No sul da Noruega, Nils, como o casal dos Hauge chamava o seu filho, Hans Nielsen, ajudava seu pai nas plantações e no trabalho com o gado. Desde pequeno, ele procurava levar uma vida agradável a Deus. Procurava Deus de todo o coração, assim como fala Jeremias no capítulo 29.
Em 5 de abril de 1796, ele estava trabalhando com um arado, cantando, porque era um dia lindo. De repente, sentiu que parecia não ter mais chão duro de baixo dos seus pés: sentiu-se leve e com a certeza de que os seus pecados foram apagados. Ele ficou com muita paz e uma alegria que não conhecia antes. A partir daquele dia, sentiu uma obrigação imensa de falar para os outros do Evangelho e motivá-los a chegar a Cristo.
De 1797 até 1804, ele atuou como missionário. Como João Batista, chamava as pessoas para mudar as suas vidas. Ele mesmo dizia: “Deus me deu uma inquietação abençoada no coração!” Ele caminhava de uma vila para a outra, de uma fazenda para a outra, fazendo quase tudo a pé. Nestes anos, ele caminhou nada menos que 15 000 km. Os seu amigos lhe deram o nome de “Vagabundo de Deus”.
Certas pessoas da Igreja tradicional e outros que cuidavam da ordem em geral não gostavam dele. Eles viam nele um indivíduo perigoso, até que o prenderam e o deixaram preso por onze anos. Houve muitas sessões para julgá-lo. As acusações eram: que ele fazia com que os cidadãos não fizessem mais os seus deveres, que os filhos não obedecessem mais os seus pais, que falava mal dos pastores, que tinha malversado dinheiro. Aos poucos, ficou evidente que ele, ao contrário das acusações mentirosas, chamava os filhos para a obediência, que não falava mal da Igreja, que sempre foi um homem honesto e que havia conseguido com que seus ouvintes trabalhassem mais e com mais responsabilidade. Como preso, ele até dirigiu os trabalhos para a construção de salinas, por ocasião do bloqueio comercial que impedia a importação do sal. Isso aconteceu nos anos da guerra, provocada por Napoleão.
Em 1814, Nils Hauge, finalmente foi libertado. A sua saúde não lhe permitia mais fazer caminhadas ou viagens. Mas muitos procuravam o seu aconselhamento. Ele escreveu muito e, com isso, tinha contato com muitas pessoas nos lugares mais distantes. Nils Hauge morreu em 1824.
Cento e cinqüenta anos mais tarde, o Pastor Wilhelm Busch, por ocasião de palestras que deu na Noruega, relata o seguinte: Quando tomava o meu café no hotel em Oslo, veio um senhor da mesa do lado e disse o seguinte: “Eu fiquei sabendo que o senhor é o Pastor que está falando para os nossos estudantes aqui, em Oslo. Eu sou deputado no Parlamento. O nosso partido é um partido cristão da costa ocidental da Noruega, onde têm muitos Hauguianos, e eu gostaria que o senhor nos fizesse, hoje, a devoção”. Pastor Busch continua: Eu aceitei o convite, falei na reunião dos 12 deputados, onde havia uma Bíblia em cima da mesa. No fim da devoção, todos se ajoelharam e oraram. Não entendi o que falaram, mas senti a presença de Deus.
Pastor Busch, depois, viajou para outras cidades da Noruega e ficou impressionado pela freqüência, também de jovens, pelo canto dos coros e, mais ainda, pelo canto, quando todos entoavam hinos. Busch fala desses encontros: Muitas vezes, acontecia uma coisa estranha. Quando eu já tinha falado durante uma hora e queria, então, terminar a palestra, alguém chegava perto de mim, dizendo: “O pessoal quer ouvir mais. Nils Hauge falava seguidamente horas a fio. Conte mais das suas experiências com Deus.” Tão grande era a fome pela mensagem do Evangelho.