Da Missão Suburbana à Paróquia Norte

Breve história da presença luterana na região norte da cidade do Rio de Janeiro

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Da Missão Suburbana à Paróquia Norte

Breve história da presença luterana na região norte da cidade do Rio de Janeiro

Introdução

No início dos anos 70, um grupo de pessoas, em sua maioria membros da Paróquia Martin Luther, residentes na região norte da cidade do Rio de Janeiro, uniram-se para celebrar ali mesmo onde moravam. Assim nascia a Paróquia Missão Suburbana. No início, os grupos nascentes receberam o auxílio do Pastor Kräutlein, da Paróquia Martin Luther, até que, em 12 de agosto de 1973, o Pastor Robert H. Fedde foi instalado como primeiro pastor regular da Missão Suburbana. Os primeiros cultos na nova área missionária foram celebrados na Ilha do Governador, no dia 19/08, Vila Valqueire, 14/09, na cidade do Rio de Janeiro, e em outros municípios do Estado do Rio de Janeiro, como Jardim Primavera (Duque de Caxias), em 02/09; no templo da Igreja Presbiteriana (Nilópolis), em 30/09; e em Resende, em 26/10.
A Paróquia Missão Suburbana, ligada à União Paroquial do Rio de Janeiro, abrangia os bairros Ilha do Governador, Jardim Primavera, Vila Valqueire, Penha, Brás de Pina, Nilópolis e Estação do Rocha. Durante mais de IO anos os cultos, estudos bíblicos, reuniões da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE), Grupo Estudar, Compartilhar e Orar (ECO), Juventude Evangélica (JE), Escola Dominical (ED) e outros, foram realizados nas casas de famílias de membros e em locais cedidos ou alugados para tanto. O sonho da aquisição de local próprio embalou e uniu os núcleos, até que em 24 de junho de 1984, com a presença do Pastor Distrital Werner Brunken, a pedra fundamental do primeiro templo da Missão Suburbana foi lançada, na Ilha do Governador, à Rua Sobragi, no 88.
Passados 23 anos do lançamento da primeira pedra fundamental, e após muitos desafios, a Paróquia Norte, hoje formada por duas comunidades - Bom Pastor, na Ilha do Governador, e Castelo Forte, em Jacarepaguá - e um ponto de pregação - Bom Mestre, em Brás de Pina - segue celebrando e convidando a celebrar ao Senhor nosso Deus.
A história destes núcleos, pois assim se denominavam inicialmente, desenvolveu-se unida, como família de Cristo congregada em celebração, e também separadamente, conforme as peculiaridades de cada grupo e local. Por isso faz-se necessário apresentar, em rápidos traços, essa caminhada, tanto conjunta quanto individual.

