Ó vinde, fiéis

Comentário e Reflexão

29/06/2012

HPD nº 17 Ó vinde, fiéis - Adeste Fideles

Adeste, fideles, laeti triumphantes;
Venite, venite in Bethlehem.
Natum videte Regem angelorum.
Venite adoremus, venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum.

A história de Adeste Fideles permanece um mistério. De onde veio esta doce e solene canção? Em relação à autoria da letra e música deste hino existe uma grande controvérsia, sendo atribuída a portugueses, ingleses, franceses, alemães, entre outros. Todos tentam demonstrar através dos poucos fatos existentes que o autor da canção pertencia ao seu país. Esta competição prova que Adeste Fideles é um dos mais apreciados hinos de Natal, e isso talvez principalmente por sua música e seu ritmo, e não tanto por suas palavras atuais.

O texto original é em latim, e já foi atribuído a vários grupos e indivíduos, inclusive há reivindicações de que foi escrito por São Bonaventura (1221-1274), Bispo de Albane e, mais tarde, Cardeal; em suas obras, porém, não consta este hino. Outros apontam como fonte original o Gradual dos monges Cistercienses do século 17, ou uma outra ordem de monges que falava latim, na França. Alemanha, Portugal ou Espanha.

Os ingleses consideram que Adeste Fidelis é deles, pois tanto a letra como a música encontraram-se num manuscrito (escrito em latim) intitulado Cantus Diversi pro Dominicis et Festis Annum, copiado e publicado em 1751 pelo padre John Francis Wade (1711 – 1786), um copista profissional. Porém, o único exemplar descoberto em 1946 em Oxford, estava sem a capa e, portanto sem a possível assinatura de seu autor.

Antes do aparecimento de John Francis Wade como o compositor provável, a melodia tinha sido pretendida ser escrita por vários músicos; como p.ex. John Reading1 (c.1645-1692) e o filho dele, John Reading Jr.(1685/86-1764)2, e até Georg Friedrich Händel (1685 -1759). Outras fontes mencionam inclusive um músico português, o Marcos Antonio da Fonseca (1762 – 1830)3, músico da corte de D. João VI, como compositor de Adeste Fideles. [Porém esse último nasceu somente dois anos depois da melodia ter sido publicada.]

O manuscrito mais antigo que existe deste hino foi publicado em 1760 na França em Cultos vespertinos da Igreja e mostra as palavras e a melodia. Depois apareceu 1782 em Londres na coleção católica Um ensaio para Cantos Gerais da Igreja de Samuel Webbe. Depois foi acolhido em quase todos os hinários, tanto católicos-romanos quanto evangélicos.

O hino foi chamado às vêzes O Hino português. Isto é porque numa apresentação do hino por Samuel Webbe em 1795 foi ouvido pelo Duque de Leeds na capela da embaixada portuguesa em Londres, um dos poucos lugares que naquele momento ainda era um baluarte da cultura católica no país. O Duque ficou impressionado e incluiu o hino no repertório dos Concertos de Música Antiga, de que ele era o organizador. Após a sua execução em maio de 1797 o hino tornou-se muito popular em toda a Inglaterra, na Europa e nos Estados Unidos.

Houve também quem indicasse o Rei D. João IV (1604-1654) de Portugal como autor da melodia. Pois ele era músico e apreciador das belas artes. Ele fundou uma Escola de Música em Vila Viçosa que exportou músicos para a Espanha e Itália. E foi lá no palácio de Vila Viçosa que foram achados dois manuscritos do Hino português. Esses manuscritos (1640) são mais antigos que o manuscrito de John Francis Wade (1751) e o da França (1760). Uma outra obra famosa do rei D. João IV é uma composição do Crux Fidelis, um trabalho que permanece altamente popular durante Quaresma entre coros de igreja. Talvez a semelhança do Adeste Fideles com a Crux Fidelis tenha contribuído para formar a suposição de que D.João IV seria autor da melodia.

O texto original consistiu em quatro estrofes em latim, e era com estas que o hino foi publicado originalmente. Porém, o Abbé Etienne Jean François Borderies (1764-1832) escreveu em 1822 três estrofes adicionais. Estes normalmente estão impressos como o terceira, quarta e quinta de sete estrofes.

O texto foi traduzido inúmeras vezes. A tradução mais antiga em inglês que se conhece é de 1789. Cem anos mais tarde (1892), havia mais de 38 traduções, de acordo com Um Dicionário de Hymnology de John Julian. E na década de 1990 William Studwell calculou quase 50 traduções. – Em português existe a tradução do antigo missionário presbiteriano Rev. James Theodore Houston (1847-1929), publicada em 1881, em Nova Collecção de Hymnos Sagrados e incluída posteriormente na coletânea Psalmos e Hymnos. Em 1945 foi alterada pela comissão do hinário da Confederação Evangélica do Brasil, para figurar no Hinário Evangélico de 1962 sob nº 8 Adoremos ao Senhor. Outra tradução consta no hinário Hinos do Povo de Deus de 1981, sob nº 17 Ó vinde, fiéis, vinde alegres, triunfantes.

Fontes:

- http://natalnatal.no.sapo.pt/pag_musicaspt/adeste.htm
- Wikipedia, the free encyclopedia
- http://www.hymnsandcarolsofchristmas.com/Hymns_and_Carols/Notes_On_Carols/adeste_fideles.htm
- http://www.hymnsandcarolsofchristmas.com/Text/Miles/19098-h.htm
- Henriqueta Rosa Fernandes Braga em Cânticos de Natal, Rio de Janeiro, 1960³

Notas:

1 O nome dele é pronunciado “Redding”. Era organista da Catedral de Winchester de 1675-1681.

2 John Reading Jr. vivia em Londres, era compositor inglês, organista e copista

3 Marcos António da Fonseca Portugal (1762-1830) estudou em Lisboa e aperfeiçoou-se na Itália; pode afirmar-se ser o músico português internacionalmente mais conhecido.

4 D. João IV de Portugal e II de Bragança (*1604; +1656) foi o vigésimo primeiro Rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia, fundador da dinastia de Bragança.


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo do Natal
Hino: 17. Ó vinde, fiéis
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15410
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