1. Fundamentação:
O que diz o PAMI sobre Diaconia:
É em Cristo Jesus que Deus revela o seu maior e mais belo gesto de amor a todas as pessoas. É em Cristo que os sinais do reino de Deus já se tornam realidade em nosso meio: doentes são curados; crianças são valorizadas; mulheres são defendidas contra os homens acusadores; leis que ferem o amor ao próximo são questionadas; pecadores e pessoas de má fama são ouvidos, valorizados e transformados; estrangeiros são abençoados; mortos são ressuscitados; o verdadeiro servir é ensinado.
A nossa resposta ao amor de Deus revelado em Jesus Cristo, porém, é: “Crucifica-o!”. Jesus, no entanto, intercede por nós: “Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo”. Portanto, é na cruz que Deus revela o seu amor e paixão maior pelo mundo. O evangelista João afirma: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. A paixão de Deus pelo mundo é amor. É na cruz, na ressurreição de Jesus Cristo, que Deus nos liberta da escravidão do pecado e nos presenteia com a salvação. É na cruz que Deus se reconcilia conosco em Jesus Cristo e constrói a ponte que liga o céu à terra.
(...) Deus não olha para o que nós podemos lhe dar em troca pela salvação em Cristo Jesus. O seu olhar é amor ao outro como outro. É olhar sem espera de retorno. É olhar que consegue estender a mão sem a teologia da retribuição. É olhar que enxerga a nossa dor, a nossa agonia e a nossa angústia. É olhar que vem para se tornar próximo. É olhar que vem para aliviar as nossas cargas, para nos libertar da culpa e para nos convidar a ser próximos uns dos outros, como aliás afirma o novo mandamento de Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”. Falar da paixão de Deus pelo mundo é falar de um Deus que se revela em gestos singelos e amorosos como o das crianças com necessidades especiais
(...) A missão que o olhar amoroso de Deus em Cristo Jesus nos confia é a que sabe ouvir o choro, a dor, a necessidade e a aflição das pessoas. Não é a missão onde cada um dispara sozinho para os interesses e glória próprios. Porém, é a uma missão que sabe ouvir, dialogar, reavaliar o curso e descobrir que a vitória da vida se dá no caminhar solidário e fraterno com o outro. É a missão que consegue caminhar de mãos dadas com a outra pessoa em direção ao reino de Deus.
(...) uma tarefa prioritária e estratégica se impõe: a capacitação dos membros para a articulação missionária da fé. Trata-se de responder positivamente ao desafio de estar “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. Preparar os membros para “dar razão de sua esperança” significa provê-los com os elementos fundamentais da fé e da doutrina, visando a que os articulem de forma missionária no cotidiano de suas vidas. Igualmente significa capacitá-los para o testemunho do evangelho em situações específicas – no acompanhamento a doentes, a enlutados, a pessoas em crise, a pessoas distanciadas da vida comunitária, ou no engajamento em movimentos e organizações da sociedade civil, entre outras situações.
(...) O agir restaurador e curador da Comunidade
É Deus que, em sua missão, vêm ao mundo, em Jesus Cristo, e nos serve - “Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida para salvar muita gente”. A missão de Jesus é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo. O agir de Jesus transformava vidas. Ele ia ao encontro das pessoas doentes ou marginalizadas, as resgatava do isolamento, do desprezo, e possibilitava reconciliação e cura. A atitude de acolhimento e inclusão de Jesus frente às pessoas estrangeiras, pecadoras ou excluídas acalentava os corações sobrecarregados de culpa e devolvia a dignidade e o amor pela vida. Jesus falava do amor de Deus e agia vivendo este amor no dia a dia, através de atitudes concretas. Jesus abraçava, perdoava, incluía, ajudava, conversava, questionava e curava.
Deus nos serve, por isso servimos. O nosso servir e todas as nossas ações são frutos do amor de Deus em nós. A comunidade missionária é aquela que serve às pessoas e ao mundo em gratidão a Deus pelo seu amor e acolhimento, e porque o próprio Cristo chama para dar continuidade a este serviço de amor - “Como eu vos fiz, façais vós também”. Todas as pessoas, a partir do batismo, são chamadas a fazer parte da missão de Deus através do amor e do serviço. Na comunidade missionária todos são chamados a colocar todo o corpo – mãos, pés, ouvidos, sentimentos e razão – dons e bens a serviço das pessoas e do mundo, pois seu objetivo é colocar-se ao lado de pessoas como sinal do amor de Deus. A comunidade missionária que serve é aquela que se aproxima das pessoas, que luta pela vida digna, não só a de sua comunidade, mas também a do mundo. Seu serviço ultrapassa fronteiras.
(... ) A comunidade missionária que serve é aquela que promove ações efetivas e que questiona as situações de injustiça, de opressão e exclusão. As ações são manifestações da fé em resposta ao amor de Deus, como no exemplo das pessoas com deficiência que encontram na IECLB uma igreja que as acolhe e que se engaja no movimento pelos direitos dessas pessoas. É através desta parceria na busca por melhores condições de vida e inclusão para as pessoas com deficiência, por meio do serviço que a igreja presta ao mundo, que muitas pessoas optam por tornar-se luterana.
A comunidade missionária que serve é aquela que se coloca ao lado, que vivencia e experimenta, que ensina a caminhar, que liberta para a autonomia e que, através deste serviço, proporciona cura.