Comunidade Bom Mestre

A Ata que inaugurou o livro de registros da Paróquia, iniciado em 13 de março de 1983, registrou entre os progressos do ano de 1982: elegemos três conselhos, um em cada comunidade com reuniões uma vez por mês (...) escolhemos nomes para nossas comunidades: Bom Pastor (Ilha); Bom Mestre (Brás de Pina) e Castelo Forte (Vila Valqueire) (p. 3). O núcleo Bom Mestre começou pequeno, mas nem por isso menos ativo. Quando da nomeação e fundação oficial do núcleo, em 1982, constam como membros fundadores 17 pessoas, a saber, Rodolpho Ricardo Alfredo Albrecht, Norberto Albrecht, Mena Ewald, Albert Waldemar Güntespenger, Ursula Kern, Hans Meier e Helena Meier, Ellen Naeveke, Walter Nieling e Elza Nieling, Olav Adi Pooter e Eloisa da Cunha Pooter, Anita Schlösser, Karl Rolf Friedrich Walter e Estelia Walter, Carl Heinz Bartosch e Editha Ema Bartosch. O primeiro presbitério foi composto da seguinte forma: presidente Albert Waldemar Güntesperger, vice-presidente Rolf Karl Friedrich Walter, secretário Carl Heinz Bartosch e tesoureiro Olav Adi Pooter.
Durante 14 anos a sra Ellen Naeveke cedeu as dependências de sua casa para que fossem realizados os encontros comunitários, tendo inclusive, permitido a colocação de uma placa indicativa de que ali se realizavam os cultos da Igreja Luterana (ata de 15/05/1983, p. 8). Outros membros também abriram suas portas para as diversas atividades realizadas neste núcleo ativo e cheio de fé. Além dos cultos dominicais, realizavam-se estudos bíblicos, encontros de ECO, mais de um grupo de Escola Dominical, grupos de Juventude Evangélica, da qual o primeiro encontro foi realizado no dia 06/03/ 1983, na casa da família Hochwart, e de confirmandos, OASE e do Conselho Comunitário.
Com alegria pôde o núcleo registrar a estréia do órgão elétrico, em 07 de julho de 1982; a visita do P. Morris Sorensen, assistente do Presidente da American Lutheran Church; o fato de ali ter sido sabatinado o futuro Pastor Rolf Schünemann, entre outras tantas atividades. O sonho de um local próprio para as celebrações foi acalentado e buscado com intensidade. Festas, bazares, coletas, inclusive das comunidades de RE I (11/05/1986), foram realizados para o provimento do Fundo Especial. Em 1983, um grupo de Escolas Dominicais dos Estados Unidos enviou oferta, e em 13 de junho de 1986, foi enviada oferta da comunidade em que o Pastor Robert H. Fedde atuava nos EUA. Também vários grupos de OASE do Brasil enviaram suas ofertas (São Bento/ SC, Friburgo/ RJ, Marechal Cândido Rondon/ PR, Esteio/RS, Presidente Getúlio/SC e Chapecó/SC).
Em abril de 1985, surgiu o primeiro número de A Trombeta, boletim informativo do núcleo Bom Mestre, tendo como redator o sr. Carl Heinz Bartosch. Completado um ano de circulação deste boletim, o Presidente da Paróquia Missão Suburbana, Carlos Doettling Jr., solicitou que esse fosse enviado a todos os membros da Paróquia, o que foi feito a partir de abril de 1986 (ata de 06103/1986, p. 37b).
O núcleo manteve-se unido e participativo, junto com os demais núcleos desta Paróquia, celebrando em conjunto nos Dias Paroquiais, realizados desde 1985, tanto em rodízio, como em Araras e no Alto da Boa Vista; enviando ofertas para a Creche Bom Samaritano; prestigiando as celebrações de aniversário da Paróquia Martin Luther; partilhando seu Fundo Especial, quando isso se fez necessário, como na conclusão de obras nas Comunidades Bom Pastor e Castelo Forte e na compra de novo veículo pastoral.
Em 1988, o sonho da aquisição de terreno para a construção de local próprio deixou de existir por não termos a quem recorrer para complementar financeiramente o ônus a ser assumido (ata de 23/03/1988, p. 46) e o núcleo Bom Mestre deixou de existir, temporariamente, como pastorado (p. 47), passando seus membros a freqüentarem os cultos da Comunidade Castelo Forte. Em 1991, com a chegada do Pastor Guilherme Lieven, foram retomados os cultos, que passaram a ser mensais, e por sugestão do pastor, membros deste núcleo passaram a ter assento no presbitério da Comunidade Castelo Forte.
É bom lembrar que o grupo da OASE da Comunidade Bom Mestre nunca deixou de existir. Tendo eleito sua primeira diretoria em 09/12/1982 (Érika Hochwart, presidente, Ellen Naeveke, vice-presidente, Úrsula Kern, secretária e Maria Eloíza da Cunha Pooter, tesoureira), este grupo continuou a se encontrar, a realizar bazares, em beneficio de outras Comunidades, a participar das diversas atividades promovidas pelos demais. Atual grupo do ponto de pregação Bom Mestre núcleos, pela União Paroquial bem como do Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro e da Região Eclesiástica I, mesmo no período em que o próprio núcleo deixara de existir.
Após um novo período de inatividade, os cultos voltaram a ser celebrados mensalmente nas casas de famílias deste núcleo Bom Mestre que, com a bênção de Deus, seguirá honrando sua proposta de povo que se une em nome do Senhor.

