Discipulado Permanente - Catecumenato Permanente

20/10/1974

Introdução

A Igreja de Jesus Cristo, por natureza e incumbência, é uma realidade dinâmica neste mundo. Anunciando e vivendo o Evangelho, ela é porta-voz das maravilhosas obras de Deus em favor da justificação, libertação e salvação de Sua criatura. A IECLB, através do seu compromisso com o Evangelho, participa desta missão. Grata pelo amor de Deus em Cristo que lhe deu e continua dando existência, ela se sabe devedora de todos os homens, mormente dos do seu ambiente imediato, convidando-os a serem co-herdeiros do reino de Deus que se manifesta em fé, justiça, amor, esperança e liberdade.

A IECLB bem como qualquer Igreja está constantemente ameaçada de se tornar sal insípido, luz sob o alqueire, devedora insolvente. Ela pode trair o Evangelho, não sendo suficientemente Igreja ou comunidade e assim negar o que ela por natureza é. A Igreja pode morrer, ainda que o seu organismo estrutural continue funcionando. Em razão disso cabe a IECLB o constante exame de si mesma no que diz respeito à fidelidade a seu Senhor. Se Ele é a ressurreição e a vida, a Sua comunidade, a rigor, não pode ser morta e inerte.

Com vistas a esta constante ameaça a expressão “Discipulado Permanente” designa basicamente uma teologia orientadora, uma concepção fundamental do trabalho na igreja e refere-se ao desencadeamento de um processo de ação concreta.

A necessidade de uma reflexão neste sentido originou-se na verificação da insuficiência do ensino confirmatório na IECLB. Jesus Cristo, ao convocar discípulos, quis que a vida na sua companhia e sob o seu senhorio fosse discipulado permanente. O ensino confirmatório, a despeito de seu inegável valor, é incapaz de, por si só, atender a esta exigência. Com a sua limitação a uma só faixa etária e com métodos por vezes conflitantes com a essência da aprendizagem da fé, o ensino confirmatório necessita tanto de uma redefinição como também de uma complementação no sentido do discipulado permanente. Sem embaraço algum podemos constatar um grave déficit na vivência do discipulado entre nós membros da IECLB.

Ultrapassando a idéia inicial de um programa de instrução permanente a “Consulta sobre o Ensino Confirmatório e Confirmação”, realizada em julho de 1974, constatando a necessidade do envolvimento da pessoa em um processo de aprendizagem em confronto constante com o Evangelho, pretendendo oportunizar a participação ativa das pessoas na missão de Cristo e objetivando possibilitar autêntica vivência do discipulado, em testemunho e serviço no mundo, propôs que no âmbito da IECLB se promovesse o “Catecumenato Permanente” como “processo de atuação da Igreja que visa a maturidade do cristão isto é, a sua libertação integral em Cristo, para vivência do Evangelho em comunhão e conseqüente ação responsável no mundo”. Encaminhada esta proposição como moção ao IX Concílio Geral da IECLB, a mesma foi aprovada, após o que o Conselho Diretor constituiu uma comissão de estudos.

Mediante o presente documento, a comissão faz depoimento dos frutos de seu trabalho. Logo evidenciou-se à comissão a grande amplitude e o extraordinário alcance do assunto, ambos arraigados na própria natureza do ser discípulo de Jesus.
Sendo mais do que uma questão de métodos e de organização, sendo também mais do que a preocupação com um determinado setor de trabalho na IECLB, Catecumenato Permanente, diz respeito à vida do cristão como discípulo e, à vida da comunidade na totalidade do seu ser, isto é, ao “Discipulado Permanente”.

1. Definição

1.1 - O cristão como discípulo

No Novo Testamento o termo discípulo é apenas uma designação dos seguidores de Jesus, ao lado da qual existem outras. Paulo prefere falar em santos, chamados, amados de Deus, etc. quando se reporta aos que crêem. Na primeira carta de Pedro os cristãos são chamados eleitos, sacerdócio real, nação santa. Outros títulos mais poderiam ser enumerados. Apesar desta variedade, o termo discípulo ocupa uma posição de destaque, particularmente nos quatro evangelhos. Considerando passagens como Mt 28,18s; João 8,31; Atos 6,1; etc. torna-se evidente ser “discípulo” um sinônimo importante da palavra “cristão”.

No entanto, o significado deste termo não se obtém mediante a simples tradução verbal, pois o que o discípulo vem a ser em sentido cristão, isto se define adequadamente apenas a partir de seu mestre Jesus Cristo. O Novo Testamento é unânime em afirmar que o mestre é aquele que, pelo mundo e por isto também pelos seus discípulos, deu a sua vida. Logo ele é mais do que um professor, instrutor ou pedagogo. Ele é, muito antes, o salvador, redentor. Conseqüentemente os discípulos de Jesus não podem ser caracterizados apenas de alunos, estudantes ou aprendizes. Eles recebem mais do que ensinamento, eles recebem o perdão dos seus pecados, a liberdade, a esperança, eles recebem o Espírito Santo e a filiação divina, recebem novidade de vida, são feitos novas criaturas. A obra de Cristo determina o que são os seus discípulos.