(... ) Reconhecemos, entendemos e cremos que a missão é de Deus. Então, o crescimento da igreja, como consequência da missão, também é obra divina – “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus”. Neste sentido, a comunidade missionária que serve é aquela que entende o seu serviço de plantar e regar, através de ações e gestos práticos, visíveis e palpáveis, que tocam a vida das pessoas, que as resgatam do sofrimento e as motivam para viver o amor de Deus. É aquela que se entrega ao serviço solidário, de justiça e de paz.
O crescimento é presente de Deus para a comunidade que serve. Servir ao mundo, engajando-se na vida social, colocando-se ao lado das pessoas em situações de conflito e sofrimento sociais, culturais, econômicos, espirituais ou psíquicos, é servir a Deus e oportunizar que ele atue junto às pessoas. É levar a ajuda e o abraço dos quais todos nós necessitamos. As pessoas buscam uma comunidade para conviver e onde podem ser protagonistas, contribuindo com os dons que possuem e onde são valorizadas e amadas pelo que são e fazem. A comunidade missionária que serve conforme o chamado de Deus age nesta direção. Vivamos, pois, a alegria do servir.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB - texto-base
Texto-base completo
Mas a missão de Deus também é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo, é diaconia. Comunidade missionária que serve é aquela que se aproxima das pessoas, que luta pela vida digna, não só na própria comunidade, mas também no mundo. É aquela que questiona as situações de injustiça, de opressão e exclusão e que pratica a misericórdia e a justiça.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – Linhas Mestras
Texto completo das Linhas Mestras
O que diz o Plano de Educação Cristã Contínua sobre Diaconia:
O amor é elemento básico da existência humana e da relação com Deus. Todos os mandamentos convergem para ele: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.37,39). O amor a Deus como entrega total implica confiança plena em Deus e agir ético a partir da observância dos mandamentos. O amor ao próximo nos faz reconhecer que somos semelhantes, mutuamente dependentes e responsáveis uns para com os outros. Educar para a prática do amor é despertar sentimentos de desprendimento, liberdade, compaixão, solidariedade. O amor a si mesmo, nesse sentido, leva à valorização pessoal e à autoestima, sem cair no egoísmo, pois está vinculado ao amor ao próximo e a Deus.
O serviço como essência cristã
Deus nos chama a servir na comunidade e no mundo. O serviço (diaconia) é uma característica central da igreja e do ser cristão (Marcos 9.33-37;10.35-37). Servir uns aos outros é ação comunitária. Diversos tipos de serviço tornam possíveis a promoção da vida e a edificação de comunidade.
A educação cristã é serviço de Deus entre nós, voltada para todas as pessoas, sem qualquer discriminação. Educar para o serviço é anunciar o evangelho em palavra e ação, demonstrando, através da ação diaconal, a nossa fé.
A esperança vivida
A prática da esperança permite olhar para além dos problemas e desencantos. Ela motiva e inspira a vivência de um projeto de vida digna e justa. Nesse sentido, esperança é atitude ativa, que exercita a promoção da dignidade humana e o serviço ao próximo (Romanos 12.12-14).
Educar para a esperança é mostrar que ela é inspirada na ação de Deus entre nós e experimentada no testemunho de fé e de ações de justiça.
(...)Em Jesus Cristo, Deus veio ao mundo e serviu às pessoas, principalmente àquelas em situação de maior fragilidade. Com isso Deus nos mostrou um jeito de ser e de viver nossa fé, baseado no amor e no serviço ao próximo. Por isso educar as pessoas na fé cristã é também educá-las para a diaconia.
• Educar para a diaconia é despertar para o amor mútuo e para o serviço, valorizando integralmente todas as pessoas – crianças, jovens, adultas e idosas –, motivando-as a servir conforme seus dons.
• Educar para a diaconia é educar para a solidariedade, aproximando-se das situações e da vida das pessoas e colocando-se a seu lado, sem tirar delas a responsabilidade por sua vida.
• Educar para a diaconia é sensibilizar o olhar para a realidade, levando em conta o contexto em que as pessoas vivem, seus costumes e formas diversas de reagir frente à vida.
• Educar para a diaconia é educar para a paz, para a inclusão e para a dignidade, ensinando um jeito pacífico de resolver conflitos e oportunizando a convivência com o diferente.
• Educar para a diaconia é educar para um olhar crítico das estruturas de poder que ameaçam a vida, denunciando situações e poderes que geram opressão, marginalização e morte, e anunciando a proposta de vida a partir da misericórdia e da justiça de Deus.
Plano de Educação Cristã Contínua – PECC
Texto completo do PECC
O que dizem as Diretrizes da Política Educacional da IECLB sobre Diaconia:
O sentido da existência humana pode ser entendido a partir de três indicativos presentes em Mateus 22.37,39: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
a) O primeiro indicativo é o amor a Deus a partir da entrega total. Entregando-se a Deus, a pessoa não idealiza a si mesma, ao próximo e aos bens materiais;
b) O segundo é o amor ao próximo. Esse indicativo exige a construção de relações baseadas no reconhecimento de que somos semelhantes e nos reconhecemos pertencentes à mesma espécie, dependentes do cuidado de uns para com os outros;
c) O terceiro indicativo é o amor a si mesmo. Reconhecer-se como um ser capaz de amar está diretamente relacionado ao reconhecimento como um ser de amor e um ser amado por Deus. Amar e aceitar o outro implica em amar e aceitar a si mesmo.
A prática do amor, nesses três sentidos, desperta o sentimento de compaixão e solidariedade. Ter compaixão, compadecer-se, é ser capaz de sentir o sofrimento do outro de forma profunda em seu próprio corpo. Ser misericordioso é ter um coração voltado para a miséria do outro. É sentir-se afetado por causa da situação deplorável e triste na qual o outro está imerso.
