A manhã do dia 20 de agosto de 2020 ficará registrada na caminhada da Rede de Diaconia pela realização do seu Primeiro Encontro Nacional Online, com participação de sessenta e duas pessoas, representando trinta e oito instituições.
Tendo como tema O Desafio da Sustentabilidade das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e as Políticas Públicas no Contexto de Pandemia, o encontro possibilitou uma reflexão bastante rica que tocou em situações sensíveis também vivenciadas pelas instituições diaconais.
O que ficou evidente foi que os enormes desafios não imobilizaram quem tem uma caminhada ao lado das pessoas mais atingidas pelos efeitos da pandemia. As OSCs foram as pioneiras na mobilização e implementação de ações de ajuda humanitária em prol da segurança alimentar. Inicialmente, focaram em seus públicos beneficiários, partindo depois para uma atuação mais articulada e ampliada. Em seguida, passaram a se reinventar, para retomar atividades suspensas a partir do isolamento social, ainda que de forma remota.
A rápida resposta das OSCs, entre as quais se incluem as instituições da Rede de Diaconia, ao cenário que se apresentava, contrastou com a demora dos órgãos públicos em apresentar mecanismos de apoio e de proteção à população, especialmente àquela que é usuária do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). “Não temos uma política pública com clareza e de fato preocupada com o povo. A pandemia ajudou a desmascarar situações”, foi o desabafo de Altemir Labes, da Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial (ABEFI).
Para além da importante análise possibilitada pelo evento, ficou evidenciada para todas as pessoas participantes a necessidade de aprofundamento e reflexão sobre questões que sempre estiveram presentes no âmbito das instituições diaconais, mas que foram reforçadas pelo contexto de pandemia. O crescimento dos índices de violência doméstica foi trazido por várias pessoas participantes como caso concreto de situação que não pode mais ficar relegada a segundo plano. É necessário que o tema da superação de qualquer forma de violência doméstica seja tratado com seriedade e responsabilidade, buscando envolver as redes de apoio locais. Nas palavras de Alberi Neumann, do Centro Social Heliodor Hesse “precisamos avançar e não recuar no testemunho diaconal”.
O encontro foi encerrado com visível motivação de todas e todos para que mais momentos assim sejam oportunizados, incluindo formações nas temáticas ressaltadas como urgentes. “Esta partilha reforça a urgência de uma rearticulação de forças na diaconia transformadora”, concluiu Marli Lutz, da Associação Pella Bethânia.