Aleluia da Missa da Terra sem Males

Comentário e Reflexão

29/06/2012

Hino 352 - Aleluia da Missa da Terra sem Males

Este hino, com título de “Aleluia”, é adequado para ser cantado antes da leitura do Evangelho na liturgia dominical. Ele é a terceira das sete partes da “Missa da Terra sem Males”, um musical composto em 1979. O texto desta obra é do bispo Dom Pedro Casaldáliga1 e do poeta Pedro Tierra2, o autor da música é o músico argentino Martin Coplas3 que usou o ritmo da CUENCA ANDINA (dança popular dos Andes Meridionais).. As Edições Paulinas de São Paulo gravaram esta obra em cassete no ano de 1980.

O texto completo foi publicado em http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/casaldaliga/casaldaliga_missa.html A Missa cantada se encontra em http://www.myspace.com/missadaterrasemmales

O ano de 1978, no Brasil, foi Ano dos Mártires da Causa Indígena. Celebravam-se 350 anos dos tres Mártires Riograndenses, Roque González, Afonso Rodriguez e João Castilho. O Conselho Indigenista Missionário da Igreja Católica Romana achou que era de justiça que não se celebrasse apenas a morte dos tres missionários jesuítas. Porque os mortos eram muitos mais. Devia-se também celebrar a morte de milhares de índios, sacrificados pelos Impérios Cristãos da Espanha e Portugal. .

As Ruínas de São Miguel, no Rio Grande do Sul são o testemunho central do intento missionário das Reduções Índias dos Jesuítas, nos séculos XVII e XVIII. A famosa República dos Guarany. Essas Ruínas são também o testemunho constrangedor da barbárie dos cristianíssimos colonizadores ocidentais, nossos avós espanhóis e portugueses. Sepe Tiaraju, luzeiro na testa, (São Sepé para a fé do Povo), corregedor da Missão de São Miguel e o mais ilustre chefe guerreiro guarani, foi assassinado, juntamente com outros mil e quinhentos companheiros, pelos Exércitos de Espanha e de Portugal, irmanados na hora da barbárie. Nos campos de Caiboaté, dia 7 de fevereiro de 1756.
Nessas Ruínas históricas e nesse Ano dos Mártires da Causa Indígena (1978), nasceu a idéia da “Missa da Terra – sem – males”. .

Pensou-se, primeiro, numa Missa missioneira em torno das Missões dos Sete Povos Guarani. Assim sugeriu o irmão marista Antônio Cechin, gaucho arrependido, revisador da Historia mal contada, cronista apaixonado da caminhada do Povo, catequista da Libertação. Mas depois os pensamentos se voltaram para os incontáveis sofrimentos de todos os povos indígenas da América Latina (a Ameríndia).

Eu sou América, sou o Povo da Terra, / da Terra-sem-males, / o Povo dos Andes, / o Povo das Selvas, / o Povo dos Pampas, / o Povo do Mar... / Do Colorado, / de Tenochtitlan, / do Machu-Pichu, / da Patagônia, / do Amazonas, / dos Sete Povos do Rio Grande...

Foi escolhida a forma de Missa, respeitando todo o esquema litúrgico. A Missa tem dois momentos maiores, com textos indigenistas: a Memória Penitencial e o Compromisso Final. A Memória, num diálogo entre América Ameríndia e a coletiva consciência de nossa Civilização – colonizadora, missionária. O Compromisso, alternando trágicas referências históricas, algumas bem recentes, com o grito coletivo e compungido da Comunidade celebrante: Memória, Remorso, Compromisso! Toda a Missa, entretanto, vem traspassada de uma incontida Esperança. Traspassada também de um inevitável compromisso político, que torne acreditável e eficaz, agora e aqui, essa Esperança, escatológica em última instância. A Missa da Terra-sem-males é uma missa de memória, remorso, denúncia e compromisso.

Na catedral da Sé, de São Paulo, no dia 22 de abril de 1979, aconteceu a primeira celebração desta “Missa da Terra sem Males” com a participação de quase quarenta bispos.

A Missa da Terra-sem-males brotou em terra Guarani, o Povo-aliança da América India Contra toda a violência, contra todo o sangue derramado, o Povo Guarani foi capaz de sonhar a Terra-sem-males. Nao foi um Ceu-sem-males, foi uma Terra-sem-males, a utopia possível. A utopia construída pela luta de todos os oprimidos. A pátria libertada de todos os homens. A Missa da Terra-sem-males é uma convocação a todos os oprimidos da América que marcharam durante séculos e que marcha hoje em busca da Terra-sem-males libertada.

www.ppcj.pt/jesnet/ (30-06-2010): Simpósio Internacional sobre a Experiência das Reduções. De 25 a 28 de Outubro, vai realizar-se na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo, Brasil, o “XII Simpósio Internacional sobre as Reduções”, sob o tema A Experiência Missionária: território, cultura e identidade. Entre as atividades culturais a realizar, destaca-se a apresentação da Missa “Tierra Sin Males”, de Dom Pedro Casaldáliga, Pedro Tierra e Martin Coplas, interpretada pela orquestra e pelo coro da Universidade. Proceder-se-á ainda ao lançamento em português do “Atlas Territorial e Urbano das Missões Jesuíticas dos Guaranís”, do Professor Ramón Gutiérrez, UNESCO, Argentina. Para informação e inscrições: www.ihu.unisinos.br

Notas:

1 Nome completo: Pere Maria Casaldàliga, nasceu 1928 em Balsareny (Bacelona), na Espanha, com dupla ncionalidade: espanhola e brasileira. De 1970-2005 foi bispo na Prelazia de São Félix de Araguaia, Mato Grosso.
2 Pedro Tierra é o pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva, nascido em 1948, em Porto Nacional, Tocantins. Poeta e escritor. Sofreu sob a ditadura militar.
3 Martin Coplas é músico argentino, descendente de quéchua e aymara. Desde década de setenta reside em Porto Alegre, RS. E´ especialista para música nativista.
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 352. Aleluia
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 19189
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
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