como cristãos e cidadãos temos o dever de nos opor aos indícios do pensamento racista e de colaborar na eliminação dos fatores que o produzem ou oportunizam. Diz a Bíblia: Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (Gênesis 1.31). Proíbe-se ao ser humano desprezar o que Deus revestiu de tamanha dignidade.
Manifesto Deus não é Racista – 1992
Texto completo do Manifesto