HPD nº 53 Ó fronte ensangüentada
Letra - Poema Latino Medieval, adaptado por Paul Gerhardt (1607-1676)
Música - Hans Leo Hassler (1564 - 1612)
O autor do hino do séc. XIV, original em latim, Salve Mundi Salutari,(Seja Saudado Aquele que Salva o Mundo), é incerto. Sua autoria geralmente é atribuída a Bernard de Clairvaux (1090-1153). Bernard era Abade no mosteiro de Clairvaux e exerceu poderosa influência sobre a igreja de sua época. Originalmente o poema compunha-se de sete meditações extensas sobre o corpo de Cristo pendurado na cruz: seus pés, joelhos, mãos, lados, peitos e coração. A sétima parte, Salve caput cruentato,( Salve, Cabeça Ensangüentada) se focalizou na cabeça de Cristo, coroada de espinhos.
Esta parte do poema chegou até nós através de um longo caminho. Paul Gerhardt (1607-1676), considerado o maior poeta luterano depois de Lutero, adaptou esta sétima seção para o Alemão em 1656, criando O Haupt voll Blut und Wunden (O´ Cabeça Ensangüentada e Ferida), hino de dez estrofes. Um escritor disse:
“O original de Bernard é poderoso e perscrutador, mas o hino de Gerhardt é ainda mais poderoso e profundo, como que extraído da mais profunda fonte do evangelismo Luterano, da sabedoria escriturística, e fervor de fé. Desta forma, este hino clássico expressa em três línguas - latim, alemão e inglês - e em três confissões de fé - a Romana, A Luterana e a Anglicana - a confiança do crente no Cristo do Calvário.” - Lyric Religion, pág. 310 (Com permissão de Fleming H. Revell Co).
“Este é um hino profundamente devocional, que requer uma aplicação muito pessoal da morte redentora de Cristo, por relembrar seu sofrimento e morte cruel na cruz”.Nele o cristão reconhece que foi o seu pecado que pôs Cristo na cruz, e foi por amor a ele que Cristo sofreu ali. Este reconhecimento traz conforto e uma confissão de gratidão e dedicação a Cristo seja seu refúgio, guia e luz, sabendo que assim viverá e dormira em paz.
Do hino Ó fronte ensangüentada existem várias traduções em português. No hinário Hinos da Igreja Evangélica traduzidos pelo Pastor Hans Muller de Joinville, editados em 1939, consta sob nº 27, contendo 7 estrofes. No Hinário da IECLB (de 1964) consta sob nº 51, também com 7 estrofes, mas que passaram pelo crivo da comissão do hinário, reformulando muitas expressões. No hinário Hinos do Povo de Deus (de 1981) sob nº 53, temos somente 5 estrofes, sendo que a 1ª recebeu nova adaptação, e as outras são cópia da versão de 1964.
A melodia foi composta em 1601 pelo ilustre compositor luterano Hans Leo Hassler (1564-1612), para uma letra secular duma canção de amor “Mein G’müt ist mir verwirret, das macht ein Jungfrau zart”.. Já em 1613 apareceu como melodia para um hino, na coletânea Harmoniai Sacrai (Harmonias Sacras), seguindo o preceito de Lutero que “o demônio não deve monopolizar as melhores melodias”. Em 1653, na Coletânea Práxis Pietatis Mélica (A Prática Harmoniosa da Piedade) de Johann Crüger, a melodia de Hassler foi unida com esta letra de Paul Gerhadt, e o hino ganhou fama, e desde então é associada a ela.
A melodia “Passion Chorale” ou Herzlich Thutmich verlangen (O Coral da Paixão), é uma adaptação da melodia Lustgarten Neuer Teutscher Gesang, composta por Hans Leo Hassler em Nuremberg, Alemanha, em 1601.
O “Coral da Paixão” era um dos favoritos de Johann Sebastian Bach, que o usou em cinco diferentes temas na “Paixão Segundo São Mateus” (1729) e em temas para solos de órgão. Parece haver sido um tema de coral muito popular entre os compositores para órgão, pois, há muitos trechos para os quais esta nobre melodia serve de base. Ela merece esta honra e se está tornando muito conhecida nas igrejas americanas.
Este hino é um bom exemplo de melodia secular, mas, que perdeu todas as suas características de secular e tornou-se sacra através do uso intensivo com textos sacros, e na forma de prelúdios corais para órgão. O caráter desta melodia, como a conhecemos hoje é muito diferente, em sua natureza, da música popular de hoje em dia.
O “Coral da Paixão” ilustra as qualidades encontradas nos corais alemães do período da Reforma: melodias fortes e vitais, freqüente troca de harmonia, ritmo majestoso e dignificante, e espírito reverente.
Fonte: Histórias de Hinos e Autores - CMA - Conservatório Musical Adventista