Culto e Liturgia

Palavra da IECLB - O que dizem os manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB

1. Fundamentação:
 

O que diz a Confissão de Augsburgo sobre Culto e Liturgia:
Para conseguirmos essa fé, instituiu Deus o ofício da pregação, dando-nos o evangelho e os sacramentos, pelos quais, como por meios, dá o Espírito Santo, que opera a fé, onde e quando lhe apraz, naqueles que ouvem o evangelho, o qual ensina que temos, pelos méritos de Cristo, não pelos nossos, um Deus gracioso, se o cremos.
Confissão de Augsburgo – 1530
texto completo da Confissão

 

O que diz a Constituição da IECLB sobre Culto e Liturgia:
A Comunidade congrega os membros da Igreja em torno de um centro comum de culto, pregação e celebração dos sacramentos.
Art. 8º, parágrafo único da Constituição da IECLB
texto completo da Constituição

 

O que diz o Guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre Culto:
Por que nos reunimos em culto? Confiamos na promessa de Jesus Cristo de estar presente onde duas ou três pessoas estão reunidas em seu nome. O Espírito Santo faz-nos reconhecer que Deus é nosso Pai e doador de todas as coisas. Faz-nos saber que Deus veio ao nosso encontroe nos serviu em Jesus Cristo. Faz-nos agradecer a Deus por este serviço, adorando-o e louvando-o.
O Espírito Santo fortalece a comunhão no encontro com outras pessoas. Faz-nos sair do isolamento. Confronta-nos com a palavra de Deus, fazendo-nos conhecer sua vontade. Pelo sacramento do santo Batismo certifica-nos de sua aliança. Pelo sacramento da Ceia do Senhor une-nos no mistério do corpo de Cristo, fortalecendo-nos para a missão de servir a Deus e ao próximo.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
texto completo do Guia

 

O que diz o Regimento Interno da IECLB sobre Culto e Liturgia:
Na Comunidade, concretiza-se a missão da Igreja no anúncio da Palavra, na exortação ao arrependimento, na mensagem do perdão e no chamado à prática do amor, da justiça, da solidariedade e do serviço ao próximo e à sociedade.
A Comunidade congrega os membros da Igreja, em torno de um centro comum de culto, onde a Palavra de Deus é anunciada puramente e os sacramentos são administrados retamente. (art. 5º, parágrafo primeiro)

Em obediência aos mandamentos de Deus e na confiança de sua promessa, os membros são chamados a participar do Culto na Comunidade e atender ao convite para a Santa Ceia; (Art. 18, inciso I)
Regimento Interno da IECLB
texto completo do Regimento

 

O que diz o Plano de Ação Missionária – PAMI sobre Culto e Liturgia:
A forma mais simples e eficaz de promover a evangelização permanente é investir no potencial evangelístico do culto comunitário. O culto tem a capacidade de reunir, além dos membros ativos, pessoas distanciadas da fé e da vida comunitária em muitas ocasiões diferentes e por vários motivos. São momentos estratégicos para expor o evangelho de maneira compreensível, elementar e criativa. Quem vem ao culto pela primeira vez ou novamente, depois de muito tempo, deve poder compreender a mensagem e sentir-se acolhido. Segundo 1 Coríntios 14, o visitante é o critério do culto que, como um todo, deve ser transparente para o conteúdo do evangelho.

Lutero, ao refletir sobre a renovação do culto nas comunidades evangélicas nascentes, priorizou justamente a forma de culto com ênfase evangelística “para chamar e atrair para a fé” (Missa alemã e ordem do culto, 1526). Neste culto realizado na língua do povo ele esperava que as pessoas compreendessem o evangelho e iniciassem um processo de crescimento espiritual que as transformasse em membros ativos e missionários.

O culto e os demais encontros comunitários devem despertar o interesse por aprofundamento na fé e convidar para programações evangelísticas específicas. Desta forma, a evangelização pontual e contingente pode complementar a evangelização permanente. A evangelização pontual geralmente acontece através de projetos que, restritos a um período determinado, desejam causar impacto positivo. Aqui importa investir em formas que comunicam o evangelho de maneira efetiva para o mundo de hoje: realizar cursos evangelísticos (exemplos: Curso Básico da Fé, Curso Alpha); disponibilizar espaços de reflexão sobre temas que integrem fé e vida; promover a evangelização em sua forma clássica. O êxito de projetos evangelísticos depende de muitos fatores: da exposição criativa, elementar e efetiva do evangelho, da utilização da mídia, da otimização da comunicação interna e externa, do engajamento de toda a comunidade na oração e nos convites, do preparo adequado do ambiente onde ocorrerá o projeto (acolhida, decoração, materiais, comes e bebes, atendimento às crianças etc.).

