No domingo, 06 de março pp, foi celebrado Culto de Gratidão pelo ministério pastoral ao qual se dedicaram a Pastora Lori Altmann e o Pastor Roberto E. Zwetsch por mais de 40 anos, com destaque para seu tempo de vivência por dez anos na Amazônia, junto aos povos indígenas Suruí-Paitér (RO), e Kulina-Madihá (AC).
A celebração foi conduzida pelo Pastor local, Marcos Casarin, da Comunidade São Marcos, Pelotas, RS, acompanhado pela Pastora Sinodal Roili Borchardt, do Sínodo Sul-Rio-Grandense (IECLB), que oficiou a cerimônia prevista pela IECLB, além da participação do casal. O Pastor Roberto assumiu a pregação baseada no texto previsto de Romanos 10.8-13. A comunidade reunida contou com a presença além de pessoas da comunidade local, de visitantes, colegas de ministério e de caminhada do casal. Uma nota ecumênica foi dada pela presença da Bispa Meriglei Borges Silva Simim, da Igreja Episcopal Anglicana (IEAB) de Pelotas que se solidarizou com a trajetória de Lori e Roberto e com a IECLB.
Da família se fizeram presentes a filha Pamalomid, o genro Márcio de Souza, que assumiu a condução das músicas com seu violão, e a neta Luiza. O Presidente da Comunidade, Sr. Vilson Volz, saudou as pessoas presentes e expressou a satisfação e alegria da comunidade em celebrar esse momento na vida de Lori e Roberto, que participam da comunidade desde 2010. O Sr. Ronaldo Tessmann, Presidente do Sínodo, expressou seus votos de bênção pela Diretoria Sinodal. Ao ser aberta a palavra aos presentes, colegas de ministério desejaram bênçãos e boa continuidade nos engajamentos de ambos em vários serviços voluntários na igreja e na sociedade.
A Pastora Lori é docente concursada, lecionando no Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O Pastor Roberto, por sua vez, após encerrar a docência regular na Faculdades EST, continua vinculado ao Programa de Pós-Graduação como professor associado voluntário, participando do Grupo de Pesquisa Identidade Étnica e Interculturalidade, além de colaborar com a Pastoral Popular Luterana (PPL).
Lori Altmann nasceu em 25 de agosto de 1952 no município de Carazinho, hoje Santo Antônio do Planalto, RS. Filha de Antonina da Silva Altmann (Católica) e de Alípio Altmann (Luterano), que trabalhavam na agricultura familiar. Foi batizada na Comunidade Evangélica em Santo Antônio e confirmada na Comunidade Evangélica de Carazinho. Atuou na Escola Dominical e no Ensino Religioso. Participou da Juventude Evangélica no grupo local, na coordenação Sinodal e na Conselho Nacional da Juventude Evangélica (JE). Participou da Operação Impacto, acampamento da JE em Vila Pavão Espírito Santo. Participou de Retiros e Olimpíadas Regionais da Região III, da IECLB. Cursou os anos iniciais em Santo Antônio do Planalto, Ginásio e Escola Normal em Carazinho e Licenciatura em Letras na Universidade de Passo Fundo/RS (1970-1974). Ingressou na Faculdade de Teologia em 1974 e concluiu o curso em 1982. No período de 1977-78 realizou estágio do curso de Teologia entre o Povo Indígena Tapirapé, no MT, com as Irmãzinhas de Jesus, da Igreja Católica e entre o Povo Indígena Kaingang, na Missão Indígena Guarita, da IECLB em Tenente Portela, RS. Em 1978 casou-se com Roberto E. Zwetsch e foi enviada para trabalho missionário entre o povo indígena Suruí-Paitér, de Rondônia. Neste ano nasceu sua primeira filha Pamalomid (em Suruí, significa “aquela que vai fazer muita comida para nós”). Em 1980 foi trabalhar com povo Kulina-Madihá, na aldeia de Maronáua, AC. Em 1984, com parto na aldeia, nasceu o segundo filho Bino Mauirá (em língua indígena “o apartado, o estrangeiro”). Em 1988 foi para São Paulo realizar estudos de mestrado em Ciências da Religião, no Programa de Pós Graduação em Ciências da Religião, da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, SP. A dissertação teve como título: “Madija: um povo entre a floresta e o rio. Trilhas da produção simbólica kulina”. Em 1989 realizou período prático na Comunidade de Santo Amaro, em São Paulo, sob a tutoria do P. Martin Hiltel. Foi ordenada para o Ministério Pastoral em 1989, num encontro do COMIN, na Comunidade Evangélica de Camboriú, SC. Em 1990 nasceu o terceiro filho Daniel (que faleceu em 2009). Em 1993 mudou-se para São Leopoldo, RS. Atuou como pastora junto ao COMIN no Projeto Índios Desaldeados, na região da Grande Porto Alegre, de 1994-1997. De 1997-1999 realizou mestrado em Antropologia Social, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia, da UFRGS. A dissertação teve o título: “Maittaccadsama: categorias de espaço e tempo como referenciais para a identidade Kulina (Madija)”. Atuou no Centro Ecumênico de Evangelização Capacitação e Assessoria na coordenação do Programa Fé e Cidadania, em São Leopoldo/RS. Realizou Doutorado em Teologia, no Programa de Pós Graduação da Faculdades EST, defendendo tese com o tema: “MEMÓRIA, IDENTIDADE E UM ESPAÇO DE CONFLITO: A Comunidade de Nova Teutônia no contexto de disputa por terra com uma comunidade indígena”. De 2006 a 2009 atuou como docente no Centro Universitário Metodista IPA, em Porto Alegre/RS. Em 2009 ingressou como docente de Antropologia na UFPel, onde permanece até esta data. Tem atuado nos últimos anos como Pastora Voluntária junto ao COMIN. Desde sua chegada em Pelotas participa da Comunidade São Marcos, da Paróquia União em Cristo.
