Breve Histórico

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Chegada dos Luteranos ao Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e as Novas Áreas de Colonização

Apenas em 13 de abril de 1986 o Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro aprovou a criação da Comunidade de Uberlândia e, em 4 de julho 1986, foi homologada a sua criação pelo Conselho Diretor da IECLB , e em janeiro de 1987 o Pastor Wolf Dieter Wirth assumiu as atividades pastorais na cidade.

A partir daí, também os núcleos luteranos de Iraí de Minas e Patos de Minas, até então atendidos pela Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte, passariam a integrar a Comunidade de Uberlândia.

Wolf Dieter Wirth, oriundo da Alemanha, que foi pastor da Comunidade de Belo Horizonte entre 1971 e 1987 , foi convidado pelas lideranças luteranas de Uberlândia, Patos de Minas e Iraí de Minas a ocupar a vaga de pastorado nesta comunidade. Neste mesmo ano, a Comunidade adquiriu uma casa pastoral, situada junto a Rua Rio Grande do Sul, nº 1774, no bairro Marta Helena além de um veículo pastoral, auxiliados pela Igreja Luterana da Baviera. Na casa pastoral, também aconteciam as celebrações da Comunidade de Uberlândia, ainda de maneira improvisada, sendo os encontros na área aberta disponível da casa, sem aspecto exterior de templo.

Os primeiros luteranos chegaram ao Triângulo Mineiro e ao Alto Paranaíba na segunda metade da década de 1970 (Patos de Minas) e no início dos anos 80 (Iraí de Minas e Uberlândia), motivados pelos incentivos federais para financiamento de terras, com baixos preços ou mesmo subsidiados, fugindo da crise agrícola enfrentada no estado do Rio Grande do Sul e aderindo à modernização e mecanização do trabalho no campo .
A expansão da fronteira agrícola é um processo marcado pela alteração das bases produtivas no meio rural, as quais passam a se assentar sobre mudanças no padrão tecnológico. De maneira bem simplificada, é a difusão de tecnologia moderna no campo.

A fronteira agrícola e a alteração no padrão tecnológico no meio rural, que justamente a caracteriza, se expandiu para as áreas de cerrado a partir dos anos 1970. Constitui uma das fases do processo de expansão capitalista no país o qual encontra no campo um lócus de acumulação de capital.

Na reunião do VIII Concílio Geral, órgão máximo deliberativo da IECLB, no ano de 1972 na cidade de Panambi/RS, a IECLB decidiu acompanhar os seus membros nessa onda migratória.

A IECLB encontra-se no início de uma época completamente nova, com chances que talvez nenhuma outra Igreja no mundo tenha: o desbravamento do Oeste brasileiro oferecerá à IECLB a possibilidade da experiência e execução de novos métodos de trabalho e de novos tipos de ministérios, em zonas recém-abertas, livres de tradições e estruturas obsoletas. A disposição de enfrentar o desconhecido, para formar o seu futuro, dá aos colonizadores dessas áreas a abertura de colaboração e aceitação desses novos métodos de trabalho. Desta experiência haverá certamente, como reflexo, uma reação de abertura e maior disposição nas Comunidades estruturadas, para novas formas de trabalho e novos tipos de ministérios.

A IECLB, inclusive, também incentivou os seus membros a migrarem para essas Novas Áreas de Colonização (NAC). Entre os anos de 1972 e 1978 funcionou em Cuiabá, um departamento chamado Departamento de Migração. Ainda, segundo Rogério Sávio Link, “O Departamento ficou encarregado de acompanhar os membros que migravam para as NAC e para os centros urbanos”.

Embora o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba não estivessem propriamente ditos nos limites de atendimento das Novas Áreas de Colonização (com atenções voltadas para o Mato Grosso, Rondônia, Pará e Amazônia), delimitadas pela IECLB, esta região desenvolveu-se sob os mesmos motivos: busca por terra e melhores condições de vida.

