“Cantai, cristãos, a Deus louvai,...” (HPD nº 14)
Assim Nikolaus Hermann (1480-1561) convidou o povo cristão na época em que Martin Luther havia redescoberto e divulgado as verdades evangélicas. O hino se encontra em nosso hinário “Hinos do Povo de Deus” sob nº 14, e convida ainda hoje em dia “Cantai, cristãos, a Deus louvai, pois hoje abriu o céu; do trono excelso enviou o Pai o eterno Filho seu.”
Notem bem, quem está sendo convidado? Não são só especialistas, coros, músicos ou anjos. Mas cantar e louvar a Deus é tarefa de todos os cristãos em geral. Pois todos nós temos um motivo muito importante para este louvor: Deus abriu o céu e enviou seu Filho. Jesus trocou a glória eterna por uma vida humana nesta terra. Nasceu pobre, tornou-se nosso irmão, tornou-se solidário conosco, sacrificou-se na cruz por nós, e assim abriu-nos a porta do paraíso. E tudo isso “por seu excelso amor”. (Leia o hino de nº 14 no hinário).
Esta é a mensagem que já foi expressa num dos mais antigos hinos cristãos, que o apóstolo Paulo cita em Filipenses 2.5-11 e que termina com as palavras: “para que...tôda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
Quando cantamos nossos hinos estamos glorificando a Deus e, ao mesmo tempo, confessando nossa fé em Jesus, dando testemunho do “seu amor sem par”.
Não há época específica para cumprirmos esta nossa missão de louvar e confessar. Sempre podemos e devemos fazer isto. Eu tive o privilégio de nascer e ser educado num lar cristão, onde cada dia houve um momento de devoção com leitura bíblica, meditação, oração e o canto de um hino. Desta maneira, no decorrer de alguns anos, chegou-se a conhecer e amar grande parte do rico tesouro do hinário de nossa Igreja. Especialmente nas épocas de Advento e Natal se cantava muito, tanto hinos quanto canções folclóricas natalinas. Por isso para mim pessoalmente Natal sem música e canto não é Natal. Podem faltar presentes, podem faltar velas, enfeites e pinheirinho, podem faltar festas e bailes, mas não devem faltar a Palavra de Deus nem hinos e música de Natal. E acredito que estou em boa companhia. Pois na noite em que Jesus nasceu, um anjo trouxe a boa mensagem “O Salvador nasceu” e uma multidão da milícia celestial cantou “Glória a Deus nas alturas e paz na terra...”(Luc.2,10-14).
Infelizmente nem todos os cristãos tiveram este mesmo privilégio. Aprendi isso no Natal de 1958. Como recém-formado candidato ao ministério pastoral havia preparado um culto com muitas leituras bíblicas de profecias do Antigo Testamento e do cumprimento deles no Novo Testamento, sempre intercaladas com hinos. Pensei em animar a comunidade para um grande louvor a Deus. Porém, como foi grande a decepção, quando o casal que havia doado o pinheirinho para a igreja, resmungou depois:
- Nós esperávamos um culto “bonito” de Natal, mas o pastor só nos cansou com um monte de hinos desconhecidos!
Desconhecidos? Eu havia dificuldade de entender que alguém não conhecia os lindos hinos de Natal, que me eram familiares já desde a infância. Pois pensei que eram cristãos, os que se reuniam no culto de Natal. E cristãos cantam e louvam a Deus.
Nunca é tarde demais para aprender algo. Só precisa um pouco de disciplina, desligar o aparelho de TV, afastar-se por um momento dos muitos afazeres e abrir os hinários. No volume I do “Hinos do Povo de Deus” encontramos 22 hinos e canções de Natal, e no volume II se acham mais 3, somando exatamente 25. É um para cada dia entre 1º até 25 de dezembro. Abrindo o hinário, de preferência com a família reunida, cantem cada dia um dos hinos. E, se a melodia for desconhecida, leia pelo menos a letra dos hinos e medite sobre o conteúdo. Também existem muitas fitas K-7 ou CDs que podem ajudar a aprender as melodias. Tente, pois vale a pena! Diga com Emil Quandt (1835-1911) no HPD nº 31:
“Como os anjos jubilaram, quando a nova anunciaram,
quero eu também catar, paz na terra propagar.”
L.C.