Comunidade Castelo Forte

O núcleo Castelo Forte teve em seu princípio a firme proposta evangelizadora de ser igreja missionária na grande metrópole. Ênfase na aceitação de Jesus Cristo como Senhor, conversão, batismo de adultos e abertura ecumênica e para membros vindos de outras tradições cristãs, marcaram fortemente os primeiros anos da existência deste núcleo.
A ata de abertura do livro de Atas da Comunidade, na época denominado Livro de Atas Vila Valqueire, registra em 25 de maio de 1978, a participação do Pastor Jon Bell, Peter Gaiser e Ilka Gaiser, Carlos Doettling e Leonore Doettling, Laura Margarida da Silva, José Inácio Marra e Josélia Marra, Antonio Hochwart e Erika Adele Hochwart, Bruno Fehnle e Ilka de Paula Menezes Fehnle. O primeiro assunto da pauta foi justamente a aquisição de um terreno para a construção da Igreja. A primeira diretoria foi composta por presidente Peter Gaiser, secretária Ilka de Paula Menezes Fehnle, tesoureiro Antonio Hochwart e conselheiro José Inácio Marra.
Havia vários grupos de Escola Dominical, para crianças, para jovens e para adultos. Esses grupos reuniam-se após o culto dominical, que, durante 10 anos, foi celebrado na casa de Peter Gaiser. As atas registram a constante preocupação em saber como estavam se desenvolvendo os diversos grupos de estudo e celebração, as reuniões da Juventude Evangélica, que contava com diretoria, o coro e, inclusive, os cultos de oração celebrados na Penha e em Bangu (ata de 07/07/1979, p. 15).
Nesses anos iniciais foram registradas, também, visitas, como a feita por: missionários suíços que sentiram o calor de Cristo em nossa Comunidade (ata de 07/07/1979, p. 15), e uma grande preocupação com os largos momentos de vacância por que passou essa Paróquia. Em 1980, lê-se na ata: com a volta do Pastor Hans Oldehus para sua missão no Norte em julho ficaremos pela terceira vez sem Pastor. (p. 25). Nestes períodos, os cultos foram celebrados por leigos, pelo sr. Hermann Evelbauer, Presidente da UP, pelos Pastores Braun e Kräutlein, lançando-se mão, inclusive, de palestras gravadas (março de 1981). O retorno do Pastor Robert H. Fedde, em outubro de 1981, trouxe novo ânimo para a comunidade.
Em 1982 foi eleita uma comissão para a compra do terreno, composta por Paulo Bosco e João Batista de Moura (ata de 29/06/1082, p. 51). Em 22 de outubro de 1982 foi adquirido o terreno situado à Rua Luís Beltrão, nº 1052, em Jacarepaguá (ata de 26/10/1982, p. 53). Neste local havia uma pequena casa que foi adaptada para servir como local de cultos. O primeiro culto realizado no novo local foi celebrado pelo estagiário Carlos Ulrich, em 29 de janeiro de 1983. O culto de inauguração da Igreja foi celebrado em 16 de junho de 1983, com a presença do Pastor Distrital Werner Brunken. Também em junho de 1983 o Pastor Robert H. Fedde deixa a Paróquia, sendo substituído pelo Pastor colaborador Rolf Schünemann, em agosto do mesmo ano.
Inicia-se aqui uma fase diferente da vida comunitária, com novas ênfases pastorais, como a celebração de um Dia da Comunidade (25/03/1984), criação de um Boletim da Comunidade (1985). Cogitou-se a possibilidade de o Pastor Schünemann assumir o núcleo de Nova Iguaçu (ata de 30/03/1984, p. 67), o que infelizmente não se concretizou. Lembrando-se de suas dificuldades para a aquisição do local próprio, a Comunidade de bom grado acolheu o pedido da Comunidade irmã, Bom Mestre, de empréstimo do seu espaço para a realização de um churrasco beneficente (ata de 26/04/1984, p. 68). E, neste mesmo espírito fraterno, diante das dificuldades pelas quais passava a Creche Bom Samaritano, ofereceu seus préstimos e doações de material de higiene e limpeza durante diversos anos, para que o trabalho junto às crianças carentes não sofresse danos. A Comunidade comprometeu-se, também, a participar do Conselho da Creche, tendo direito a voto, garantido em Estatuto (ata de 29/06/1984, p. 70).