Os primeiros atendimentos religiosos luteranos na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba aconteceram no ano de 1980, com cultos trimestrais que reuniam as famílias luteranas residentes em Patos de Minas e Iraí de Minas. Já em 1983 estes encontros passaram a ser mensais em Patos de Minas, em Iraí de Minas e começou-se um projeto de visitação a luteranos residentes em Uberlândia .

Segundo registros do Livro de Atas de reuniões do Presbitério da Comunidade de Uberlândia, em 1986, antes de se transferir para Uberlândia, o Pastor Wolf indagou os membros desta comunidade sobre a real motivação dos mesmos para a formação da comunidade e a presença de um pastor ordenado nesta região, por motivo de manutenção de uma igreja que mais parecesse um clube (fechada, gueto) ou se seria, de fato, “desenvolvido trabalho missionário, para que outras pessoas possam ter oportunidade de conhecer o Evangelho e participar da doutrina da nossa Igreja”.

O desenvolvimento da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia, durante os primeiros anos, aconteceu no quintal da casa pastoral sem, no entanto, diminuir a alegria de poder celebrar sua confissão de fé e de ter um pastor inserido no cotidiano das famílias uberlandenses, sem precisar, para isso, percorrer mais de 530km até Belo Horizonte.

Nesta fotografia digitalizada (1), tamanho 18,7x12,7cm, colorida, retratado pela fotógrafa amadora Irmgarth Wirth, percebemos ao fundo, com veste litúrgica (talar preto e peitilho branco), o pastor Wolf Dieter Wirth. O altar, feito de maneira modesta sob uma mesa com toalha branca, acomoda diversas frutas e verduras, possível sinal de se tratar de um culto de Ação de Graças. Provavelmente, por falta de iluminação adequada, os cultos aconteciam durante o período do dia e com condições climáticas favoráveis, por ser uma área aberta. Acomodados em cadeiras de latas, as pessoas, de costas para o fotógrafo, parecem estar atentas à celebração. Provavelmente esta fotografia foi tirada entre 1987 (ano da chegada do pastor Wolf a Uberlândia) e 1989 (ano que, pela primeira vez, mesmo estando o Centro Comunitário em construção, a festa foi realizada no novo endereço).

Em 1988, a Comunidade de Uberlândia adquiriu dois terrenos, cada um medindo 10x40m, junto à Rua Santa Catarina, nº 2240, esquina com a Avenida Industrial (hoje Av. Comendador Alexandrino Garcia). E ali iniciou a construção do Centro Comunitário Martim Lutero (piso inferior), onde abrigaria além de um salão multiuso (como espaço litúrgico e local para servir almoços e abrigar festas), banheiros, secretaria, três salas de aula, uma cozinha comunitária e uma pequena quitinete para acolher, futuramente, um estagiário ou zelador.

Esta fotografia (2) retrata a obra, por volta de 1990 (visto que o relato no livro de registros fala que em abril de 1989 a laje foi concluída). Foto tirada da Avenida Industrial em direção à Rua Santa Catarina, feita pelo fotógrafo amador, Wolf Dieter Wirth, colorida, impressa em tamanho 10x15cm. É possível perceber que a avenida tinha sido alargada há pouco tempo, pois não encontramos nenhuma árvore no canteiro central. No canto superior esquerdo e no centro-esquerdo, encontramos os trabalhadores da construção. As tábuas no canto do terreno estavam ali provisoriamente até que chegasse o portão da garagem. A construção foi erguida sobre um dos terrenos 10x40m e o outro ficou como campo de futebol, ativo até os dias de hoje. Outro fato a destacar, a partir da foto, é a disposição dos tijolos externos: horizontal. Este fator deixa as paredes mais largas, o que garante uma temperatura interior agradável (além do pé-direito alto).

