Conversa de Preto

12/06/2009

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Conversa de Preto é uma roda de conversa aberta e com uma dinâmica bem especial. Está acontecendo há um ano na capela redonda-indígena-africana da comunidade, sempre no último sábado do mês. Nasceu da necessidade de termos um espaço para discutirmos sobre as questões da negritude. A idéia não é original, posto que sentar para conversar é uma prática humana das mais antigas. Aprendemos com nossos ancestrais africanos. O que faz a conversa especial é a dinâmica que a envolve. Coloca-se, no centro da capela, 4 ou 5 banquinhos feitos de tronco de árvore, onde duas pessoas convidadas iniciam a conversa e quem quiser entrar nela sai do seu lugar e ocupa um banquinho e a conversa vai fluindo com idéias e pessoas.

No dia 30 de maio passado, A Conversa de Preto trouxe um assunto tão importante e interessante quanto os outros, mas com uma diferença, pois ouvimos sobre “Histórias de Preto”, sobre nossa ancestralidade. Porém, com um toque de magia, que só os artistas são capazes de criar. Contamos com a presença dos contadores de história, do grupo Ayvu Rapyta (palavra de origem Tupi que significa “Palavra Habitada”), formado por pessoas apaixonadas por literatura, educação, ritmo, instrumentos, fitas coloridas e turbantes. Ouvimos histórias como: O Tambor, Oxossi e Oxum, Obá e Xangô, entre diversos poemas e músicas.

Todos e todas fomos levados magicamente para um tempo e um lugar no qual estivemos há muitos anos atrás. Visitamos o tempo em que éramos crianças e, junto com outras crianças, dormíamos ao som da voz de uma velha avó, vizinha, conhecida da família a contar história dos deuses, de assombração. Ambiente propício para um sono repleto de cobras, banquetes, matas e fantasmas assustadores Como sair deste tempo-lugar tão nosso, e tão distante? Com certo esforço, é claro, pois o Ayvu Rapyta tem um jeito bem especial de nos tirar da realidade e nos levar para outros lugares adormecidos dentro de nós.

Nossa conversa aconteceu com fatos da vida escolar, familiares, de experiências interreligiosas e ecumênicas. Também ouvimos solos de berimbaus, poemas e músicas de artistas negros e negras, numa contribuição muito gentil e afetiva de militantes da arte, amigos da comunidade luterana. Acreditamos que a Conversa de Preto é um espaço que ganha credibilidade de pessoas de dentro e de fora da comunidade, é um espaço para se levar filhos, netos, namorados , amigos e amigas... Traz um debate que quer ser leve, mas atual e de grande utilidade para a formação da consciência negra, para pessoas de todas as idades.

Como uma “Conversa” puxa a outra e, atendendo a pedidos, na próxima, estaremos conversando sobre “Cotas”. Venha, você é nosso e nossa convidada.

Axé!!!
Myrian Carvalho (Coordenadora da Conversa de Preto)
Cibele Kuss (pastora)

COMUNICAÇÃO
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Deus enxerga as profundezas do coração, enxerga mais profundamente que nós.
Martim Lutero
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