Em 1993, nos fundos do terreno, foi construído um salão paroquial, que serviu de local de celebração até que o novo templo pudesse ser concluído. Nesse ínterim, um incêndio destruiu parte da casa que servira de local de cultos (1996). Ainda nesse ano, foi realizada uma campanha de doações para a construção, que contou com grande ajuda da Paróquia Esperança, de Niterói, e da Comunidade Bom Pastor, da Ilha do Governador (ata de 31/08/1996, p. 6, livro 2). Em 10/02/1998 requereu-se junto à Prefeitura, alvará para a demolição da casa, iniciando-se em março de 1998 a construção da fundação e estrutura do novo templo, com projeto da arquiteta Ângela Elisabeth Denecke Marinari Rodrigues, membro da Comunidade Bom Pastor (ata de 22/03/1998, p. 8, livro 2). A pedra fundamental foi lançada em 07 de junho de 1998. Mesmo não estando concluído o templo, em 02 de dezembro de 2001, dois jovens, Matheus Lucas Gutbrodt e Anderson Walter Trindade, este membro do Ponto de Pregação Bom Mestre, foram ali confirmados.
Com o auxílio da GAW (Gustav-Adolf Werk) a obra pôde ser parcialmente concluída e, em 14 dezembro de 2002 0 novo templo foi consagrado ao Senhor, em culto presidido pelo Pastor Antonio Carlos S. Ribeiro e a Pastora Ramona Elisabeth Weisheimer, com a presença da Pastora Christhild Grafe, da St. Johanniskirche (Decanato de Schweinfurt, Alemanha), do Pastor Sinodal Rolf Schünemann, dos Pastores do Estado do Rio de Janeiro e do Coral da Paróquia Martin Luther.
A Paróquia recebeu a visita de uma Comitiva da Evangelische Lutherische Kirche in Bayern (Igreja Evangélica Luterana na Baviera) composta do Secretário para América Latina, P. Wolfgang Dõbrich, do Diretor do Departamento de Vida Eclesiástica e Ecumenismo, P. Michael Martin, da Presidente do Sínodo da Igreja da Baviera, Heidi Schülke, e da Assessora do Departamento e Secretária Executiva para os Projetos, Dorothea Droste. No domingo 02 de outubro de 2005 foi celebrado o culto na Comunidade Castelo Forte, com a presença da comitiva, ocasião em que foi inaugurada a churrasqueira e o churrasco assado e servido por Edemar Kirsch e Wilson Dockhorn, da Comunidade Bom Pastor.
Em janeiro de 2006, a Paróquia recebeu a visita de um grupo de estudantes do Luther College, de Decorah, Iowa, EUA, liderados pela Pa Dra Wanda Deifelt. O culto foi celebrado na Comunidade Castelo Forte, em conjunto com a Igreja Presbiteriana Unida de Jacarepaguá. Em 30 de abril de 2006, junto com a posse do presbitério eleito em março daquele ano, foi dedicado o mobiliário do templo: o púlpito, a pia batismal, a bancada e a estante do regente. O Coral da Paróquia Martin Luther esteve presente ao evento, ocasião em que a sra Hannelore Weber doou uma Bíblia de leitura.
A parceria estabelecida com o Decanato de Schweinfurt, Alemanha, e a União Paro-quial do Rio de Janeiro, desde a vinda da primeira comitiva alemã, em 1989, levou à realização anual de cultos celebrativos, sempre em setembro, tendo o mesmo tema e a mesma data, tanto no Brasil como na Alemanha, e a visitação mútua, Em 2002, a primeira delegação brasileira visitou o Decanato. Desta delegação fizeram parte membros das diversas Paróquias do Rio de Janeiro e da Creche Bom Samaritano, sendo a Comunidade Castelo Forte representada por Márcia Elisa Kirsch, e a Comunidade Bom Pastor por Ieda Ficks e o casal Lia e Nelson Willrich.