Por causa do sentimento de compaixão e misericórdia, as pessoas sentem-se motivadas a agir em favor do outro, instituindo a prática do respeito e da fraternidade.
O amor de Deus exige responsabilidade para com a vida do outro e o conjunto de Sua criação. A educação é uma das formas de responsabilizar-se pela Criação e pelo desenvolvimento integral da pessoa.
2.1.2. A prática da esperança e da reconciliação
“Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.” (Romanos 12.12-14).
A esperança motiva e inspira a vivência de um projeto de vida digna e justa. Os laços que uniram a escola e a igreja na história são caracterizados por um projeto de esperança: esperança por justiça e paz, liberdade e fraternidade.
O projeto de esperança se realiza através da defesa da dignidade humana e do serviço concretizado através de ações com vistas a uma vida digna. A tarefa de cuidar desse projeto é atribuição da família, da escola, da igreja e dos seus diferentes grupos, da sociedade.
A prática e a construção de um projeto de esperança são inspiradas pela ação de Deus entre nós e experimentadas através de testemunhos de fé e de ações de justiça. Praticar atos de justiça e de misericórdia, proclamar a esperança e vivenciar a reconciliação entre as pessoas é tarefa anunciada por Deus:“ Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Miquéias 6.8).
A misericórdia de Deus e a reconciliação com Ele nos liberta da preocupação com o futuro e nos faz perceber a importância da ação concreta na defesa e promoção da vida, através da educação, da saúde, do trabalho. A esperança torna possível a vivência de um projeto de paz e justiça que se faz através da reconciliação.
A reconciliação provém de Deus, que a tornou possível através da morte e ressurreição de Jesus (2 Coríntios 5.18). Através de Cristo, fomos reconciliados com Deus. Por isso, somos embaixadores e embaixadoras de Jesus que fala e age por meio das pessoas. Deus nos incumbe de uma missão que abrange o âmbito público e particular: ser emissários do seu amor para com seus filhos e suas filhas.
(...) A fé é dom de Deus e se manifesta no serviço. Deus realiza o seu serviço no mundo através das pessoas, que são chamadas e capacitadas para serem sacerdotes e sacerdotisas que anunciam e vivem o amor de Deus.
A educação também é serviço de Deus entre nós e está voltada para todas as pessoas, sem nenhum tipo de discriminação.
As pessoas são chamadas por Deus, através do Espírito Santo, para servir na comunidade educativa. Elas são valorizadas em sua individualidade. Por causa da riqueza que está presente no modo de ser de cada um, diversos tipos de serviço são realizados, o que enriquece e torna possível a edificação de comunidade, pois “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo”. (1 Coríntios 12.4-5).
Através do serviço ao outro, anunciamos o Evangelho em palavra e ação, mantendo a necessária coerência entre o coração e a boca. Essa postura é fruto de uma educação que deixa transparecer a esperança, a fé e o amor que movem o ser e o fazer da pessoa.
Para cumprir a vontade de Deus, por intermédio de Jesus, recebemos a promessa de que ele está ao nosso lado: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mateus 28.20). Deus também nos auxilia e capacita para a tarefa de educar, através da ação do Espírito Santo: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas (...) até aos confins da terra.” (Atos 1.8).
A tarefa de educar na fé em Deus extrapola limites e fronteiras estabelecidas pelas leis humanas. Ela também é testemunho da boa nova da salvação, pois sua finalidade consiste na preservação da criação de Deus e na construção de relações de paz, justiça e solidariedade.
Diretrizes da Política Educacional da IECLB
Texto completo das diretrizes
O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre Diaconia:
Em Jesus Cristo, Deus se revela como o Deus sensível à dor e aos sofrimentos do ser humano. Nenhum sofrimento lhe passa despercebido! Em Jesus, Deus nos mostra, de forma radical, que ele não é indiferente, sem sentimento, mas que sofre, chora, ama, se entregou, que busca porque quer sarar, curar, perdoar, salvar.
A Páscoa tem a ver com a inconformidade de Deus com a morte que se manifesta de inúmeras formas, também em nossos dias, como na intolerância religiosa, na violência, na corrupção que marca a vida política, no tipo de religiosidade que não se traduz em uma prática de solidariedade, vida em comunhão, gestos de paz e perdão.
Mensagem da Páscoa – 2012
Texto completo da Mensagem
Um princípio fundamental da Reforma, no século XVI, e parte integrante da confessionalidade luterana, é também o total respeito à consciência de cada pessoa e a suas próprias decisões de fé, ainda que a Igreja deva proclamar sempre e em todos os lugares os valores da Palavra de Deus. Entre estes se destacam o cuidado para com toda a criação, a dignidade de todo ser humano como criatura criada à imagem de Deus e a edificação de comunidades acolhedoras e fraternas, nas quais não haja exclusões e onde, por isso mesmo, gozam de especial carinho todas as pessoas pobres, as que padecem necessidades ou sofrem injustiças e opressão.
Manifesto Pelo Fim da guerra santa nas eleições – 2010
Texto completo do Manifesto
Embora as dificuldades em compreender analiticamente o complexo contexto presente que a desafia, a IECLB sente-se chamada a estar junto e a caminhar solidariamente com pessoas em suas angústias, dores, necessidades, compartilhando com elas os valores do evangelho e a riqueza da sua herança confessional, buscando com elas discernir e disseminar novos sinais de esperança.
