Coral Carlos Cristovam Zink

Carlos Cristivam Zink
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coral Carlos Cristovam Zink, dezembro de 2016
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O Coral Carlos Cristovam Zink da Comunidade de Campinas comemora seu centenário em 2009. Compartilhamos um breve histórico do grupo elaborado por Renate Adolfs, neta do fundador.

Carlos Cristovam Zink

„Um homem grandalhão, que tem coração de ouro“


No domingo, 15 de junho de 1952 o jornal campineiro „A Defesa“ publicou um artigo sobre Carlos Cristovam Zink com vários subtítulos, sendo a frase acima um deles.


Esse extenso artigo, que se inicia com o título „Fez do ensino um sacerdócio“ e cujo último parágrafo leva o título de „Alma de Músico“ foi escrito por ocasião da outorga do título de „Cidadão Campineiro“ ao Professor Carlos Zink.


Nessa ocasião o Professor Zink contava com 73 anos de idade e na entrevista que, depois de muita insistência do repórter, concordou em dar ao jornal, diz:


„Pode ser que alguém estranhe eu não ter até hoje requerido minha aposentadoria. Ora essa, isso seria a meu ver um crime, pois se Deus me dotou com essas forças é para que eu possa trabalhar e não vadiar.“


De minha parte eu só posso agradecer a Deus por ter dado ao Professor Zink essas forças por muito tempo ainda, pois seis anos se passaram depois dessa entrevista até que eu tivesse sido por ele alfabetizada, um dos fatos que reputo dos mais importantes que aconteceu em minha vida.


Em outubro de 1954 o Professor Zink escreve um texto em alemão que ele denomina de „minha biografia“ o que a meu ver apenas demonstra uma humildade infinita, pois aos 75 anos de idade ele, com certeza, tinha bem mais do que página e meia – que é o tamanho do texto – para relatar, sobretudo considerando que pelo menos metade do texto se refere ao trabalho do pai.


Ele termina esse texto com uma frase semelhante àquela da entrevista ao jornal dois anos antes:


“Enquanto eu tiver forças suficientes, pretendo dedicá-las totalmente à escola, até que algum dia venha o chamado de cima: ‘agora chega, vamos terminando por aqui. Carlos Zink, hora de descansar!’


O chamado do alto veio quase dez anos depois, no dia primeiro de agosto de 1964 e se morte pode ser uma coisa bonita, a morte do Professor Carlos Cristovam Zink foi uma morte muito bonita: a mulher e os nove filhos reunidos. O médico ainda tenta chamá-lo, ele abre os olhos e balança a cabeça, fecha os olhos e parte para atender ao chamado do Alto. A sua missão aqui havia terminado depois de 85 anos de vida, dos quais 66 anos dedicados ao magistério.


Essa rica história de vida teve seu início na cidade de Rio Claro, onde passo a palavra a seu pai, Pastor J. J. Zink, que termina seu relatório de 7 de novembro de 1879 à Casa da Missão na Basiléia com a seguinte comunicação:


“Finalizando, desejo ainda comunicar ao prezado Comitê que no dia 10 de maio do corrente ano o Senhor nos alegrou com o nascimento de um menino forte e sadio que nas sagradas águas do batismo recebeu o nome de Carlos Cristovam.”


Era o quinto filho, sendo o terceiro homem. Depois dele ainda nasceriam mais duas meninas, sendo uma delas a diaconissa Sophie Zink, que há exatos 100 anos ingressou como primeira brasileira na Casa Matriz de Diaconissas de Kaiserswerth.


Carlos tem dez anos de idade, quando a família se muda para Campinas. A irmã mais velha acaba de se casar com seu primeiro professor, o futuro pastor Theodoro Koelle e assim o seu pai, o Pastor J.J. Zink resolve enfrentar aquele que ele mesmo denomina de grande desafio, qual seja, o de fundar uma comunidade luterana em Campinas, nos moldes daquela que havia fundado em Rio Claro.


Quatro anos depois, contando com apenas incompletos 14 anos de idade, o menino Carlos é enviado para a Alemanha para estudar na Armenschullehrer-Bildungsanstalt em Lichtenstern perto de Heilbronn, onde eram formados professores para escolas para crianças evangélico-luteranas de origem humilde tanto na Alemanha como no exterior.