Em grande medida, no entanto, a capacidade evangelística de uma comunidade depende da efetividade com que seus membros testemunham sua fé em seus relacionamentos. Pesquisas internacionais revelam que a maioria dos visitantes de cultos e novos membros chegam às comunidades por meio de convites pessoais. Um exemplo bíblico da evangelização relacional encontramos no evangelho de João 1.35, 40-51: após terem encontrado Jesus, André convida seu irmão Simão, e Felipe convida seu amigo Natanael. Eles compartilham com pessoas de seu relacionamento primário a descoberta que está transformando suas vidas: “Achamos o Messias”. Comunidade evangelizadora e missionária caracteriza-se pelo grande número de membros que convidam familiares, amigos, colegas, conhecidos e vizinhos para participarem de programas da comunidade. Um cuidado, porém, é preciso ter: só é possível convidar ali onde se tem a certeza do acolhimento. Convidar pessoas para uma comunidade fria e antipática é imunizá-las contra o evangelho.
(...)
Existem diferentes conceitos de culto povoando nossas mentes. Alguns deles são depreciativos: um reduto de preservação da tradição, um espaço de comunicação de pedagogia duvidosa, um difícil exercício de conciliação de linguagens de diferentes gerações.

Resiste, entretanto, uma visão positiva. Por mais que o culto seja ameaçado por vícios litúrgicos, comunicação truncada e falta de cuidado e criatividade, resiste nele algo belo e transformador. É como se uma poderosa semente sempre irrompesse do solo duro e árido fazendo nascer uma planta viçosa e frutífera. Que semente é essa? O que faz do culto algo intenso e revigorante? O que nos dá a sensação de que, mesmo que o culto “passe batido”, ele marcou de alguma maneira nossa vida?

Sempre que suspeitarmos de que nossa prática pareça carecer de sustentação teológica ou que tenhamos nos perdido entre as prioridades, é hora de refletir de novo sobre o que é fundamental. O que é culto? O que é central no culto? Que formulação conceitual poderia nos ajudar a balizar nossa visão de culto sem nos perdermos em academicismos? É bastante seguro afirmar que, por detrás do culto, há um Deus amoroso querendo nos encontrar. É um encontro no qual se realiza esta intenção básica de Deus para conosco.

Este amor perpassa os principais eixos do culto. Por amor, Deus nos acolhe e nos aceita em nossa culpa e fragilidade. Este acolhimento nos fortalece e nos anima na caminhada. Ao celebrarmos o batismo, compreendemos o seu amor incondicional nos alcançando. Lembramos que a igreja é fruto do seu amor paterno e materno. Por amor, Deus nos orienta pela sua palavra, fazendo-nos compreender sua vontade para nossa vida. Por amor, Deus se dá a nós na celebração da Ceia do Senhor, assim nos sentimos ligados e alimentados por ele. Por amor, ele ouve nossa oração e a intercessão pelos que sofrem unindo-nos numa comunidade solidária. Por amor, Deus nos envia a servirmos à causa do reino em nosso dia a dia. Ele mesmo vai conosco nesta caminhada nos fortalecendo e guiando.

A origem do sentido do culto vem da compreensão de que Deus nos serve no culto. Não há outra maneira de compreendê-lo sem considerar as diferentes dimensões do amor de Deus, tanto na dimensão individual quanto comunitária. É uma dimensão tão presente que, às vezes, escapa de nossa consciência.

(...) O culto luterano, comparado a muitas formas de celebração no meio cristão, é cheio de detalhes e aspectos que o torna rico e profundo. No entanto, esta riqueza tem um centro teológico básico. Compreender e viver o culto é sentir-se contagiado pelo Deus que ama a igreja – que ama o mundo. Culto é central no contato e na sintonia dos filhos e filhas com o Pai de amor. Ser filho e filha desse Pai é ser alimentado pelo mesmo amor. Se nossa vida sofre por tantas inspirações negativas, no culto somos renovados por um amor que nos liberta para ver o futuro com outros olhos e a servir em amor seguindo o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo.