Manifesto Unidade: Contexto e Identidade da IECLB – 2004
Texto completo do Manifesto
É normal que as pessoas sintam necessidade de fazer por merecer uma boa imagem — o que, porém, não passa de uma vã tentativa de reconquistar por próprias forças a imagem perdida de Deus. Quem aceita o amor de Deus, porém, está livre dessa escravidão do merecimento, de querer conquistar uma boa imagem pelo trabalho, pela inteligência, pela riqueza, pela beleza física, pela roupa que usa, ou pela própria religiosidade. Esta é a linguagem da lei do mercado: “Você precisa fazer algo para ser alguém”. “Você precisa ser poderoso e influente.” “Você precisa ter muitos bens.” “Você precisa...” Entretanto, essa concepção do ser humano está totalmente distorcida. Diante de Deus você não precisa nada disso. Ao contrário, o ser humano é amado por Deus gratuitamente. Isso é válido indistintamente para todas as pessoas. Ninguém é excluído. Vale para sãos e doentes. Vale para o feto e o enfermo terminal. Vale para as pessoas fortes e belas e, em igual medida, para as pessoas portadoras de deficiência física ou mental. Vale para os virtuosos, mas também para os criminosos. Todas as pessoas, sem exclusão, são imagem de Deus. Pela fé, aceitamos o amor de Deus, a imagem que Deus nos dá. Isso é salvação: sentido e esperança para quem aceita o amor de Deus.
Seriam, então, o pecado humano, a injustiça e a violência, aceitáveis? De forma alguma. Ao contrário, o amor incondicional de Deus é a fonte mais poderosa de superação de toda injustiça e violência. Na fé, a pessoa já não tem necessidade de ser egoísta e egocêntrica, “em-si-mesmada” (assim os reformadores do século XVI caracterizaram a natureza do pecado: não em primeiro lugar falhas morais, mas a realidade da pessoa não voltada nem para Deus nem para o próximo, mas encurvada sobre si mesma). Pela fé em Cristo a pessoa é reconciliada com Deus e, assim, passa a atender o próximo em suas necessidades. Ou seja, o “em-si-mesmado” precisa ser curado, mediante a reconciliação que o amor gracioso de Deus proporciona.
Manifesto sobre a Violência no País – 2002
texto completo do Manifesto
(...)... redescobrimos que a missão abarca todas as necessidades de vida das pessoas bem como de toda a criação. Falamos, portanto, em dimensão holística da missão. A alternativa entre missão pela palavra ou missão pela ação diaconal devemos ter como superada. Palavra e ação não se excluem, nem podem ser colocadas em sequência prioritária. Muito antes, ambas necessitam uma da outra. Elas se mesclam e se complementam mutuamente, visando à salvação integral em nível pessoal, sócio-estrutural, bem como cósmico. Segundo o evangelista Mateus, a missão se resume no peregrinar pelas vilas e cidades ensinando, pregando e curando (Mt 4.23; 9.35). De fato, Jesus viu as multidões e delas se compadeceu (Mt 9.36).
Posicionamento IECLB no Pluralismo Religioso – 2000
Texto completo do Posicionamento
Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a Glória de Deus. (Rm 15.7) (...) Lembramos que o Crucificado vive e pelo Espírito Santo nos faz viver em comunidade. Nela vivemos e servimos, pela sua santa e graciosa vontade, desde Pentecostes até a sua segunda vinda. A partir do Batismo fazemos parte da grande família de Deus, sinal visível da esperança pascal. No sacrifício do seu Filho Deus nos acolheu incondicionalmente. Este ato de amor engloba todas as pessoas. Nada que uma pessoa é ou faz pode excluí-la deste amor. Por isso, como comunidade cristã, não podemos aceitar que pessoas sejam marginalizadas ou excluídas da convivência social e comunitária.
Posicionamento sobre Homoafetividade – 1999
Texto completo do Posicionamento
Como Igreja temos a consciência de que não podemos aceitar como natural que pessoas morram de fome, que crianças, geração após geração, nasçam e cresçam subnutridas. Como Igreja não podemos ficar só na indignação diante de notícias veiculadas pela TV e pelos jornais. Mais do nunca somos chamados para ações concretas de solidariedade e para a defesa de iniciativas de médio e longo prazo, que ultrapassem mandatos e governos.
Manifesto Solidariedade com as pessoas do Nordeste – 1998
Texto completo do Manifesto
Somos Igreja pela graça de Deus. Vocacionados para a evangelização, a diaconia e o ensino. Igreja a serviço de Deus no mundo. E somos Igreja porque somos comunidade; povo de Deus.
Somos igreja luterana e, como tal, afirmamos a nossa continuidade histórica com os princípios da Reforma do séc. XVI. Somos IECLB e, afirmamos a nossa vocação para o serviço a Deus neste lugar que se chama Brasil. Somos igreja brasileira e nos comprometemos a servir a Deus neste contexto de dor e sofrimento, angústia e fome, sincretismo e comércio religioso; contexto de desafio mas também de esperança, expectativa e futuro.
Agradecemos a Deus pela vocação para ser Igreja e assumimos os desafios desta hora, reconhecendo a necessidade que temos do próprio Evangelho, da conversão e da fraternidade. Celebramos a diversidade de dons e ministérios que enriquecem a vida desta Igreja, tornando-a mais viva e solidária. E, de forma enfática, expressamos, a necessidade que temos de cumprir com o sacerdócio universal de todos os crentes e buscar por um jeito de ser igreja que priorize o caminho mais do que a cadeira, o corpo mais do que a parte, a comunidade mais do que a estrutura, a vida mais do que a morte e a Palavra de Deus mais do que a nossa palavra.
