HPD 188 A Jesus fiéis sigamos
O hino A Jesus fiéis sigamos (no original: Lasset uns mit Jesum ziehen) do poeta Sigismund von Birken1 (1626-1681) apareceu pela primeira vez em Heilige Karwochen, Nürnberg, 1653. Era destinado para a época da Quaresma. Por isso foi chamado de Guia através da Quaresma. A base bíblica era o Evangelho do Domingo antes da 4ª-feira de Cinzas (antigamente chamado de Quinquagesimae ou Estomihi): Lucas 18:31-34, onde Jesus prediz a sua morte e ressurreição: Eis que subimos para Jerusalém e vai cumprir-se ali tudo quanto está escrito por intermédio dos profetas, no tocante ao Filho do homem. (V.31).
Em nosso hinário Hinos do Povo de Deus o hino Nº 188 A Jesus fiéis sigamos encontrou seu lugar na secção Santificação, Discipulado, Serviço. Ali está muito bem inserido; pois não é somente um guia através da Quaresma, e, sim, um guia para toda a nossa vida cistã. O tema é: seguir a Jesus, ou: andar com Jesus; ou seja: ser discípulo ou seguidor de Jesus. Cf. Colossenses 2,6: Como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele; e I. João 2,6: devemos andar como ele andou. No hino de HPD nº 177 temos o convite de Jesus: Seguí-me – diz Cristo, o Senhor – discípulos, seguí-me! (baseado em Mateus 16, 24-25). E o hino de nº 188 é a nossa resposta
A 1ª estrofe inicía com uma palavra de incentivo A Jesus fiéis sigamos! E, antes de alguém perguntar: Como posso seguir a ele?, o autor já explica: seguir significa imitando o exemplo seu. E logo recebemos um exemplo concreto: seguir a Jesus é servir como Jesus serviu: com sincero amor. Deus não exige um esforço extraodinário de seus discipulos, mas espera sinceridade e amor e que cada um sirva com os dons que Deus nos deu, como o apóstolo Pedro recomendou: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (I.Pedro 5,10). A continuação da primeira estrofe ensina que os seguidores de Jesus, com os pés na terra e o coração no céu, devem semear amor. Talvez o autor pensou nas palavras de Jesus em João 13,15: Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros, ou nas palavras do apóstolo Paulo em Efésios 3,17: Assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor.
O final é uma breve oração individual (eu no singular, enquanto o início era no plural nós): começa com o pedido Sê comigo, fiel Jesus (II.Tim. 2,13), e continua com a promessa: eu te sigo... (Luc. 9,57).
A 2ª estrofe ensina que os seguidores de Jesus também devem estar dispostos a sofrer com ele, ou por ele. I.Pedro 2,21 lemos: Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos. E o próprio Senhor Jesus advertiu seus seguidores: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mateus 16,24) e Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos.....Sereis odiados de todos por causa do meu nome (Mateus 10,16-33).
No entanto, a segunda parte da 2ª estrofe nos mostra que os sofrimentos também têm um lado positivo: alegria após tormentos...consolo e alívio nos sofrimentos. Pois o nosso Senhor prometeu: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus (Mateus 5,10). E: No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. (João 16,33). Veja também Romanos 8,18; I.Pedro 4,12-16; Salmo 126.
A tradução do final da 2ª estrofe é infeliz, pois pode levar à idéia errônea de que o meu sofrimento seria como um pagamento necessário a fim de poder entrar no céu. No original alemão, no entanto, o autor expressa uma entrega total a Deus, parecida com a de Jesus que disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lucas 23,46). E no último verso o autor acrescenta um pedido semelhante ao do malfeitor que rogou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino (Lucas 23,42).
A 3ª estrofe nos leva até o cúmulo do martírio: Com Jesus morrer queremos. Algo parecido disse Tomé aos demais discípulos de Jesus: Vamos também nós para morrermos com Ele (João 11,16). Eles acompanharam Jesus até Jerusalém. Mas quando ele foi preso, todos fugiram. Porém, depois de Pentecostes, entre os primeiros cristãos em Jerusalém, já houve um que sacrificou sua vida por amor a Cristo. Era o diácono Estêvão (Atos 7,54-60). E, depois dele, na história da Igreja muitos outros tornaram-se mártires por amor a Jesus. Estamos nós dispostos a dar esse passo?
