Queria saber mais sobre a polêmica do dízimo. Sou evangélico, mas começo a questionar a ditadura do dízimo (Seguem perguntas e respostas).
Estimado irmão A.!
Agradecido pelas suas reflexões em forma de afirmação e pergunta. Você levantou questões muito pertinentes em relação ao tema dízimo. Os seus questionamentos são precisamente as razões pelas quais a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil evita o uso do termo. Prefere o termo contribuição por expressar melhor o caráter de voluntariedade e espontaneidade. Em alguns lugares existem membros e pastores que também o fazem porque estão influenciados pela cultura evangélica.
O dízimo tem sido usado como lei quando a partir do evento de Jesus Cristo nós vivemos no tempo da graça. Uma leitura literal da Bíblia (sem considerar que a Igreja é fruto da ação do Espírito Santo que promove gratidão ilimitada) leva a um novo legalismo. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.
Se situarmos a reflexão no contexto do povo de Israel, veremos que o dízimo fazia parte do sistema tributário de seu tempo. O templo representava o Tesouro/o Banco Central. Não havia distinção entre as esferas religiosa e política como temos nos tempos atuais. Não havia possibilidade de escolha. A religião era única e se confundia com o poder político. Jesus critica o dízimo e contesta todo o sistema legalista de seu tempo porque ele não está a serviço das pessoas.(Ex.:sábado) A sua morte na cruz tem muito a ver com o desnudamente do sistema religioso e político.
O dinheiro e os recursos materiais fazem parte da dinâmica da vida em sociedade. Se estamos mergulhados aí como igreja, não podemos criar um mundo à parte. São as contingências da vida que levam a viver as contradições e ambigüidades decorrentes da condição humana. O Evangelho é boa notícia porque ele quer promover novas relações entre as pessoas e quer libertá-las das amarras das forças escravizantes do dinheiro, do poder e das ideologias. Jesus se referiu ao dinheiro inúmeras vezes e o fez de forma bastante crítica. As primeiras comunidades cristãs e a orientação de Paulo sugerem algo tão diferente do que a teologia da prosperidade. Apontam para a comunitariedade e solidariedade.
O dízimo está hoje dizimando a credibilidade do Evangelho. Você fala em ditadura. Quando se chega a este ponto, a graça já dançou há muito tempo.
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