É claro que em sentido literal o termo “discípulo” não cobre este conteúdo. Aliás, nenhum termo é capaz de reunir em si a plenitude do que é a existência cristã. É preciso respeitar a complementaridade das designações encontradas no Novo Testamento, pois elas individualmente ressaltam apenas certas dimensões do ser cristão e necessitam, por esta razão, da consideração do pano de fundo integral, que é o Evangelho, para serem inequívocas e precisas. O mesmo ocorre com o termo “discípulo” que fixa um elemento constitutivo da existência na fé sem que isto permitisse desconsiderar as demais peculiaridades da mesma, decorrentes da natureza do senhor e mestre de todos.

O específico a ser expresso pela designação “discípulo” naturalmente consiste em ser o cristão envolvido num processo de aprendizagem, permanente por definição. No entanto, cabe atentar para o tipo de aprendizagem, condizente com o Evangelho e o senhorio de Jesus Cristo. São vários os seus aspectos:

a) Logicamente Jesus tem uma mensagem, ou seja, também doutrina, a transmitir. Os seus discípulos são instruídos nos ministérios do reino e intimados a guardarem e ensinarem todas as coisas que lhes ordenou.

Também a Igreja desenvolveu uma doutrina, na qual ela procurou coordenar a sua confissão e dar expressão às verdades da fé. Esta doutrina, seja a de Jesus, seja a da Igreja, encontra-se codificada na Bíblia, no Catecismo, nos escritos confessionais e em outra literatura cristã. Portanto, existem conteúdos do Evangelho a serem aprendidos e adquiridos. Seja enfatizado, porém, que esta instrução engloba não só a recitação de textos, mas também a reflexão crítica com o objetivo de garantir verdadeira compreensão dos mesmos. Aprendizagem cristã não dispensa o homem da necessidade de adquirir conhecimentos nem do esforço intelectual.

b) Mas o cristão deve aprender não só conteúdos, ele deve aprender o próprio ato da fé. Trata-se da assimilação existencial da salvação proporcional por Jesus. Crer implica em transformação da pessoa, em mudança de mentalidade, em nova visão de Deus, homem e mundo, enfim, em novidade de vida. Se no item anterior prevaleceu o aspecto instrução, está sendo focalizada agora a educação, orientada em criar a conformidade do homem com a oferta salvífica do Evangelho. É a aprendizagem resultante da confrontação do Evangelho com a existência do pecador. O dom de Deus deve corporificar - se em atitude e ação do homem, ou seja, o homem deve aprender o amor, a esperança, a liberdade e as demais dimensões da fé.

c) A esta educação pertence intrinsecamente o aspecto da maturação, respectivamente da aprovação da fé na vida cotidiana. A fé fez experiências na realidade vivencial, quer positivas, quer negativas. Seguir a Jesus pode dar a sensação de imensa felicidade, mas pode ser também caminho áspero, cheio de obstáculos, de sofrimento e provação. Ambas as experiências não se excluem na verdade só em conjunto promovem o amadurecimento e o crescimento do Cristão. É a aprendizagem resultante da confrontação da fé com a realidade do mundo e da necessidade de uma contínua confirmação do batismo pela conduta.

d) Todos estes aspectos confluem e, de certo modo, alcançam o seu ápice num último: Ser discípulo significa aprender o cumprimento da missão cristã. Deus não quer apenas a nossa salvação individual, ele quer a salvação do mundo (!). Por isto Jesus envia os seus discípulos para serem arautos do reino de Deus, sal da terra e luz do mundo. Salvação é oferta universal, razão pela qual Jesus reservou uma tarefa a seus discípulos que os faz devedores de todos os homens. O desempenho desta missão requer:
- Amor ao mundo e à criação de Deus. Isto significa que o cristão deve aprender a ser reflexo do amor com que ele mesmo, por Deus, é amado. Este amor inclui responsabilidade pelo mundo, o empenho em conservá-lo e em relembrar-lhe a libertação que Deus lhe destinou. Isto não será possível sem a denúncia das injustiças e dos pecados por um lado e o anúncio da obra redentora de Deus por outro.
- Tradução da mensagem evangélica em testemunho autêntico. Existe o testemunho pela palavra e o testemunho pela ação. Testemunho autêntico é o conjunto de ambos.
- Interpretação correta do Evangelho. Visto que Jesus não deu a seus discípulos um código de leis suscetíveis de serem aplicadas mecanicamente em qualquer situação, mas uma nova mentalidade e uma nova orientação, ele exige dos seus discípulos considerável trabalho, a saber, buscar em responsabilidade própria as respostas aos problemas atuais a partir do espírito do Evangelho que é o Espírito Santo.
- Análise do mundo, ao qual o Evangelho se destina. Este mundo é, antes de mais nada, o ambiente imediato em que o cristão, respectivamente a comunidade se encontra. Os discípulos não serão entendidos e o seu serviço, ainda que bem-intencionado, será ineficaz, de atuarem num mundo existente unicamente na sua imaginação. Neste caso estará sendo impedida a encarnação do Evangelho que, por isto mesmo, não se comunica.
- O cristão é convocado a aprender a concreticidade do Evangelho. A mensagem salvífica se projeta para dentro de todos os setores da vida humana, ela possui conseqüências na esfera espiritual e corporal e tem por meta a salvação do homem todo, isto é, a eliminação e superação de todos os males que o aflige. A manifestação desta concreticidade do Evangelho exige coragem e intrepidez por parte dos discípulos.