Mensagem do Concílio da Igreja – 1994
Texto completo da Mensagem
Renúncia ao proselitismo e oposição a ele, porém, não equivalem a renúncia à missão. A partir do Evangelho, a IECLB permanece incumbida do testemunho público e da criação de comunidades. É Igreja de Jesus Cristo, alicerçada na verdade da Palavra de Deus e por isto crítica frente a todas as formas de sedução religiosa. A oposição ao proselitismo não pode servir de pretexto para o imobilismo evangelístico. Importa tão-somente que o método esteja em consonância com o Evangelho. Assim sendo, a IECLB vai unir ao testemunho da palavra a ação do amor; à pregação, o gesto evangélico; ao chamado para a fé, a misericórdia. Sob a perspectiva evangélica, a missão autêntica necessita ser acompanhada da diaconia, e vice-versa. A união de ambas protege, a um só tempo, contra uma missão proselitista e uma diaconia que se esgota em mera promoção social. A salvação pretendida por Deus tem em vista o ser humano em seu todo, incluindo corpo, alma e espírito.
Posicionamento Missão e Proselitismo – 1994
Texto completo do Posicionamento
Ao diálogo e ao testemunho deve associar-se finalmente o serviço. Sob o ponto de vista cristão, o amor faz parte da ortodoxia da fé. Não há missão verdadeira sem a diaconia. É ela que normalmente abre os espaços para o anúncio e o diálogo, comprovando-lhes a autenticidade. Como membros da IECLB convivemos com outras denominações e confissões. Convivemos com pessoas que têm necessidade, perguntas, angústias. Nossa maneira de conviver é fundamental para a credibilidade de nosso discurso. Missão não se faz apenas pela boca. Requer mãos e pés engajados, sensibilidade para o sofrimento, a demonstração de misericórdia. Jesus veio para servir. Misturou-se com as pessoas necessitadas de seu tempo e comprometeu seus discípulos a fazerem o mesmo. “Religião” pode ser abusada, pervertida em negócio, servir à opressão. O amor a isto vai opor-se e preconizar a maravilhosa liberdade dos filhos e das filhas de Deus, sendo que não permitem ser ignoradas as necessidades humanas de qualquer espécie, sejam elas de ordem material, espiritual, social ou outras. No diálogo e no testemunho evangélico o amor costuma ser o mais forte dos argumentos. O pluralismo de nossos dias de modo algum anulou esta verdade elementar.
Posicionamento A Confissão Luterana na concorrência religiosa – 1993
Texto completo do Posicionamento
Jesus consumiu a sua vida no serviço ao próximo, assumindo com radicalidade esse ser¬vir em amor, a ponto de ter morrido por nós. Nós, como cristãos da IECLB, somos chamados a testemunhar este amor (Jo 13.35) de forma concreta.
(...) É nossa tarefa valorizar os sem valor e dignificar os desprovidos de garantias humanas básicas. Como IECLB queremos fazer isto não por e para nós mesmos, mas para testemunhar o amor de Deus por nós. Amamos, porque ele nos amou primeiro. (I Jo 4.19)
Sendo experimentadores da reconciliação de Deus para conosco, somos impulsionados a esquecer as coisas que ficam para trás e avançar para os desafios que estão diante de nós (Fp 3.13).
Posicionamento sobre o trabalho com crianças e adolescentes empobrecidos na IECLB – 1993
Texto completo do Posicionamento
Compete à Igreja de Jesus Cristo, comprometida com o serviço à vida e engajada em ampliar os espaços da fé, da esperança e do amor, denunciar o que destrói a paz e fere os direitos de Deus. Entre as grandes ameaças da atualidade está, não por último, a obsessão racista.
(...) Do ponto de vista cristão não há como justificar racismo de qualquer tipo. Deus criou um mundo multiforme, em que cada peça tem sua característica inconfundível. Diversidade é a marca da criação. Mas é uma diversidade na mesma dignidade. Nenhum ser humano, por pertencer a outra raça, cultura ou sexo, é inferior ou menos valioso. O propósito de Deus não está na segregação de grupos e categorias humanas, e, sim, na complementação de uns pelos outros e no serviço mútuo, usando cada qual o dom que recebeu. Discriminação racial equivale a desprezo ao Deus Criador, que moldou a criação assim como a fez e que por amar a ela deu seu Filho Unigênito. Resulta daí o compromisso com a meta da parceria fraternal entre raças, povos e culturas.
É um compromisso válido para todos, independentemente de seu credo. Baseia-se, não por último, no que é óbvio: violência cria tão-somente violência. Ódio é o início do assassinato. Opressão provoca reação. Seja o radicalismo de direita, seja o de esquerda, desde que preconizador de meios violentos e de brutal dominação de uns sobre os outros, vai produzir o inferno da guerra civil e uma cultura da violência, em que todos são vítimas potenciais. Cria-se um clima generalizado de terror. O racismo é uma das forças que na história humana responde por indizível sofrimento.
