Que a luz de vocês sempre brilhe diante de todas as pessoas, para que vejam as boas obras que fazem e louvem a Deus...
Com esta canção iniciou o segundo dia de atividades do Fórum Nacional de Missão. O grupo refletiu sobre o nosso compromisso missionário e as brechas que deixamos no dia-a-dia,quando deixamos de testemunhar toda a bênção que recebemos e expressá-la em atos concretos de amor e compreensão ao próximo.
O segundo bloco temático foi apresentado pelos pastores Arzemiro Hoffmann e Oneide Bobsin, que traçaram um panorama de nosso contexto sociocultural e religioso, lançando desafios para a plenária, que mais tarde dividiu-se em grupos para discutir o que foi apresentado e oferecer resposta – ou novas perguntas.
Conjugar realidade teológica com crescimento foi um dos desafios que temos diante do contexto, de acordo com Arzemiro Hoffmann,
Lembrando a referência feita pelo Pastor Presidente na abertura do Fórum, Hoffmann também valorizou a importância da paixão que não se limita as paredes do templo: “senão falta alguma coisa quando se está fora da igreja”- afirmou, lembrando que o crescimento da igreja passa muito mais pela qualidade e convicção do testemunho de seus integrantes do que de seus obreiros/as. E assim ela caracteriza a missão majoritariamente como uma ação de leigos, do exercício do sacerdócio geral de todos os crentes.
Comentando dados e estatísticas sobre a religiosidade brasileira Hoffmann também afirmou que a caminhada da igreja se define diante da postura diante da urbanização, sendo igreja no Brasil de fato e vivendo a cultura e o conhecimento da sociedade.
Oneide Bobsin começou sua exposição colocando com ponto de partida a encarnação, lembrando que Deus se tornou homem, assumiu a condição humana, virou carne, carne que é cultura. Contudo Jesus não adotou plenamente a sua cultura: desafiou, questionou, tanto que foi crucificado. Nesta linha, Bobsin seguiu falando sobre o ser igreja de Jesus Cristo no Brasil. Assim, ele lembrou a parábola que conta de um agricultor que joga a semente na terra e vai dormir: “Deus é como a terra: ele faz crescer, mas temos que lançar as sementes.” - destacou. Para assumirmos a missão é preciso reconhecer que Jesus é rei, rei do reino de Deus, que Bobsin prefere chamar de república, portanto, Jesus é Senhor e assim não há medo. Jesus Cristo é o mediador dos meios da graça, que oferecem palavras e sacramentos – meios que precisam de gente.
Para falar do ser igreja no Brasil, Oneide, destacou que existem muitos estereótipos na caracterização de nosso país, e para isso cita Marilena Chauí, que fala sobre com fomos educados com elementos eu estimulam uma imagem retorcida de nosso país: onde o Brasil é um dom de Deus e uma bênção da natureza – como canta o hino nacional – com um povo pacífico, generoso, alegre e sensual, mesmo quando sofredor. Um país sem preconceitos, onde quem trabalha progride, e no qual à violência é atribuída apenas à “vagabundagem”. Um país no qual todos os contrastes regionais são positivos.
Quais os elementos do Brasil, do Brasil real? Com este questionamento Oneide fez a analogia ao sopão, onde existem tantos ingredientes que não é possível identificar ao certo tudo o que está presente e que devemos ter isto bem mente, pois se queremos crescer, este crescimento não deve ser à qualquer custo: “Estamos em um cenário sopão mas não devemos ser sopão, devemos ser sal, e lidar com ele. Por outro lado ele trouxe o conceito de magia, a partir de Max Weber, quando o pedido é feito e portanto atendido por Deus; em contraponto a religiosidade, onde pedimos que a vontade de Deus seja feita, e não a nossa vontade. Assim, brinca Oneide, a Igreja da Graça, torna-se sem graça, pois não oferece a magia.
Esta magia parte da dimensão do sacrifício, uma relação de troca, onde tudo é dado e a divindade deve devolver. Isto, segundo Oneide deixa claro que a IURD, por exemplo, faz uma crítica superficial à oferenda da umbanda, mas a substitui pelo dinheiro. A idéia é: o dinheiro é sacrificado, mas para que Deus o dê em maior abundância. Tudo isso em práticas marcadas pela emoção e pela festa.
Com isso ele questionou – retomando a necessidade das mediações humanas, se vamos utilizar esta linguagem religiosa para passar a nossa mensagem, se sabemos com Jesus Cristo se faz carne em nosso país. Com lidar com a carne, com a cultura, se sabemos que para se comunicar é preciso usar uma linguagem compreensível.
Os palestrantes lançaram duas perguntas para os participantes, que dividos em grupos - identificados por coloridos balões - refletiram, trocaram idéias e percepções e devolveram nvamente para a plenária.
Como parar de ser igreja no Brasil e ser igreja brasileira?
Jesus Cristo está encarnado através da cultura e religião. Quais aspectos nós podemos afirmar e quais podemos questionar?
As perguntas estão feitas: reflita você também. Em breve outra notícia trará o compartilhar dos grupos!
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