Os aspectos mencionados nos itens a) a d) estão estreitamente ligados entre si e não toleram ser divorciados. Onde a ênfase recair de modo unilateral em um deles, surge o perigo de o Evangelho ser adulterado e a Igreja sofrer sério prejuízo. Aprendizagem cristã é um processo complexo, incapaz de ser atendido por alguns cursos, concluído com certa idade e encerrado com uma série de experiências espirituais. Do mesmo modo, porém, a referida complexidade não encontra atendimento adequado na solidão do indivíduo. Jesus congrega os seus discípulos em comunidades. A vinculação dos discípulos entre si constitui outra componente essencial do discipulado, razão pela qual ela merece especial atenção.

1.2 Discipulado e comunidade

O que vale para o indivíduo cristão, de uma ou de outra forma, também vale para a comunidade. Ela é, como corpo coletivo, seguidora de Jesus, e, a maneira de cada um dos seus membros, não pode eximir-se da aprendizagem própria daqueles. Os aspectos do discipulado, frisados acima, se transplantam necessariamente para o nível da coletividade. Não só o indivíduo cristão, também a comunidade como um todo está sujeita ao contínuo processo da instrução, educação, maturação e é enviada ao mundo para desincumbir-se da sua missão. O fato de a comunidade ser composta de discípulos, ou seja, o fato de os discípulos formarem comunidade é significativo tanto para a concepção de comunidade como também para a concepção do discipulado.

a) Ninguém na comunidade, nem ela mesma em sua qualidade supra-individual, pode arrogar a si a função de mestre. “Um só é vosso mestre, e vós todos sois irmãos” (Mt 23,8). Esta afirmação exclui uma hierarquia entre os discípulos bem como o magistério infalível de qualquer autoridade humana na Igreja. Muito pelo contrário, onde todos são discípulos, ali só pode haver aprendizagem conjunta de todos.

b) Não obstante, há discípulos de diversos graus de adiantamento ou com diversas especialidades dentro da mesma comunidade. Isto, sem dúvida, fundamenta autoridades na Igreja, autoridade esta que provém da qualificação para o exercício de determinadas funções. Ainda que todos sejam discípulos, os membros da comunidade são diferentes entre si. No entanto, estas diferenças não justificam nem permitem o domínio de uns sobre os outros. A própria natureza complexa da aprendizagem cristã se opõe a isto. Pois, para citar apenas um exemplo, o perito em teologia pode ser um leigo na experiência colhida pela fé no campo da política. Autoridade na Igreja se limita a certas áreas de competência e jamais pode reivindicar o monopólio nos assuntos da fé.

c) Exatamente esta diferença entre os discípulos assegura o dinamismo da vida eclesial. Pois onde existem diversos níveis de formação, onde existe variedade no crescimento, na experiência, nos carismas, etc. pode ocorrer ajuda mútua e complementação de um pelo outro, sendo preservado ao mesmo tempo e em princípio a igualdade de todos diante de seu senhor. Evidentemente existem membros mais fracos e outros mais fortes. Todavia, estes termos são relativos e deveriam ser antes um desafio ao amor da comunidade do que autorização para a constituição de classes ou a discriminação. Na realidade, todos participam do mesmo processo de aprendizagem ainda que em estágios, lugares e sob condições diferentes.

d) O referido já deixou entrever que a aprendizagem cristã necessita da comunidade. Considerando que não existe comunhão com Deus sem comunhão com os homens, considerando que o amor de Deus não pode deixar de manifestar-se no amor ao próximo, considerando ainda que fé sempre se traduz em comportamento social, não existe discipulado à parte da comunidade. Jesus Cristo cria comunhão. Embora se deva falar, com justas razões, no discipulado do indivíduo, compete respeitar que toda existência cristã se processa dentro do corpo de Cristo. Entre indivíduo e comunidade existe uma relação dialética:
- Por um lado, a comunidade existe em função do indivíduo. A comunidade deve responsabilizar-se pelo membro, promovendo nele o processo da aprendizagem da fé, carregando as suas fraquezas e acolhendo-o em sua vivência de fé. Isto significa concretamente que o membro deve encontrar na comunidade o Evangelho pregado e vivido. Experimentado na fraternidade dos irmãos a justificação pela graça, a concessão da liberdade, auxílio nas suas necessidades físicas e nos seus problemas existenciais, em suma, experimentando na comunidade a força real do Evangelho, o membro aprende o que é vida na fé e é capacitado para o exercício de sua missão. Assim a comunhão dos membros reverte em decisivo fator da aprendizagem cristã. A comunidade tem a função de equipar, treinar, motivar e de fortalecer o indivíduo. Nesta sua função ela é insubstituível.
- Por outro lado, porém, vale também o inverso: O discípulo de Jesus existe em função da comunidade. Ele é chamado a responsabilizar-se por ela, tornando-se membro contribuinte em sentido mais amplo. O testemunho do membro, nas suas experiências e os seus conhecimentos, mas também as suas dificuldades e perguntas, o seu amor, seu tempo e o seu dinheiro, de certo modo, constituem a comunidade e fornecem as condições para que ela possa existir em função do membro. Porquanto a comunhão é que perfaz a natureza da comunidade, esta tem necessidade de pessoas engajadas, prontas para o indispensável sacrifício financeiro e dispostas à colaboração. Se o discípulo não existe em função da comunidade, a comunidade não pode existir em função do discípulo.
Em resumo, discipulado se realiza na simultaneidade de dar e receber. Por isto aprendizagem cristã possui forte cunho comunitário e praticamente se extingue juntamente com a dissolução da comunhão dos membros.

