HPD 241 – Com gratidão ao nosso Deus
Letras: Paul Gerhardt (1647)
Melodia: Johann Crüger (1653)
Textos bíblicos: Deuteronômio 26,10+11; Salmo 28,6-9; e Jesus Sirach (Bíblia cat. = Eclesiástico) 50, 22-24); Efésios 5,20.
O texto original do hino em alemão: Nun danket all und bringet Ehr, tem 18 estrofes, dos quais 9 entraram no Evangelisches Gesangbuch de 1990, e 7 estrofes foram traduzidas para o nosso hinário Hinos do Povo de Deus.
Paul Gerhardt (1607-1676) é o autor (em 1647) deste lindo hino de louvor a Deus. Nos anos 1643-1651 ele trabalhou em Berlim como educador e professor particular; além disso, quando necessário, prestou auxílios como pregador na Nikolaikirche. Somente fins de 1651 (com 44 anos de idade) ele conseguiu seu primeiro pastorado em Mittenwalde (próximo de Berlim). Nesta época chegou a criar muitos hinos de valor permanente. No ano de 1657 ele voltou a Berlim e tornou-se pároco na Igreja São Nicolau (até 1666).
Johann Crüger (1598-1662), era compositor, diretor de música e organista da Nikolaikirche em Berlim, e amigo de Paul Gerhard. Ele havia editado em 1640 um hinário, intitulado Newes volkkömliches Gesangbuch Augsburgischer Confession. A partir da 2ª edição em 1647 esta coleção recebeu o título de Praxis Pietatis Mélica. Ali Crüger incluiu 18 hinos cujas letras são da autoria de Paul Gerhardt. Entre eles também consta o hino Nun danket all und bringet Ehr (Com gratidão ao nosso Deus). Para sua composição Crüger se baseou numa melodia que Pierre Davantés1 havia composta (em 1552) para o Salmo 89.
Ouça a melodia: mp3
Meditação
O hino HPD 241 inicia com um convite para louvar e exaltar a Deus com gratidão (1ª estrofe) e cantar com alegria (2ª estr.). Tanto Paul Gerhardt, quanto Johann Crüger passaram grande parte de sua vida na época da Guerra dos 30 Anos (1618-1648). Eram tempos turbulentos e difíceis. Guerras, destruição e peste ceifaram muitas vidas. Reinavam fome e pobreza. Faltavam segurança, saúde e paz. - Meditando sobre isso chegamos a perguntar: Ali ainda havia motivos para gratidão? Ou: Como foi que Paul Gerhardt chegou a escrever e cantar Com gratidão ao nosso Deus dai glórias e louvor? Não seria antes uma época para lamentações e choradeiras?
Em inúmeras situações também hoje em dia muitas pessoas chegam a limites existenciais. Sempre de novo confrontam-se com injustiça, violência, enfermidade e morte. Como com mãos atadas observamos ora enchentes, ora estiagem, ora tsunamis ou outros estados críticos que causam tristeza, angústia e aflição (5ª estr.). Nós ainda conseguimos cantar este hino de Paul Gerhardt?
Conscientemente o autor dirige sua atenção para assuntos positivos. Ele conhece dor e provação (3ª estr.), sim; mas ele conhece também aquele que nos guiou... nos guardou e deu proteção (Deuteronômio 32,10-12). Note que ele usa a primeira pessoa no plural: Nosso Deus, nos guiou, nos guardou... Paul Gerhardt quer incentivar também a nós, pessoas do século XXI, a dirigirmos nosso olhar a Deus, de quem vem todas as coisas boas (Tiago 1,17). Desde o nosso nascimento (e até antes de nascermos, Jeremias 1,5) ele nos acompanha como um pai bondoso. E mesmo que alguém em sua vida material ou física não conseguisse descobrir nenhum milagre de Deus, ele tem motivos para agradecer. Pois a obra redentora de Jesus Cristo vale para todos (Tito 2,11; 1 Pedro 2,24; 3,18). Bondade, perdão, absolvição e graça (4ª estr.) são alguns presentes valiosos que recebemos gratuitamente. Devemos sempre nos lembrar deles e expressar nossa gratidão a Deus.
Depois de recordar os grandes feitos de Deus e agradecer por eles (1ª a 4ª estr.) Paul Gerhardt, na segunda parte do hino 241, chega a apresentar seus pedidos (5ª a 7ª estr.). Observe, o que ele pede em primeiro lugar (5ª estr.)! Comida, bebida, bens materiais, como o homem louco da parábola (Lucas 12,16-20 e 29)? Saúde e bem-estar, como Paulo (2 Coríntios 12,7+8)? Ou sabedoria, como Salomão (1.Reis 3,9-12)? Paul Gerhardt sabe que existe algo mais importante e pede humildemente: Alegre e grato coração nos queiras sempre dar. [Veja também Neemias 8,10b; Provérbios 15,13 e 15; 17,22; Tiago 5,13]. – No original alemão esta prece continua com erfrische Geist und Sinn (refrigera alma e mente) que lembra Salmo 23,3.
Assim alegrados e refrigerados podemos dirigir mais outros pedidos a Deus. Seguimos o exemplo de Paul Gerhardt que não pensa somente em si mesmo, mas intercede a favor de todo o povo, orando: Concede tua santa paz e bênção à nação (6ª estr.). Nação inclui todas as pessoas de todas as raças e crenças e profissões, as autoridades eleitas e as pessoas que votam, os que ensinam e os que aprendem, ... lembramos sãos e enfermos, amigos e inimigos, vizinhos próximos e parentes distantes,... e ainda outros povos e nações do mundo. [Veja também Números 6,24-26; Salmo 33,12; Lucas 2,14] .
Na última estrofe Paul Gerhardt dirige nossa atenção à última hora de nossa vida quando pára o coração, e à eternidade com o resplendor dos céus (7ª estr.). É um tema que se repete em muitos outros hinos de sua autoria (p.ex. HPD 43,5 Quando esta vida se findar...; 53,5 No termo desta vida...; 80,5 e quando... a morte nos chamar...; 217,5 E quando, enfim, a morte meu trilho terminar...; 222,4 Dá que eu seja ao céu erguido onde, ó Rei, viverei sempre a ti unido; 244,6 Entre os salvos, no fulgor, cantarei o teu amor; 271,4 Plena alegria, perfeita harmonia, isso me aguarda na eterna morada, quando eu chegar ao celeste fulgor. )
Fonte: http://www.predigtpreis.de/predigtdatenbank/newsletter/article/predigt-ueber-nun-danket-all-und-bringet-ehr-eg-322.html