A vida comunitária na Igreja de Confissão Luterana nasce do culto, no qual a palavra de Deus é anunciada e os sacramentos são ministrados de acordo com o evangelho. Neste sentido, o culto também é o centro da vida comunitária e da fé de cada pessoa luterana, do qual recebe conforto e novos impulsos para a vida. O culto sempre acontece “em nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo”. Por isso, o culto é um espaço privilegiado da presença de Deus no mundo.

O culto é também uma experiência de comunhão – com o Deus Triuno e de uns com os outros e com cristãos e cristãs através dos tempos. É um acontecimento no qual Deus fala conosco através de sua palavra e dos sacramentos, e nós falamos com ele através de nossas orações e do louvor manifestado através de salmos e hinos. No culto, Deus confirma seu amor por nós, nos orienta e exorta, consola e abençoa. Além disso, testemunhamos nossa fé diante do mundo e manifestamos nossa busca e prece ardente por paz e reconciliação comunitárias.

A prédica é a palavra de Deus anunciada e interpretada para a realidade atual. Quem prega busca, além de explicar o texto bíblico, criar na comunidade a experiência que o texto promove, quer seja de ensino, conforto ou desafio. A esperança é que as experiências de fé contidas nos relatos bíblicos tornem-se palavras vivas e relevantes para os dias de hoje, pelo poder do Espírito Santo. A Ceia do Senhor é mesa aberta para a participação de todas as pessoas batizadas. Também as crianças integram essa mesa da família de Deus.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – texto-base
Texto completo do PAMI

 

Na liturgia, a vivência missionária celebra o amor de Deus (culto) e vê nestas diversas formas de celebração uma oportunidade de vivência da comunhão, da evangelização e da diaconia. O culto, portanto, em sua liturgia, simbologia, música, palavra e sacramentos, deve proporcionar a experiência de que ali o Deus amoroso está querendo nos encontrar. Compreender e viver o culto significa sentir-se contagiado pelo Deus que ama a igreja – que ama o mundo.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – Linhas Mestras
Texto completo das Linhas Mestras

 

O que diz o Livro de Culto sobre Culto e Liturgia: Ver Livro de Culto

 

O que dizem manifestos e posicionamentos da Direção da IECLB sobre Culto e Liturgia:
... não é a comunidade que presta culto a Deus, mas é Deus que no culto serve a ela (por meio da palavra, do perdão, da comunhão, dos sacramentos e da bênção). Culto, portanto, é a celebração das misericórdias de Deus que convergem na obra salvífica de Cristo. O Espírito Santo faz buscar e abraçar o santo serviço de Deus em nosso favor. A comunidade, assim agraciada, responde a Deus com louvor e adoração e a ele serve, com todo o seu ser, no mundo em que vive (Romanos 12.1). Desse princípio trinitário do culto decorrem os seguintes elementos universais constitutivos do culto cristão luterano: introito (entrada: invocação, Salmo ou palavra bíblica de entrada), confiteor (confissão de pecados), palavra, ofertório (credo, oferta, intercessão), sacramento, envio e bênção.

O culto não é propriedade ou tarefa somente do/a obreiro/a, mas é privilégio e tarefa da comunidade. Esta participa ativamente com suas alegrias, dores, sofrimentos, dons e talentos.

(...) Deus se comunica de maneira concreta, toma forma, encarna no mundo relativo e passageiro. O veículo da comunicação divina, por excelência, é Jesus de Nazaré. Os olhos da fé o reconhecem como verdadeiro ser humano, segundo a imagem de Deus, e como verdadeiro Deus. É vontade de Deus que o seu santo amor se manifeste de maneira sensível e experimentável pelos sentidos humanos. Ele é criativo e se utiliza de elementos terrenos como símbolos da comunicação divina. São símbolos relativos e, por conseguinte, sujeitos à ambiguidade. Há símbolos com caráter universal, tais como: cruz, Bíblia, vela, cores litúrgicas, as iniciais X e P juntadas, peixe (ixthys), coroa, estrela, água, pão, uva e derivados. Esses e tantos outros símbolos não são propriedade individual de ninguém. Pertencem a toda a cristandade. Além destes podem surgir, a partir da experiência do cotidiano que transcende para o eterno, em cada novo tempo e lugar, símbolos novos. Tais aspectos alusivos a símbolos universais e contextuais enriquecem a vida da igreja (...).
Posicionamento IECLB no Pluralismo Religioso – 2000
texto completo do Posicionamento