e) Juntamente com os seus membros a comunidade está em contínuo processo de aprendizagem. Definindo o objetivo desta aprendizagem, cabe dizer: Ela tem por meta o autêntico culto a Deus no mundo. Isto significa que a comunidade não é um fim em si, ele antes possui função instrumental. Também a realização subjetiva e a felicidade particular do indivíduo não podem ser considerados como alvo primário do discipulado. Paradoxalmente tanto a comunidade como também o seu membro acham a sua realização e experimentam a salvação, que abrange também a felicidade, se sua existência for culto a Deus, e isto nas mais diferentes oportunidades da vida. Neste culto a Deus se resumem os demais objetivos da aprendizagem cristã, quais sejam a comunhão, o perdão, a esperança, a liberdade, etc. Os motivos são os seguintes:
- Culto a Deus, em palavra e ação, exclui o culto a outros pretensos deuses. Ele implica em cumprimento do primeiro mandamento e é demonstração de liberdade neste mundo.
- Culto a Deus, em louvor e adoração, é expressão da gratidão da comunidade, dispensada da necessidade de ela mesma ser a sua fonte de vida.
- Culto a Deus, em obediência e sacrifício, é serviço ao reino de Deus e sua justiça. Ele se manifesta em respeito à vontade divina e em defesa dos direitos que Deus tem na sua criatura.
- Culto a Deus, em resposta a seu amor, é trabalho crítico e construtivo entre os homens. É a eliminação das estruturas da injustiça, é o combate à violência e à escravidão, é a promoção da paz e do bem dos homens.
- Culto a Deus, em oração e prece, é a articulação da esperança por um novo céu e uma nova terra. Ao mesmo tempo, porém, ela é a antecipação parcial do reino dos céus, pois onde Deus se torna Senhor, o mal está sendo vencido e a salvação dos homens se aproxima.
É o culto a Deus que a comunidade deve ao mundo, e servir a seu Senhor é sua sublime missão. Uma comunidade, ensaiando o culto a Deus, será fermento na sociedade a despeito de sua própria imperfeição. Ela será um sinal, convidando a participar dos seus ensaios para assim viver salvação em plena terra. Onde homens estão em condições de render culto a Deus no sentido exposto, salvação se torna visível. Ser discípulo de Jesus, a rigor, não é outra coisa do que aprender este culto a Deus e ser o facilitador neste processo para outras pessoas.

f) Para alcançar este objetivo é imprescindível examinar as estruturas da Igreja quanto a sua adequação. A comunidade não pode viver sem estruturas, isto é, sem organização e distribuição de serviços. Ela será sempre uma instituição com a aparência de uma sociedade religiosa. Concomitantemente, porém, ela é mais do que isto. Ela é, a rigor, um acontecimento, impossível de ser institucionalizado, ela é comunhão e vida que não podem ser criadas por estatutos A instituição Igreja tem a função de oportunizar a comunhão dos crentes e de oferecer as estruturas externas para a vida que nela surge e cresce. Por isto importa que as estruturas cumpram realmente a referida função, correspondam à natureza da comunidade e estejam em conformidade com a missão que Jesus Cristo lhe reservou. Elas devem ser transparentes para o testemunho da comunidade e ser sujeitas à revisão, onde obstruírem discipulado permanente. Em especial hoje, numa época pobre em comunicação, necessitamos de estruturas que favoreçam a comunhão dos membros, contribuindo assim para uma melhor realização daquele culto salvífico a Deus.