Comunidade Bom Pastor

Na primeira folha do Livro de Registro de Ofícios da Comunidade Evangélica Luterana do Rio de Janeiro (Núcleo Ilha do Governador) consta o batismo de Christian Roger Dockhorn, em 12 de janeiro de 1975. Este livro, que registra todos os ofícios realizados posteriormente nos vários núcleos da Paróquia Missão Suburbana, foi aberto pelo Pastor Robert H. Fedde, em 25 de outubro de 1974. Por essa época, o núcleo da Ilha do Governador celebrava em uma casa alugada, situada na Rua Orestes Rosólia, no 124, Jardim Guanabara.
Logo foi iniciada uma campanha para a aquisição de um local próprio, inicialmente com onze famílias, às quais logo se juntaram mais seis. Foram, então, adquiridos dois terrenos na Estrada da Porteira, no bairro Bancários. Porém, o desnível do terreno e seu difícil acesso não permitiram a construção do templo. Enquanto isso, as celebrações se faziam em uma casa cedida pela sra Joana Baumgart, à Rua Pejuçara, lote 76, no Cocotá. Nesta casa também residiu o Pastor Jon Bell, em 1977. Findo o inventário desta casa, o Pastor Bell transferiu-se para a Rua Marquês de Muritiba, no 810, onde residiu até seu regresso aos EUA, em 1979. O Missionário João Oldehus assistiu a Comunidade de maio de 1979 até julho de 1980. Sem pastor, a comunidade se manteve unida, realizando seus cultos em uma casa alugada à Rua Manuel Marreiros, no Tauá, sendo assistida pelo sr. Hermann Evelbauer, o Pastor Braun e outros, até o retorno do Pastor Robert H. Fedde, em 1981. Por fim, a Comunidade foi acolhida pelo casal Denecke, em sua residência, à Rua Manuel Magioli, no 41, ali permanecendo até que o anexo construído no terreno da Rua Sobragí, no 88, pudesse Primeiro batismo na Paróquia Norte.
A abrigar as celebrações. A pequena cruz móvel e a Igrejinha de madeira, em que se depositam as ofertas, acompanharam a comunidade em boa parte dessas mudanças. Na casa da família Denecke foram iniciados, com o Pastor Schünemann, em caráter experimental, cultos em língua alemã. A área na Rua Sobragi foi adquirida em 1983, após a venda dos terrenos da Estrada da Porteira. O lançamento da Pedra Fundamental se deu em 24 de junho de 1984, sendo o primeiro culto ali realizado em 30 de setembro de 1984. Porém, ainda em 1984 a obra precisou ser paralisada por mais de cinco meses, por falta de verbas, sendo retomada somente em abril de 1985. A construção do templo representou um desafio que agregou as famílias, convocadas a ajudar não apenas financeiramente, mas também com seu trabalho nos diversos mutirões realizados. No dia 29 de novembro de 1986, foi realizado o primeiro culto no templo da Comunidade, a mesma ocasião em que foi celebrada a ordenação ao ministério pastoral do P. col. Rolf Schünemann.
Enquanto a autossuficiência da Paróquia era discutida, a Comunidade tinha olhos também para as famílias afastadas, que precisavam ser visitadas e as novas maneiras de congregar os jovens, cujos trabalhos chegaram a ser suspensos por tempo indeterminado, em 1991. Em 1996 foi criado um site para a Juventude pelos jovens da Comunidade Bom Pastor, sendo administrado por Glauco Pabst até 2000. Muito do que hoje se vê no templo foi doado por membros e por outras comunidades. Assim, pia batismal e púlpito foram confeccionados pelo pai do Presidente Frederico Arentz, em 1988; os vitrais que adornam o altar, foram doados pela família Willrich; e ainda neste mesmo ano, foram doados o quadro de hinos, pela Comunidade Martin Luther, e o tapete, pelos confirmandos; as placas de identificação da Comunidade foram doadas pela família Arentz, em 1990; um órgão eletrônico, foi doado pelos confirmandos de 1992. Os bancos da comunidade foram doados pela Paróquia de Nova Friburgo. Em 2005, a comunidade recebeu a doação de um piano, da sra Érika Adele Hochwart e sua filha Monika.
Em março de 1989, a paróquia recebeu a visita da delegação do Decanato de Schweinfurt, Alemanha, e em agosto hospedou um grupo de sete jovens do mesmo Decanato e outro da Noruega. Em 1992 foi fundado um grupo de escotismo na Comunidade.
Fizeram parte da história desta Comunidade as coletas em benefício da Creche da Praia da Rosa (1993); a constante preocupação com a Creche Bom Samaritano; os almoços oferecidos às senhoras residentes no Ancionato do Amparo Feminino, a partir de 1994; os bazares em favor da Creche da Praia da Rosa; os cursos de artesanato, ministrados em suas dependências, em 1992. A Comunidade também auxiliou a sra Neusa Feliciano Teixeira, por vários anos zeladora do templo, a adquirir uma pequena casa no conjunto residencial da Praia da Rosa (ata de 29/10/1992, livro 2, p. 41). Todos os anos, a sra Amgard Wulf Pabst, membro desta Comunidade, confecciona e doa as coroas de Advento para as comunidades Bom Pastor e Castelo Forte.
Em 1990 foi enviado projeto ao Gustav-Adolf Werk (GAW) solicitando auxílio para a aquisição de uma casa pastoral, pois até então os pastores da Paróquia moravam em casas alugadas. Em 1991 foi adquirida a residência atual, à Avenida Paranapuã, 1203, casa 10, no Tauá. Com a direção do Pastor Robert Fedde, em 1981 foi eleito o primeiro Conselho da Comunidade Bom Pastor, sendo este formado por: presidente Frederico Pereira Arentz, vice-presidente Nelson Willrich, tesoureiro Olavo Pabst, secretário Gerhard Hanstein e representante da OASE Helga Schaly. A primeira diretoria da OASE, porém, foi eleita muito antes, em 1973, sendo composta pela presidente Lola Fedde, tesoureira Margot Martiny e secretária Carmen Arentz. Esse grupo, sempre atuante, esteve presente em todas as atividades da comunidade, participando ainda das atividades propostas pelo antigo Distrito Eclesiástico do Rio de Janeiro e da Região Eclesiástica I.
Após um longo período de estudos, os novos Estatutos da Comunidade Evangélica Luterana do Rio de Janeiro foram aprovados em 1989, quando cada Paróquia passou a ter um Regimento Interno. A Paróquia deixou de se chamar Missão Suburbana e passou a denominar-se Paróquia Norte do Rio de Janeiro. Com a alteração dos Estatutos e reestruturação da União Paroquial, em 1990, a Paróquia Norte, que sempre fora deficitária, recebendo auxílio das demais Paróquias da União Paroquial, passa a se autossustentar, conforme palavras do Pastor Guilherme Lieven, em ata de 8 de novembro de 1990: “Com a reestruturação da União Paroquial para o próximo ano por exemplo os carnês serão distribuídos por cada paróquia e cada paróquia terá seu caixa independente. (ata de 08/11/1990, livro 2, p. 28).