 

Reafirmamos nossa identidade litúrgica, respeitando a diversidade geográfica e cultural brasileira. Entendemos que o culto é o elemento central da vida comunitária. Nele Deus vem ao encontro das pessoas, orientando-as com sua Palavra e fortalecendo-as na eucaristia. Neste processo de resgate da essência do culto cristão luterano, as comunidades são convocadas a participar ativamente.
Mensagem do Concílio da Igreja – 2000
Texto completo da Mensagem
 

 

Culto é um encontro de pessoas que se reúnem em nome do trino Deus. Elas se colocam à sua disposição, para que ele as sirva através de palavra, sacramentos, perdão, comunhão, envio e bênção. Assim, Deus nos serve no culto, para que nós lhe sirvamos no mundo em que vivemos, ofertando nosso tempo, nossos talentos, dons e bens. Esse culto em nome de Deus requer formas e expressões litúrgicas que o identifiquem como culto cristão e culto da IECLB.

(...) Já que o evangelho sempre precisa encarnar-se, é justificada a necessidade de contextualizar nossa maneira de celebrar culto em comunidade. Essa contextualização é alimentada pelos elementos culturais de nosso tempo e de nosso lugar e é orientada pelos elementos universais e ecumênicos da liturgia cristã. Esses elementos identificam o culto como cristão. Em respeito à comunidade, ao contexto e à Igreja universal, inovações, alternâncias e repetições litúrgicas devem manter-se em equilíbrio.
Posicionamento A IECLB às Portas do novo Milênio -1999
texto completo do Posicionamento

 

(...) a liturgia é expressão de uma teologia. Todas as partes tem o seu sentido, e , em seu conjunto, perfazem o culto. Aplica-se isto também, e em especial, à liturgia dos sacramentos. A forma de sua celebração evidencia seu sentido. Inclusive a prédica nada mais é do que um elemento litúrgico do evento cúltico. Mudanças na liturgia, pois, exigem critérios teológicos claros. Não deveriam ser arbitrárias. Caso contrário prejudicaremos a natureza de nossos cultos e a sua qualidade evangélica.

Da mesma forma é preciso respeito que a liturgia identifica nossa Igreja. Se os cultos seguirem ordens sempre diferentes, nossos membros se tornam confusos. O argumento de que o membro não se identifica com a liturgia é de validade muito restrita. É verdade que muitas vezes falta a compreensão por falta de explicação. Compete a nós pastores interpretar as partes do culto e esclarecer, por exemplo, porque na celebração não podem faltar a confissão dos pecados, a leitura bíblica ou então as palavras da instituição na santa ceia. Seria bom, se o sentido do culto e a ordem litúrgica fosse mais trabalhada em nossas comunidades. Somente o que conhecemos podemos realmente amar.

(...) Também o talar é símbolo de identificação. Seu uso evidentemente não implica salvação ou perdição. Tampouco garante a boa e pura pregação do Evangelho. Mas ele assegura a celebração condigna. Além disto, evidencia o compromisso do pastor ou da pastora de não falar e agir em qualidade particular, mas sim como alguém oficialmente encarregado e responsabilizado. Disse-me um colega certa vez que o talar encobre misericordiosamente nossa indignidade. É sinal da autorização para pregar a palavra de Deus apesar do nosso pecado. Considero isto um pensamento muito profundo. Sob esta perspectiva, quem se arrisca a oficiar sem o talar?