g) Comunidade, aliás, se apresenta em vários níveis.
Em primeiro lugar, a comunidade é a Igreja universal, o corpo de Cristo, ao qual pertencem todos aqueles que crêem em Jesus e são verdadeiramente seus discípulos. Neste sentido comunidade, é sinônimo de cristandade, Infelizmente este corpo e dilacerado, o que constitui grave culpa humana, devendo nós empreender esforços ecumênicos em prol da unidade deste corpo. Em segundo lugar, porém, comunidade é sinônimo daquilo que chamamos Igreja. A comunidade de Cristo sempre se concretiza em determinado organismo, seja num país, numa região, etc. Assim nós somos comunidade evangélica de confissão luterana no Brasil. O terceiro nível, em que a comunidade se apresenta, é a congregação local. As nossas paróquias e comunidades se situam neste nível. Em quarto lugar porém, também há comunidade, onde dois ou três estão reunidos em nome de Cristo. Grupos dentro da comunidade, a família cristã, qualquer forma de comunhão de pessoas é comunidade, desde que estas estejam reunidas em nome do triúno Deus. Em todos estes casos devemos falar em comunidade e em todos estes níveis a comunidade de Cristo acha a sua representação legítima.
Seria, pois, errôneo contrapor uma forma de comunidade a outra. Em cada um destes níveis acontece comunhão específica. Se paróquias assumirem uma tarefa, comum, como por exemplo a formação de obreiros, isto é expressão de uma comunhão em nível supra-paroquial, no nosso caso em nível de IECLB. No entanto, a comunhão básica acontece no encontro e no convívio pessoal dos membros, e, evidentemente, reside aí uma das principais deficiências da nossa Igreja, prejudicando o nosso discipulado, p.ex. em “núcleos de comunidade”.

1.2 - Aspectos didático-pedagógicos do discipulado cristão

Da enorme envergadura do discipulado e de sua natureza comunitária, ambas destacadas acima, resultam diretrizes didático-pedagógicas concretas. A semelhança das estruturas eclesiais, a didática, respectivamente a pedagógica é importante não só como meio para garantir um máximo de eficiência no trabalho, mas também como uma maneira de testemunhar o Evangelho. Didática é a forma em que promovemos a aprendizagem conjunta, forma esta que deve ser evangélica assim como o devem ser os métodos e os modelos da organização de nosso convívio em comunidade. Também a didática é transparente para o que somos e confessamos.

Por esta razão não se deveria falar do ensino evangélico em termos de “doutrinação”. Onde prevalecer esta concepção, é altamente grande o perigo de o doutrinado permanecer mero objeto da aprendizagem, comparável a um recipiente, no qual são despejados os conteúdos da mensagem cristã. Esta didática deixa de envolver o homem todo, despreza a liberdade dos educandos, quebra a solidariedade de todos os discípulos e, quando muito, faz jus a uma só parcela daquele bloco, do qual em verdade aprendizagem cristã consiste. O freqüente fracasso deste tipo de ensino não deveria ser lamentado.

A fim de corresponder às implicações do discipulado deveriam ser observadas as seguintes exigências:

a) Todo esforço didático-pedagógico deverá ser norteado pelo objetivo de conduzir o homem a tornar-se, ele próprio, o sujeito de sua aprendizagem. Esta é, por excelência, o encontro de dois sujeitos que são o discípulo e seu mestre Jesus Cristo. Em outros termos, o homem, seja ele jovem, adulto ou velho, deverá ser levado a compreender que a aprendizagem é a sua (!) causa, pela qual deverá responsabilizar-se. Mediação por parte de pastores, professores e irmãos da fé naturalmente é necessária, mas ela jamais deve reverter em dependência. Antes é pretendida a libertação de todas as instâncias intermediárias que cumprem apenas função auxiliar. Educação cristã, é educação para a liberdade, de sorte que na comunidade convivem pessoas livres, imediatamente responsáveis pela sua fé. A aprendizagem na companhia de Jesus visa a uma comunidade de pessoas adultas na fé, ou seja, a maioridade da Igreja de Cristo.

b) Em decorrência disto, a didática da educação cristã deve objetivar o despertamento das potencialidades, das capacidades criadoras, em suma, do carisma do indivíduo. Comunidade cristã é essencialmente comunidade de membros carismáticos. Isto significa que a graça de Deus concedida ao homem, se traduz em serviços específicos. Ela não uniformiza, antes aproveita os dons individuais, transformando-os em meios de servir a Deus e ao próximo. Educação cristã tem a tarefa de contribuir para a descoberta do carisma individual e para o uso adequado do mesmo.

c) Isto implica em que os métodos da aprendizagem necessariamente terão em vista a integração do indivíduo na comunidade e a integração de todos os seus componentes. Colaboração, complementação mútua, ação coletiva, correção de um pelo outro assim como também o respeito do grupo ao indivíduo perfazem metas orientadoras da didática condizente com a aprendizagem do discípulo de Jesus.

d) Aprendizagem cristã tem caráter dialogal. O monólogo é típico para o estilo autoritário, assinalando dominação e escassez de comunicação. Uma vez que, entre os discípulos, os papéis de professor e aluno, de educador e educando não podem ser definitivamente distribuídos, eles permanecem relativos e exeqüíveis unicamente em constante permuta. Já foi frisado que existem evidentes conteúdos de ensino. E não obstante, o diálogo é próprio da aprendizagem cristã por exprimir o caráter inacabado da mesma, por fazer jus á personalidade do educando e por conferir a este participação ativa no processo de seu crescimento bem como no da comunidade.