Conclusão

A construção dos templos, confecção de Estatutos, a autonomia da Paróquia, estiveram na ordem do dia por vários anos. Paróquia pequena, contando hoje com apenas 102 membros inscritos, a antiga Paróquia Missão Suburbana, hoje Paróquia Evangélica de Confissão Luterana no Rio de Janeiro - Norte, assumiu o desafio de ser Igreja de Jesus Cristo na grande metrópole. Igreja de diáspora, pequena, mas atuante. Nos primeiros 20 anos de sua história, por aqui passaram sete pastores, com uma média de permanência inferior a três anos, diminuída ainda pelos enormes períodos de vacância, o que levou o então presidente Henri Pierre Matthes, em 1991, a demonstrar sua preocupação, pois assim nenhum trabalho poderia dar frutos em sentido algum (Relatório da Presidência, Assembleia Geral Ordinária da Paróquia Norte). Mesmo assim, a Paróquia Norte resiste.
O site da Comunidade Evangélica Luterana do Rio de Janeiro na Internet, gerenciado pelo pastor Norbert Ellinger, da Paróquia Martin Luther, foi substituído pelo endereço com domínio (www.celurj.org.br) em 1999 e passou a ser editado regularmente pelo pastor e jornalista Antonio Carlos Ribeiro. Assim como o jornal Comunidade Luterana, após o falecimento do editor Hermann Evelbauer, em outubro de 2004. Desde 2007 este serviço conta com o auxílio da designer Rose Araújo, aprimorando a comunicação missionária. O atual Estatuto foi votado, homologado e aprovado pelo Conselho Paroquial em 2003 e registrado em 2005. No segundo Grupo de Visita a Schweinfurt, em 2006, a Paróquia foi representada pela Pastora Ramona Elisabeth Weisheimer e pela advogada Mônica Gomes Vieira Ferreira, presidente da Comunidade Bom Pastor.

DIA DA IGREJA
Além das atividades comunitárias, surgiu nesta Paróquia o Dia da Igreja, celebrado ininterruptamente desde o ano de 2000. 0 primeiro foi realizado em Cachoeiras de Macacu, do 20 ao 60 em Guapimirim e o último foi realizado na ACM-Ilha. Hoje o Dia da Igreja congrega as diversas Paróquias do Estado do Rio de Janeiro.