Esse antigo Convento Cisterciense, situado no meio da floresta, é hoje uma fundação da Igreja Evangélica Luterana que, entre outras atividades, se ocupa com pessoas com síndrome de Down.


Ao mandar o filho para estudar na Alemanha era idéia do Pastor Zink que o menino Carlos também se tornasse pastor, mas em primeira linha ele precisava de um professor para a escola em Campinas, que ele havia fundado pouco antes.


Depois de apenas três anos e meio onde, entre outras matérias, a educação musical teve um papel preponderante, Carlos volta a Campinas em meados de julho de 1896, aos 17 anos de idade, e já no dia seguinte à sua volta começa a lecionar uma classe com mais de 40 alunos. Essa atividade ele vai exercer pelos próximos 66 anos.


No ano seguinte ele assume a escola em Rio Claro, pois seu cunhado, o Professor Koelle, vai à Alemanha para prestar seus exames e se ordenar Pastor.


As atividades do jovem Carlos não se restrigem, porém, ao ensino fundamental. Paralelamente ainda treina um grupo de ginástica e de teatro.


Com dinheiro economizado de seus primeiros ordenados o jovem Carlos compra um piano, o que mostra o quão importante a música já é na vida desse jovem.


Em 1898, de volta a Campinas, ele se torna regente de dois corais: o Eintracht (hoje Clube Concórdia) e o Edelweiß, sendo que cada um deles tem ensaios duas vezes por semana. Paralelamente ainda dá aulas de piano.


Com apenas 20 anos de idade, Carlos assume a direção da escola em Campinas, pois seu pai, o Pastor Zink, aceita o cargo de Pastor da Comunidade de Juiz de Fora em Minas Gerais.


No texto já mencionado da autobiografia, Carlos conta dessa época, dizendo da dificuldade que tinha em obter a confiança dos pais das crianças, que eram apenas alguns anos mais novas do que ele mesmo. Para impor mais respeito ele resolve se casar com a filha do Pastor Müller, também missionário da Casa da Missão na Basiléia, que veio ao Brasil em 1874 a convite do Pastor Zink para assumir a Comunidade de Pires de Limeira.


Durante os anos de 1899 e 1908, em que a comunidade de Campinas não tinha um pastor próprio e era atendida pelos Pastores Koelle de Rio Claro e Friedrich Müller de Pires de Limeira, Carlos também celebrava os cultos como leigo, no que ele já tinha uma certa experiência do tempo em que foi o substituto do cunhado Koelle em Rio Claro.


Em dezembro de 1907 o Presbitério da Comunidade de Campinas se empenha em conseguir um pastor residente em Campinas, com o que se consegue a volta do Pastor Zink em outubro de 1908. A Comunidade passa a se desenvolver de uma forma mais positiva, com dois cultos dominicais por semana: um de manhã e um à noite.


Ao lado da Escola Dominical para as crianças e os dois cultos para os adultos, restam os jovens, que se tornam um problema, já que nada parece interessá-los.


Quem oferece a solução é o Professor Carlos Zink, fundando um coral juvenil em 1909, que ensaia aos domingos das duas às quatro da tarde, ou seja, entre os dois cultos. O começo é difícil, pois apenas seis jovens aparecem, quatro meninos e duas meninas.


Mas o caminho está aberto e na esteira dessa atividade musical vão mais tarde surgir os hinos que escreve especialmente para os corais, que até hoje ainda são cantados inclusive por corais de outras confissões religiosas.


Encerro essas linhas, que são apenas um pequeno esboço sobre a obra de Carlos Cristovam Zink com as palavras do Reverendo Kerr em 1953 no Prefácio dos “Hinos Evangélicos para Coro Misto” do Professor Carlos C. Zink:


“Quem não terá sentido as vibrações emotivas mais profundas ao ouvir o ‘Pai Nosso’ de sua autoria ou ‘O Senhor é meu Pastor’, ou ainda outras maravilhas do seu honrado labor? São peças inesquecíveis.”


Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas. Salmo 98,1


Renate Adolfs
outubro de 2009


 

Não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não o foram os nossos ancestrais e a nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: Eu estou convosco até o fim do mundo (Mateus 28.20).
Martim Lutero
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