e) A didática do ensino cristão não pode abstrair do fato que o Evangelho sempre é ouvido e aprendido por pessoas ligadas a um determinado contexto social. O discípulo de Jesus vive no espaço e no tempo, ele é filho de sua época, traz consigo grande bagagem de experiências, feitas na família, na sociedade e sua realidade, ele é influenciado por pessoas e costumes. Tudo isto lhe imprimiu o seu cunho e, de certo modo, o condiciona. Aprendizagem cristã não pode realizar-se fora deste mundo. Se o mundo é vencido pela fé, como o Novo Testamento afirma, todas estas realidades devem ser incorporadas na aprendizagem, pois é nelas que a fé deve ser aprovada e a liberdade ser vivida. Para tanto o cristão precisa de ajuda e de apoio por parte de outros. Esta ajuda deve ser a mais concreta possível, caso contrário não poderá ocorrer a equipação do cristão para o exercício de sua missão e para um testemunho convincente.

f) No ensino cristão temos a liberdade de sermos flexíveis e de buscarmos os meios que maior êxito prometem. Logo não há justificativa para a fixação em certos métodos tradicionais e o desprezo de técnicas modernas bem como de qualquer instrumentário pedagógico aproveitável. A igreja, porém, ciente de Deus ser o protetor da dignidade de suas criaturas, fará uso responsável destes meios, repelindo os abusos dos mesmos e recusando-se a qualquer forma, de manipulação. Atrás de todo esforço didático-pedagógico da comunidade, quer na escola, quer na Igreja ou nos lares, deve tornar-se visível um pouco daquela salvação, justificação e libertação, destinadas ao homem por Deus através de Jesus Cristo.

2. Objetivos

Ninguém irá questionar a validade nem a necessidade de uma maior preocupação em torno do nosso discipulado. As últimas discussões na IECLB sobre a comunidade missionária, sobre a formação de lideranças, sobre a nossa identidade de Igreja Evangélica de Confissão Luterana e outros temas congêneres demonstram, a um só tempo, uma lacuna e o esforço por superá-la exatamente no campo aqui visado. Relembrado seja que a moção relativa ao catecumenato permanente surgiu em conseqüência da constatação da insuficiência do ensino confirmatório na IECLB. O ato da Confirmação significa,em muitos casos, despedida da Igreja, ainda que permaneça a filiação formal à comunidade. Certamente os problemas se apresentam de modo diverso nas diferentes áreas e regiões da IECLB. Mesmo assim existem alguns fenômenos que parecem ser quase características gerais da IECLB. Entre eles sejam mencionados: As queixas sobre a falta de definições na IECLB, a fraca vivência comunitária nas paróquias, a insegurança (não só de membros leigos) no que diz respeito ao que cremos e confessamos, a precariedade de projeção da IECLB para dentro da sociedade brasileira apesar do potencial que para tanto teria, a deficiência de nossa união, a existência de mentalidades não condizentes com o Espírito vivo do Evangelho, etc. Uma vez que estas coisas devem ser motivo de nossa preocupação, somos levados forçosamente ao reestudo do discipulado e a um maior envolvimento no processo da aprendizagem desencadeada por Jesus naqueles que querem ser os seus seguidores.

Pergunta-se, porém, se o assunto permite ser concebido num programa de ação e ser atacado mediante um planejamento metódico. Renovação e aperfeiçoamento do discipulado realmente significa nada menos do que reavivamento da Igreja, tomada de consciência do que somos e busca assídua do cumprimento de nossa missão. Discipulado permanente não designa algo que se pudesse “fazer” ao lado de outras atividades, ele é antes uma meta do nosso crescimento e uma teologia orientadora do nosso trabalho em geral. Portanto, discipulado permanente pode ser objeto de uma programação?

Com efeito, o tema exige que sejamos modestos nas nossas pretensões. Não se pode tratar de assumir a si a obra do Espírito Santo. Sabendo, além disto, da limitação a que está sujeita a eficácia de métodos e planos, seria demasiadamente atrevido esperar de uma programação milagres e prodígios. A despeito disto, também é verdade que a falta de fantasia da nossa parte e o desleixo no que se refere às nossas responsabilidades, podem obstaculizar a ação do Espírito de Deus e ser uma forma de a comunidade esquivar-se a seu senhor. Não possuímos fórmula mágica apta para solucionar de imediato todos os problemas, temos, isto sim, nossas energias, nossa gratidão e nossa criatividade a serem colocadas, como sacrifício vivo à disposição de Deus e dos homens. Por isto cabe unir à modéstia que nos convém, a coragem dos que têm a liberdade para se corrigirem onde necessário for, e para se empenharem em reformas. Discipulado permanente sempre será mais do que um programa técnico. Não obstante, alguma coisa pode ser programada com o objetivo de fomentar a aprendizagem dos discípulos de Jesus. O nosso programa poderá consistir do seguinte:

2.1 - Promover, em âmbito da IECLB, profunda reflexão sobre o nosso discipulado. O programa é, antes de qualquer coisa, um convite externado a todos os membros da IECLB no sentido de participarem da preocupação, manifestada pelo IX Concílio Geral, quando da aprovação da moção relativa ao catecumenato permanente. A referida reflexão, de forma alguma, deveria resumir-se no estudo do presente documento. Este quer ser apenas o estímulo para a reflexão sobre o que somos, queremos e devemos na nossa qualidade de cristãos evangélicos no Brasil. Discipulado permanente é um processo dinâmico que sem amplo apoio e sem participação criativa estará fadado a fracassar. Por esta razão, o primeiro objetivo consiste na busca de uma consciência geral no que diz respeito aos problemas, às chances e às tarefas do nosso discipulado hoje.