Na continuação o autor dirige nossa atenção ao grande sacrifício (ou martírio) que Jesus sofreu por amor a nós: Sua morte é redenção. Pelo seu amor teremos vida eterna e salvação. (confere p.ex. João 3,16 e I.Pedro 2,24). Este é o tema central do Novo Testamento que deve ser lembrado diariamente com gratidão.
Por causa do sacrifício de Jesus podemos renunciar às vontades do próprio EU (ou, como diz o apóstolo em Colossenses 3,5: fazer morrer a nossa natureza terrena), podemos ter esperança de entrar no Reino eterno, e conseguimos confessar Cristo, quero em ti morrer (cf. Romanos 14,7 e 8).
A 4ª estrofe é como o sol que brilha por entre as nuvens após uma tempestade. Já que o Cristo, em resplendor, ressurgiu, nós viveremos. Aqui temos não somente a continuação da 3ª estrofe: Vida após a morte, mas um resumo de todas as tres estrofes. Na certeza da ressurreição podemos seguir a Jesus, sofrer com ele e enfrentar a morte. João 11:25 Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreiçăo e a vida; quem crę em mim, ainda que morra, viverá. 1º Coríntios 15:20-22: Mas de fato Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreiçăo dos mortos. Pois como em Adăo todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serăo vivificados. Romanos 6,4: Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Por isso podemos adorar Jesus como nosso Senhor: Tu, Jesus, és o Senhor. Podemos pedir humildemente: reconhece em nós teus irmãos. E podemos confessar alegremente: Só por ti, Senhor Jesus, temos vida em plena luz e Só por ti nós temos vida, luz somente em teu fulgor como o apóstolo Paulo o fez: Lembra-te de Jesus Cristo, ressurgido dentre os mortos e Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com ele, também com ele viveremos (II.Timóteo 2,8+11)
ORAÇÃO: Deus todo-poderoso, Seu Filho suportou a agonia e vergonha da cruz de boa vontade por nossa redenção. Concede-nos coragem para carregarmos nossos problemas diários e seguirmos a Jesus onde quer que Ele nos conduza; pelo mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor que vive e reina com Você e o Espírito Santo, um Deus, agora e sempre. Amém.
Fontes:
-http://www.clovertlcs.org/
- http://home.att.net/~dennisschmidt/qv-pap/godswalk_outline.htm
- http://www.lutheranwomen.ca/inspiration/devotions/walkways.doc
Nota:
1 Sigismund von Birken nasceu 05 de maio de 1626, em Wildstein (próximo de Eger), Boêmia. Em 1629, junto com os pais e com outros pastores evangélicos, foi forçado a fugir da Boêmia por causa de sua confissão evangélica, e foi para Nürnberg. Depois de frequentar o ginásio em Nürnberg, Sigismund entrou na Universidade de Jena em 1643, onde ele estudou Direito e Teologia, conforme o último pedido do pai dele quando estava morrendo. Antes de terminar qualquer curso de estudo, ele voltou a Nürnberg em 1645 e, devido aos seus dons poéticos, ele foi admitido ao Cículo de Poetas da Louvável Ordem pastoril e florística de pastores do rio Pegnitz. Fins de 1645, ele foi designado tutor para a Princesa de Brunswick-Lüneburg, em Wolfenbüttel; mas depois de um ano (durante o qual ele foi laureado como poeta), ele resignou o cargo. Depois de uma viagem, durante a qual ele foi admitido através de Philipp von Zesen como sócio da Sociedade Germânica (ou União Patriótica), ele voltou a Nürnberg em 1648, e trabalhou como um tutor privado. Em 1654, o Imperador Ferdinand III concedeu-lhe o título de nobreza von, em reconhecimento dos seus dons poéticos. Em 1658, ele uniu-se a Sociedade dos Frutificadores. E após a morte de Harsdörffer, em 1662, se tornou Chefe Principal da Ordem de Pegnitz. Sigismund faleceu aos 12 de Junho de 1681, em Nürnberg, Alemanha.