HPD 273: O dia nasce com fulgor
Autor da letra: Johann Zwick (1496-1542)
Autor da melodia: Johann Walther (1496-1570)
Johann Zwick nasceu por volta de 1492 em Constança, Suíça. Ele estudou Direito em Constança, Friburgo, Basiléia e Pádua. Em 1518 recebeu a ordenação de sacerdote. Após viagem de estudos por Cracóvia, Avignon e Siena ele foi trabalhar, a partir de 1521, como professor de Direito em Friburgo. Sob influência de livros de Lutero sua vida tomou ali um outro rumo. Ele começou a estudar Teologia e lamentou ter perdido os seus melhores anos com o estudo do Direito. Em 1522 ele se consultou com o reformador Zwingli em Zurique, e depois casou e aceitou o pastorado em Riedlingen/Suábia. Ali agiu como um pai entre filhos, pregou o evangelho de modo simples e prático e, pessoalmente ficando sem filhos, dedicou-se especialmente a educação dos jovens. Aconselhou seus paroquianos em assuntos jurídicos e defendeu os humildes. Ele faleceu aos 23 de outubro de 1542 em Bischofszell, Thurgau, Suiça, em conseqüência de peste.
Johann Zwick escreveu muitos hinos, orações e literatura edificante, visando principal-mente a educação dos jovens e das pessoas com pouca instrução. Um dos hinos mais conhecidos, e o único de sua autoria em nosso hinário, é o cântico matutino HPD nº 273: “O dia nasce com fulgor: com ele a graça do Senhor renasce em brilho celestial, pois seu amor é sempre igual.”
Este hino (feito provavelmente por volta de 1541, quando Zwick se sentia doente e fraco) é uma meditação sobre o grande presente da graça do Senhor, que deve ser lembrado cada novo dia com gratidão. A 1ª estrofe reflete palavras bíblicas como Lamentações 3,22-24: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é a sua fidelidade... Portanto esperarei nele.” E o Salmo 143,8: “Faze-me ouvir pela manhã da tua graça, pois em ti confio; mostra-me o caminho por onde devo andar.”
“A bela estrela, a fulgurar” da 2ª estrofe não se refere ao astro rei, o sol, mas mostra em direção daquele que várias vezes (Números 24,17; II.Pedro 1,19; Apocalipse 22,16) é chamado de “Estrela d’alva”. O sol pode ser reconfortante após uma longa noite fria. O sol é fundamental para a vida na terra. Onde falta o sol, ali sobram escuridão, frio, tristeza e morte. O Senhor Jesus (que no hino HPD nº 186,1 é chamado de “sol da graça”) é a força confortante que renova a nossa vida e nos traz luz e alegria. Ele quer tirar de nossos corações toda nebulosidade e angústia. Ele quer iluminar nossos olhos para enxergarmos o grande amor de Deus e aprendermos a amar ao nosso próximo. Ele quer criar em nós o que é agradável a Deus. Para que isto aconteça devemos sair da toca de nosso egoísmo e nos expor à luz que vem de Jesus Cristo.
O hino de Johann Zwick quer fazer-nos sair de nossos esconderijos e colocar-nos sob a luz orientadora de Jesus. As 3ª e 4ª estrofes, em forma de oração, querem ajudar-nos a andar e viver na luz de Cristo e nos afastar das coisas vergonhosas e más. Provavelmente Johann Zwick orientou-se nas palavras do apóstolo em Romanos 13,12 e 13: “Vai alta a noite e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia...” e em Efésios 5,8 e 9: “Andai como filhos da luz (porque o fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça, e verdade), provando sempre o que é agradável ao Senhor.” Para podermos viver como filhos de Deus é necessário permanecer sob o sol da graça de Deus. Por isso rogamos neste hino que a graça de Deus se renove cada dia.
Fonte: Jörg Erb em “Dichter und Sänger des Kirchenliedes” Volume 1, Lahr-Dinglingen, 1981.