2.2 - Incrementar a formação teológica tanto dos pastores e obreiros como também de todos os demais membros da IECLB. Teologia é a reflexão e a meditação da nossa fé no confronto com a realidade da vida. Ela não é privilégio de certo grupo na Igreja. Embora teologia seja promovida em níveis diferentes e embora a comunidade jamais possa prescindir de especialistas teológicos, ela se destina a todos e está a serviço de um melhor desempenho do discipulado. Treinando o juízo da fé, elaborando critérios de ação e favorecendo a integração da fé no mundo e vice-versa, a teologia é uma das mais importantes incumbências do discípulo de Jesus. Sem o devido cuidado para com a teologia, a IECLB não estará preparada para enfrentar o impacto da realidade brasileira com as suas múltiplas facetas. Basta lembrar o desafio que nos advém do complexo fenômeno religioso ou social no Brasil, da evolução da técnica com os seus benefícios e também com suas conseqüências desumanizantes, etc.

Deve ser ressaltado que nem a Faculdade de Teologia em São Leopoldo e nem qualquer outra instituição na IECLB é e pode ser detentora do monopólio na formação teológica. Esta cabe a qualquer órgão ou pessoa de liderança, enfim a cada membro da IECLB. Há compromissos que não podem ser delegados. Um deles é a formação teológica, para a qual todos, ainda que de modos diferentes, podem contribuir com a sua parcela. Daí decorre a necessidade de valorizar o membro “leigo” na IECLB. Falta-nos muitas vezes a coragem de incumbir os assim chamados leigos de responsabilidade teológica. Assim perdemos amplo cabedal de experiências que iriam enriquecer a nossa teologia e a vida da comunidade.

2.3 - Desenvolver e testar estruturas eclesiais propiciadoras e promotoras da comunhão entre os membros. Muito individualismo, a falta de verdadeira acolhida do membro em sua comunidade e a pobreza de diálogo são apenas alguns sintomas da precariedade de nossa comunhão. Aliás, as nossas formas de vivência social - e é isto que chamamos de estruturas - são mantidas por determinadas mentalidades. Renovação das estruturas começa pela renovação das mentes. Isto não vale apenas para hoje. A constituição de comunidade cristã sempre foi uma questão de transformação de mentalidade. Por outro lado, porém, estruturas existentes também podem bloquear a necessária transformação da mentalidade, razão pela qual é possível haver a urgência de questioná-las e sujeitá-las a um exame crítico. No entanto a mudança e o desenvolvimento de estruturas jamais é uma simples questão de organização, é uma questão de conversão e de aprendizagem.

Na IECLB se torna mister inventar formas e achar modalidades que possibilitem um melhor encontro e convívio dos membros. Os contatos superficiais não são suficientes para a formação de verdadeira comunhão. É preciso descobrir o grande proveito da comunhão, para o que deverá ocorrer uma abertura da pessoa para o compromisso que, no corpo de Cristo, um tem para com o outro. Somente assim será promovida a aprendizagem individual e grupal; e a comunidade será habilitada a ser o sal da sociedade.

Uma vez que as paróquias e as comunidades da IECLB excedem numericamente o limite, dentro do qual a comunhão imediata é realizável, e uma vez que, na esmagadora maioria das vezes, os membros moram demais espalhados para poder ser garantida a sua comunhão também fora dos cultos, urge planejar a criação de parcelas comunitárias menores. Á semelhança da sociedade, a comunidade está ameaçada da massificação que a transformaria em simples empresa religiosa, abastecendo um determinado mercado de consumo. A procura por novas formas de comunhão se nos coloca como imperativo.

Tais parcelas de comunidades, ou seja, núcleos de comunidade, em parte, já existem. A ordem auxiliadora de senhoras, grupos de juventude, corais, grupos de estudos bíblicos, etc. devem ser mencionados neste contexto. É preciso, porém, que tais núcleos realmente se entendam como comunidade, aprofundando a sua comunhão e transformando-se em multiplicadores de comunidade. Além dos núcleos existentes podem ser criados outros, como por exemplo, grupos-tarefa, grupos de reflexão sobre assuntos de seu especial interesse (moradores de uma vila, grupos profissionais - médicos, professores, agricultores), etc. As possibilidades são muitas, no entanto, a criação de tais núcleos requer habilidade, qualificação e motivação. Para tanto deverá haver orientação e material subsidiário. Há necessidade do treinamento de especialistas, de literatura do tipo “teologia para leigos”, há necessidade de material que informe tanto sobre métodos relativos à criação de tais parcelas comunitárias e à maneira de como conduzí-las, como também de material sobre conteúdos da fé evangélica e sobre sua configuração dentro da nossa realidade.