NOMINATA DOS PASTORES/A, ESTAGIÁRIOS, VICÁRIO E PPHPÑA QUE ATUARAM NA PARÓQUIA NORTE:
P. Robert H. Fedde (1973-1976)
Estag. Luís Marcos Sander (1975)
P. Jon Bell (1977-1979)
Estag. Paulo Denecke (1978)
P. João Oldehus (1979-1980)
P. Robert H. Fedde (1981-1983)
Estag. Carlos Ulrich (1983)
P. col. Rolf Schünemann (1983-1987)
Estag. Ernani Goelzer e Estag. Jorge Schifferdecker (1984)
P. Dr. Renatus Porath (1988-1990)
Vic. Hans Gliemann, de Delmenhorst, Alemanha (1988)
P. Guilherme Lieven (1990-1993)
P. Johannes Wille (1993-1999)
PPHPista Lusmarina Campos Garcia (1997)
P. Antonio Carlos S. Ribeiro e Pa Ramona Elisabeth Weisheimer (desde 1999)

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Livro de Atas - Paróquia Norte (13/03/1988 - 25/03/1995)
Livro de Atas - Bom Pastor no I (28/10/1981 - 06/03/1988)
Livro de Atas - Bom Pastor no 2 (17/03/1988 - 08/12/1994)
Livro de Atas - Bom Mestre (26/08/1982 - 26/11/1994)
Livro de Atas - OASE Bom Mestre (12/03/1983 - 12/2005)
Livro de Atas - Vila Vaiqueire (25/05/1978 - 26/04/1992)
Livro de Atas - Castelo Forte (28/02/1993 - 08/04/2006)
Livro de Ofícios - CELURJ - Núcleo Ilha do Governador (25/10/1974- )

FONTES TESTEMUNHAIS:
Entrevista com Germano Bernsmüller (14/03/2007)
Entrevista com Wilson Dockhorn e Ivone Assaf Dockhorn (16/03/2007)
Entrevista com Karl Heinz Bartosch (17/03/2007)
Entrevista com Eurisel de Almeida Pires (19/03/2007)
Entrevista com Elsbeth Anne Schier de Moura (19/03/2007)

HOMENAGENS:
PONTO DE PREGAÇÃO BOM MESTRE:
Carl Heinz Bartosch
Hermann Evefbauer
Bruno Olavo Pungartnik
Marie Margarethe Bosco
Carlos Fronz Doettling
Carl Heinz Bartosch, por ter criado o boletim A Trombeta, transformado em boletim paroquial pelo Presidente Carlos Doettling Jr.

COMUNIDADE BOM PASTOR:
Hermann Evelbauer, presbítero que exerceu diversas funções na Com. Bom Pastor, na Paróquia Norte, no Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro (DERJ), na Região Eclesiástica I e na Região Eclesiástica VII, no Conselho Diretor da IECLB e até no Sínodo Sudeste, e por ter editado o jornal Comunidade Luterana (in memorian).
Bruno Olavo Pungartnik, presbítero que atuou na Com. Bom Pastor, na diretoria da Paróquia Norte e como representante da Paróquia na CELURJ (in memorian).

COMUNIDADE CASTELO FORTE:
Marie Margarethe Bosco, presbítera que atuou no presbitério e exerceu funções nas atividades da OASE na comunidade, na Paróquia Norte e no Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro (DERJ) (in memorian).
Carlos Fronz Doettling, membro fundador, presbítero que atuou na Comunidade Castelo Forte na época dos pioneirismos e das doações de materiais e serviços.
Carlos Doettling Jr., que exerceu as funções de presidente da Comunidade e da Paróquia, durante vários mandatos, destacando-se por ser o mais jovem e atuante a exercer a função.

Ellen Naevecke, por ter acolhido a comunidade em sua residência para celebrações, guar-dado objetos litúrgicos e mantido uma placa que anunciava os cultos da Igreja Luterana.


Por Ramona Elisabeth Weisheimer.
Bacharel em Teologia (Escola Superior de Teologia da IECLB); Bacharel e Licenciada em História (Universidade Federal do Espírito Santo), foi pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e atua como pastora na Paróquia Norte (CELURJ).

 

Originalmente publicado em: COMUNIDADE EVANGÉLICA LUTERANA DO RIO DE JANEIRO, MÖLLER, Margret (Org.). 180 anos de história e fé. [Rio de Janeiro], s. n., [2007]. p. 65-76.

Acesse online em: https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/martin-luther-rio-de-janeiro-centro/180-anos-de-presenca-no-rio-de-janeiro

 

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