Portanto, peço não desprezar o talar nem substituir o oficialmente em uso por outro de escolha própria. Seguir ordens da Igreja representa, além de outros considerandos, uma exigência do amor às comunidades.
Posicionamento sobre Liturgia – 1989
Texto completo do Posicionamento

 

Juntamente com os seus membros a comunidade está em contínuo processo de aprendizagem. Definindo o objetivo desta aprendizagem, cabe dizer: Ela tem por meta o autêntico culto a Deus no mundo. Isto significa que a comunidade não é um fim em si, ele antes possui função instrumental. Também a realização subjetiva e a felicidade particular do indivíduo não podem ser considerados como alvo primário do discipulado. Paradoxalmente tanto a comunidade como também o seu membro acham a sua realização e experimentam a salvação, que abrange também a felicidade, se sua existência for culto a Deus, e isto nas mais diferentes oportunidades da vida. Neste culto a Deus se resumem os demais objetivos da aprendizagem cristã, quais sejam a comunhão, o perdão, a esperança, a liberdade, etc. Os motivos são os seguintes:
- Culto a Deus, em palavra e ação, exclui o culto a outros pretensos deuses. Ele implica em cumprimento do primeiro mandamento e é demonstração de liberdade neste mundo.
- Culto a Deus, em louvor e adoração, é expressão da gratidão da comunidade, dispensada da necessidade de ela mesma ser a sua fonte de vida.
- Culto a Deus, em obediência e sacrifício, é serviço ao reino de Deus e sua justiça. Ele se manifesta em respeito à vontade divina e em defesa dos direitos que Deus tem na sua criatura.
- Culto a Deus, em resposta a seu amor, é trabalho crítico e construtivo entre os homens. É a eliminação das estruturas da injustiça, é o combate à violência e à escravidão, é a promoção da paz e do bem dos homens.
- Culto a Deus, em oração e prece, é a articulação da esperança por um novo céu e uma nova terra. Ao mesmo tempo, porém, ela é a antecipação parcial do reino dos céus, pois onde Deus se torna Senhor, o mal está sendo vencido e a salvação dos homens se aproxima.
É o culto a Deus que a comunidade deve ao mundo, e servir a seu Senhor é sua sublime missão. Uma comunidade, ensaiando o culto a Deus, será fermento na sociedade a despeito de sua própria imperfeição. Ela será um sinal, convidando a participar dos seus ensaios para assim viver salvação em plena terra. Onde homens estão em condições de render culto a Deus no sentido exposto, salvação se torna visível. Ser discípulo de Jesus, a rigor, não é outra coisa do que aprender este culto a Deus e ser o facilitador neste processo para outras pessoas.
Posicionamento Discipulado Permanente – Catecumenato Permanente – 1974
Texto completo do Posicionamento

 

A Igreja entende que o culto, sendo o evento central da vida do cristão, através do qual se nutre sua vida espiritual, deverá ter resguardado o seu caráter de serviço a Deus, de adoração, de comunhão cristã e de diálogo com Deus. Jesus Cristo é o único Senhor do culto cristão.

O culto terá consequências políticas, por despertar responsabilidade política, mas não deverá ser usado como meio para favorecer correntes políticas determinadas. Pátria e governo serão objetos de intercessão da comunidade reunida para que possam promover justiça e paz entre os homens, e os fiéis darão graças a seu Senhor por estas preciosas dádivas. A pátria será honrada e amada; seus símbolos serão respeitados e usados com orgulho cívico, no sentido mais legítimo, mas o cristão não poderá falar da pátria em categorias divinizadoras.

O diálogo entre Igreja e Estado poderá resultar numa responsabilização conjunta pela programação dos dias festivos nacionais que rendem homenagem à pátria.
Manifesto de Curitiba – 1970
texto completo do Manifesto

 

2. Desdobramentos práticos de Culto e Liturgia:

O que diz o Guia Nossa Fé – Nossa Vida sobre desdobramentos práticos do Culto:
Onde se realiza o culto?
O culto acontece em local devidamente preparado, no templo ou em outro lugar. Deve favorecer um ambiente em que Deus nos serve com sua palavra, os sacramentos e a bênção e facilitar a adoração comunitária.

Por que culto em domingo?
Baseados no testemunho da Bíblia, trabalhamos seis dias e descansamos no sétimo. Desde o início, o dia de descanso foi santificado e chamado o Dia do Senhor.
Ele nos é oferecido para fortalecer-nos, em todos os sentidos, no viver diário. Para a comunidade primitiva, o primeiro dia da semana, tornou-se o Dia do Senhor por causa da ressurreição de Jesus Cristo, o evento central da fé cristã.
Por isso o domingo é um dia apropriado para celebrar cultos, embora também possam ser realizados em qualquer outro dia da semana.

