Prefácio - Crianças na Ceia do Senhor

01/10/2008

Por mais que a sociedade moderna tenha tornado relativa a importância da religiãona vida das pessoas, o culto comunitário continua sendo de fundamental importância na vida de muitas delas. Certamente o é para a comunidade cristã.

Sabemos que o culto cristão teve suas origens ao redor de uma mesa, onde apalavra e o pão eram partilhados. Foi o próprio Senhor da Igreja, Jesus Cristo, quem insistiu: “Façam isso em memória de mim”. Se o culto é a atividade mais importante n a vida de uma comunidade de fé e se a celebração da Ceia, junto com a proclamação da Palavra, perfazem o centro desse culto, então poderíamos ser mais fiéis a Jesus Cristo se não impedíssemos quaisquer pessoas de ali participarem, incluindo as crianças. Mesmo que pronunciadas em outro contexto, as palavras de Jesus relatadas no evangelho de Marcos constituem um critério decisivo: “Deixem que venham a mim os pequeninos”.

O sacramento da Santa Ceia celebra a comunhão e a reconciliação do povo de Deusentre si e com o Senhor. Nenhuma pessoa batizada deveria, por qualquer motivo, incluindo a idade, ser excluída. O corpo de Cristo, a sua Igreja, é formado por pessoas batizadas, independentemente da idade. O próprio Martim Lutero, ao se referir ao culto da comunidade, disse que se dirigiam à mesa da comunhão “homem, mulher, jovem, velho, senhor, escravo, esposa, empregada, pais, crianças, como Deus ali todos nos reúne.

A participação de crianças na Ceia continua sendo um assunto com perguntas não respondidas em alguns contextos, mesmo depois de duas décadas de discussão em torno ele. No entanto, não há razões teológicas que impeçam a participação de crianças batizadas. Há muitas comunidades onde a presença de crianças na Ceia já é uma prática consolidada. Se cremos que é o próprio Jesus quem reúne todas as pessoas no momento da comunhão, como podemos, por razões diversas, não permitir que algumas tenham esse privilégio?

Reunimos neste DVD uma série de textos, liturgias e estudos bíblicos para fomentar a reflexão e o diálogo respeitoso acerca do assunto. Sabemos que mudanças de atitude e de costume levam tempo... mas nem por isso devemos permitir que a igreja luterana, que começou a partir da Reforma do século XVI, deixe de avançar, com o devido cuidado pastoral, cada vez mais em direção àquela comunhão inclusiva desejada pelo próprio Deus. Também desta forma somos instrumento de Sua missão no mundo.

01/10/2008

Walter Altmann
Pastor Presidente
 


Autor(a): Walter Altmann
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Crianças na Ceia do Senhor / Ano: 2008
Natureza do Texto: Artigo
ID: 13997
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Martim Lutero
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