Roberto Ervino Zwetsch nasceu em Porto Alegre, em 01/08/1952, primeiro filho de Iracy Engelmann Zwetsch e Ernesto Ervino Zwetsch, sendo irmão de Eduardo, Liane, Gilberto e Irene. O pai faleceu em 2006 e sua mãe Iracy ainda vive, com 91 anos, morando no Lar Bethesda em Pirabeiraba, SC. Morou em Canoas, estudou a escola primária em Porto Alegre e Canoas, concluindo o ginásio em Caxias do Sul. Quando a família mudou para Curitiba, lá concluiu o curso científico e em 1971 decidiu estudar teologia na hoje Faculdades EST, em São Leopoldo, RS. Em 1974 realizou um ano de intercâmbio no Recife, estudando no antigo ITER – Instituto de Teologia do Recife, quando era reitor dom Helder Câmara. Terminou os estudos em São Leopoldo em 1977, trabalhou por um tempo na Editora Sinodal e em 1978, após casar-se com Lori Altmann, também estudante de teologia, ambos decidiram assumir a Causa Indígena. A direção da IECLB enviou o casal para Rondônia, onde moraram no município de Cacoal, próximo ao Parque Indígena Aripuanã, onde trabalharam por quase dois anos como missionários entre o povo Suruí-Paitér. A Funai – sob controle de militares – não aprovou o trabalho do casal que acabou sendo expulso da área. Após idas e vindas, a convite do povo Kulina-Madihá, e com apoio da direção da IECLB, o casal transferiu-se em 1980 para o Acre, já com a filha Pamalomid, nascida em Cacoal, indo morar na aldeia de Maronáua, alto Purus, fronteira com o Peru. Em 1984 nasceu na aldeia de Maronáua, Bino Mauirá, o segundo filho, sendo a mãe acompanhada por duas parteiras indígenas. O trabalho com os Madihá permitiu que o casal desenvolvesse a pastoral de convivência, uma forma de inserção na comunidade indígena que tinha por objetivo tornar a presença missionária uma aliada na luta pela Vida desse povo. O casal continuou este trabalho até os primeiros meses de 1988, dedicando-se ao aprendizado da língua indígena, a um projeto de educação bilíngue, à organização comunitária com assembleias indígenas e à defesa do território, que somente foi oficialmente demarcado pela Funai nos anos de 1990, quando da presença do casal missionário Jandira Keppi e Nelson Deicke, que lá permaneceram por 16 anos. De 1988 a 1992 o casal Roberto e Lori morou em São Paulo para estudos de mestrado, Roberto em Missiologia e Lori em Ciências da Religião. Em 1990 nasceu nessa cidade o terceiro filho, Daniel Altmann Zwetsch, que faleceu em 2009, depois de uma enfermidade congênita que o acompanhou por 19 anos. Daniel deixou para a família um grande testemunho de fé e alegria, apesar de tudo que passou. Em 1993, Roberto recebeu convite e assumiu a docência de Missiologia e Teologia Prática na EST, permanecendo nessa função por 25 anos. Ao mesmo tempo realizou estudos de doutorado a partir de 2002, concluindo a tese em 2007, com o tema Missão como com-paixão. Por uma teologia da missão em perspectiva latino-americana. Em 2011 aposentou-se pelo INSS, continuando a docência regular na EST até 2019, quando se transferiu em definitivo para Pelotas, onde a esposa Lori leciona na UFPel desde fins de 2009. Hoje, continua atuando como professor associado voluntário no Programa de Pós-Graduação da EST, participando do Grupo de Pesquisa Identidade Étnica e Interculturalidade. Também atua de forma voluntária na Equipe Editorial do devocionário Semente de Esperança da PPL – Pastoral Popular Luterana, sendo membro suplente da Coordenação Nacional dessa Pastoral.