Qual o sentido da forma de culto?
A forma de culto facilita a participação consciente das pessoas. Historicamente, nossa ordem de culto apresenta variações na forma, devido às diferentes tradições e situações de nossas comunidades.
Novas formas de culto, elaboradas no espírito da confissão luterana, podem ajudar-nos a compreendê-lo melhor.
Na medida do possível, essas formas devem ser adaptadas à ordem vigente. Isso ajuda a nos sentirmos ambientados, mesmo quando nos reunimos com irmãos ou irmãs em outro lugar.

Quem dirige o culto?
O culto é a reunião da comunidade em nome de Deus; é ela, portanto, quem o realiza. O pastor ou a pastora dirigem o culto, podendo encarregar, em concordância com o presbitério, outros obreiros e obreiras, membros ou grupos com a direção parcial ou total.
Qual o sentido das diferentes partes do culto?
Hinos e música no culto servem para expressar o que nos move como filhos e filhas de Deus, louvando-o e glorificando-o como nosso Criador, Salvador e Santificador.
Por intermédio da confissão dos pecados reconhecemos o quanto ficamos devendo perante Deus e as outras pessoas. Pedimos perdão e o recebemos pela proclamação da graça de Deus, que nos coloca na relação certa.
A prédica, que pode acontecer em diferentes modalidades, é a comunicação do evangelho. Ela nos confronta com a vontade de Deus, nos consola e lembrada nossa tarefa como pessoas cristãs, preparando-nos para a ação missionária em nossa vida diária.
Por meio da confissão pública da fé, glorificamos os feitos de Deus e nos comprometemos a viver, digna e responsavelmente, em comunhão com Deus, com as pessoas e o meio ambiente.
Nossa solidariedade com outras pessoas se torna concreta quando recolhemos a oferta, dada em gratidão a Deus e em favor do próximo.
Os anúncios e avisos servem para nos informar sobre realizações e acontecimentos relacionados com a vida em comunidade e sociedade, convidando para intercessão e ação.
Ao orarmos no culto, agradecemos pelas dádivas de Deus, por sua bondade e seu amor. Lamentamos pelos sofrimentos e pelas dores. Rogamos por seu auxílio e intercedemos em favor das necessidades do mundo, deixando de pensar apenas em nós mesmos. Na oração nos voltamos para Deus e para as pessoas.
O Batismo e a Ceia do Senhor transmitem-nos a promessa do evangelho em palavra visível e atuante.
A bênção, no fim do culto, assegura-nos que Deus está conosco em todas as situações. Incumbe-nos de passar adiante o que recebemos e aprendemos. Sob a bênção, saímos da reunião dispostos a viver o culto no serviço de Deus no mundo.
Guia Nossa Fé – Nossa Vida
texto completo do Guia

 

O que diz o Plano de Educação Cristã Contínua referente desdobramentos práticos de Culto e Liturgia:
Liturgia é o jeito como realizamos nosso culto. E a liturgia está diretamente ligada à identidade confessional da pessoa, a seu sentimento de pertencer a uma comunidade de fé, que, por sua vez, está inserida num contexto mais amplo de igreja. A liturgia expressa uma teologia em palavras, em gestos, em ações, em símbolos, em obras de arte e em organização do espaço cultual.

Conhecer as partes da liturgia, sua história, sua razão de ser e seu conteúdo ajuda a fortalecer a identidade e a dar sentido ao ato de celebrar. Dentre os conteúdos que compõem a dimensão da liturgia, destacam-se:
As partes da liturgia – A liturgia é composta de diferentes partes, com significados e funções específicas. Reconhecer essas partes e saber sua origem e sua função auxilia na participação mais efetiva da comunidade nas celebrações.
Vestes, símbolos e gestos na liturgia – A liturgia faz uso de símbolos e de gestos cujo significado original, em geral, é bíblico. Criar espaços para a comunidade refletir sobre esses significados fortalece a fé e a identidade cristã-luterana.
O calendário litúrgico e as cores litúrgicas – O calendário litúrgico, com suas cores e símbolos, proporciona uma constante experiência com o evento salvífico pela repetição ano após ano.
A Ceia do Senhor – À comunidade cristã deve ser oportunizado o estudo da compreensão da Ceia do Senhor, ampliando mais o sentido da ação de graças, comunhão e da diaconia na Ceia do Senhor.
O lugar litúrgico – A IECLB possui critérios para a construção e reforma de igrejas. Conhecer esses critérios auxilia a avaliar aspectos do lugar litúrgico, que podem ser melhorados para que a arquitetura local favoreça a liturgia, suas ações e seu conteúdo.
Plano de Educação Cristã Contínua
Texto completo do Plano