Percebemos através de uma correspondência enviada pelo pastor Wolf ao então Secretário Geral da IECLB, pastor Droste, datada de 01/12/1986 , em Belo Horizonte, que o planejado, em 1986, foi de fato executado: primeiro a compra de uma casa pastoral (onde abrigaria, num primeiro momento, também as atividades eclesiásticas), em segundo lugar, a construção de um Centro Comunitário que abrigasse a casa pastoral junto, deixando para o futuro, a construção do templo (sendo que este último ponto até hoje não foi iniciado).

Em outra fotografia (3), do mesmo dia, feita pelo mesmo fotógrafo amador, impressa no mesmo tamanho, porém de outro ângulo, demonstra a dimensão da obra, se comparada com a casa à esquerda e à direita. Considerando o andamento da construção naquele, provavelmente a Festa da Colheita em Ação de Graças do ano de 1989 tenha acontecido, conforme relato do pastor Wolf, “ainda precário”.

Em 22 de setembro de 1991, ainda sem estar completamente acabado, faltando vidros, reboco e pintura, o Centro Comunitário Martim Lutero, finalmente, foi inaugurado, aproveitando a visita do Pastor Hans-Günther Herrlinger, representando a Igreja Luterana da Baviera (uma das maiores contribuintes para a obra). Agora a comunidade contava com um espaço adequado para suas atividades: cultos, almoços, festas, escola dominical, secretaria e residência pastoral.

Esta fotografia (4), cujo fotógrafo não foi identificado, pertencente ao acervo da Comunidade, impressa em tamanho 10x15cm, em preto e branco, retrata o ato litúrgico de “dedicação” da casa pastoral. Na foto estão presentes (da esquerda para a direita): Pastor Distrital Nils Christian (Distrito Eclesiático Brasil Central), Dona Irmgarth Wirth e Pastor Wolf Dieter Wirth. Ao fundo percebemos o marco da porta sem acabamento e a mesma sem vidros ainda.
Considerando o contexto histórico e o recorte temporal ora apresentados, cremos que atingimos nosso objetivo inicial de, a partir de diferentes fontes, recolher fragmentos que compõem parte da história desta Comunidade em Uberlândia. Muitos ainda poderiam ter sido os vieses de abordagem, porém, no intuito de extrair fragmentos de diferentes fontes historiográficas, chegamos ao término deste trabalho onde, de maneira prática, a bagagem teórica de sala de aula foi aplicada neste estudo de caso.

 

 

 

Referências Bibliográficas:

Ata do dia 25 de maio de 1986. Livro de Atas do Presbitério. Ano: 86/94. Livro 01.

Correspondência: protocolo DERJ 39/86.

Correspondência: protocolo IECLB 5212/86.

Fotografias 1, 18,7x12,7cm, pertencente ao acervo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia, fotógrafa amadora: Irmgard Wirth, colorida.

Fotografias 2 e 3, 10x15cm, pertencente ao acervo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia, fotógrafo amador: Wolf Dieter Wirth, colorida.

Fotografia 4, 10x15cm, pertencente ao acervo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia, de 22.09.1991, preto e branco.

Livro de Registros da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Uberlândia.

PRIEN, Hans Jürgen. Formação da Igreja Evangélica no Brasil: das comunidades teuto-evangélicas de imigrantes até a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Tradução: Ilson Kayser. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 2001.

REHFELD, Mário L. Um grão de mostarda: a história da Igreja Evangélica Luterana do Brasil. Porto Alegre: Concórdia, 2001. p. 19.

http://www.congressohistoriajatai.org/anais2007/doc%20(10).pdf

http://www.ieclbhistoria.org.br/home/index.php?option=com_content&task=view&id=959&Itemid=40

http://www.luteranos.com.br/conteudo/historico-da-comunidade-evangelica-em-belo-horizonte-mg

https://linkrogerio.wordpress.com/artigos/f-o-papel-da-ieclb/
 

É necessário pregar com o objetivo de que seja promovida a fé Nele, para que Ele não seja apenas o Cristo, mas seja o Cristo para ti e para mim e para que Ele opere em nós o que Dele se diz e como Ele é denominado.
Martim Lutero
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