Manifesto Deus não é Racista – 1992
Texto completo do Manifesto
A fé em Cristo leva necessariamente à ação em favor do próximo. Sempre que essa ação faltar, na verdade há falta de fé e desobediência à vontade de Deus. Por isso, ao dirigirmos esta palavra às comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil ( IECLB), apontando para a responsabilidade social que nos cabe como cristãos, devemos, antes de mais nada, confessar que muito temos pecado diante do Senhor, pela nossa omissão. Vezes sem conta aconteceu que Jesus, passando fome, não lhe demos de comer; estando Jesus com sede não lhe demos de beber; sendo Jesus forasteiro não o hospedamos; estando Jesus nu, não o vestimos; estando Jesus enfermo, não o visitamos; estando Jesus preso, não fomos vê-lo ( Mt. 25.35-36).
Nós assim nos omitimos no âmbito das nossas comunidades, onde fechamos os olhos, diante do que se passa ao redor de nossos templos. Nós assim nos omitimos em âmbito nacional, fechando os olhos diante das injustiças sofridas por compatriotas nossos. Nós assim nos omitimos diante do sofrimento de povos e indivíduos em todo o mundo. Assim agindo, tornamo-nos desobedientes e negamos aquele que confessamos como nosso Senhor. Cabe-nos, pois como cristãos, como comunidade e como Igreja reconhecer a nossa culpa, arrepender-nos e pedir perdão, expressando tudo isto numa ação eficaz em favor de Jesus faminto, sedento, forasteiro, nu, enfermo e preso, ao nosso redor.
Como cristãos confessamos que a vida é uma dádiva de Deus. Tudo o que somos, e tudo quanto temos dele provêm: Nossas capacidades técnicas e intelectuais, a natureza e o mundo. A responsabilidade pelo uso disto devemo-la ao próprio Deus doador (Gn 1.26-28). Ao nosso lado se encontram os nossos semelhantes, igualmente aquinhoados (Is 11.1-10). Não temos direito a fazer uso deles. Ao contrário, devemos garantir-lhes tudo quanto lhes é de direito. Mais uma vez devemos prestar contas ao Criador, Senhor único de todos os homens.
A boa criação compreende para todos trabalho e saúde, moradia e sustento, cultura e lazer, convivência e liberdade. Sempre que um desses elementos faltar para um só ou mais seres humanos divisamos o mundo caído, rebelde a Deus (Rm. 1.28-32). A consciência cristã acusa o pecado - tanto na esfera individual quanto na social (Rm. 3.9-18). O excesso e o abuso, bem como as distorções destes elementos, são o outro lado da moeda: Sustenta sem trabalho próprio, mas às custas do alheio (Ts 3.10-13); consumismo esbanjador em vez de sustento básico (Ex 20.8-11); trabalho escravo sem lazer, convivência marginalizada sem escola (Jr. 6.11-17); subsistência sem liberdade são apenas algumas das possibilidades (Is 5.8). Destruição da natureza, concentração de riqueza, emprego da força, infração dos direitos dos outros são apenas algumas das consequências daquelas distorções fundamentais (Am 5.7, 10-12). Seu resultado para os homens é auto-suficiência, orgulho, ganância, ânsia de consumo e arbitrariedade entre os privilegiados (Am 8.4-6); fome, miséria, desalento e injustiça entre os demais. De qualquer modo, sofrimento sem fim (Tg. 5.1-6).
Contudo, onde a consciência acusa, o Evangelho levanta a voz profética para chamar ao arrependimento, à libertação e à mudança radical (Mc 1.15). O Evangelho é o próprio Jesus Cristo que sofreu o mundo caído para libertar o homem pecador (Lc 4.18-21). Em sua cruz confessamos a ação de Deus (I Cor 1.18-25). Por isso também hoje não conseguimos ver Deus no progresso, mas sim naqueles que são por ele triturados não no poder, mas naqueles que são por ele abatidos, não no dinheiro, mas naqueles que não tem como comprar o elementar para suas vidas (Mc 8.34-38). Deus simultaneamente padece e liberta ainda hoje. Assim a neutralidade se nos torna impossível (Rm 12.9-21). Somos chamados a tomar partido: Queremos subir na vida ou descer à cruz de nosso semelhante? Queremos nos unir ao círculo dos interessados em si mesmo ou dar as mãos para viver o amor de Cristo?
A renúncia a nós mesmos e o discipulado de Cristo nos são possíveis quando acatamos esse mesmo serviço de Deus na cruz, que nos arranca de nossa profunda insegurança e nos faz andar o caminho de Deus no mundo (I Jo 4.9-17). Assim colocamos toda a nossa capacidade, profissão, obra, posição, bens e vida a serviço de quem de nós necessita. Esse caminho da renúncia e da solidariedade é e será vitorioso. Isso confessamos como nossa esperança inabalável.
Manifesto Nossa Responsabilidade Social – 1978
texto completo do Manifesto
Intensificar e aperfeiçoar a diaconia para a qual somos chamados e libertados. Esta diaconia pode ter muitas formas. Ela pode ser a assistência direta de um membro a outro em qualquer necessidade, pode ser o trabalho social organizado dentro e por responsabilidade de uma comunidade, pode ser o serviço de aconselhamento, o cuidado para com os órfãos, pobres, doentes, velhos, presos, etc. Mas diaconia evangélica tem ainda outro aspecto: É a denúncia de injustiças, é a voz profética da comunidade que critica o desrespeito à dignidade do homem, é a manifestação pública da vontade de Deus em defesa de sua criatura. Por este motivo não só a esfera particular, mas também a política é campo de atuação cristã. Cabe à Igreja ser uma espécie de consciência da sociedade, criticando e advertindo, onde necessário for, e colaborando, onde o bem do homem for promovido. A Igreja não se dará por satisfeita com a cura das enfermidades da sociedade e do indivíduo, ela se empenhará também na eliminação das raízes dos flagelos atuais. A execução desta diaconia, porém, pressupõe olhos dispostos e treinados a enxergar a miséria dos irmãos, clara consciência no que diz respeito aos perigos e às ameaças da nossa sociedade, ela pressupõe ampla visão das nossas tarefas cristãs, sensibilidade e realismo frente aos inúmeros problemas que atormentam o mundo e motivação evangélica para levantar a voz e usar os braços. Comunidade diacônica e comunidade vigilante.