Discipulado permanente, isto é lógico, não está condicionado a determinados métodos - também não ao método da criação de núcleos de comunidade. Possivelmente existam ainda outras maneiras de intensificar a vida em comunhão dos membros. As situações na IECLB são diferentes. Mas é obvio que o nosso discipulado sofre sérios danos, onde faltar a vivência do cristão como membro vivo no corpo de Cristo vivo.

2.4 - Proceder a uma revisão crítica dos métodos do nosso trabalho quanto à sua contribuição ao discipulado permanente de todos os membros da IECLB. Aprendizagem cristã não fica restrita às aulas de religião, ao ensino confirmatório, a estudos bíblicos ou a outras promoções desta categoria. Também a prédica, a poimênica, enfim todos os tipos de trabalho na comunidade são fatores de aprendizagem por servirem, de uma forma ou outra para a edificação da comunidade e para o seu testemunho no mundo. O programa do discipulado permanente não pretende ser inovação no sentido de proclamar a abolição do que tem sido feito até agora para substituí-lo por algo absolutamente novo. Tão pouco se intenciona dar preferência a um ramo de trabalho, que seria a catequese, em detrimento de outros. Muito pelo contrário, o programa persegue o objetivo de examinar todas (!) as atividades da Igreja sob o critério decisivo da contribuição à vivência do discipulado hoje. O nosso trabalho favorece ou impede o surgimento de uma comunidade adulta?

2.5 - Intensificar e aperfeiçoar a diaconia para a qual somos chamados e libertados. Esta diaconia pode ter muitas formas. Ela pode ser a assistência direta de um membro a outro em qualquer necessidade, pode ser o trabalho social organizado dentro e por responsabilidade de uma comunidade, pode ser o serviço de aconselhamento, o cuidado para com os órfãos, pobres, doentes, velhos, presos, etc. Mas diaconia evangélica tem ainda outro aspecto: É a denúncia de injustiças, é a voz profética da comunidade que critica o desrespeito à dignidade do homem, é a manifestação pública da vontade de Deus em defesa de sua criatura. Por este motivo não só a esfera particular, mas também a política é campo de atuação cristã. Cabe à Igreja ser uma espécie de consciência da sociedade, criticando e advertindo, onde necessário for, e colaborando, onde o bem do homem for promovido. A Igreja não se dará por satisfeita com a cura das enfermidades da sociedade e do indivíduo, ela se empenhará também na eliminação das raízes dos flagelos atuais. A execução desta diaconia, porém, pressupõe olhos dispostos e treinados a enxergar a miséria dos irmãos, clara consciência no que diz respeito aos perigos e às ameaças da nossa sociedade, ela pressupõe ampla visão das nossas tarefas cristãs, sensibilidade e realismo frente aos inúmeros problemas que atormentam o mundo e motivação evangélica para levantar a voz e usar os braços. Comunidade diacônica e comunidade vigilante.

2.6 - Formar uma equipe incumbida da redação do material subsidiário supra referido. Este material que deverá fazer jus a um sólido embasamento teológico em conexão com concreticidade prática e habilidade pedagógica, oferecerá, além de informações sobre a fé, ajuda metódica e será um veículo de experiências. Não se trata de substituir, pelo material, o trabalho próprio dos que o usam mas de estimular a articulação autônoma da fé dos membros no seu respectivo lugar e na sua respectiva situação.

Não admite dúvidas que os objetivos indicados nos itens acima não poderão ser alcançados dentro de breve espaço de tempo. Educação, crescimento, maturação, arrependimento, em suma, o processo de aprendizagem da fé, são coisas que exigem paciência. Além disto, não podemos fazer mais do que realmente está em nossas forças. Por esta razão o discipulado permanente é também um programa permanente. Impaciência levará a frustração. Por outro lado, porém, isto não pode significar permissão para protelar o programa e capitular frente à multiplicidade de afazeres. Malgrado a limitação de nossas forças é possível realizar muito, desde que o façamos no Espírito do nosso senhor, que nas nossas fraquezas se torna forte. Desânimo, preguiça, falta de coragem e indiferença não são desculpas válidas diante de Deus. Apesar de o programa do discipulado exigir longos prazos, existe uma série de coisas a serem atacadas já. A pergunta cardeal é se queremos (!) ser discípulo de Jesus ou se preferimos ficar na margem sem compromissos, mas também sem chances de usufruir as riquezas com as quais ele é capaz de nos beneficiar. Naturalmente, discipulado não começa a existir juntamente com este programa. Sempre houve discípulos de Jesus, também na IECLB, e eles existem hoje. Mas no que compete a nós, deveríamos aperfeiçoar nosso discipulado para assim aproveitarmos melhor as riquezas do evangelho em nosso benefício e do mundo.


Âmbito: IECLB / Instância Nacional: Concílio
Natureza do Texto: Documento consensuado
Perfil do Texto: Guia
ID: 12664
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