 

O que diz o PAMI referente desdobramentos práticos de Culto e Liturgia:
Há muitas formas de culto. Cada uma delas tem suas próprias características. Há cultos de batismo, em que celebramos que Deus nos encontra e nos recebe em sua grande comunhão de amor e, ao mesmo tempo, a comunidade se abre para acolher novos membros em seu meio. Há cultos de oração, onde buscamos levar a Deus as nossas súplicas e ações de graça, lembrando também as pessoas em suas necessidades e aflições. Há ainda cultos que são celebrações festivas, como as meditações que acontecem nos grupos da comunidade, em retiros, cultos especiais, ou os ofícios, como sepultamentos, bênçãos matrimoniais, cultos de reconciliação, ritos de unção de enfermos, cultos com ordenações, ou, ainda, na forma de meditação silenciosa e tantas outras maneiras de contemplação do sagrado.

As pessoas buscam relacionar-se com Deus de forma pessoal e próxima, estando à procura de orientação e respostas para perguntas existenciais e advindas do contexto de exclusão e falta de sentido. Desenvolver o potencial missionário do culto significa, antes de mais nada, descobrir este potencial em cada forma de culto que a comunidade já realiza, e aperfeiçoá-lo, no sentido de torná-lo acolhedor, participativo, inspirador, envolvente, significativo para as pessoas e contextualizado. Abrir as nossas igrejas e locais de cultos permanentemente para oferecer diversas possibilidades de cultivar a espiritualidade, tanto individual quanto comunitária, é um modo de entender o culto como uma oportunidade de evangelização e missão.

Os elementos litúrgicos, o modo como nos acomodamos no espaço do templo e os gestos que fazemos precisam contribuir para que cada participante sinta e entenda o amor de Deus. Nesse contexto, também a música tem um papel importante como expressão de fé e manifestação de nossa confessionalidade. Ela é um modo de externarmos nossa gratidão e louvor e também de traduzirmos o evangelho para a cultura na qual estamos inseridos como comunidade cristã. Em suma, o culto, em sua liturgia, simbologia, música e sacramentos, deve proporcionar a experiência de que ali o Deus amoroso está querendo nos encontrar.
PAMI – Plano de Ação Missionária da IECLB – texto-base
Texto completo do PAMI

 

Observados esses parâmetros universais constitutivos, a criatividade deve ter amplo espaço, com vistas à contextualização do culto. O sinal amarelo consiste na advertência de que com toda necessária renovação litúrgica, não desprezemos ou abandonemos os elementos constitutivos de toda verdadeira liturgia, acima mencionados. Não podemos perder nem os elementos essenciais da liturgia nem sua dimensão comunitária. Sua observância é indispensável com vistas à edificação da comunidade e do testemunho para o mundo.
Contudo – e aí passamos para o sinal vermelho de nossa figura do semáforo –, com toda legítima e necessária renovação litúrgica, esses elementos não devem ser arbitrariamente abandonados. “Todas as coisas são lícitas, mas nem tudo convém!” afirma Paulo em 1 Co 10.23. É de grande importância que os membros da IECLB possam reconhecer sua igreja na celebração do culto, em todos os lugares.
Assim, não podemos admitir celebrações de culto em que a liturgia esteja totalmente descontextualizada e a comunidade não tenha participação ativa. Tampouco podemos tolerar cultos que se assemelham a shows em que a pessoa do celebrante, ou seja quem for, ocupa o lugar de Deus ou o lugar da comunidade.
Não podemos admitir que se ignorem ou omitam os elementos constitutivos do culto cristão.
Da mesma forma não podemos aceitar que no culto todos falem ao mesmo tempo, o que atrapalha a devoção na oração, mesmo que se trate do falar em línguas. Pois isso não edifica a comunidade, a não ser que haja, na hora, quem o interprete (cf. 1 Co 14.5, 28).
Posicionamento IECLB no Pluralismo Religioso – 2000
Texto completo do Posicionamento
 

veja também: Página da Liturgia

Arrisco e coloco a minha confiança somente no único Deus, invisível e incompreensível, o que criou o céu e a terra.
Martim Lutero
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