Posicionamento Discipulado Permanente – Catecumenato Permanente – 1974
Texto completo do Posicionamento
2. Desdobramentos práticos de Diaconia – solidariedade:
Algumas comunidades também são exemplo de espaços de acolhimento e cura, através do serviço de consolo e apoio a enlutados e enfermos. O serviço de consolação visa a prestar solidariedade a famílias enlutadas que não estão integradas em igrejas e a acompanhar enfermos internados em hospitais, em clínicas, ou, até mesmo, em seus lares. Por meio da visitação, se manifesta o poder que o amor de Deus tem para transformar a igreja, a sociedade e a vida. O agir em nome de Deus não pode ficar na vontade ou no discurso. Ele implica ação responsável e transformadora, restauradora e curativa. Para tanto, a comunidade missionária precisa também planejar, coordenar, acompanhar e avaliar seu serviço, suas ações ou iniciativas.
Reconhecer as necessidades materiais de uma população empobrecida e ali colocar-se a serviço para transformar é um meio de assumir a vocação diaconal e missionária da comunidade. Como também é ação missionária engajar-se em defesa dos direitos fundamentais das pessoas, como o das pessoas com deficiência, que podem sentir-se acolhidas e valorizadas na comunhão luterana. Diante das situações de enfermidade e de luto, que provocam sofrimento a muitas pessoas, dedicar-se à consolação também é uma forma de mostrar o amor de Deus e de valorizar a vivência solidária na comunidade. São exemplos de diaconia, de manifestação do agir restaurador e curador da comunidade missionária. São exemplos de ações de misericórdia e de justiça que se manifestam através da assistência, da solidariedade, da ação política e da parceria. Ou seja, são a fé e a espiritualidade que se tornam ativas no amor. Estão predispostas à prática diaconal, à solidariedade voluntária, ao engajamento na missão de Deus, promovendo vida plena neste mundo através do serviço ao próximo e à sociedade. É a ação de serviço, a partir da identidade cristã, que se dá num contexto de sofrimento e injustiça com a finalidade de transformar, que chamamos diaconia.
Assim, engajamento diaconal é um lugar privilegiado para a vivência do sacerdócio geral para o qual fomos ungidos por ocasião do batismo. O crescimento das comunidades e paróquias da IECLB dependerá em boa medida da relevância diaconal que possam conquistar na sociedade em que estão inseridas. Nesse sentido, a sociedade coloca muitos desafios para o serviço da comunidade missionária junto a pessoas em situação de sofrimento psíquico e espiritual, econômico e físico. Dependerá da disponibilidade para tornar-se comunidade solidária, terapêutica, curadora – igreja para os outros.
Ser igreja para os outros é olhar com o olhar apaixonado de Deus para pessoas e famílias que sofrem com a dependência química. É perceber as pessoas que sofrem com a solidão e a depressão, e exercer um ministério curador e restaurador, oferecendo comunhão e esperança. É estar atenta para as situações de conflito, ajudando na mediação e buscando a reconciliação entre as pessoas. É assumir uma postura acolhedora para com pessoas que vivem com HIV/Aids. É promover espaços de perdão e cura, de justiça e paz, de prática do amor e de luta contra toda forma de opressão, seja entre crianças, junto aos jovens, nas famílias e com pessoas idosas, em qualquer situação de sofrimento e privação.
Muitas vezes, a diaconia se caracteriza por ações espontâneas, diante de situações bem específicas, como, por exemplo, campanhas de ajuda humanitária ou a visitação a um membro da comunidade que está doente, etc. Mas o agir restaurador e curador da comunidade pode constituir-se em um testemunho mais eficaz do amor de Deus quando a comunidade entende o serviço como uma dimensão estratégica de sua missão. Então, ela identifica e valoriza os dons de cada membro e ajuda para que sejam desenvolvidos em função do serviço. A comunidade percebe a importância de planejar suas ações diaconais, porque assim otimiza os recursos humanos, financeiros, estruturais que sua ação demanda. Ao mesmo tempo, contribui mais eficazmente para as transformações sociais que resultem em bem-estar para todas as pessoas. A comunidade que se sente chamada para a diaconia também reconhece e promove grupos como os da OASE, cujo objetivo é realizar a comunhão, o testemunho e o serviço. Grande relevância social tem hoje todo serviço às pessoas em situação de sofrimento e de carências. Importa desenvolver sensibilidade para as necessidades e dores da sociedade e adquirir competência solidária. Importa, ainda, estabelecer parcerias com organizações, com empresas ou com o poder público no sentido de unir esforços na luta em favor da dignidade humana.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – texto-base
Texto-base completo
Assim, confessando a soberania de Deus, revelada a nós em Jesus Cristo, não reconhecemos sobre nós nenhuma outra autoridade do que a desse Deus de amor. Portanto, não podemos fazer nenhuma distinção de valor entre as pessoas, criadas todas elas à imagem de Deus, e pelas quais Jesus Cristo se doou. Afirmamos a necessidade de respeitar integralmente a diversidade cultural, étnica e religiosa. Comprometemo-nos, particularmente, em:
(...) - exercer, na vivência comunitária, na missão e na diaconia, uma prática em favor da inclusão social, superando toda espécie de exclusões;
- assumir com mais intensidade nossa responsabilidade pública, contribuindo para fazer do Brasil um país mais justo e mais solidário, superando a pobreza e a miséria;
Mensagem sobre os 180 anos de suas primeiras comunidades – 2004
Texto completo da Mensagem
A partir do desafio a nós colocado pelo Evangelho em sermos Igreja Missionária a Serviço da Vida, e da motivação dada pela pedagogia de Jesus, entendemos que o referencial metodológico para nossa ação junto à criança e ao adolescente empobrecido é determi¬nado pelos seguintes pressupostos:
* A realidade em que vive a criança e o adolescente empobrecido é fruto de uma estru¬tura sócio-político-econômica injusta e excludente.
* A criança e o adolescente são sujeitos de direitos.
* A criança e o adolescente devem ser respeitados na sua condição peculiar de ser em desenvolvimento.
A partir destes pontos, destacamos os princípios metodológicos, os quais devem nortear nossa ação.
* Possibilitar à criança e ao adolescente a reflexão sobre sua situação e o porquê da mesma, desenvolvendo uma consciência crítica.
* Possibilitar a participação da criança e do adolescente no processo educativo, a fim de desmistificar a ideologia de que uns sabem e outros não.
* Priorizar a ação que possibilita a convivência familiar e comunitária.
* Desenvolver ações que levem à construção de novas relações de fraternidade, solida¬riedade e justiça.
* Respeitar os valores e a cultura da criança e do adolescente, com o qual estamos tra¬balhando.
* Ouvir, amar, respeitar a criança e o adolescente, a fim de que se tornem, de fato, su¬jeitos de seu processo histórico.
* Desenvolver nossa ação de forma orgânica e articulada com outras instituições e mo¬vimentos populares, com vistas à defesa dos direitos e construção da cidadania das crianças e dos adolescentes.
* Desenvolver um trabalho interdisciplinar na perspectiva de atender a criança e o ado¬lescente como um todo (aspectos físicos, psicológicos, espirituais, sociais e culturais).
* Desenvolver ações de denúncia da violação dos direitos da criança e do adolescente, reivindicando o cumprimento do ECA/Estatuto da Criança e do Adolescente, articula¬da a outros organismos afins, sem perder de vista o papel e o compromisso do Esta¬do.
* Criar espaços na Igreja, em todos os níveis, para a compreensão e abertura ao diferente.
* Realizar uma constante avaliação de nossa ação.
Posicionamento sobre o trabalho com crianças e adolescentes empobrecidos na IECLB – 1993
Texto completo do Posicionamento
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil convida suas Comunidades e instituições, suas Igrejas-irmãs e todos os segmentos da sociedade brasileira a combater as expressões racistas que há em suas próprias fileiras. Parceria fraternal entre raças, culturas e etnias também no Brasil permanece sendo um alvo a perseguir, a despeito dos inegáveis sucessos havidos no complexo processo de integração das diferenças. Como cristãos e cidadãos temos o dever de nos opor aos indícios do pensamento racista e de colaborar na eliminação dos fatores que o produzem ou oportunizam. Diz a Bíblia: Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (Gênesis 1.31). Proíbe-se ao ser humano desprezar o que Deus revestiu de tamanha dignidade.
Manifesto Deus não é Racista – 1992
Texto completo do Manifesto
Na prática, há problemas que podem ser solucionados por atos individuais. Muitos, porém, só podem ser atacados pela ação coletiva. Tampouco basta a ação meramente caritativa e assistencial; é necessária igualmente a ação pública e transformadora. Como agir numa comunidade? Cada qual deverá encontrar a solução mais condizente com a situação peculiar. Sugerimos a criação de pequenos círculos com a finalidade de:
- identificar, numa reflexão conjunta, as situações de necessidade na sociedade em geral e particularmente na comunidade local;
- procurar agir no sentido de transformar tais situações, levando à comunidade impulsos para um engajamento social que envolva o maior número possível de membros;
- colaborar e solidarizar-se com outros grupos de propósito idênticos.
Se nos voltarmos assim para o pequeno círculo de nossa comunidade local ou eclesial, podemos questionar-nos para saber quantos de nossos irmãos são vítimas da injustiça, do pecado no âmbito social, em suas diversas formas? Quantos de nossos vizinhos ou conhecidos são vítimas da ignorância por falta de oportunidades? Quantos deles, querendo trabalhar, não obtêm um emprego e um nível de renda convenientes para satisfazerem suas necessidades básicas? Quantas pessoas são oprimidas por doenças decorrentes da fome e da miséria e não podem valer-se por si mesmas? Quantas são vítimas de preconceitos ou de perseguições? Quantas vezes já dedicamos algum tempo a interessar-nos por pessoas necessitadas e indefesas? Ou será que sempre e exclusivamente nos preocupamos apenas com o nosso bem-estar individual e familiar? Examinando, pois, os problemas de subsistência, habitação, saúde, educação, emprego, distribuição de renda, criminalidade, vício e outros em nosso meio, quais são os recursos de que dispõe a nossa comunidade? Qual é a composição profissional de seus membros? Quais são os instrumentos e organizações para a transformação? São eles apropriados para tal objetivo? Em suma: que quer Cristo de nós diante de tais situações?
Manifesto Nossa Responsabilidade Social – 1978
Texto completo do Manifesto